quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sobre aqueles que vieram antes de nós.

O homem nessa foto é meu avô. Antonio de Oliveira Campos, mas todos o chamavam de Seu Campos. Pai do meu pai. Já a criança, acho que é meu primo. Não há data, mas sei que é lá pelo início dos anos 70. Encontrei essa foto olhando alguns álbuns de meus pais. Confesso que tem sido uma experiência bastante interessante, particularmente por que há uma quantidade enorme de fotos de um tempo que eu ainda não existia nesse planetinha. Mas enfim, sobre o Seu Campos. Meu avô sempre foi tranqüilo, desses tipos calmos, que evitavam os excessos, o tumulto desnecessário, mas também era um tanto sério, provavelmente exigente, mas justo. Não convivi muito com ele, mas pelo menos uma semana por ano, nas férias da escola, nós visitávamos ele e sua segunda família que viviam em Uberaba, Minas. Acontece que minha avó faleceu antes de eu nascer e meu avô se casou outra vez, daí minha memória estar toda volta nesse outro lugar, de seu segundo casamento. Ainda lembro de meu avô falando sobre os desígnios da fé e da doutrina espírita codificada por Allan Kardec. Meu avô foi um estudioso dessa doutrina e um entusiasmado divulgador de seus ensinamentos. Eu mesmo só vim me interessar por parte desses assuntos muito tempo depois, particularmente alguns anos antes dele falecer. Ainda assim, ficou guardado dentro de mim, ele me explicando sobre os “capelinos” e as sessões de mediunidade. Eu nem tenho mais tanta certeza a respeito dessas coisas, mas fico contente e sinto uma sensação de acolhimento quando lembro disso. Caso as coisas sejam como dizem os espíritas, deve ele agora estar aprendendo mais alguma coisa por aí no plano astral e ensinando outro tanto acolá. De todo modo, fico com a vontade de dizer como foi bom conhecê-lo. Engraçado, porque cresci em uma família onde homens não choram, se é que vocês me entendem. Quando isso acontece, esteja certo que a coisa ficou no limite do insuportável, e no meu caso é sempre uma verdade catarse! Acontece que tentando entende-lo, acabo por me aproximar de meu pai, que por sua vez me obriga a pensar em mim mesmo, e se me esforço, vislumbro um “tantinho” daqueles que vieram antes ainda de todos nós. Acho que isso é o que chamam de resignação, a força para aceitar aquilo que não pode ser mudado (meu avô partiu), mas de lutar para transformar aquilo que deve ser mudado ( hoje eu tento chorar mais). Meu avô, esse homem descendente de sertanejos nordestinos e negros etíopes! E confesso outra coisa olhando essa foto: sabendo dessa dignidade toda, que ele trazia em cada gesto, ela acaba por me ajudar muito nessa vida. Explico. Quando vamos entendendo melhor de onde viemos e quem esteve aqui antes de nós (acredite você no quiser, não faz diferença), podemos nos apropriar disso de muitos modos, mas quando tomamos para nós exatamente o que leva uma pessoa a caminhar com tamanha certeza de quem é e de seu valor, se cultivarmos e mantermos o mesmo tipo de esforço, já valerá a pena o simples fato de se estar vivo. Eu me sinto assim quando lembro do meu avô e do pouco que convivi com ele. Sem nenhuma complicação, simples assim. Saravá meu avô! Ofereço em sua memória, essa música incrível do Afoxé Oyá Alaxé, de Recife, cantando Quilombo Axé.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Um filme que vi.

