quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O MURO

eu bato contra o muro
duro
esfolo minhas mãos no muro
tento longe o salto e pulo
dou nas paredes do muro
duro
não desisto de forçá-lo
hei de encontrar um furo
por onde ultrapassá-lo

Oliveira Silveira

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Fragmentos de uma tarde de quarta-feira


"-... que tributos são para os príncipes e as flores para os homens.

- Mas eu não sou nada disso.

-E o que você é Lawrence?

- Eu não sei."
Lawrence da Arábia

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Adeus Tia Doca! Que a terra lhe seja leve!




A sambista faleceu vítima de infarto na tarde deste domingo, aos 76 anos, no Hospital dos Servidores do Estado (Iaserj), no Centro. Tia Doca sofreu um derrame no último dia 17 e foi internada no hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, sendo transferida no dia 18 para o Iaserj.
Na última quarta-feira recebeu alta da CTI e seu quadro de saúde estava estável.
'Tia Doca era a essência do pagode em pessoa', diz Dudu Nobre representante da nova geração do samba, Dudu Nobre lamentou profundamente a morte de Tia Doca e disse que está se sentindo como se 'tivesse perdido um ente querido'. Freqüentador do pagode da baluarte da Portela desde os cinco anos, Dudu lembrou com saudade dos momentos vividos ao lado de Tia Doca.
'Sempre tive um respeito muito grande por ela, afinal ela me conhecia desde criança quando eu ia ao pagode dela levado por minha mãe. Ela fazia questão de me oferecer comida e perguntar se estava tudo bem. Ligava também quando eu estava doente e vivia se preocupando com tudo mundo. Perdi uma amiga querida', lamentou.
Dudu Nobre revelou ainda que tinha como hábito, sempre antes de lançar um disco, levar o CD para Tia Doca escutar e dar o seu aval. 'Ela era a essência do pagode em pessoa. Sua importância é enorme, porque foi uma das poucas a preservar a verdadeira tradição do samba dentro de um terreiro. Cantei lá há um mês mais ou menos e era um dos meus programas prediletos'.
Diante da ausência da sambista, Dudu afirmou que o mais importância é que o famoso Pagode da Tia Doca continue. 'Já falei com o filho dela (Nem) sobre isso. O pagode vai ficar parado duas semanas, mas depois volta. Não pode acabar nunca', completou.Leci Brandão: 'A Portela perdeu um de seus grande amores'
'A Portela perdeu uma de suas matriarcas'. Assim a mangueirense Leci Brandão reagiu ao saber da morte de Tia Doca da Portela. Cumprindo uma temporada de shows em São Paulo, a cantora lamentou o falecimento da sambista e exaltou o legado deixado por ela.
'Sempre tive uma ótima relação com Tia Doca. Não freqüentava o seu pagode, mas sempre nos respeitamos muito e tínhamos carinho uma pela outra. Ela era muito importante para o samba e por isso fiz uma pequena homenagem a ela citando seu nome na música 'Isso é Fundo de Quintal'', contou.
Segundo Leci, a pastora da Portela será sempre lembrada como uma das matriarcas do samba. 'Ela era uma celebridade de verdade, simples e humilde. a Portela perdeu um de seus grandes amores', completou Leci fazendo referência ao enredo de 2009 da Portela que fala sobre o amor.Pastora, compositora e até porta-bandeira
Tia Doca ficou famosa por ser dona de uma das mais famosas rodas de samba da cidade. Há quase 30 anos, a sambista abria o quintal de sua casa para promover o famoso Pagode da Tia Doca, que serviu de berço para diversos artistas, entre eles Zeca Pagodinho. Em 2008, ela foi um dos destaques do filme "O mistério do samba", produzido pela cantora Marisa Monte.
Sua família era da Serrinha. Tia Doca era prima de Dona Ivone Lara. Já a mãe, dona Albertinha, foi a primeira porta-bandeira da Prazer da Serrinha e só parou de desfilar quando a escola acabou em 1947. Seguindo os passos da mãe, Doca já era, aos 14 anos, porta-bandeira da Unidos da Congonha, em Vaz Lobo. Seu mestre-sala era Benício, que mais tarde formaria par com Wilma Nascimento, na Portela.
Além de pastora, Tia Doca foi destaque da Portela e presidente de ala por três anos. Entrou para a Velha Guarda por sugestão de Alberto Lonato e teve como examinadores Alvaiade e Armando Santos; e veio a substituir a lendária Tia Vicentina.
Tia Doca era muito ligada a Clara Nunes, que promoveu diversas rodas de samba no quintal da sambista. Como compositora, Doca é autora do partido-alto "Temporal", por ela gravado num disco ao lado de Monarcoo, e do samba "Orgulho Negro", em parceria com o filho Jadilson Costa", gravado por Jovelina Pérola Negra.

