terça-feira, 29 de abril de 2008

Lindo mesmo!

Depois de ler isso eu só posso querer voltar pra casa...
Do nosso jeitinho

É sabido – e tenho tantas vezes insistido aqui – que a meia-dúzia que sempre se arvorou em dona do Brasil nunca suportou o povo brasileiro. Não gostam da comida que gostamos, desprezam nosso modo de viver, nossa música, nossa sabedoria, menoscabam nosso jeito de rezar e curar os males do corpo e da alma. É claro que as coisas do povo que nunca toleraram vez por outra entram na moda por um motivo qualquer e aí é um tal de dar-se um jeito de tudo ficar mais “higiênico”, mais branco, menos mestiço – foi assim com o carnaval, a religião, está sendo com o futebol, os butiquins etc. - , mas isso é assunto pra outras conversas. Depreciam de tal modo as culturas nossas tributárias, que mesmo entre os negros que desprezam, julgam os nossos os piores, “bantos primitivos”; nossos índios estão no paleolítico enquanto os d’alhures construíram admiráveis civilizações; os portugueses são a nação mais atrasada da Europa, periferia do sistema, patrimonialistas medievais etc. Usam para nos medir uma medida extrínseca que nada tem a ver conosco e segundo a qual sempre seremos uma versão imperfeita do seu “ideal” importado: nossa democracia é atrasada, falta capitalismo, erudição, instituições deficientes...
Um dos traços mais singulares do povo brasileiro passou, por escamoteamentos ideológicos repisados até a exaustão, de exemplo da nossa brejeirice pacífica e algo gaiata, resistente e original, a uma espécie de pústula moral a ser banida dos projetos civilizatórios da modernidade (branca e capitalista, lógico): o famoso “jeitinho” brasileiro. Porque este sempre foi para nós uma capacidade de, apesar das adversidades, malgrado as impossibilidades decretadas pela conjuntura opressiva, contruir o entendimento, superar o aparentemente insuperável. Na base do “conversando é que a gente se entende”, nos orgulhávamos de uma habilidade de improviso lastreada no pouco apreço às soluções formais pre-determinadas, acreditando que a razoabilidade se constrói numa interação mediada pela atitude de entender e se fazer entendido. Mas os nossos senhores, que naturalmente usam e cuidam de sua condição, não conseguem conviver com essa fluidez embebida de encontro e possibilidade; aferrados às suas certezas, encastelados em sua condição de ditadores das regras auto-perpetuadoras, empedernidos pela lógica da eficiência a serviço da acumulação, trataram de fazer do “jeitinho” um traço de decrepitude de caráter típico dos povos atrasados, que dessa forma jamais poderiam aspirar ao mundo maravilhoso da modernidade e suas benesses.
Escrevia dias atrás sobre a falência da comunicação pela palavra falada. Num mundo que tem horror ao diálogo interpessoal – assim sempre me soou o modo europeu de vida, basta ver dois desconhecidos brasileiros se encontrando em outro país (normalmente se abraçam e comemoram o encontro, como se velhos amigos fossem) e o mesmo se dando com dois alemães... – é necessário ter regras precisas e claras para normatizar todas as situações, de modo que o mínimo espaço haja para a possibilidade de discussão. E mesmo essa, deve-se dar pelas vias institucionais, dentro dos limites formais previstos. Se um vizinho dinamarquês avançar seu muro meio metro sobre o terreno ao lado, ele responderá por isso nas barras dos tribunais, nos estritos termos da legislação. No Brasil, sempre houve a possibilidade, a menos a princípio, de se discutir a solução tomando um café no butiquim da esquina, com boa possibilidade de se deixar pra lá, contanto que o outro possa ficar com as mangas que pendem daquela frondosa mangueira sobre o seu quintal alheio... Ao menos enquanto viveu a palavra.
É por isso, meus caros, que nos desesperam as atendentes de telemárquetim que sempre responderão com seus 15 modelos de frases prêt a porter não importa se Rui Barbosa ou Leonel Brizola estejam a argumentar do outro lado da linha. É por isso que temos tanta dificuldade de aceitar os campeonatos por pontos corridos, onde o melhor vai sagrar-se campeão em 99% dos casos. O gosto pelo improviso, pelo imponderável mora em nosso espírito, faz parte da nossa natureza. A busca pelo desenvolvimento econômico e humano, por uma sociedade mais igualitária com acesso indistinto às utilidades que a modernidade logrou poduzir não pode tomar como padrão único um mundo pré-fabricado, engessado, previsível, sem espaço para a originalidade, para a criação e o improviso, fundamentos da singularidade individual e cultural. Singularidade é “jeito”, habilidade é “jeito”, solução é “jeito”. Quero meu jeitinho de volta!
E é por isso, contrariamente, que no butiquim se desconta cheque, se compra fiado (mesmo e sobretudo com a presença da plaquinha indefectível: “fiado só amanhã”), se deixa recado, se pede o prato assim ou assado, ao gosto do freguês , se decide sobre os destinos da humanidade... Tudo pode, desde que se converse! É por isso que no butiquim todos são irmãos de pratos e copos, mesmo que NUNCA se tenham visto antes. É por isso que no butiquim – e só no butiquim – ainda há jeito. Isto é, nos de verdade, os que ainda sobraram, “redutos últimos da palavra”, como quis o Poeta.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Aquele que...

Por um lado (apesar da dor) é bom que as coisas fiquem insuportáveis. Assim vamos ver claramente quem está do lado de quem, quem compactua com o quê. Talvez faça sentido que a ordem venha do caos, e de algum modo sejamos obrigados a pensar e reconhecer a urgência de algo mais organizado. Não pense que as coisas estão duras apenas na sua cidade, no seu país. O mundo está em chamas e só não vê quem não quer. Temos mais um ano de eleições e uma avalanche de promessas. O que fazer? Particularmente nunca escondi que política partidária não me parece uma solução, é apenas um paleativo com uma oportunidade para se pensar no menos pior. Digo no modo de agir, na maneira de operar, porque não sou da opinião que todo político num partido é corrupto e vendido (apesar que tendo a desconfiar de lugares como o psdb, pfl, etc). Trabalho e acredito nas relações do dia a dia, na ação direta, nos movimentos sociais, na autonomia, na política além do voto. Estou convencido desse caminho, desse modo de fazer as coisas, mas nunca deixei de respeitar e considerar os amigos e os muitos lutadores que pensam diferente e que escolhem uma prática tradicional (reformista?), talvez menos revolucionária, ou como queira chamar. Diante do inimigo comum, tudo isso é válido e como disse no início, vamos ver quem esta do lado de quem. O que me aborrece é o oportunismo. Ser sectário me parece algo contra o pensamento e a conduta libertária para uma vida mais sincera e livre. Esse é o desafio: parafraseando os zapatistas, um mundo com muitos outros mundos. O que não posso aceitar é que queiram me governar. O que não posso aceitar é que me digam o que fazer. Acredito na autoridade que venha da verdade, não o contrário. O que não irei aceitar mesmo é o privilégio e a exploração. Como disse Pierre-Joseph Proudhon: "Aquele que tenta pôr as mãos em mim é um usurpador e um tirano. Eu o declaro meu inimigo".

