sábado, 31 de julho de 2010

Habitar


No princípio,
a casa foi sagrada
isto é, habitada
não só por homens e vivos
como também por mortos e deuses
Sophia de Mello Breyner

photo by shastadaisy

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Rio de Janeiro em 4 atos.

Cena 1 - Universidade Estadual do Rio de Janeiro. VI Congresso de Pesquisadores Negros (COPENE). Lado a lado estão Kabengele Munanga, Boaventura de Souza Santos e Nilma Lino Gomes. Debatem o tema Epistemologias do Sul: diálogos pós-coloniais. Como não ficar feliz? Como não sentir o enorme contentamento desse encontro? Como não querer seguir lutando o bom-combate? Como não sentir o privilégio de participar desses marcos que fazem a história? Como?

Cena 2 - Power to the people! Particularmente para as mulheres. Esse congresso contou com um pouco mais de 75% de trabalhos apresentado por mulheres. Que isso fique registrado.

Cena 3 - O trem parte da Central para Belford Roxo. A estação de destino é Mercadão de Madureira e leva aproximadamente 40 minutos de um ponto a outro. Na terceira parada entram no vagão dois policiais. As conversas diminuem e a tensão aumenta. No olhar deles uma mistura de indiferença e ameaça. Caminham de uma porta a outra e descem após duas estações. Na volta a cena se repete, mas com o detalhe da humilhação. Começam a revistar as pessoas dentro do trem. A "geral" é contra homens jovens e negros. Todos olham constrangidos, mas não podem dizer nada, apenas medo e tristeza. O capitão do mato continua aí...

Cena 4 - Agora o metrô. Vai de norte a sul e dependendo do sentido que estamos indo vemos um curioso fenômeno: em direção a zona sul as pessoas vão ficando mais brancas. Aqui não há policiais revistando pessoas. Geografias do branqueamento. O que acontece? Alguns dizem que "essa coisa de raça" é uma bobagem, que isso não existe e não devemos pensar sobre. Esqueceram apenas de avisar aos executores da lei, afinal eles conhecem bem o que isso significa.

Mais cenas do Rio em breve.

sábado, 24 de julho de 2010

Nzinga 15 anos!

Feira do MST no Ay Carmela!

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), por meio do assentamento Irmã Alberta, de Perus, na Grande São Paulo, estará no Ay Carmela vendendo produtos que foram produzidos no assentamento, no próximo domingo (25/7).
Serão verduras, legumes, frutas entre outros produtos que, além de serem fruto da luta pela terra, possuem qualidade (são orgânicos e cultivados sem agrotóxicos) e ótimos preços. Ou seja, você poderá comprar produtos saudáveis, baratos e contribuir com a luta popular brasileira.
Além disso, essa ?mini-feira? de produto do MST acontecerá no mesmo dia do tradicional almoço do Ay Carmela. Os interessados poderão aproveitar também para almoçar no espaço, que oferece comida vegetariana ao preço de R$ 10,00 por pessoa (almoço com salada e suco incluídos).

Não deixe de contribuir!

Mini-Feira de Produtos do MST (Assentamento Irmã Alberta)
Domingo: 25/07/2010
Horário de venda dos produtos: das 10h às 14h (o almoço é às 13h)
Local: Ay Carmela (Rua das Carmelitas 140 ? próximo ao metrô Sé, São
Paulo. Contatos: tel. 11 31044330 Call e e-mail ay-carmela@riseup.net).

Realização: Organização Popular Aymberê (OPA)
www.opaymbere.wordpress.com
--
Site: http://ay-carmela.birosca.org/

Doações Conta: Caixa Econômica Federal ou Casas Lotéricas
Ag:4070 Op:013 C.Poupança:00012424-3

Xingu, o sangue da nossa sobrevivência

O Movimento dos Atingidos por Barragens historicamente tem resistido contra a construção de barragens e lutado pela garantia dos direitos dos atingidos. Com a ameaça de Belo Monte, mais uma vez se faz necessário e urgente denunciar que a água e a energia não são mercadorias e que a vida do povo e do meio ambiente deve ser respeitada.
Neste sentido, produzimos o vídeo: “Xingu, o sangue da nossa sobrevivência”, que retrata a luta e a resistência dos povos do Xingu contra Belo Monte. O vídeo foi dirigido e editado pelo cineasta italiano Andrea Rossi, diretor do filme “O Chamado do Madeira”.