domingo, 25 de janeiro de 2009

O saber quando não humaniza deprava.
Refina o crime e torna mais degradante a covardia.
Mikhail Bakunin

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Janelas abertas

Certa noite voltei ao meu eremitério após caminhar nas montanhas, e percebi que todas as portas e janelas da cabana estavam completamente abertas. Ao deixar a casa, eu não as havia fixado, e um vento frio soprou através da habitação, abrindo as janelas e espalhando por toda a sala os papéis que estavam sobre minha mesa. Imediatamente fechei as portas e janelas, acendi uma lâmpada, recolhi os papéis e arrumei-os ordenadamente sobre minha mesa. Acendi então o fogo da lareira, e logo a lenha crepitante voltou a aquecer a sala.

Algumas vezes nos sentimos cansados, com frio e solitários no meio da multidão. Podemos desejar nos retirar para sermos nós mesmos e nos aquecermos novamente, como fiz no eremitério, sentando-me perto do fogo, protegido do vento frio e úmido. Nossos sentidos são janelas para o mundo exterior, e algumas vezes o vento sopra e nos perturba interiormente. Muitos de nós deixamos a janela aberta o tempo todo, permitindo que as visões e os sons do mundo nos invadam, nos penetrem e exponham nosso eu triste e perturbado. Ficamos com muito frio e nos sentimos solitários e temerosos. Você já deu consigo assistindo a um programa horrível na televisão e incapaz de desligá-la? Os sons estridentes e o estampido de armas de fogo são desagradáveis. No entanto, você não se levanta para desligar a televisão. Por que você se tortura dessa maneira? Você não quer fechar suas janelas? Está com medo de ficar sozinho – do vazio e da solidão que poderá encontrar quando se vir a sós?

Thich Nhat Hanh, O Sol meu coração, da atenção à contemplação intuitiva, Editora Paulus, São Paulo, 1995