Acabo de assistir o documentário The Obama Deception. Ele está no youtube como “As mentiras de Obama”. Fiquei pensando se deveria ou não falar sobre ele. Acontece que há dois pontos interessantes a seu favor e outros dois contra, e esses dois contra quase que - mais quase mesmo - comprometem o vídeo inteiro. Começando pelo cartaz de divulgação a gente já fica com o pé atrás, mas...
A seu favor o diretor Alex Jones conseguiu em vários momentos ser bastante convincente para argumentar sobre os aliados e acessores de Barack Obama. Mas o resumo é mais ou menos esse: Obama não é toda esperança como querem que acreditemos. Ele é aliado e apoiado por três grandes grupos que por décadas mantém a hegemonia econômica e política estadunidense do modo que conhecemos. Falando de economia, só para citar um exemplo, Obama não se diferencia em quase nada de seu antecessor W. Bush. A maioria de seu gabinete e de seus secretários em Washington D.C. é composta por pessoas pertencentes a Comissão Trilateral, órgão responsável por colocar em vigor várias diretrizes dos EUA para o resto do mundo. Só gente fina! Pelo CFR- Council on Foreign Relations, que fica de olho na transição dos presidentes, e por fim o clube Bilderberg, que nada mais é que um grupo fechadíssimo que fazem reuniões anuais para 130 convidados e, sabe-se lá o que fazem ali, mas muitos afirmam que nesses encontros são tratados temas de interesse público e tomadas decisões de nível mundial sem nenhuma consulta ou respeito aos países e povos interessados nesses assuntos. Intriga da oposição? O governo de Bush também estava repleto dessa gente. O filme descreve essas relações muito bem. E tem mais. Obama renovou o Patrioct Atc e "pretende" fechar a prisão de Guantánamo "talvez" dentro de um ano, mas durante campanha disse que seria fechada imediatamente... Aparecem outros apontamentos interessantes sobre a política interna dos EUA, particularmente sobre o seu Banco Central (Federal Reserve) e como ele está a serviço dos interesses de bancos privados e como Obama não apita nada sobre isso. Por aí vai o ponto forte do documentário, sobre os bastidores do governo de Obama. Certamente isso vai surpreender algumas pessoas.
O outro ponto positivo em minha opinião é a respeito da própria figura de Obama e a manipulação do imaginário coletivo. Ainda se fala do fôlego novo que sua eleição representou. Para nós brasileiros, isso já é conhecido e não preciso me ater a eleição do Lula para explicar a razão disso. Coisas boas ocorreram e ainda acontecem nesse lugar? Evidentemente que sim. Entretanto é uma solução DE FATO? De qual jogo Lula participa agora? Obama negocia com quem? As críticas ao Lula conhecemos, particularmente da “oposição”, mas e no caso de Obama? Não ser do partido democrata, necessariamente é ser conservador? Não creio. O filme apesar das falhas, e já vamos a elas, não me parece ser feito por ressentidos republicanos que perderam a eleição. Alex Jones, apesar de ser bem esquisito e falar um monte de coisas estranhas, já produziu um monte de material criticando o governo anterior. Fico com a sensação que não se pode fazer críticas a esses momentos, sem antes ser acusado de chato, pessimista ou estraga festa e coisas semelhantes. “Existe uma mudança, devemos TODOS comemorar!”, iram dizer alguns. Não sei. E olha que nem sou um chato e estraga festa assim! Obama continua sendo o representante da nação mais bélica da história, do país mais criminoso do mundo, das políticas econômicas mais cruéis de todos os tempos. Acreditar que ele realmente foi eleito pela livre vontade popular e que isso é o suficiente para as mudanças que precisamos é no mínimo ingenuidade. Continuo pensando que eleições são paliativos, nunca soluções efetivas. Minha aposta é na organização de bases, na mobilização popular, nunca numa estrutura hierárquica como a do Estado e nos instrumentos para legitimá-lo como a ilusão do sufrágio universal. Mas isso é assunto para depois. Assim, o filme acaba sendo um instrumento interessante para romper com a unanimidade de que a eleição de Obama é invariavelmente uma coisa boa para todos.
Quanto aos pontos particularmente ruins do filme percebi dois. O primeiro é sobre a tendência de alguns estadunidenses de apontar para alguns aspectos de suas políticas internas como uma conspiração. O filme adota essa linguagem na maior parte do tempo. Estão conspirando contra a liberdade! Sem dúvida que existem interesses particulares, lobistas em lugares estratégicos, manipulação da informação e coisas semelhantes, mas não estou bem certo de concordar com a tese do filme de que tudo não passa de um grande golpe em plena expansão do que eles nomeiam como “plano dos globalistas”. Acredito sim que o capitalismo vai se aperfeiçoando, dominando, que precisa se expandir, estender lucros a qualquer custo, roubar, matar, mentir e que há pessoas dispostas a isso, mas fico com essa dúvida sobre as teorias da conspiração nessas execuções. The Obama Deception aposta tudo nisso. Ali não há dúvidas de que Obama é uma marionete desses interesses obscuros e maquiavélicos, minuciosamente pensados, elaborados por uma minoria tentando dominar o mundo. Claro que podemos questionar isso, e até mesmo o vídeo convida o espectador para investigar os fatos, mas acaba fazendo o filme perder força e sua linguagem deixa muitas vezes de ser a de um jornalismo investigativo para se aproximar de alguma seita ou na melhor das hipóteses, um grupo com ideologia bem definida tentando se promover.
O outro ponto ruim é que eles perdem a oportunidade de falar para todos, de ampliar o campo de percepção de suas críticas, faze-las acessíveis para quem não está ao lado deles e acabam direcionando seu discurso para lugares muito específicos. Fica claro o posicionamento em prol do sonho americano original, de um país lindo e maravilhoso que se perde, de uma nação cristão, repleta de bons costumes que é engolida pelos interesses de alguns poucos. Comparar Obama a ditadores cínicos como Hitler, Stalin e Mao chega a ser risível. Não cola e permanece apenas no sensacionalismo. Falar de um líder populista e carismático como Obama não significa que ele seja um facínora dissimulado como esses aí. Existem sutilezas que não podem ser desconsideradas, e Alex desconsidera. Há momentos que o filme patina nisso, lamentavelmente perdendo a oportunidade de fazer uma comparação mais inteligente. O que escapa é o debate sobre as estruturas. Defenderá Alex Jones um governo melhor, transparente e mais justo apenas? Que o american way of life é mesmo uma boa pedida? Estará falando ele de humanizar o capitalismo? Isso não fica claro ou está cheio de mensagens dúbias. Estranho. Muito estranho.
Enfim, são esses pontos que pensei agora e certamente outros irão considerar lugares distintos do meu. Quem assistiu o Zeitgeist e gostou, vai adorar o filme de Alex Jones, pois segue a mesma linha de raciocínio, só que um pouco pior na construção da narrativa. Ainda assim acho que vale a pena conferir e tirar suas próprias conclusões. Penso que acabei comentando sobre esse vídeo por que ele me deu a sensação de que vai acabar dando mais o que falar. De um modo ou de outro.