O vídeo pode ser acessado pelos links abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=jgEcU5N_VSk
I Parte

http://www.youtube.com/watch?v=3ENk1q5g6gg
II Parte

http://www.youtube.com/watch?v=Eog_SjVHql4
III Parte

http://www.youtube.com/watch?v=LPmVic8yxiQ
IV Parte final

Em defesa da Amazônia, não à Belo Monte! Águas para vida, não para morte!

Setor de Comunicação

Movimento dos Atingidos por Barragens

3º Congresso Vegetariano Brasileiro - participe!

Vem aí, em setembro, o 3º Congresso Vegetariano Brasileiro! Será em Porto Alegre, no espaço inspirador e aconchegante do Sesc Campestre.

Palestrantes consagrados, oficinas de ativismo, almoço vegano, demonstrações culinárias e feira vegetariana - tudo isso incluso na inscrição!

Quer mais? Você pode optar por fazer também - ou apenas - o tradicional e qualificado Curso de Capacitação Técnica em Dieta Vegetariana.

O problema é hospedagem? Temos, ainda, algumas vagas no esquema de Hospedagem Solidária. Veja mais informações sobre essa e outras questões no site do Congresso: http://www.svb.org.br/3cvb/ .

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Diz o dito popular...

A fofoca não serve para consertar nada –

pois nunca acerta a pessoa certa na hora certa.