retirado de para ser zen

domingo, 18 de janeiro de 2009

Um projeto que se anuncia

Em diferentes momentos nos últimos dois anos escrevi sobre lugares e pessoas que encontrei. Esse espaço foi chamado de superação de fronteiras. Estive viajando e essa jornada me levou a exatos oito países e em alguns deles mais de uma vez. Estou falando a respeito por tomar uma decisão diante disso tudo. Voltei ao Brasil no mês de setembro e é impressionante como me parece tão menos. Às vezes sinto que foram apenas semanas e raramente me dou conta de como já estou entrando no quarto mês de meu retorno. Talvez tenha a ver com o fato de ainda contar muitas histórias daquilo que passei. Re-contar, re-lembrar, re-viver. Não sei... Os encontros com amigos não terminaram e sempre retomo lembranças do que passei nesses meses. Eis que num espaço bastante peculiar vou me dando conta da importância de algumas coisas. Pensar em voltar – devo confessar – sempre me foi um assunto caro. Durante muito tempo da minha vida, se não pelos meus 31 anos, a partida se fez presente. Não sei até onde isso é importante, mas acabei desenvolvendo uma curiosa capacidade de ir embora dos lugares. Isso é um pouco diferente na relação com as pessoas, mas quanto aos locais creio que o destemor é aquilo que mais se faz presente. Dei-me conta que não há um lugar nesse mundo que não possa ir, que me apavore ou que me pareça impossível de chegar. O que me custa realmente é o retorno. Quando escuto alguém falando que adoraria ir para lugares novos ou distantes, sempre me surpreendo com a sensação disso ser tão simples na minha vida, enquanto na delas aparenta ser o contrário. Uma querida amiga me falou certa vez sobre isso e como para ela voltar é muito tranqüilo, particularmente porque muitas vezes sua estadia nesses lugares outros não foi “lá essas coisas” e o retorno é sempre muito desejado. Concordo com ela, principalmente por entender o que ela definiu naquele momento como difícil, porém existe uma condição em mim que nunca me trouxe esse tipo de calma. Não sei explicar o que seria exatamente, mas talvez seja a condição nômade de algumas pessoas. Quem sabe um devir estrangeiro que não pode parar. Um estado de busca e inquietação que não silencia. Algumas pessoas carregam isso por longo tempo, e pude particularmente nesse momento, encontrar algumas delas nesse mesmo caminho. Existiram situações que celebramos esses encontros por saber que há mais semelhanças nessa vida do que imaginamos. Como assim? Penso que parte da dificuldade de muitas pessoas partirem é por se darem conta de algum modo, que estarão muito tempo sozinhas. A solitude é quase uma condição para quem se lança nessa imensidão. Não há nada de mal nisso, fique claro que são escolhas, e as vezes, apenas a simples aceitação dessa condição. Não se trata de abandono, desprezo, ausência ou mesmo algum tipo de tristeza. O fato de estar sozinho por longas jornadas pode produzir muitas outras coisas que com o tempo são difíceis de lidar. Ainda assim raramente produz arrependimento na tomada dessa decisão. Estou convencido que as pessoas em sua grande maioria precisam de um tempo a sós. Deveriam experimentar o silêncio, o vazio que cala na alma, evitar tantas distrações para escapar do abandono e incompreensão que dizem sentir tanto. O alívio de alguns desses elementos não reside na negação, mas em seu oposto. Que fique isso para depois. O que gostaria de compartilhar aqui é que decidi escrever sobre esse tempo distante. Não tenho a pretensão de vir a ser um escritor, até porque me falta um tanto de competência para tal, entretanto me dou o direito do uso da palavra para contar sobre partir, sobre a alegria simples do inédito e sobre poder e saber voltar. Escrever sobre se deslocar em culturas distintas, sobre encontros que potencializam e da urgência de se abandonar aqueles que nos fragilizam. Falar dos dias no deserto, das águas que precisam ser atravessadas, da montanha mais linda que vi. Dizer sobre amizade, relacionamento e liberdade. Expressar a superação do ressentimento, da dor de dormir na rua quando não é isso que se quer, de chorar na calçada por não encontrar o caminho de casa. Lembrar dos telefonemas e mensagens que consolam e alimentam. Não esquecer a gratidão e o perdão. Falar da vida e da vontade de amar. E falar de poder, e mais ainda, de saber voltar. Pensar a hora em que nos damos conta que nunca é tarde para voltar e pegar o que ficou para trás. Espero ser capaz de concluir isso, afinal não sei bem quanto tempo vai levar. Para mim, a esperança de entender um pouquinho mais daquilo que é. Foi tempo demais caminhando para saber o que não sou. Dizem que escrever e contar uma história é assim mesmo – e é até bom que seja - a gente nunca tem certeza onde vai dar.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Ciclista morre atropelada na Av. Paulista

retirado do Centro de Mídia IndependenteMárcia Regina de Andrade Prado, 40, faleceu nessa quarta-feira, dia 14 de janeiro, ao ser atropelada por um ônibus enquanto pedalava na Av. Paulista. Participante da bicicletada paulistana, ela era uma das signatárias do Manifesto dos Invisíveis, no qual ciclistas afirmam que o que falta não são ciclovias, mas o entendimento de que os ciclistas também são parte do trânsito e que devem ter suas vidas respeitadas:

"As ruas são públicas e devem ser compartilhadas entre todos os veículos (...) Em vez de ciclovias, a instalação de bicicletários deveria vir acompanhada de uma campanha de educação no trânsito e um trabalho de sinalização de vias, para informar aos motoristas que ciclistas podem e devem circular nas ruas da nossa cidade. Nos cursos de habilitação não há sequer um parágrafo sobre proteger o ciclista, sobre o veículo maior sempre zelar pelo menor. Eventualmente cita-se a legislação a ser decorada, sem explicá-la adequadamente. E a sinalização, quando existe, proíbe a bicicleta; nunca comunica os motoristas sobre o compartilhamento da via, regulamenta seu uso ou indica caminhos alternativos para o ciclista. A ausência de sinalização deseduca os motoristas porque não legitima a presença da bicicleta nas vias públicas."