Sempre é bom lembrar!


quinta-feira, 24 de abril de 2008

A sutileza do título

Existem momentos que depois de alguém falar com tanta precisão sobre um determinado assunto, nem vale mais continuar a debater e só nos resta concordar. Veja essa tal Virada Cultural e como apenas posso corroborar com o Bruno Ribeiro. Já começa pela sutileza do título. O texto faz referência a Virada Cultural de um ano atrás, mas continua bem pertinente. Leiam até o fim que vale cada linha.

Virada cultural é o caralho!
por Bruno Ribeiro
"Durante toda a semana passada só se falou na Virada Cultural Paulista, que pela primeira vez teve uma edição campineira. De sábado para domingo foram 24 horas ininterruptas de música, teatro, cinema e exposições. Trabalhei na cobertura do show do grupo Sistema Negro, no Jardim Ieda. A expectativa (não a minha, evidente) era de que o show de rap, que ocorreu diante do sexto distrito policial de Campinas, acabasse em confusão - à exemplo do show dos Racionais, em São Paulo. Típica associação preconceituosa que a classe média faz do rap com a violência - reforçada depois que a Rede Globo culpou o público pelo confronto com a polícia militar. Não cabe agora discutir de quem foi a culpa pela pancadaria, mas é sempre bom lembrar que o problema é o homem e não o lugar de onde ele vem. Só discorda quem não conhece a periferia de perto.
Eu já sabia que seria um show tranqüilo. Depois fui para a redação escrever a matéria, mas não quis participar da Virada Cultural. Comprei um vinho na volta e fiz uma sopa na santa paz do lar, ouvindo a música que gosto, na altura que gosto, na companhia de quem gosto. E isso me basta. Não participei em nenhum momento do oba-oba geral. Primeiro porque, danem-se os politicamente corretos, esse papo de virada é coisa de viado. E segundo que não tenho mais paciência para shows. Não agüento mais encontrar a mesma "turminha da balada" ou, como gosto de chamar, a "turminha do u-hu". Ela está no "samba-rock pra quem começou a gostar de preto há pouco tempo"; ela está no "rock psicodélico com influências de folclore pernambucano e literatura de cordel"; está no "forró sem cabeça-chata para meninas que dançam ciranda" e agora também na "gafieira que acha que é gafieira só porque tem sax e trombone na formação, mas que não canta samba sincopado e nem samba de breque". Estou cantando a bola em primeira mão: atentem para o surgimento da mais nova moda universitária: a gafieira. E eu, como estou cada vez mais decidido a firmar um pacto com a vida, pacto de só viver o que for verdadeiro, me recuso a estar nesses lugares onde todo mundo se acha o i do mississipi.
A Virada Cultural é feita para essa classe média que, além de não ser produtora de cultura, não entende picas do assunto (embora se ache a grande mantenedora das vanguardas artísticas) e se limita apenas a consumir shows sem qualquer critério. Aliás, o critério que ela conhece é sempre o da quantidade e nunca o da qualidade: se o show está lotado, então é bom. E mesmo assim não pode estar lotado de pobre: tem que ter muita "gente bonita". Cultura no cu dos outros é refresco. Essa é a mentalidade da classe média e é por isso que me recuso terminantemente a compartilhar de seus mesmos gostos e interesses. Venho da classe média também, mas nunca aderi ao seu modo de vida. Estou seguro de não estar falando nenhum absurdo.Vou explicar melhor a minha bronca. Antes, porém, peço licença ao Eduardo Goldenberg para roubar descaradamente uma citação do Ariano Suassuna publicado primeiro no seu Buteco do Edu:
O Ariano disse tudo: se for preciso assumo essa briga sozinho, como já tenho feito nos últimos dez anos. O país ainda não está pronto para ser nação e é por isso que alguém tem de meter o dedo no nariz da classe média e dizer para ela: "Você está errada". Também estou certo de não cometer nenhuma injustiça. Injustiça, por exemplo, é o que fizeram com o samba e o choro na programação da Virada. À eles foram dedicados os piores horários e locais: ao grupo Choro Bandido, que está lançando seu segundo CD e tem entre seus integrantes craques como Chiquinho do Pandeiro e Daniel Romanetto, foi reservada uma apresentação às 8h de domingo, no Bosque dos Jequitibás. A mentalidade é: "chorinho é coisa de velho; velho acorda cedo; chorinho é bucólico; manda o chorinho para o bosque". O samba também foi tratado como moeda de troca: apenas Ilcéi Miriam e o grupo do Cupinzeiro foram convidados, entre tantos grupos bons que poderiam ter ocupado outros horários do programa. Sem falar que samba é sempre na praça e nunca no teatro ou nas grandes salas de espetáculo. E também ao samba deram um horário ingrato, quando as pessoas estavam saindo do trabalho. Muita gente saiu da periferia para ver o samba e não conseguiu chegar a tempo, porque dependia de ônibus e às seis da tarde não há ônibus para quem mora do outro lado da ponte. Engraçado como as duas maiores expressões da música popular brasileira são sempre tratadas com desdém pelo poder público e pela classe média - a mesma que gosta de "valorizar" o samba e "resgatá-lo" de algum lugar que ninguém sabe qual seja.
As noites são reservadas sempre aos ritmos estrangeiros (rock, blues, jazz) ou à música com discurso pop de bandas como Cordel do Fogo Encantado. O argumento - posso até ouvir vozes aí do outro lado da tela - é de que o samba não é capaz de lotar o espaço público. Não fossem a hipocrisia e o eufemismo, diriam abertamente: "O samba não é capaz de lotar o espaço público de gente bonita, de gente da nossa laia". Mas então é a hora de nos perguntarmos por que e para quem é feita a Virada Cultural. Para que tipo de público os governos municipais movem seus esforços e investem o dinheiro de nossos impostos? E, Deus meu, de onde tiraram a idéia de que em Campinas não há cultura acontecendo o ano todo?
Domingo, enquanto muita gente ia para a Estação Cultura gritar u-hu, eu fui para a periferia, onde me criei com muito orgulho. E só me arrependo de não ter uma máquina fotográfica para mostrar aqui no blog, batendo o pau na mesa, que o samba não precisa de cartaz e nem do aval da classe média para acontecer e reunir muita gente. A roda, aliás, não é show, é cultura no sentido profundo do termo. Está acontecendo porque tem de acontecer, porque é passada de pai para filho, porque é uma necessidade e toda a comunidade está ao seu redor, confraternizando, dividindo a garrafa de cerveja, o churrasquinho feito na hora, a alegria e a tristeza da vida real. A vida de verdade, sem que ninguém precise fazer tipo para se sentir inserido ou representado. As relações não passam pela questão da roupa, do padrão de beleza, do julgamento moral. Todo mundo é truta, todo mundo é irmão, a partir do momento em que o samba pega e você o respeita. Estou falando do Pagode da Vó Tiana, terreiro localizado na Vila Teixeira, comandado pelo parceiro Juninho Fortaleza (com quem emplaquei Salve a Defumação, um sambão de macumba que já anda nas bocas da negrada da Vila)."Pessoal, andaram dizendo que a roda de hoje ia ficar vazia por causa da Virada Cultural. Falaram que tava todo mundo indo ver o jazz e ver o rock. E a Vila Teixeira disse não. Todos aqui disseram não à esse papo furado de que a cultura estaria lá, do outro lado da ponte, e que a gente só teria uma opção: atravessar a cidade para poder se divertir um pouco. E nós dissemos não. Dissemos que não é verdade. Porque nós somos a cultura de Campinas. Ela está aqui, na periferia. E não precisa ser convidada para subir no palco. A casa cheia de amigos em dia de samba é a prova de que a nossa cultura é viva e é forte" - disse o pandeirista Cilão, na abertura dos trabalhos, sendo aplaudido de pé por cerca de 300 pessoas.
Lá encontrei Amaury "Velha Arte" e Nelsinho Fidélis - este o maior cantor de samba do Estado de São Paulo. E banco a afirmação se alguém duvidar. Terminada a roda - que contou com a presença de Sombrinha, parceiro de Arlindo Cruz - fomos de táxi para a Vila União, no maravilhoso Bar do Neto. Detalhe: fomos tão longe que o taxímetro marcou R$ 80 ao final da corrida. Adivinha se pagamos? É claro que não! Na quebrada é todo mundo camarada e uma mão lava a outra. E o Amaury tinha crédito na praça. De modo que o taxista também entrou para beber com a gente. E o samba comendo solto na mesa do butiquim. Candeia, Aniceto, Xangô. Vou repetir: Candeia, Aniceto, Xangô. Só sabe a dimensão disso quem é do riscado. E ouvir o primeiro verso é sacar que a cidade não conhece a cidade. E ainda tem muito o que aprender se quiser falar em cultura.
Pergunta se eu paguei a conta? Claro que não de novo! Aliás, acho que ninguém nunca paga a conta. Porque sempre tem alguém que se oferece para pagar a sua, da mesma maneira que alguém pagou a dele e assim por diante. No fim, vai ver, o sujeito pendura e acerta no fim do mês. Eu volto lá em outra oportunidade, deixo uma meia dúzia de Brahmas pagas na conta do cidadão, sem esperar nada em troca. E essas pequenas gentilezas vão gerando mais gentilezas, de modo que cria-se uma espécie de segunda família (para muitos, a primeira) e a roda de samba é onde estas relações se exacerbam, como que num transe. A roda de samba propicia um momento mágico em que você se sente realmente parte de um grupo e sua pessoa passa a ter alguma importância. O sujeito deixa de ser um consumidor passivo para ser agente histórico do que está acontecendo naquela hora. E a alma do bairro, da cidade, da pátria, da humanidade, percorre cada músculo e cada nervo de seu corpo. Sem luxo, sem frescura, sem glamour. Na vivência da única democracia que conheço, que é a roda de samba feita na mesa do buteco. Ali, onde a vida acontece e as pessoas são naturalmente felizes (sem esconder suas dores), a cultura é parte integrante do cotidiano. Não precisa que lhe dediquem um final de semana, nem que a classe média reconheça sua existência e seu valor. O povo lhe faz imortal, não é meu camarada?
PS: O endereço? Não dou nem sob tortura."