J. Gaiarsa

Estava com minha irmã dia desses bebendo uma cerveja num samba. Riamos e celebravamos os encantos da batucada e dos sorrisos ao nosso redor. Eis que surge um sujeito, a cumprimenta rapidamente e passa batido. Nada de mais, até que ele se atraca em um grande e demorado beijo com uma mocinha em um dos cantos. Minha irmã solta uma grande exclamação: “Mais que filho da puta! O canalha alí que acabou de falar comigo é o namorido de minha colega de consultório. Caralho! A menina tá em casa e o sacana aqui se agarrando com as outras. Vou ter que falar pra ela semana que vem que vi isso”. Sem entender muito bem o que passava perguntei sobre o cara e sobre a tal amiga e se ela sabia como era a relação que eles tinham. Então perguntei por que ela iria falar isso. Com qual finalidade ela ia dizer para a tal colega que viu o cara dando uns beijos na outra?! Ela então me respondeu que se não fizesse isso, e depois a tal colega soubesse que ela tinha visto a cena e não comentado, provavelmente ela é quem ficaria mal com a menina. Seguimos a conversa e na minha cabeça apenas a idéia de que aquilo não era problema dela, que falar ou não falar não caberia a ela, afinal, qual a necessidade disso, o que ela sabia daquela relação, o que sabia sobre os acordos do casal, sobre seus desencontros? Sim povo, eu não contaria. Fico pensando nos modos de entender o lugar do DEVER e do DIREITO sobre certos temas e situações que nos pegam sem avisar. Minha irmã encarou o fato como dever, uma obrigação com a tal fulana por saber de algo que provavelmente ela não estava sabendo, mas lhe dizia respeito. Ficou impactada por um certo dever moral de dizer o que tinha visto, pois alguém estava sendo sacaneado (?). Parece compreensível, certo? O lugar do suposto dever... Então, parece, mas não sei mesmo, tipo efeito denorex. Eu não contaria porque além de não ter respostas para as questões que fiz a minha irmãzinha, existe a possibilidade de não ser o que estou pensando, logo, se decido contar o que vejo tomo por verdadeiro o que meus olhos viram. E não estou bem certo se aquilo que vejo é o que é. O cara beijando outra é o que é, e ponto. O que não estou bem certo em fazer e pensar é ser meu direito criar valores para o que provavelmente não conheço plenamente, como por exempo a relação que eles tem. E estou convencido que só existe uma relação que conhecemos de fato: a nossa. E olhe lá, pois as vezes nem essa! Apenas o que vivemos nos cabe avaliar com algum discernimento. Tomar partido é mais do que delicado, é uma parcialidade perigosa. Ninguém conta uma história como de fato foi. Não precisamos inventar nada, apenas omitir ou exagerar um dos aspectos já cria certo descompasso. Agora há um paradoxo. Quando minha irmã pensa no dever de contar isso a sua colega, começa a se sentir no direito de fazê-lo porque imaginar ser afetada por isso. Esse é o problema. Elas nunca falaram sobre o assunto, mas de algum modo seu pacto social feminino lhe dá o direito de falar sobre a ação do outro. Ela simplesmente não cogitou, por exemplo, a possibilidade de sua colega não querer saber isso! Ela partiu do principio de que se a situação fosse contrária não esperaria nada diferente da moça. Mulheres do mundo, uni-vos! Alimentasse a idéia de que “somos nós contra eles”. Pois vejamos o caso de outro lugar. Não importa se é um homem ou uma mulher sacaneando o outro, certo? Para minha irmã é isso mesmo, ela supostamente está lutando contra a sacanagem da traição. Tenho dúvida. Quando vamos imaginando os desdobramentos possíveis dos muitos modos de ficar com alguém fora do contrato da relação, nos deparamos com o seguinte fato: por que homens não se caguetam assim? Eu já ouvi muitas respostas, mas geralmente o concenso é de que o pacto social masculino simplesmente acoberta o mesmo gênero por que um dia pode ser ele pulando a cerca e nossa cumplicidade canalha vai falar mais alta. Porra! Fico com a nítida impressão que assim não escapa ninguém. Será que simplesmente não podemos pensar que aquilo não é da nossa conta? O que fazer com a merda da fofoca, da inveja e do cinismo? Claro que homens são também fofoqueiros, invejosos e cínicos, porém, para o bem e para o mal, há essa condição social que possibilita um trânsito mais folgado para o masculino do que para o feminino. Realmente me impressiona a quantidade de vezes que vejo a mulher sendo a porta-voz das infidelidades alheias e das fofocas de quem saiu com quem, etc. Mas não cometamos o erro sobre isso ser um problema desse ou daquele gênero, apesar de haver sim algumas diferenças. O que dizer de ex-namorad@s e ex-marid@s?! Já presenciei muitas vezes a pessoa falando em alto e bom tom que não lhe interessa saber o que o fulano fez por aí, ou mais aburdo ainda, se o “ex” está fazendo isso ou aquilo. A criatura segue adiante com seu discurso sobre a sinceridade e a “preocupação” mesmo quando lhe foi pedido para parar! Fofoca sobre o “ex” não há moralidade que resista. E não posso mesmo imaginar alguém falando do “ex” de alguém sem isso ser uma fofoca. A fofoca é mesmo uma merda! Serve apenas para classificar o inclassificável. Para dar nomes e opiniões que não se conhece passando a ser pura arrogância. Para simplificar respostas e afastar incertezas revelando que os interessados pela fofoca são aqueles que levam uma vida tediosa e mediocre. A fofoca é a mais lídima expressão da burrice social, disse Gaiarsa. Concordo. Quando as pessoas estavam juntas, ou no final do relacionamento, seus tempos e ritmos foram extremamente delicados, e o que dizer agora que não convivem mais? Deveria haver um decreto proibindo falarem de qualquer “ex”! Em minhas últimas relações falei claramente que se fosse “traído” não me interessava saber. Isso é problema de quem faz! Fez porque precisava, teve vontade, acreditava, sei lá, mas não me interessa! Vá pra terapia discutir isso. Telefone pros amigos e encha a cara no boteco. Vai visitar a mãe, mas não me conta. Tá culpada? Pula da ponte! Claro que isso trouxe vários problemas, mas o fato é que parto do princípio de que não sei o que pensa a pessoa e nem como de verdade é essa relação que minha irmã acha saber conhecer. Simples assim. E quando a pessoa pergunta, você pode dizer, para quem a “traiu” e essa não lhe diz a verdade? O que é mentir? Por que meia-verdade? Então a conversa é outra e vai ficar para depois. E teve naquela noite um clássico que o Geraldo Filme cantou que diz : Vá cuidar da sua vida Diz o dito popular Quem cuida da vida alheia Da sua não pode cuidar... E como terminou a história com minha irmã e sua colega? Ela contou sim e ouviu o seguinte: “ah, eu imaginava, mas não se preocupa com isso não. É problema meu!”. Então o que fazer para não ficar nessa saia justa? A de se combater! Minha irmã não fez isso por simples maldade. Pensar assim seria cair no reducionismo de que há pessoas boas e más. Ela como todos nós estamos permeados de valores contraditórios, de sentimentos não muito nobres, de vontades menores e de uma educação sufocante e castradora. Temos que enfrentar sem medo essa condição. Barrar com palavras e ações que a fofoca se espalhe, apagar o incêndio que ela provoca. Desonesto é falar e criticar alguém que não está presente. Observar mais, reagir menos e se não vai ajudar e contribuir, silenciar. É como ter que responder uma pergunta que não se faz. Quando alguém perguntar algo que você não quer responder, não se sinta mal ou constrangido por não lhe dar satisfação. Olhe bem em seus olhos e devolva a questão: "Porque você quer saber isso?" Provavelmente ela irá perceber o incoveniente e dirá que "não é por nada". Então você pode dizer a ela que 'se não é por nada', não há necessidade de responder. Mude o assunto. Vai perceber com o tempo que melhor do que falar da vida alheia é falar de assuntos. Fale do tempo! Porém temos que enfrentar essas coisas dentro de nós. Um treino constante, mas urgente.