veja no youtube aqui

Programa Brasil Nação

O programa da TV Educativa Paraná realizou um ótimo debate sobre como a mídia manipula as informações no Brasil, os abusos da imprensa e o poderio das empresas de mídia. Apesar de algumas ressalvas ao que foi dito por um ou outro, o panorama, a perspectiva histórica e alguns posicionamentos feitos merecem toda atenção e consideração. Altamente recomendável! Abaixo está a primeira parte.
Participam do debate:
Leandro Fortes, da Revista Carta Capital
Beto Almeida, da TV Educativa do Paraná
Luiz Carlos Azenha, do Blog Vi o Mundo
Alípio Freire, do Jornal Brasil de Fato e Editora Expressão Popular.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ciclo de Projeções Independentes

Ciclo de Projeções Independentes em Espaços Libertários
De 29.04 a 03.05

29 de ABRIL (Quarta-feira) a partir das 20h
Projeções + debates
Filme: "Não começou em Seattle, não vai terminar em Quebec" (CMI)Local: ESPAÇO AY CARMELA!Endereço: Rua das Carmelitas, 140 - Próximo ao Metrô Sé (Saída Poupatempo)

30 de ABRIL (Quinta-feira) a partir das 20h
Projeções + debatesFilmes: "Ilha das Flores" + "Sabotage (documentário)" + curtas
Local: CICAS - Centro Independente de Cultura Alternativa e Social
Endereço: Pça Padre João Bosco Penido Burnier - Vila Sabrina (ZN)(Esquina da Avenida do Poeta x Rua Carlos Calvo, ponto final do Correio/Vl.Sabrina 1156/2181)

1º de MAIO (Sexta) a partir das 16h
Aniversário do FORMIGUEIRO
Projeções + debates + shows + exposFilmes: “ O Espaço do Baixo e Vil” , “Periferias Paulistas”,“Botinada”, “Hype - História do Grunge” + curtasShows de: Água Pesada, Popstars Acid Killers, Roswell, Violent Noise+ Expo de fotos “Brisas Fotográficas”+ Expo de Quadros – Heavy+ Stencil ao vivo – Píer Conv.+ Banca de Camisetas - Tomate
Endereço: Rua Dr. Paulo de Queirós, 990 – Jd. Nove de Julho (ZL)

02 de MAIO (Sábado) a partir das 17h
Projeção de curtas ao ar livre + debates sobre intervenção urbana
Local: CASA ABERTA
Endereço: Pça Santo Epifânio, 275 – Butantã (ZS)(próx. à saída de pedestres da vl. Indiana, altura da casa do norte da av.Corifeu de Azevedo Marques)

03 de MAIO (Domingo) a partir das 14h
Projeções + Debate sobre produções alternativas de alimentosFilme: “Poder da Comunidade” + curtas
Local: CASA DA LAGARTIXA PRETA
Endereço: Rua Alcides de Queiroz, 161 – Casa Branca – Santo André (ABC)(15 min. da Estação Santo André / Prefeito Celso Daniel)Entrada gratuita em todos os eventos.