Márcia era uma ciclista experiente e pedalava na faixa da direita, destinada aos veículos mais lentos, na altura da Fundação Cásper Líbero. O motorista do ônibus, Mario José de Oliveira, 53, relatou à imprensa que "não teve culpa pelo acidente" e que tinha a sua "consciência tranqüila". Uma testemunha disse que o motorista começou a ultrapassar a ciclista e jogou o ônibus em cima dela antes de terminar a ultrapassagem. O blogueiro Vendedor de Bananas resume bem a situação: "O fato é que existem muitos automóveis que acham divertido 'tirar uma fina' dos ciclistas, intimidando-nos de forma criminosa a fim de manifestar o seu descontentamento irracional e arrogante". Segundo o código de trânsito, os motoristas devem manter 1,5 metro de distância do ciclista, por todos os lados. Se esta lei houvesse sido respeitada, Márcia ainda estaria entre nós. Em 2006, ano do último levantamento publicado pela CET, 85 ciclistas morreram no trânsito em São Paulo.

Nós do Centro de Mídia Independente lamentamos profundamente a morte de Márcia e manifestamos solidariedade a todos e todas ciclistas. Por uma cidade onde as ruas sejam de todos - ciclistas, pedestres, catadores, cadeirantes, skatistas, carrinhos de bebê etc. - e não apenas dos veículos motorizados!

ATOS HOJE E AMANHÃ
Hoje, quinta-feira, 15, a partir das 18h, acontecerá uma homenagem à Márcia na Praça do Ciclista, simbolicamente localizada na mesma avenida onde ela foi assassinada. O ato contará com a presença de sua família, amigos e participantes da bicicletada. Amanhã, sexta-feira, 16, os/as ciclistas farão uma bicicletada extra, partindo da mesma Praça do Ciclista, com concentração às 18h e saída às 20h. A Praça do Ciclista fica perto da esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação. A bicicletada, conhecida fora do Brasil como "massa crítica", é uma manifestação de ciclistas que defendem o uso da bicicleta nas cidades, contra a sociedade do automóvel.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A Palestina e o jogo de palavras

Tentando colaborar com o acesso a informação de que nem todo judeu é sionista e "palavras nem sempre são só palavras" damos mais um passo. Primeiro o ótimo O Biscoito Fino e a Massa, nos faz um grande serviço sobre termos que vem sendo utilizados com enorme frequência. Termos que muitas vezes já encontramos em outras situações semelhantes de conflitos onde os verdadeiros interesses não são revelados. ops! conflito? Veja isso. Depois existem momentos que se fala em “equilíbrio”, “ponderação", “ver os dois lados”. Será? Mais aqui. E como não poderia deixar de ser: terrorrismo. Vamos lá! Esses são alguns exemplos de uma excelente oportunidade para entender como funciona uma análise de discurso.
Penso que esse debate é pertinente também porque muitos meios de comunicação insistem em dizer de modo bastante reducionista e superficial que ser contra a política sionista do Estado de Israel é ser a favor do fundamentalismo islâmico. Meu posicionamente é claro: estou a favor do povo palestino e terminantemente contra qualquer forma de imposição, venha ela de onde vier. Vocês não encontrarão nesse blog nenhum apoio ao Hamas. Não por engrossar o discurso de que eles sejam terrorristas e fundamentalistas, mas por discordar de outros pontos de atuação, como por exemplo a combinação de islamismo e nacionalismo. Nacionalismo e religião sempre me parecem muito complicados de lidar, mas nesse caso quem deve decidir isso é o povo palestino. Já demonstramos claramente que nossa pseudo-democracia-ocidental é uma porcaria e não serve de referência para ninguém.
Bom, a organização de judeus ortodoxos Neturei Karta (em hebraico נטורי קרתא do aramaico "guardiões da cidade") presente em vários países, inclusive Israel, é autodefinida anti-sionista e no caso da Palestina, apoia integralmente a autonomia do povo palestino. Vocês pode conhecer mais deles aqui. Muitas coisas estão em inglês e espanhol.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Canto de Xangô