p.s. Sugiro leitura de José Gaiarsa, o Tratado geral sobre a fofoca. Leia aqui uma parte do livro.

Aqui vai o Osvadinho da Cuíca cantando Vá cuidar da sua vida. Maravilhoso!


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sabedoria

O passado se põe como o sol que vai embora,
mas ilumina o próximo dia com a força de sua luz.
Provérbio etíope

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Do Papo de Homem

Voltando a outras conversas. A certo tempo venho falando algumas coisas sobre o masculino e numa dessas incursões sobre o tema, fui me deparar com o site Papo de Homem. Alguns anos atrás alguns amigos resolveram escrever e publicar suas idéias e opiniões sobre todos (?) os assuntos que poderiam ser do interesse dos homens. O resultado disso na minha opinião é uma mistura muito estranha que lembra o Bibelô (personagem clássico da genial Chiclete com banana do Angeli), homens médios valorizando coisas médias, a revista Men's Health e como ter uma barriga de concreto em 8 exercícios (sempre penso: quem realmente lê e faz isso?), assim como conversas das mais sinceras da mesa de bar. O fato meus caros leitores é que de tempos em tempos os caros e algumas mulheres que colaboram por lá, tem algumas sacadas bem felizes e apesar de alguns posicionamentos sexistas escrevem com enorme honestidade, inclusive para assumir isso. De tempos em tempos passo para me divertir com a coluna do Dr. Love. Uma espécie de coluna sentimental com perguntas dos leitores. Apesar de não concordar com quase nada, o tal Dr. Love é capaz de resumir e expressar bons conselhos e esclarecer como vem funcionando a cabeça de boa parte dos homens de nossa cultura. Uma verdadeira aula de sociologia. Separei ele respondendo duas perguntas (com as quais concordo bastante!) - as outras vocês podem conferir aqui. É ou não é pra rir e pensar onde estamos?

Pergunta 12: O amigo

“Caro Dr. Love, tenho um amigo de infância que de modo alguém consegue esquecer o encosto que é sua ex-namorada, sempre que encontra com ela fica mal, como me preocupo muito com o cara resolvi pedir sua ajuda para tirar-lo desse mar de tristeza.

Obrigado, Dr. Love.”

–PV

Homem que chora pelos cantos por conta de ex-namorada é a raça mais deprimente do universo. Arrastam-se numa eterna busca de algo que nunca foi deles. Nenhuma mulher é nossa propriedade. Assim como não somos delas.

Ex-namorados deprimidos nada mais são do que crianças que acharam ter um brinquedinho na mão e não sabem lidar com a mudança de situação, pois permitiram que seu próprio senso de identidade fosse sustentado pelo outro.

E quando o outro “vai embora”, a identidade deles voa pela janela junto.

Sequer conhecem o que é uma trepada homérica e não se cansam de gemer, diariamente, terem perdido o amor de suas vidas. Seu amigo mereceria uma tijolada na boca, um par de calcinhas rosadas de algodão e um dildo tamanho Motumbo. Vou parar de falar antes que vomite.

Ele precisa de terapia de choque, em suas mais variadas formas.

  • Escalar uma montanha.
  • Quebrar a cara numa briga.
  • Morar em outra cidade. Outro estado. Outro país.
  • Fazer qualquer porra que o deixe apavorado só de considerar a ideia.
  • Comer mulheres maravilhosas (pagando ou não) e gozar litros de porra enquanto tem visões do Nirvana.