quarta-feira, 23 de abril de 2008

pelo mundo

IÊ!
Tava andando pelo mundo
a procura de amor
mas a vida foi cruel
só mostrou tristeza e dor
cada canto que eu passava
via muito sofredor
vi o meu irmão morrendo
cheio de fome ô lambedor
roubando matando os outros
em nome do desamor
só não é de meu espanto
que esse irmão seja de cor
cada vez que eu cair
dessa luta eu recordava
capoeira é arma forte
quando a vida não diz mais nada
mas apesar de tanta dor
esse mundo tem valor
salve seu pai Ogum
Santo Antonio é protetor...

sábado, 19 de abril de 2008

O primeiro grito

Faz um tempo que ando pensando sobre as mulheres e que gostaria de escrever a respeito. Depois que travei contato com algumas e com histórias de outras, nunca mais pude ignorar o fato de que a presença feminina, seja no que for, acaba por tornar as coisas melhores ou menos piores. Também não gostaria de cair numa declaração por demais piegas e tal, mas olhar apenas o lugar do feminismo no feminino. Entretanto, justiça seja feita.
Primeiro - o desafio. Nunca deixo de me espantar quando converso com algumas mulheres e descubro em seu discurso um manifesto antifeminista, e digo isso porque na minha opinião toda mulher (principalmente) e homem deveria de um modo ou de outro ser um pouco feminista. Também não me darei ao trabalho agora de fazer a clássica distinção (ainda que necessária) sobre feminismo e machismo. Não, não é a mesma coisa de forma inversa! Quando escuto alguma mulher insistir na idéia de que o feminismo é um tipo de bobagem, não posso deixar de lhe perguntar: “mas você gosta das calças que usa? Você acha importante uma mulher estudar? O que te parece igualdade de salário? Ou ainda ser mãe fora do casamento?” O engraçado é que o óbvio para essas resposta nem sempre é um sim. O que parece não passar na cabecinha dessas ilustres é o fato que se isso tudo só é possível graças a luta feminista. Mulheres e homens que nunca compartilharam com a opressão e a mentira sentem a necessidade de se rebelar. E agora temos que lidar com algumas pessoas que acreditam que coisas dessa ordem sempre foram possiveis ou naturais! Que afronta! Mas não percamos a fé. Entenda que há três gerações passadas isso não era nada comum. Pergunte a sua avó! ou bisavó se ela estiver por aí. Qualquer dessas coisas “naturais” causaria um bocado de trabalho - é provavel que resultaria na decisão de queima-la viva, colocada no manicômio, um motivo de piada, violentada e mais um monte de coisas bem tristes de serem contadas. E veja que isso não é minha opinião, é um fato histórico, está em qualquer lugar para quem quiser saber. Mas já mostrou essa tal de história em seu período mais recente que na hora de reclamar é cada um por si olhando o próprio umbigo, mas na hora de se foder tá todo mundo junto levando do mesmo modo. Vale também apontar para o fato que as vitórias do feminismo e outros movimentos sociais geram benefícos para todos, inclusive para quem os critica. O duro é que tem gente que não vê. Não acredita? Nesse exato momento que você lê isso aqui, a diferença salarial entre homens e mulheres cresce na Europa. Em 2002 a diferença era de 224 euros, hoje é de 246. Já no Brasil, apesar da diferença estar diminuindo, ainda é grande. Um estudo desenvolvido pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) mostra que, no início dos anos 90, os homens ganhavam até 50% a mais. Hoje, essa diferença se aproxima de 30%. Tem muito mais informação por aqui.