Eu vim de bem longe, eu vim,
nem sei mais de onde é que eu vim
Sou filho de rei muito lutei pra ser o que eu sou
Eu sou negro de cor mas tudo é só amor em mim
Tudo é só amor, para mim

Xangô Agodô

Hoje é tempo de amor
Hoje é tempo de dor, em mim

Xangô Agodô

Salve , Xangô, meu Rei Senhor
Salve meu Orixá
Tem sete cores sua cor
sete dias para a gente amar
Salve Xangô, meu Rei Senhor
Salve meu Orixá
Tem sete cores sua cor
sete dias para a gente amar
Mas amar é sofrer
Mas amar é morrer de dor
Xangô, meu Senhor, saravá!
Me faça sofrer
Ah me faça morrer
Mas me faça morrer de amar
Xangô, meu Senhor, saravá!

Xangô agodô

de Vinicius de Moraes e Baden Powell

sábado, 10 de janeiro de 2009

Vai lá!

INAUGURAÇÃO DO INFO SHOP DO ESPAÇO IMPRÓPRIO

* LIVROS * DISCOS * ZINES * IDÉIAS * AÇÃO *

DIA 11 DE JANEIRO A PARTIR DA 13 HORAS

(DOMINGO)
ALMOÇO VEGANO YAKISOBA!!
r$4,00 e r$6,00

ATIVIDADES DO DIA
ENTRADA: r$5,00
DEBATE: Bate-papo com gravadoras independentes
OFICINA: Serigrafia (Aprenda a montar uma oficina de serigrafia caseira)
VIDEO: Dead Society
ATIVIDADE EXTRA: Vamos encher de plantas e flores o Espaço Impróprio (está precisando, né?). Traga mudas, sementes, vasos e seja criativo.
BANDAS:
- CRISE- DERIVA, DESVIO OU DETURPAÇÃO- THE REVISIONS (Portland)- TRUST YOURSELF*

Quitutes e bebidas a venda no local!!
Espaço Impróprio - Rua Dona Antonia de Queiroz, 40 Consolação - Fone: 3255-5274

Objetores de consciência

Um pouco mais de informação para deixar claro que nem todos os judeus apoiam a política sionista. Esse é um vídeo dos objetores de consciência que se recusaram a servir o exército de ocupação de Israel. São conhecidos como “shministim”. Jovens secundaristas de 18 e 19 anos que discordam da política de ocupação da Palestina. Foram presos. O pequeno vídeo com legendas em português também remete a uma carta de apoio a ser enviada ao ministro da defesa de Israel. Vejam mais dessa campanha aqui.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Na batida do samba

Gostaria de oferecer algo bom para os palestinos. Mais que dispensar um tempo com emails, mensagens e reuniões - extremamente necessário - um pouco de um bom sentimento, de algo imaterial, do abstrato que nos toca, da subjetividade tão inerente a natureza humana. Não me recordo agora quem disse isso, mas é sobre a vida nem sempre ser suficiente, e que para esses instantes, fazemos arte. Ela existe porque muitas vezes o mundo e a realidade não dão conta daquilo que a gente precisa. Esse é um samba muito bonito. Chama Lamento Negro, interpretado pelo Núcleo de Samba Cupinzeiro, de Campinas. Na verdade é um samba triste, e é fiel a tradição dos sambas tristes que são lindos. E como brasileiros sabemos bem sobre dores e tristezas. Exatamente por compreender isso do modo que fazemos, transformamos e criamos coisas tão bonitas e profundas. Um samba com a alma aberta! As cicatrizes são expostas, mas nossa dignidade sempre nos levou adiante. Então palestinos, saibam que nós entendemos esse momento. Não estão sozinhos em suas lágrimas. Cada passo, cada grito, cada gesto, tudo é compartilhado. Todas as esperanças também. Você sobreviveram à tantas outras agressões e se ergueram. Certamente sobreviverão a mais essa.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Pelo fim imediato do massacre em Gaza

Jornada de luta

Mais de 50 instituições brasileiras e árabe-brasileiras convocam apopulação a unir forças para os atos em solidariedade ao povo palestino que acontecerão esta semana na cidade de São Paulo.