REALIZAÇÃO:

Ativismo ABC
CasAbertaCasa da Lagartixa Preta
CICAS - Centro Independente de Cultura Alternativa e Social
CMI - Centro de Mídia Independente / Coletivo São Paulo
Coletivo Anarquista Terra Livre
Espaço Ay Carmela!
FCV - Fórum Centro Vivo
Formigueiro Rock Bar
Sinfonia de Cães

domingo, 26 de abril de 2009

L´ amour!

O amor! Esse que tantos buscam, mas poucos experimentam...

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Almoço no domingo


ESPAÇO AY CARMELA! Convida você para um ALMOÇO BENEFICENTE

DOMINGO - 26/04

* 12:30 às 14:30: Almoço (R$10)
Cardápio: Salada, Paella Vegetariana, Sobremesa e Suco

* 15:00: Plenária de apresentação do espaço, grupos e projetos (entrada gratuita)

ENDEREÇO:
Rua dos Carmelitas, 140
Metrô Sé (Saída Poupatempo)– São Paulo

Reservas e informações: ay-carmela@riseup.net
Por favor, confirma com antecedência a sua presença. Obrigado.

* * *

AJUDE A MANTER VIVO ESSE ESPAÇO AUTÔNOMO! COMPAREÇA! DÊ SUA OPINIÃO E CONTRIBUIÇÃO!

***

CARTA CONVITE

O Espaço Ay Carmela! convida você para um almoço beneficente seguido de uma plenária sobre as atividades e continuidade do projeto.

Dia 26/04/09, 12h30 almoço e 15h plenária
cardápio: salada verde, paella vegetariana (vegana), suco e sobremesa –
contribuição R$10,00.

O Espaço Ay Carmela! é um centro político-cultural autogestionário mantido por grupos e indivíduos autônomos da cidade de São Paulo. A proposta é ser um lugar de construção de ações conhecimentos coletivos, além de um pólo de produção, reunião e dispersão de informações, saberes e transformações. O Ay Carmela! é localizado no centro de são Paulo, próximo ao marco zero. E é mais uma forma de afirmar que o centro é nosso, das pessoas, de quem vive e circula por essa cidade e não do capital, das corporações ou do estado.

O Ay Carmela! iniciou suas atividades em setembro de 2008 depois que alguns grupos autônomos – Centro de Mídia Independente, Biblioteca Anarquista Terra Livre e Fórum Centro Vivo – e indivíduos se juntaram ao CEEP e ao CEDISP, dois grupos que mantinham o prédio para a realização de algumas de suas atividades. A partir disso, tais grupos se integraram e formaram um “coletivo gestor” para manter o espaço. Desde setembro de 2008 as atividades foram organizadas em conjunto. Agora o Espaço passa por uma transição. Houve uma reestruturação do coletivo gestor, resultando na saída do CEEP e do CEDISP.

No momento decidimos assumir a gestão do espaço contando exclusivamente com grupos autônomos. A idéia é continuar no espaço, mesmo sem condições atuais de sustentá-lo financeiramente. O prédio é grande e bem localizado com um custo relativamente baixo para a sua localização e tamanho. Desejamos manter o prédio e construir o projeto do Ay Carmela! nesse mesmo endereço, no centro de São Paulo

Esse evento, o almoço beneficente no próximo domingo, marca o início de uma campanha para arrecadar fundos para nos mantermos no imóvel e viabilizar os projetos que temos para o local. Hoje o aluguel é pago com as contribuições mensais dos grupos e indivíduos que compõem o coletivo gestor do Ay Carmela! e com o dinheiro arrecadado em eventos realizados no local. Mesmo assim temos um déficit mensal considerável. Precisamos de mais colaboradores e demais
atividades no espaço. A idéia é conseguirmos doadores fixos (indivíduos) e aproximar outros grupos e indivíduos que tenham interesse em compor o espaço e colaborar de alguma maneira para mantermos o imóvel e o projeto de se ter um espaço autogestionário e autônomo na cidade de São Paulo (não só com dinheiro, mas com trabalho, realização de atividades, projetos etc..).

Por isso, depois do almoço teremos uma plenária para apresentar os grupos e projetos do espaço, fazer um balanço do que já realizamos, apresentar os planos futuros e ouvir as propostas e opiniões das pessoas presentes.

Venha contribuir com a manutenção e construção do Espaco Ay Carmela!

Espaço Ay Carmela!
Rua dos Carmelitas, 140. Sé – São Paulo
Fone: 55 (11) 3104-4330
e-mail: ay-carmela@riseup.net
site: ay-carmela.birosca.org

Conta Bancária para Doações:
Caixa Econômica Federal (ou casas lotéricas)
Ag. 4070
Op. 013
Conta 00012424-3

***

CARTA DE PRINCÍPIOS DO ESPAÇO AY CARMELA!