Precisa se perder, se jogar no abismo, sair da modorrenta zona de conforto.

Precisa, em última instância, reencontrar o senso de identidade perdido.


Homem voltando à vida.

Não discuta os sentimentos dele sobre ela. Faça o que puder pra colocá-lo na estrada. Se ele choramingar, mande tomar no cu. Seja um bom amigo. Não tenha nenhuma piedade. Poucas pessoas são corajosas o suficiente para tanto.

Pergunta 8: Raridade

“O meu namorado é fanático em sexo, o que devo fazer para ele mudar?”
–Esther

Meu bem,

a pergunta é: o que você deve fazer para aguentar o tranco?

Não espere que seu homem reduza seu apetite sexual. A não ser que a relação dele com sexo seja prejudicial para o convívio em sociedade e o relacionamento que mantém com você, sua única medida deve ser agradecer aos céus por ter se encontrado com um poço de virilidade nesse mundo meia-bomba e boiolístico que impera nos dias atuais.

Se não tiver estômago – err – pra coisa, compartilhe. Suas amigas ficarão satisfeitas em ajudar, certeza.

terça-feira, 20 de julho de 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

de
vaga
vagar
gar
devagar
a
gente
chega.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sempre há tempo para se dizer algo. Para voltar. E sempre há tempo de nada dizer. Ficarei um pouco distante do Paladar, buscando esses espeços, mas retorno assim que possível.
Enquanto isso, conheça vipassana.
Até mais.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Qual é o melhor governo?

O melhor governo é o que menos governa.

Henry David Thoreau

A vida

A vida tá acontecendo em tudo e a toda hora. Ela se manifesta quando você anda, no sorriso da criança, na pedra que rola, tá no olho do sapo, na boca do peixe, no rabo do cachorro, no veneno da cobra, ela tá em tudo. Você só tem que ver.
Seu Zé Pelintra
*A foto é minha.

domingo, 4 de julho de 2010

Dia de domingo e afins.

encontrado aqui.

Reverberações 2010


Com foco em arte, ativismo e processos coletivos de trabalho e criação Cultura Colaborativa baseia-se no conceito de que o fazer criativo se dá pela informação e conhecimento livre e compartilhado. Trata-se de um encontro aberto e participativo, que articula e agrega diferentes profissionais que trabalham com novas metodologias, processos coletivos de criação e/ou iniciativas culturais colaborativas atuantes nas cinco regiões brasileiras e no exterior. O Reverberações agrega princípios como: colaboração, autogestão, autonomia e inter-independência na produção atual das artes visuais e cultura brasileira. Isso prevê a arte também em relacionamento com a ecologia, política, questões sociais e de trabalho, entre outros.
FIQUE ATENTO a programação!! CONVERSAS EM RODA com palestras de convidados sobre temas culturais atuais, mostra de videos no cimena CIRCUITOS COMPARTILHADOS, participe dos encontros para MAPA sobre Ruptura e Transformação, exposição do ACERVO CORO, entre outras atividades !! No dia 10 tem Celebração encerrando as atividades, na SERRALHERIA!
REVERBERAÇÕES acontece a cada 2 anos desde 2004… não perca!
De: 7 a 10 de julho de 2010.Gratuito!
local: Espaço Matilha CulturalRua Rêgo Freitas, 542 – República – SP
Design Cultural e Realização: NEXO CULTURAL Agencia de Design Cultural e Sustentabilidade
contato: http://br.mc343.mail.yahoo.com/mc/compose?to=reverberar.encontros@gmail.cominformações e inscrições: http://www.reverberacoes.com.br/
*nesta edição o trabalho humano da organização e convidados está sendo realizado de forma voluntária, com o apoio institucional para infra-estrutura.
°°°
Nexo Cultural - Agencia de Design Cultural e Sustentabilidadehttp://www.nexocultural.com.br/