Desde 27 de dezembro de 2008, os ataques pelo Governo de Israel à população palestina de Gaza deixaram um saldo superior a 700 mortos e 3 mil feridos. É o maior ataque perpetrado pelo Estado sionista aos territórios ocupados dos últimos 40 anos.

Toda a infra-estrutura local foi destruída, agravando a crise humanitária da região. Seus 1,5 milhão de habitantes há mais de 18 meses enfrentam o bloqueio imposto pelo Estado sionista, que torna essa faixa uma prisão a céu aberto.

Por uma Palestina livre, independente e soberana já!

--Atos em São Paulo

"Sapatada na invasão"
Sexta-feira, 9 de janeiro, às 14h30 em frente ao MASP na Av. Paulista

Ato público
Domingo, 11 de janeiro, às 10h no Vão livre do MASP

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Somos todos palestinos!

Iniciamos o ano com um enorme lamento. Gaza, Palestina. Definitivamente não há mais como dizer que não se sabia a intenção de Israel: matar todos os palestinos! Os detalhes estão revelados. Um massacre feito em nome de uma oportunidade eleitoreira. Meses de planejamento para efetivar o extermínio. Crianças massacradas. Uma vez mais, a brutalidade e a violação de todos os direitos humanos para beneficiar um pequeno grupo e ainda contando com a conivencia de uma mídia corporativa de merda como a brasileira. Sei que posso chover no molhado falando algumas das coisas aqui, mas é inevitável. Por favor, não deixem de ler o pequeno texto de Haim Bresheeth no final.

Desculpe, mas é mais que um desabafo! Que fique claro: não sou anti-semita, mas com toda minha fúria eu afirmo: sou anti-sionista sim! Assim como sou contra o racismo, a homofobia, o sexismo, sou contra essa porcaria de Estado sionista. Há muito tempo venho pensando nessa maneira de colocar as coisas.

Devemos entender melhor que anti-semitismo não tem nada haver com anti-sionismo. Os malditos sionistas querem dizer que sim, mas isso é uma farsa deslavada. Semita é o praticante da cultura e religião judáica e não importa o lugar onde vivem, sua identidade é preservada e caracterizada por formas específicas de agir. O judaísmo é legítimo, deve ser respeitado e aceito como manifestação autêntica e diversa de um grupo humano.

Diferente do sionismo. Esse passa por um processo de "reforma" de suas escrituras sagradas, carregado de uma ideologia segregacionista, intolerante e racista. É diferente de religião e isso é outro papo. O Estado de Israel é um Estado sionista, logo autoritário, facista, repulsivo! Não reconhecem o povo local e não respeitam a autonomia daqueles que vivem alí a milhares de anos. Para apoiar o sionismo e seu Estado covarde e assassino precisa ser mal informado ou mal intencionado mesmo. Que fique muito claro também: a Palestina não pertence ao Estado de Israel!

O que temos haver com isso? Tudo! Imagine você não poder atravessar a rua de sua casa para ir a escola ou hospital? Imagine não poder mais trabalhar? Imagine ser revistado cada vez que sair para comprar comida? Imagine suas filhas e esposas violentadas? Imagine seu filho fuzilado? Imagine seu pai preso por anos sem cometer nenhum crime? Imaginou? Essa é uma realidade comum na Palestina, na Faixa de Gaza. Isso nos faz todos palestinos! Coincidência? A guerra civíl não parou nas grandes cidades brasileiras. Somos todos palestinos! A violência do Estado continua matando crianças em São Paulo, Rio, Salvador, Recife. Somos todos palestinos! Os muros continuam separando mansões e favelas. Somos todos palestinos! O jovem negro olhado com desconfiança cada vez que entra numa loja. Somos todos palestinos! Vivemos todos em Gaza! Viva o povo palestino! Viva os povos árabes!
A paz não passa pelo massacre, por Milton Hatoum