Nascimento
Assim, pensando em algumas desses pontos vejo a necessidade de falar dessas criaturas fantásticas. Começo do princípio: o nascimento. Le primier cri (algo como “o primeiro grito”) é um documentário sobre o nascimento, um projéto que explora essa dimensão entre diferentes povos e culturas. O filme teve estréia na França em outubro de 2007 e mostra mulheres ao redor do mundo durante a gestação até o momento do parto. Mas antes de continuar, tenho que admitir algo. Eu apenas tomei contato com esse filme porque uma das mulheres que mais adimiro na vida faz parte dele. Vanessa é uma quebense que vive nos Estados Unidos numa comunidade ativista. Já falei deles aqui. Ela teve seus dois filhos (hoje Fenék tem 2 anos e LouLou 9 meses) dentro de casa, contando apenas com a ajuda do Mike (o pai). É um povo lindo! Pois então, o filme documenta a Vanessa durante o fim da gestação e o nascimento de Fenék. Também são mostrados nascimentos nos quatro cantos do mundo, como da ianomami na Amazõnia, passando pela África, Índia, Japão, Sibéria e outros 4 países. Não sei quando vai sair no Brasil, mas não percam! A trilha sonora ficou por conta de Sinead O´Connor e é maravilhosa. O site apenas em francês e inglês esta aqui. As fotografias são ótimas também. Mas tem o trailler para vocês terem uma idéia.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A história das coisas

Incrivelmente bom! A história das coisas fala sobre coisas. Claro! Porém não pense você que é mais um alerta do fim do mundo. Direto, curto e grosso vamos percebendo mais de um estilo de vida insustentável: de onde vem, como é e o que fazer. Acho que vocês irão gostar. Convide os amigos! O original em inglês aqui com mais informações, mas segue a primeira parte do vídeo com legendas em português.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

"... pois que viver não é entrar no mar onde da pé, mas mergulhar com fé no maremoto."
Flora Figueiredo

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Sociedade do automóvel

11 milhões de pessoas, quase 6 milhões de automóveis; um acidente a cada 3 minutos; uma pessoa morta a cada 6 horas; 8 vítimas fatais da poluição por dia.
No lugar da praça, o shopping center; no lugar da calçada, a avenida; no lugar do parque, o estacionamento; em vez de vozes, motores e buzinas.
Trabalhar para dirigir, dirigir para trabalhar: compre um carro, liberte-se do transporte público ruim. Aquilo que é público é de ninguém, ou daqueles que não podem pagar.
Vidros escuros e fechados evitam o contato humano. Tédio, raiva angústia e solidão na cidade que não pode parar, mas não consegue sair do lugar.
um vídeo de Branca Nunes e Thiago Benicchio

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Verdade

"Um lutador deve se comportar numa luta como a água - insubstancial, inflexível. E, como a água, um combate não pode ter forma definida."
Bruce Lee

terça-feira, 8 de abril de 2008

Um pouco de atitude não faz mal a ninguém

Em tempos de marketing verde, os departamentos de propaganda de quase todas as empresas estão realizando um des-serviço para comunidade global impressionante. Olhando alí, debatendo aqui, buscando informação lá, a conclusão que chegamos é bastante óbvia: falar de sustentabilidade é conversa pra boi dormir. Esse debate ficou por conta do departamento de marketing e não com o setor de produção, ou com o recursos humanos, ou sei lá com quem. Sustentabilidade para eles é propaganda, não atitude. Carro ecológico? Preocupados com sua saúde e de sua família? Respeito ao consumidor? Liberdade? Faça-me o favor! Está escrito otário na minha testa? Não que um dia eu tenha acreditado em alguma dessas promessas, mas eu só consigo validar um pouco esse discurso quando esse povo coloca a mão no bolso. E não pode ser apenas fazendo parte de alguma lei governamental que privilegia o não pagamento de impostos. E é por isso que estou falando disso. Dá uma olhada nessa iniciativa e me diga se não é digna de aplauso. Oxalá outros sigam esse exemplo!

BANCO REAL NÃO FINANCIA MAIS VEÍCULOS PARA PAULISTANOS

Em uma ousada, porém coerente atitude com o seu posicionamento sustentável, o Banco Real anunciou que não financiará mais veículos para moradores da Grande São Paulo.
Segundo informações da CET, são 500 veículos novos licenciados diariamente somente na capital. Um número que não pára de crescer em razão da expansão do crédito bancário. Com prazos de financiamento cada vez mais longos, chegando em alguns casos até a absurdos 100 meses, as classes mais populares estão comprando mais veículos e abandonando o transporte coletivo.
Os congestionamentos não param de crescer e em março a cidade bateu consecutivamente vários recordes de lentidão. “Tínhamos que fazer a nossa parte, pois São Paulo não consegue comportar mais automóveis”, declarou Bruno Tozzini, diretor de marketing do Banco Real. “Não basta dizermos nos comerciais que somos amigos do planeta e na prática contribuirmos para destruí-lo. Isso é hipocrisia!”, completa.
O banco não revelou quanto deixará de lucrar com a interrupção das operações, mas calcula-se que o volume total de financiamentos de veículos na grande São Paulo supere 400 milhões de Reais por mês. Se o banco Real detinha 10% deste mercado, está deixando de financiar 40 milhões mensais. Provavelmente um custo irrisório quando compensado com os ganhos de atitude e credibilidade da marca.
encontrado em cocadaboa

Imperdível!