VI Congresso de Pesquisadores Negros

Afrodiáspora: Saberes pós-coloniais, poderes e movimentos populares.
O VI Congresso Brasileiro de Pesquisadores(as) Negros(as) debaterá sobre “Afrodiáspora: saberes pós-coloniais, poderes e movimentos sociais”, a fim de apresentar e discutir os processos de produção/difusão de conhecimentos intrinsecamente ligados às lutas históricas empreendidas pela populações negras nas Diásporas Africanas, nos espaços de religiosidades, nos quilombos, nos movimentos negros organizados, na imprensa, nas artes e na literatura, nas escolas e universidades, nas organizações não-governamentais, nas empresas e nas diversas esferas estatais, que resistem, reivindicam e propõem alternativas políticas e sociais que atendam às necessidades das populações negras, visando a constituição material dos direitos.
Difundir e debater os saberes produzidos por negros(as) no Brasil implica no esforço de identificar no cenário sociocultural brasileiro, conhecimentos, manifestações e formas de pensar/estar no mundo, concepções, linguagens e pressupostos não hegemônicos, construídas pela multiplicidade de sujeitos que constituem as populações negras, focalizando essa população como produtora de conhecimentos científicos, técnicos e artísticos.
Essa temática também propõe uma reconfiguração dos quadros da memória, no que tange a experiência histórica da população negra no Brasil, que respeite a presença da ancestralidade e tradições africanas, mas, ao mesmo tempo, considere as composições, traduções e recriações realizadas nos movimentos da diáspora.
A escolha dessa temática para orientar os debates e proposições do VI Congresso Brasileiro de Pesquisadores(as) Negros(as), leva em consideração a atual conjuntura brasileira, quando os segmentos negros organizados reivindicam e acentuam o incremento de mecanismos jurídicos-políticos de constituição material de direitos, tais como: a Lei n.º 10.6391 e suas Diretrizes Curriculares, a implementação de Políticas de Ações Afirmativas, a luta pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e do Projeto de Cotas para Negros nas Universidades pelo Congresso Nacional, o que tem implicado na exigência e na urgência de ampliar o campo de discussão e produção de conhecimentos sobre as populações negras.
Em suma, traremos à tona estudos e debates sobre a realidade das populações negras, principalmente as questões ligadas ao racismo, às reconstruções culturais diaspóricas, às resistências e (re)existências negras. A disseminação de conhecimentos e o debate sobre tais questões, a busca de alternativas que possibilitem a equidade social, farão parte dos trabalhos de intelectuais negros e negras no VI Congresso Brasileiro de Pesquisadores(as) Negros(as).
Estimamos que sejam beneficiados(as) diretamente pelo VI COPENE cerca de 2000 participantes, de todas as Unidades da Federação e do exterior. Além disso, espera-se que na realização deste congresso, assim como nas edições anteriores, tenhamos um crescimento quantitativo e qualitativo da produção científica.


mais infos em http://www.abpn.org.br/copene/

X Encontro de Culturas Tradicionais


sábado, 3 de julho de 2010

Futebol e política.

Para não pensarmos que tudo é (ou era) festa:

* Reportagem de capa da última Carta Capital , edição 602, revelando vários aspectos da máfia da FIFA e de seus últimos presidentes. Mostra bem a passagem de João Havelange e de seus sucessores pela FIFA. Mar de lama e m. até o pescoço!

*Na mesma revista entrevista com o jornalista inglês Andrew Jennings e comentários de seu livro “Foul ! The Secret World of FIFA: Bribes, Vote-rigging and Ticket Scandals (em livre tradução, Falta ! Subornos, Compra de Votos e Escândalos com Ingressos), publicado em 2006. Um passo-a-passo da corrupção no mundo do futebol organizado pela FIFA. Você pode ler na íntegra aqui.

*Meu cumpadre Tim a dias atrás fez ótimo debate e um apanhado sobre o uso do futebol como elemento para manobrar e ludibriar as multidões a favor de ideologias fascistas e totalitárias em diferentes momentos históricos. Oferece de mão beijada dois documentários imperdíveis sobre o tema. Vá direto em A Cortiça.

*Foi mesmo triste a derrota de Gana e do Paraguai. Jogos para nunca mais esquecer.

*Holanda na África do Sul? Nem fodendo! Apartheid te lembra alguma coisa?
*E viva Uruguai! Estamos juntos. Latino América representando!