O exército de Israel é suficientemente poderoso para destruir todo o Oriente Médio (e, de fato, também para destruir parte importante do ocidente). O único problema é que, até hoje, jamais conseguiu mandar, sequer, no território em que lhe caberia mandar. O mais poderoso exército do mundo está detido, ainda, pela resistência palestina. Como entender essa contradição?

Bem, para começar, Israel jamais trabalhou para construir qualquer paz com os palestinos; jamais usou outro meio que não fossem os meios do extermínio, da limpeza étnica, do holocausto, para matar as populações nativas e residentes históricas na Palestina, desde a fundação do Estado de Israel, em maio de 1948.

Israel expulsou 750 mil palestinos, converteu-os em refugiados e, em seguida, passou a impedir sistematicamente o retorno deles e de seus filhos (hoje, também, já, dos netos deles), apesar das Resoluções da ONU, ao mesmo tempo em que continuou a destruir cidades e vilas, ou - o que é o mesmo - passou a construir colônias de ocupação sobre as ruínas das cidades e vilas palestinas.
Desde 1967, Israel fez tudo que algum Estado poderia fazer para tornar impossível qualquer solução política: colonizou por vias ilegais territórios ocupados por via ilegal e recusou-se a acatar os limites de antes das invasões de 1967; construiu um muro de apartheid; e tornou a vida impossível para a maioria dos palestinos. Nada, aí, faz pensar em esforço de paz. Antes, é operação continuada e sistemática para a limpeza étnica dos territórios palestinos ocupados ilegalmente.

Assim sendo, se a paz implicar - como implica necessariamente - o fim do mini-império construído por Israel, Israel continuará a fazer o que estiver ao seu alcance para que não haja paz, mesmo que a paz lhe seja oferecida numa bandeja, como a Iniciativa de Paz dos sauditas, recentemente, por exemplo. Outra vez, não se entende: se os israelenses só tinham a esperar esse tipo de oferta, se desejassem alguma paz, porque a rejeitaram, praticamente sem nem a considerar?

Faz tanto tempo que Israel rejeita toda e qualquer possibilidade de paz, que a maioria dos israelenses já nem são capazes de ver que rejeitar a paz converteu-se, para Israel, numa espécie de segunda natureza.

Mas o motivo mais aterrorizante pelo qual nenhuma iniciativa de paz jamais teve qualquer chance de prosperar tem a ver, de fato, conosco, com o ocidente.

Israel continua a ser apoiada pelas democracias ocidentais como uma espécie de força delegada, como batalhão ocidental avançado, implantado na entrada do mundo árabe, mais indispensável, tanto quanto mais dependente do ocidente, que regimes-clientes, como os sauditas e como o Iraque de Saddam até 1990.

Como uma espécie de 'encarnação' da tese do "choque de civilizações" de Huntington, Israel é, como sempre foi, mais exposta ou mais veladamente, um bastião do mundo judeu-cristão, contra os árabes e o Islam.

Isso já era verdade há décadas, mas jamais foi mais verdade do que na última década, quando a Ordem do Novo Mundo entrou em crise terminal, e começou-se a ouvir falar da "Doutrina do Choque", de "Choque e Horror", de várias 'operações' tempestade contra os desertos da Ásia e sempre contra os islâmicos.

Israel, não o Iran, possui armas nucleares e é capaz de usá-las - e várias vezes já ameaçou usá-las. Mas fala-se como se o perigo viesse do Iran, não se Israel. Os que propõem a destruição do Iran são os mesmos mercadores de tragédias que impingiram aos EUA e à Inglaterra o custo altíssimo da guerra do Iraque.

Quem escreve é Haim Bresheeth, professor titular de Estudos sobre Mídia na Universidade de East London, citado pelo mais premiado escritor brasileiro contemporâneo, Milton Hatoum.