O Centro Cultural do Banco do Brasil, no Centro de São Paulo (rua Álvares Penteado 112), estará projetando entre os dias 08 e 24 de Abril um ciclo de filmes de Guy Debord, principal teórico e dirigiente da Internacional Situacionista, importante movimento político-cultural da década de 1960. Segue abaixo a programação e as sinopses.
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De 08 a 24 de abril
• Dia 08.04 - terça-feira
19h – “Debord: sua arte e seu tempo”,de Guy Debord e Brigitte Cornand (1995, DVD, 60 min., 16 anos)
• Dia 09.04 - quarta-feira
15h - Campo de Batalha: 21 dias no limiar do Império. de Stephen Marshall / GNN (2004, DVD, 82 min., 16 anos)
17h - Série Fim das Utopias, de Carlos Sansolo (2006, DVD, 52min.22s, 16 anos) + Sobre a passagem de umas poucas pessoas através de uma breve unidade de tempo, de Guy Debord (1959, DVD, 20 min., 16 anos)
• Dia 10.04 - quinta-feira
15h - rebatismodaavenidar obertomarinho. mov, do CMI (2004, DVD, 6min. 13s., 16 anos) + Enjoy, de Gordon Winienko (2003, DVD, 3 min. 10s, 16 anos) + Moradia no Centro, do CMI (2007, DVD, 16 min., 16 anos) + A revolução não será televisionada, MediaSana (2003, DVD, 6 minutos, 16 anos) + A Sociedade do Espetáculo (SOS Remix Digital), de DJ RABBI (2004, DVD, 10 min., 16 anos) + Red Dreams, de Rachel Rosalen (2004, DVD, 6 min. 50s, 16 anos) + Logo x No Logo, de Lucas Bambozzi (2003, DVD, 3 min. 10s, 16 anos) +Moradia no Centro, de CMI (2007, DVD, 16 min., 16 anos)
17h - Série Fim das Utopias, de Carlos Sansolo (2006, DVD, 52min.22s, 16 anos) + Crítica da Separação, de Guy Debord (1959, DVD, 20 min., 16 anos)
Dia 11.04 - sexta-feira
15h - rebatismodaavenidar obertomarinho. mov, do CMI (2004, DVD, 6min. 13s., 16 anos) + Enjoy, de Gordon Winienko (2003, DVD, 3 min. 10s, 16 anos) + Moradia no Centro, do CMI (2007, DVD, 16 min., 16 anos) + A revolução não será televisionada, MediaSana (2003, DVD, 6 minutos, 16 anos) + A Sociedade do Espetáculo (SOS Remix Digital), de DJ RABBI (2004, DVD, 10 min., 16 anos) +
Red Dreams, de Rachel Rosalen (2004, DVD, 6 min. 50s, 16 anos) + Logo x No Logo, de Lucas Bambozzi (2003, DVD, 3 min. 10s, 16 anos) + Moradia no Centro, de CMI (2007, DVD, 16 min., 16 anos)
17h - A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord (1973, DVD, 90 min., 16 anos)
19h – DEBATE Que situação hein, Debord? - Arte e Política, com Marcus Bastos (mediador), Silvio Miele e Christine Mello
• Dia 12.04 sábado
15h - Série Fim das Utopias, de Carlos Sansolo (2006, DVD, 52min.22s, 16 anos) + Crítica da Separação, de Guy Debord (1959, DVD, 20 min., 16 anos)
17h – DEBATE Que situação hein, Debord? - Urbanismo, Espaço Público e Situacionistas, com Milena Szafir (mediadora), Regina Meyer e Paola Berenstein
19h - Refutação de todos os julgamentos, elogiosos e hostis, até o momento feitos sobre o filme A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord (1975, DVD, 20 min., 16 anos) + A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord (1973, DVD, 90 min., 16 anos)
• Dia 13.04 domingo
15h - In girum imus nocte et consumimur igni, de Guy Debord (1959, DVD, 105 min., 16 anos)
17h - Seleção comentada Marcus Bastos (A história da apropriação no cinema)
• Dia 16.04 quarta-feira
15h - Uivos para Sade, de Guy Debord (1952, DVD, 75 min., 16 anos)
17h - rebatismodaavenidar obertomarinho. mov, do CMI (2004, DVD, 6min. 13s., 16 anos) + Enjoy, de Gordon Winienko (2003, DVD, 3 min. 10s, 16 anos) + Moradia no Centro, do CMI (2007, DVD, 16 min., 16 anos) + A revolução não será televisionada, MediaSana (2003, DVD, 6 minutos, 16 anos) + A Sociedade do Espetáculo (SOS Remix Digital), de DJ RABBI (2004, DVD, 10 min., 16 anos) + Red Dreams, de Rachel Rosalen (2004, DVD, 6 min. 50s, 16 anos) + Logo x No Logo, de Lucas Bambozzi (2003, DVD, 3 min. 10s, 16 anos) + Moradia no Centro, de CMI (2007, DVD, 16 min., 16 anos)
14h às 21h - INTERVENÇÃO - Entrevista com candidatos intervenção
Local: Auditório
• Dia 17.04 quinta-feira
15h - A Sociedade do Espetáculo (SOS Remix Digital), de DJ RABBI (2004, DVD, 10 min., 16 anos) + Logo x No Logo, de Lucas Bambozzi (2003, DVD, 3 min. 10s, 16 anos) + Moradia no Centro, de CMI (2007, DVD, 16 min., 16 anos) + A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord (1973, DVD, 90 min., 16 anos)
17h - In girum imus nocte et consumimur igni, de Guy Debord (1959, DVD, 105 min., 16 anos)
19h - Explanação sobre a intervenção e anúncio dos selecionados para a intervenção
• Dia 18.04 sexta-feira
15h às 19h - Intervenção Que situação, hein, Debord? (Os selecionados para a intervenção farão visita ao local - psicogeografia, início das atividades preparatórias para a intervenção)
Local: Entorno do CCBB e Auditório
17h - Refutação de todos os julgamentos, elogiosos e hostis, até o momento feitos sobre o filme A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord (1975, DVD, 20 min., 16 anos) + A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord (1973, DVD, 90 min., 16 anos)
19h – DEBATE Que situação, hein, Debord? - Apropriação e Mídias Digitais, com Marcus Bastos (mediador), Giselle Beiguelman, Priscila Arantes e Rick Silva
• Dia 19.04 sábado
15h - rebatismodaavenidar obertomarinho. mov do CMI (2004, DVD, 6min. 13s., 16 anos) + Enjoy, de Gordon Winienko (2003, DVD, 3 min. 10s, 16 anos) + Moradia no Centro, do CMI (2007, DVD, 16 min., 16 anos) + A revolução não será televisionada, MediaSana (2003, DVD, 6 minutos, 16 anos) + A Sociedade do Espetáculo (SOS Remix Digital), de DJ RABBI (2004, DVD, 10 min., 16 anos) + Red Dreams, de Rachel Rosalen (2004, DVD, 6 min. 50s, 16 anos) + Logo x No Logo, de Lucas Bambozzi (2003, DVD, 3 min. 10s, 16 anos) + Moradia no Centro, de CMI (2007, DVD, 16 min., 16 anos)
17h - DEBATE Que situação, hein, Debord? - Videoativismo e Intervenção Urbana, com Milena Szafir (mediadora), Karine Batista, Mário Ramiro (e Ricardo Rosas, in memoriam)
19h - A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord (1973, DVD, 90 min., 16 anos)
• Dia 20.04 domingo
15h - Campo de Batalha: 21 dias no limiar do Império, de Stephen Marshall / GNN (2004, DVD, 82 min., 16 anos)
17h - Seleção Comentada: vídeos MM não é Confete - Seleção de vídeos produzidos pelo MM não é confete, cuja exibição será comentada pelo próprio grupo.
• Dia 24.04 quinta-feira
19h - INTERVENÇÃO URBANA Que situação, hein, Debord?
Local: Entorno do CCBB
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Sinopses: Que Situação Hein, Debord?
A Sociedade do Espetáculo (1973, DVD, 90 min., 16 anos)
Diretor: Guy Debord
O filme usa imagens apropriadas de diversas fontes como ponto-de-partida para discutir como nas sociedades dominadas pelas condições modernas de produção, a vida se apresenta como um imenso acúmulo de espetáculos (que não são imagens, mas pessoas mediadas por imagens).