NOVAMENTE, OS TUCANOS CONTRA O POVO

por Tim
Direto de A Cortiça


Por diversas vezes a sua fonte de informação de maior credibilidade da intenet, A CORTIÇA, apresentou como os políticos ligados ao PSDB e a Serra, o Terrível, (des) tratam do bem-público como se gerissem um banco. Entre tantos outros posts desse blog (procure mais nos marcadores), para refrescar sua memória relembramos esses abaixo:
- Ressaca Cultural
http://acortica.blogspot.com/2010/05/ressaca-cultural.html
- Como Tucanar a Eleição
http://acortica.blogspot.com/2010/05/como-tucanar-uma-eleicao.html
- Cultura Mercado e Lucro em São Paulo
http://acortica.blogspot.com/2010/03/cultura-mercado-e-lucro-em-sao-paulo.html

Conforme já notíciamos, João Sayad (economista ligado ao grupo serrista no PSDB) foi o responsável para Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo de 2007 até abril de 2010. Decidiu sair desse cargo para assumir presidência da Fundação Padre Anchieta, que controla (entre outros veículos de comunicação) a TV Cultura.
No lugar de Sayad, a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo foi assumida por Andrea Matarazzo. Enquanto ainda era Secretário de Coordenação das Subprefeituras de São Paulo, suas ações promoveram distúrbios na região central contra a população de baixa renda, contra os trabalhadores informais (ambulantes, catadores, etc.), praças sendo cercadas por grades e obras como "rampas anti-mendigos". Ainda jogou asfalto sobre passarelas de pedestres priorizando uma cidade para carros. Destruiu ocupações urbanas, fortalecendo a especulação imobiliária e, defensor de políticas higienistas, ao se referir à "revitalização" do bairro da Luz, disse "Adoro problema! Vamos limpar a cracolândia!". Quer saber mais sobre a relação de Matarazzo com a população do centro, veja o documentário "Santa Efigênia e seus pecados" (2009) de Thiago Mendonça.

Mas e o João Sayad? Sendo nomeado por Serra, o Terrível, Sayad (di)geriu a Secretaria da Cultura como se fosse um banco: uns poucos são clientes "prime", "personalité" e os demais pagam a elevada conta de uma cultura sendo tratada como mercadoria. Uma de suas decisões mais apocalípticas, ainda em 2009, foi aprovar a construção do "Teatro de Dança", o mais caro projeto da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
Trata-se de R$ 311,8 milhões a um único centro cultural no Bairro da Luz, uma região que já possui diversas instituições culturais: Escola Livre de Música do Estado de São Paulo-Tom Jobim, a Sala São Paulo, a Pinacoteca, a Estação Pinacoteca e o Museu da Língua Portuguesa.
Será que com R$ 311,8 milhões não é possível fomentar uma estrutura melhor (em todos os sentidos) a companhias e grupos que promovem a cultura em SP e constantemente sofrem com as limitações impostas pela ausência de uma política pública decente voltada para a área cultural? Sayad não está minimamente preocupado em promover maiores e melhores atividades culturais entre os cidadãos paulistas, mas quer meramente privilegiar a São Paulo Cia. de Dança (SPCD), afinal esta é a primeira companhia subsidiada pelo Estado, recebendo com exclusividade a inacreditável quantia de R$ 13 milhões anuais (!), ao mesmo tempo em que R$ 1,4 milhões é a verba pública a ser dividida por todos os grupos privados do Estado de São Paulo!... Notável!
É esse o resultado de deixar Serra, o Terrível, e seus amiguinhos do peito controlarem o bem-público: tudo vira uma espécie de boutique onde os melhores perfumes vão para os seus comparsas e as migalhas (se sobrar!) fica para o restante da choldra!
E os problemas não acabam por aqui não. Antes de sair do cargo, Sayad fez um último e feroz ataque contra a cultura de São Paulo: ordenou o fim das Oficinas Culturais!


