quarta-feira, 14 de maio de 2008

Cozinhando para a paz

The Food not Bombs (algo como Comida Sem Bombas) é um dos movimentos mais legais que conheço. São extremamente criativos, respeitam o meio ambiente, valorizam a ação direta não-violenta, o respeito pela diversidade, são contra a ocupação de vários países como Iraque e Palestina, um movimento pela paz e estão bem distantes da simples caridade. A idéia é alimentar gratuitamente aqueles que têm fome, mas principalmente os que têm fome e lutam contra a exploração do capitalismo. O movimento já tem mais de 25 anos e é presente em muitos lugares ao redor do mundo como nas Américas, Europa, África, Oriente Médio, Ásia e Austrália. Já aconteceram algumas iniciativas no Brasil também.
O primeiro grupo foi formado em Cambridge, Massachusetts nos Estados Unidos em 1980 por ativistas anti-nuclear. É um movimento de voluntários dispostos a mudança social de forma não-violenta. A idéia básica é preparar comida vegetariana, geralmente alimento que estaria indo parar no lixo, e utilizá-lo em mobilizações populares, ou em casos de emergência como numa catástrofe natural. Estiveram presentes em todas as mobilizações contra guerras desde a década de 80 nos Estados Unidos e Europa, assim como ajudas as vítimas do furacão Katrina e do tsunami na Ásia
O Food Not Bombs acredita que toda pessoa deve tomar parte nas tomadas de decisões para as mudanças políticas e sociais. Cada grupo atua de maneira independente e autonôma. A coisa é bem simples: um grupo de pessoas (independente do número), decide fazer comida e distribuí-la para quem precisa. Geralmente ocorre junto a distribução de comida, uma distribuição de material sobre o evento e as proposta do grupo. Um modo de atrair simpatizantes e colaborar na resistência dos que já sabem o que se passa no local. É comum a parceria com outros grupos, como o Earth First!, o comite de defesa de Leonard Peltier e Mumia Abul Jamal, a Cruz Negra Anarquista, IWW, grupos de direitos dos animais e de outros mais.
As decisões são tomadas em concenso e apoiam todo grupo ou movimento interessado em um mundo sem violência, dominação e coerção. Dizem sempre que comida é um direito, não privilégio. Tive a felicidade de conhecer gente por diferentes lugares onde andei. As fotos abaixo são de uma distribuição que ajudei a fazer em Londres em outubro do ano passado. O pessoal usa uma cozinha de um squat (ocupação) em Rampart. Quando não estão fazendo comida para alguma manifestação ou evento, aos sábados na hora do almoço se dirigem para uma praça que contém todo tipo de gente, de mendigos a estudantes, de ciganos a imigrantes, para oferecer alimento grátis e divulgar o grupo. A comida é coletada num tipo de mercado de rua onde há um considerado desperdício e aproveitada para essas ações. O grupo também aceita doações em dinheiro, mas elas são bem raras.
Qualquer um pode participar e não é necessária experiência, apenas vontade em colaborar. O site onde você pode obter mais informações da origem do movimento e dos grupos ao redor do mundo, material publicado, ações, e também dicas de como montar um grupo na sua região é http://www.foodnotbombs.net/
E viva o alimento pela paz!

Um comentário:

>imagem d i f u s a algoritmos e s p a l a h d o s disse...

Querido Alessandro,

fiquei super feliz com tua mensagem.

Gratiiíssima mesmo, pela visita e pela graça de tuas generosas palavras.

Adoro "viajar" pelo seu blog.

Um beijo enorme de saudades.

Carlota

p.s.: gostei muito da notícia desse post