A Sociedade do Espetáculo (Remix Digital) (2004, DVD, 10 min. , 16 anos)
Diretor: DJ RABBI
O remix digital de A Sociedade do Espetáculo é um DVD-arte de dez minutos que usa como material fonte textos, imagens e outras derivas psicogeográficas do arqui-Situacionista Guy Debord. O trabalho foi criado pelos membros do DJ RABBI, um coletivo artístico de ativistas políticos, e inclui remixes visuais de by Rick Silva aka Cuechamp, desvios sonoros de Trace Reddell aka the pHarmanaut, e legendas originais de Mark Amerika aka Kid Hassid.
Campo de Batalha: 21 dias no limiar do Império (2004, DVD, 82 min., 16 anos)
Diretor: Stephen Marshall
No final de 2003, dois cineastas ganhadores de Sundance Guerrila News Network passaram três semanas na linha de frente das guerrilhas fervilhantes na guerra do Iraque, coletando informações, manipulando balas, e capturando as histórias não contadas daquela que se tornou a guerra mais coberta pela mídia, e também a mais mal-entendida.
Crítica da Separação (1961, DVD, 19 min., 16 anos)
Diretor: Guy Debord
O cinema tratado como paralelo do heroísmo e das condutas exemplares modeladas pelos governantes. Investigação sobre a aventura e o tédio em meio a paisagens de cartão postal, sonhos, confusão e dúvida em manhãs de memória turva pela bebida da noite anterior. Psicogeografia cinemática sobre o bairro Saint German de Prés.
Debord: sua arte e seu tempo (1995, DVD, 60 min., 16 anos)
Diretor: Brigitte Cornand
Documentário sobre Guy Debord, que insere seu trabalho num contexto mais amplo em que as idéias situacionistas dialogam com os desdobramentos da cultura e da sociedade após Maio de 68.
Enjoy (2003, DVD, 3 min. 10s, 16 anos)
Diretor: Gordon Winiemko
De um lado a história da obsessão do cineasta pelo ícone cultural brilhante – um neon gigante da Coca-Cola – e ao mesmo tempo uma série de simulações de comerciais de TV meticulosamente construídas, com uma parade de personagens e situações que comentam O Símbolo – de sua dominação da paisagem pública à sua influência no “impulso’ pessoal por prazer, o verdadeiro desejo de “curtir”.
Espetáculo+vigilâ ncia=consumo (2004/05 - parte01 de 03/ versão 01#Beta: 2006). 06min.
Diretor: mm não é confete
Vídeo construído a partir de imagens remixadas e projetadas ao vivo durante os trabalhos do grupo: "Performances Panopticadas / Surveillance- Wireless-Vjing- Performance" (2004), "Manifesto Panóptico" (2004) e "Consumo, logo existo / Quanto valho ou é por kilo?" (2006), a partir de conceitos como "O espetáculo não é um conjunto de imagens mas uma relação social entre pessoas mediada por imagens" (e sons) e "Sorria, você esta sendo filmado". A cidade - espaço urbano físico - onde vivemos cotidianamente é uma fronteira do intolerável frente à noção do "ser humano", ou seja, vivemos em uma atual sociedade do desvio frente à lógica disciplinar, onde o ser - urbano reinventa diariamente sua resistência, caracterizando- se como produtor e consumidor, ou seja, participação efetiva no consumo de bens tanto materiais quanto imateriais/culturai s para adentrar a uma contemporânea "casta cidadã" caracterizando- nos portanto como "Autômatos em uma Sociedade do Espetáculo".
Fim das Utopias (2006, DVD, 52min.22s, 16 anos)
Diretor: Carlos Sansolo
Vídeos que tratam da relação do saber; do convencimento por argumentação; da relação entre o etnocentrismo filosófico e a hegemonia militar; da representação e da imagem que o contemporâneo tem de si mesmo; do sistema financeiro e de outros dispositivos relacionais.
In girum imus nocte et consumimur igni (1978, DVD, 105 min., 16 anos)
Diretor: Guy Debord
“Eu fui às vezes reprimido — erradamente, acredito — por fazer filmes difíceis. Agora eu vou de fato fazer um”. Debord explica em quase duas horas de projeção que não faz concessões ao público porque considera que nada importante foi comunicado com gentileza.
Logo x No Logo (2003, DVD, 3 min. 10s, 16 anos)
Direitor: Lucas Bambozzi
A documentação da instalação Logo x No Logo, produzida em 1 de maio de 2002, em Londres, adquire novas configurações na medida em que se relaciona com outras imagens, a partir de procedimentos de scratch em sessões de live image na exposição Imagem Não Imagem, na Galeria Vermelho, São Paulo, em 2003.
Moradia no Centro (2007, DVD, 16 min., 16 anos)
Diretor: CMI
Vídeo produzido por vários coletivos sobre as ocupações, desocupações e cortiços no centro de São Paulo. Um panorama sobre a rotina dos que vivem em situação de rua.
Rebatismo da avenida Roberto marinho.mov (2004, DVD, 6min. 13s min., 16 anos)
Diretor: CMI
O dia pela democratização dos meios de comunicação foi marcado, em São Paulo, por um ato de rebatismo da Av. Jornalista Roberto Marinho para Av. Jornalista Vladimir Herzog. A ação aconteceu por volta das 14h30min com a mudança da placa na esquina da Av. Santo Amaro com a Av. "Vladimir Herzog". Ao todo foram modificadas cinco placas, até o momento em que começou a repressão. Um dos manifestantes foi preso ao tentar colar um adesivo na placa e encaminhado para a 96ª DP.
Red Dreams (2004, DVD, 6min50s, 16 anos)
Diretor: Rachel Rosalen
O sonho de Alice é invertido para a exposição do feminino a partir do vermelho que transborda e recria o imaginário dentro do seu próprio labirinto. Trata do corpo desborda, transborda, um corpo que não sustenta mais a posição de acerto, de saber, de máquina e assume a sua mais nobre falência, onde a esfinge é desmontada. Um corpo onde nada mais funciona: corpo em estado de sítio.
Refutação de todos os julgamentos, elogiosos e hostis, até o momento feitos sobre o filme A Sociedade do Espetáculo
(1975, DVD, 20 min., 16 anos)
Diretor: Guy Debord
Acusado pelos críticos de cinema de fazer filmes que são ruins enquanto política revolucionária e pelos ativistas de esquerda de fazer política revolucionária que é ruim enquanto cinema, Debord rebate estes e outros ataques a seu filme mais conhecido.
Sobre a passagem de umas poucas pessoas através de uma breve unidade de tempo (1959, DVD, 20 min., 16 anos)
Diretor: Guy Debord
As fachadas dos prédios do bairro de Saint-Germain- des-Prés, na Paris dos anos 70, e as conversas intelectualizadas da boêmia estudantil da época, ilustram uma busca por passagens, válvulas de escape para vidas entendidas como jornadas no inverno e na noite.
Uivos para Sade (1952, DVD, 75 min., 16 anos)
Diretor: Guy Debord
Filme sem cenas, em que a tela negra e a narração às vezes interrompida funcionam como manifesto de um cinema que surge com objetivo de questionar a sedução das imagens.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