FIM DAS OFICINAS CULTURAIS: PSDB PRIVATIZANDO A CULTURA

Em junho foi anunciado que a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo não renovará o contrato com a Associação Amigos das Oficinas Culturais do Estado (ASSAOC). No fim de julho, as oficinas fecham para o público. Já nesse mesmo mês os funcionários estão trabalhando sob aviso prévio. Em agosto, o contrato se encerra.
Criadas em 1986, as Oficinas Culturais são espaços destinados a promover atividades culturais dos mais variados tipos (artes plásticas, dança, teatro, música e tudo mais). São atividades gratuitas que proporcionam oportunidades de aquisição de novos conhecimentos e novas vivências de experimentação e de contato com as mais diversas formas de expressão em cultura, possibilitando não apenas a formação do público e como de profissionais para a área da cultural.
O fim das Oficinas Culturais foi determinado por João Sayad, quando ainda coordenava a pasta de Cultura de São Paulo. De acordo com ele, não há visibilidade para os projeto das Oficinas Culturais. Em todo caso a execução dessa pútrida tarefa coube ao recém-empossado secretário de cultura Adrea Matarazzo. Em matéria publicada na Folha, no caderno Ilustrada, de 27 de junho de 2010, Matarazzo afirmou que "Elas [Oficinas Culturais] consomem R$ 20 milhões por ano. Mais de 60% da verba é utilizada na atividade-meio. O modelo ficou absoleto. Temos de investir em coisas que fiquem, como capacitação de profissionais".
Quer dizer então que não há visibilidade? Estão obsoletas? É incrível a capacidade desses urubus tucanos transformarem em carniça tudo o que tocam! Vamos ver, então, qual a situação real das Oficinas Culturais.
De acordo com a ASSAOC, há 22 Oficinas Culturais, sendo que 06 estão na capital (04 na Zona Leste, 01 no extremo da Zona Oeste e 02 no centro expandido), 15 no interior do Estado de São Paulo, com 645 municípios e, além disso, há ainda os Projetos Especiais e da Terceira Idade.
Se as Oficinas Culturais forem realmente fechadas, o impacto será estrondoso. Em números, o custo desse prejuízo será o seguinte:
- Empregos diretos: 280;- Empregos terceirizados: 126;- Empregos indiretos (arte-educadores): 2.100 anualmente;- Público frequentador de atividades de formação: 66.000 inscritos anualmente;- Atendimento à comunidade (eventos diversos, como festivais, mostras, encontros de entidades, espetáculos, exposições, festas comemorativas dos bairros e cidades, campanhas solidárias etc.): 88.000 anualmente.
Dessa forma, para Serra (o Terrível), João Sayad, Andrea Matarazzo e Alberto Goldman, cerca de 157 mil cidadãos produzindo cultura anulamente são algo obsoleto sem visibilidade! Para eles, é mais importante dar R$13 milhões anuais à São Paulo Cia. de Dança! Isso sim possui ampla visibilidade!
Obviamente, frente a manifestação de insatisfação da classe artística ganhando espaço da Folha, no Estadão, na CBN (ouça a entrevista de Marcelo M. Fonseca,orientador na O.C. Oswald de Andrade, neste link) e até mesmo no Diário Popular, Matarazzo "ramelou", fingiu que não era com ele e, obviamente, mentiu dizendo que esse papo de fechar as Oficinas Culturais "É boataria. Não temos intenção de demitir. Só estamos analisando a gestão da organização social checando cumprimento de metas... Jamais pensamos suspender o programa ou demitir os funcionários".
Até semana passada as Oficinas Culturais eram "obsoletas" e sem visibilidade. Mas como o assunto brotou na grande mídia corporativa (e pega mal cortar empregos em ano de eleição), Matarazzo retirou na sexta-feira (02 de julho) ou que havia dito no domingo (27 de junho). Mentiras e mais mentiras. Tucanos e mais tucanos! Só comendo muita carniça mesmo para conseguir entender esses urubus. O conceito que o PSDB tem de cultura assemelha-se muito a Göring, sucessor presuntivo de Hitler, que já dizia: “quando eu ouço a palavra cultura, logo saco meu revólver”!

E fique atento! Por meio da internet, inúmeros artistas estão se maifestando contra mais essa agressão do PSDB sobre a população de São Paulo. A CORTIÇA recomenda vivamente que você deixe o Galvão Bueno um pouco de escanteio e fique de marcação cerrada nesse time PSDBozo, que compra o juiz e, mesmo assim, só dá bola-fora!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A perda da batalha.

Como não ficar triste com a saída da seleção brasileira da Copa? Não sou de expressar grande efervescência futebolística, mas sempre fui contra essa postura derrotista que toma conta de muitos brasileiros em competições como essa. Podemos fazer muitas análises da morte do futebol arte, da mercantilização, das imposições da FIFA, dos cartolas brasileiros, do ópio do povo e por aí vai, porém o futebol permanece como o grande duelo, o teatro grego, o drama, a catarse, o sonho e a superação. Seleção brasileira, infelizmente ficamos por aqui. Dignidade tivemos. Nos resta acompanhar os outros combates, e claro tomar partido por alguns deles. Gana e Uruguai será o mais difícil, apesar que Gana encanta melhor. De resto, é Paraguai. É Argentina!

O que fazer enquanto a palavra não vem.