e vai mais do mesmo!

Por causa de coisas assim que penso inaugurar uma coluna aqui no Paladar intitulada Acabando com a política da boa vizinhança. Eis que depois de escrever o texto anterior falando exatamente sobre tolerãncia e alguns de seus limites, recebo algo que ilustra bem o que tentei falar sobre o absurdo de se tolerar tudo. Tinha ouvido falar em 2007 desse criminoso que se diz artista e não esperava mais ouvir falar dele, mas eis que aparece o dito cujo. O nome do infeliz é Guillermo Vargas Habacuc. Em 2007 na Nicarágua, em Manágua, para debater sobre a fome fez a sequinte "instalação": encontrou um cachorro de rua e o amarrou dentro da galeria provocando sua morte por fome e sede. Acredita nisso? Está aí o cãozinho...
Ele se justificou com dois cometários para sua "obra" (sic): primeiro que esse debate todo é uma grande hipocresia, afinal se o cão ainda estivesse na rua passando fome e sede ninguém iria ligar. Depois que isso foi uma tentativa de homenagear (sim, ele usou esse termo!) um nicaragüense morto por cães rottweiller. Evidentemente não pretendo pedir a tortura do ilustre para que ele sinta o absurdo de sua chamada arte (sou terminantemente contra toda e qualquer forma de tortura), mas sugiro apenas que na próxima vez, ele deva colocar uma criança para falar da fome, assim tenho certeza que terá mais atenção para sua maneira de denunciar a hipocresia humana. Certo? E sem falar que não posso entender também a complacência daqueles que estão a sua volta em aceitar isso. Artistas? Imaginar e aceitar o uso da tortura e da humilhação a outro ser, seja ele humano ou não, em nome da arte é mais do que rídiculo, é imoral, antiético, escroto e repulsivo!
E a coisa não parou por aí. Vejam que mal passada essa macabra exposição, a criatura é convidada a repetir (isso mesmo: repetir!) a experiência como representante da Costa Rica na Bienal Centroamericana Honduras 2008. Tá vendo o que eu quero dizer sobre tolerância? Arte pós-moderna é o escambau! Evidentemente eu não sou o único a se indignar com relação a isso. Quase 2 milhões de pessoas se pronunciaram. Clique aqui e assine uma petição online contra a partipação desse boçal nessa bienal. Nesse caminho fico apenas esperando o dia em que Menguele e seus comparsas nazis serão homenageados pela "inestimável" contribuição ao progresso da medicina. - Gostaria de colocar uma foto do "artista" (sinto por mais essas aspas...), mas não encontrei. Parece que o pessoal da Animal Liberation Front já foram falar com ele, e depois dessa conversinha anda bem cauteloso para mostrar a cara por aí.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Acabando com a política da boa vizinhança.

Não é tão complicado assim, o difícil mesmo é saber o limite da tolerância. Pense em ação direta. A sensação de estar tomando o próprio destino nas mãos é impressionante! Você não delega poder ou decisão a terceiros, na verdade isso está contigo, o poder já é seu. Voraz e contundente, a luta por uma vida melhor implica riscos. Escolhas audaciosas que precisam deixar claro de que lado você esta, por isso mesmo a dificuldade em saber alguns limites. Ao que me cabe hoje, tenho certeza que não posso mesmo tolerar algumas coisas. Tolerar tudo é absurdo e até mesmo lamentável. Li certa vez o filósofo francês André Comte-Sponville dizer que tolerar é se responsabilizar, e a tolerância que responsabiliza o outro já não é tolerância. Concordo! Tolerar o sofrimento dos outros, tolerar a injustiça de que não somos vítimas, tolerar o horror que nos poupa não é mais tolerância: é egoismo, é indiferença, ou pior. Ele ainda diz lá no mesmo lugar (Pequeno tratado das grande virtudes, ed. Martins Fontes), que tolerar Hitler era ser seu cúmplice, pelo menos por omissão, por abandono, e essa tolerância já era colaboração. O que dizer hoje então da canalha que está dirigindo praticamente todas as grandes corporações, governos e bancos? Antes o ódio, antes a fúria, antes a violência, do que a passividade diante do horror, do que essa aceitação vergonhosa do pior! Concordo sim! Uma certa radicalidade é urgente, necessária. Uma tolerância universal seria tolerância do atroz: atroz tolerância! Não é apenas um problema de opinião, do debate concordo-discordo, mas de ação e abandono. Ação para deixar a pestilência e a preguiça, substituindo-as por criatividade e esperança. Abandono do conforto e do privilégio, principalmente por parte daqueles que têm a certeza de que precisam de mais (mesmo que já tenham), não importa do quê! Temos as vezes que dar nomes aos bois. Já disse Bakunin: socialismo sem liberdade é opressão, mas liberdade sem socialismo é privilégio e exploração. E nem adianta vir com o papo desacreditado ou a acusação cínica do tal idealista e não sei o que do sonhador, ao que me cabe também, sem medo ou dúvida aos meus 30 anos, anarquista! Ousadia sempre, principalmente para não tolerar o pior. Veja bem, quando muitos proclamam aos quatro ventos a imagem de Mohandas Gandhi nesses dias de tanta dor e miséria. Adoro ele! Até onde saiba foi sincero, inteligente e forte. Um mestre na conduta da não-violência e desobediência civíl. O que algumas pessoas esquecem de mencionar, até por que lhes convêm, é seu radicalismo. Acho mesmo que ele foi um radical, bem diferente de um extremista, e essa é uma diferença importante para o que estou tentando dizer. Radical na raiz do problema, na essência do desafio, no que exige ética. Dizia ele que diante de uma injustiça, de uma opressão evidente, você deve prefirir a afronta e até a violência do que a covardia. E foi mais longe: falava que todo aquele que possui coisas da qual não necessita é um ladrão! E agora meus caros, o que parece? Era ou não um radical? Liberdade dá trabalho e implica em escolhas nem sempre prazeirosas. Ação direta é a simplicidade, é aceitar o desafio com a tolerância que deseja primeiro a solução, e não o conforto. Ela nunca é a tolerância do desprezível. Ela ensina que não se deve abrir mão do próprio poder e da responsabilidade, alertando que aquele que deseja apenas para si toda segurança e liberdade do mundo, não conseguirá nada além que a mediocridade.

foto por Centro de Midia Independente Dublin - marcha de anarquistas contra a guerra no Iraque, 2006, Irlanda.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Feira de livros na USP Leste

I Feira de Livros da EACH-USP
Prezados, estamos organizando a I Feira de Livros da EACH e gostaríamosmuito que apoiassem a iniciativa com a sua presença e com a divulgação em suas redes de contato.
1ª Feira de Livros da EACH-USP oferece descontos a partir de 50%.
A Primeira Feira de Livros da EACH - USP (Leste) acontecerá nos dias 7 e 8de abril das 9h às 21h no vão livre dos anfiteatros da Escola de Artes,Ciências e Humanidades (Estação USP da Linha F da CPTM).
Como ocorre há 9 anos na USP Butantã, o evento proporcionará descontos eml ivros a partir de 50%. Além de títulos acadêmicos, a feira contará com livros infantis, religiosos, comic books...
Para a sua primeira edição, os alunos do Centro Acadêmico de Gestão de Políticas Públicas convidadaram mais de 50 editoras, cujos títulos abrangem todas as áreas do conhecimento. Entre elas: A Girafa, Alameda,Aleph, Alfa-Omega, Annablume, Anpocs, Átomo-Alinea, Associação dosEditores Evangélicos, Ateliê, Autêntica, Barracuda, Boitempo, Brasiliense,Casa Amarela, Contexto, Contraponto, Conrad, Cortez, Cosac Naify, Editora34, UERJ, UNICAMP, UNESP, EDUSP, F. Perseu Abramo, Garamond, Hucitec,Humanitas, Imprensa Oficial do Estado SP, Gaia, Global, Globo, Lazuli,L&PM, Manole, Memória Visual, Martin Claret, Martins Fontes, NovaFronteira, Panini, Papirus,Paulinas, Paz e Terra, Perspectiva, Sá Editora,Terra Virgem, Vieira & Lent, Xamã, 7 Letras, dentre outras.

Contamos com sua participação e divulgação!
Atenciosamente,
Comissão organizadora da I Feira de Livros da EACH
Centro Acadêmico Herbert de Souza - Gestão de Políticas Públicas
Direção da Escola de Artes, Ciências e Humanidades
Mara Paulini Machado(11) 8928-0818
Gestão de Políticas Públicas
Centro Acadêmico Herbert de Souza/ BetinhoEscola de Artes, Ciências e Humanidades
Universidade de São Paulo

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A saudade do buteco

Muito mais do que sentir o bem conhecido "queria eu ter escrito isso", existem palavras que não as suas, mas que ainda assim te compreendem de um modo especial e te fazem sentir bem. Como a lembrança de um lugar pode causar tamanha confusão! Isso também pela sinceridade. Um bocado de vezes tentei explicar o que era um buteco e me faltaram condições para descrevê-lo com clareza, quem sabe até compará-lo, tentando apenas ilustrar esse espaço-encontro para o entendimento de quem não é brasileiro. Andamos por muitos bares e não dá para dizer que isso represente do modo que seja, sua real expressividade (a do buteco) e esse quase-lugar-comum conhecido de alguns brasileiros, é ficar no meu caso, louco de saudade. Ainda mais quando se está tão distante de casa e a única coisa que precisa é de amigos que você não tenha que explicar as coisas em detalhes, apenas o encanto do que acontece por ali, compartilhando dor e alegria, e talvez uma cerveja gelada e um tanto de amendoim...
Não tenho muito do que me queixar, não me entendam mal! Andei por lugares curiosos e provei iguarias saborosíssimas, mas não tem jeito, a gente sempre acha que tá faltando alguma coisa. Gente insatisfeita? Penso que não. Provei a cerveja inglesa nos pubs de Londres. Saboriei a sidra asturiana do norte da Espanha. Fiz bons amigos nas bebedeiras dos bares e cafés de Montreal. Presenciei o desabrochar das cerejeiras na primavera do Japão com o melhor sakê. Ainda assim, ficava a saudade. Parece-me que boa parte da dificuldade é a ausência de luta, mas agora me limito a buscar o lado mais suave e tranquilo. Afinal, quando você entende de onde é e porque vem, nada pode substituir isso. Nunca desaparece. Claro que crescemos e aprendemos, mas no melhor estilo confuciano, se nascemos para ser pardais não podemos ser morcegos.
Reproduzo o texto de Luiz Antonio Simas, que está em seu blog História do Brasil. Sem comentários. Genial. Leia e entenda por si mesmo.
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RESISTIR É PRECISO

Vivemos, e isso não é novidade alguma, uma época de uniformização dos costumes, fruto deste tal "mundo globalizado". Em todo canto desse mundo velho sem porteira, gerido por mega-redes transnacionais de telecomunicações, são consumidos os mesmos filmes, utilizadas as mesmas roupas, ouvidas as mesmas músicas, falado o mesmo idioma, cultuados os mesmos ídolos. Nessa espécie de culto profano, em que a vida cotidiana é regida pelos rituais em louvor ao mercado, esse profano deus, o bicho pega e as idéias morrem.
Vivemos o fracasso das ideologias e das grandes instituições. Eu, que trabalho com alunos adolescentes e adultos, percebo que as crenças e projeções de futuro da rapaziada foram substituídas pelo pânico cotidiano - do assalto e das doenças, no âmbito pessoal, às catastrofes ambientais, na esfera coletiva. Cria-se uma lógica perversa - como posso morrer de bala perdida ou sucumbir ao aquecimento global, preciso viver intensamente o dia de hoje.
Ocorre que essa valorização extremada do tempo presente é acompanhada pela morte das utopias coletivas de projeção do futuro. Não há mais futuro a ser planejado. Somos guiados pelos ritos do mercado e abandonamos o mundo do pensamento, onde se projetam perspectivas e são moldadas as diferenças. Restaram, talvez, duas tristes utopias possíveis, em meio ao fracasso dos sonhos coletivos - a de que seremos capazes de consumir tal produto e a de que poderemos ter um corpo perfeito.
Transformam-se , nesse tempos depressivos, os shoppings centers e as acadêmias de ginástica nos espaços de exercício da utopia, onde poderemos comprar produtos e moldar o corpo aos padrões da cultura contemporânea - o corpo-máquina dos atletas ou o corpo-esquálido das modelos.
É aí, e eu queria falar disso desde o início, que localizo na minha cidade o espaço de resistência a esses padrões uniformes do mundo global - o botequim. Ele, o velho buteco, o pé-sujo, é a Ágora carioca. No botequim não há grifes, não há o corpo-máquina, o corpo-em-si-mesmo, a vitrine, o mercado pairando como um deus a exigir que se cumpram seus rituais.
O buteco é a casa do mal gosto, do disforme, do arroto, da barriga indecente, da porrada, da grosseria, do afeto, da gentileza, da proximidade, do debate, da exposição das fraquezas, da dor de corno, da alegria do novo amor, do exercício, enfim, de uma forma de cidadania muito peculiar.
É nessa perspectiva que vejo a luta pela preservação da cultura do buteco, capitaneada por gigantes no assunto como meu mano Edu Goldenberg e o mestre Fernando Szegeri, como algo com uma dimensão muito mais ampla que o simples exercício de combate aos bares de grife que , como praga, pululam pela cidade.
A luta pelo buteco é a possibilidade de manter viva uma Ágora efetivamente popular, espaço de geração de idéias e utopias - sem viadagens intelectuais, mas fundadas na sabedoria dos que tem pouco e precisam inventar a vida - que possam nos regenerar da falência de uma (des)humanidade que limita-se a sonhar com a roupa nova e o corpo moldado. O botequim é o anti-shopping center, é a anti-globalização, é a recusa mais veemente ao corpo-máquina dos atletas olímpicos ou ao corpo doente das anoréxicas - doença comum nesse mundo desencantado.
Ali, entre garrafas vazias, chinelos de dedo, copos americanos, pratos feitos e petiscos gordurosos, daquele mar de barrigas indecentes, onde São Jorge é o deus e mercado é só a feira da esquina, a vida resiste aos desmandos da uniformização e o ser humano é restituído ao que há de mais valente e humano na sua trajetória - a capacidade de sonhar seus delírios e afogar suas dores e medos na próxima cachaça. É onde a alma da cidade grita - Não passarão!
Essa guerra, amigos, é muito mais significativa do que imaginam os arautos do bom gosto e da tolerância.
Abraço

terça-feira, 1 de abril de 2008