O Espaço Ay Carmela! é um centro político-cultural autogestionário mantido por grupos, movimentos e indivíduos autônomos da cidade de São Paulo. Um lugar de construção de ações e conhecimentos coletivos, além de um pólo de produção, reunião e dispersão de informações, saberes e transformações. O Ay Carmela! é localizado no centro de São Paulo, próximo
ao marco zero. E é mais uma forma de afirmar que o centro é nosso, das pessoas, de quem vive e circula por essa cidade e não do capital, das corporações ou do estado.

“Deveremos resistir, Ay, Carmela! Ay, Carmela!”
Trecho do Hino da Revolução Espanhola (1936-1939).

Alguns princípios norteiam as ações do espaço, são eles:
Autogestão: Cada pessoa ou coletivo envolvido no espaço participa efetivamente de sua gestão.

Horizontalidade: O espaço é gerido por grupos e indivíduos sem que haja uma hierarquia entre eles. Não há patrões e empregados, nem mandantes e mandados no Ay Carmela!.

Autonomia: O Ay Carmela! não tem qualquer vinculação institucional com partidos políticos, organizações religiosas, empresas ou organismos governamentais. Não abrimos mão de independência para realizar nossas ações.

Auto-Sustentabilidade: O espaço se sustenta com recursos doados pelos grupos e indivíduos gestores, por contribuições pessoais ou através de eventos para arrecadação de fundos. A auto-sustentabilidade como princípio significa também não ter relações de dependência financeira com as instituições mencionadas.

Apartidarismo: As atividades desenvolvidas não terão caráter eleitoral nem qualquer vinculação com partidos políticos. Organizações partidárias não poderão compor o coletivo gestor.

Respeito e promoção da diversidade: As atividades e a gestão do espaço são profundamente comprometidas com a difusão do respeito à diversidade. Ações e proponentes que propaguem racismo, machismo, homofobia, elitismo, fascismo ou nazismo não são bem vindos; não passarão!

Anti-Capitalismo: Não estamos alinhados com essa forma de produção de mercadorias, tempo, pessoas, trabalho e idéias que é o capitalismo.
Participam da gestão do espaço os grupos:

CMI - Centro de Mídia Independente / Coletivo São Paulo
(midiaindependente.org)
Coletivo Anarquista Terra Livre (inventati.org/terralivre)
FCV - Fórum Centro Vivo (centrovivo.org)
E indivíduos

Feira Independente


FEIRA INDEPENDENTE NO SÃO PAULO HOSTEL DOWNTOWN

Dia 25/04 - Sábado - das 19h às 22h – Grátis

* Feira de arte, música e materiais independentes.
* Comida vegetariana e vegana
* Teatro-improviso
* Show: Ordinaria Hit - http://www.myspace.com/ordinaria

São Paulo Hostel Downtown
Rua Barão de Campinas, 94
Centro - São Paulo / SP
(11) 3333-0844 - Fax: (11)3338-1414
http://www.hostelsaopaulo.com.br
Mapa: http://www.hostelsaopaulo.com.br/portugues/localizacao.htm
Esquina com General Osório, travessa da Av. São João.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Exilados - parte II

*você pode ler a parte I aqui e entender melhor o que está acontecendo.

Parte II

Velho amigo, escrevo essa carta apenas em mente. Mas é uma carta esplêndida, com caligrafia perfeita. Mãos idosas não tremem ou se contraem quando a carta é escrita no ar.

Quando meu filho nasceu, o imperador encomendou fogos de artifício. Explodiram no céu noturno como girassóis de luz. Agora meu filho está morto e eu fui exilado.

O deserto é cinzento: areia cinzenta sob céus cinzentos. Este deserto é cinzento, digo ao meu guia, e ele concorda. Ele é um homem de uma aldeia local. Pergunto o nome do deserto, mas meu guia não responde. Seu nome é um mau presságio, e maus presságio se tornaram minha vida.

Meu filho se aliou ao povo da Lótus Branca. Você tem sorte por eu ter lhe poupado a cabeça, me disse o imperador. E agora aqui estou, com areia na barba, nos olhos e ouvidos, pensamentos se espalhando por cinza e areia, Sonhos, como espuma do mar, se espalhando sobre tudo.

Na aldeia em que encontrei meu guia, avistei uma pequena gata, branca como uma pétala. Ela me conduziu até as rochas nas cercanias da aldeia e mostrou seus filhotes. Se encontramos filhotes por aqui, eles são mortos, me disse o estalajadeiro. Nesta aldeia mal a comida para os homens.

Naquela noite voltei às rochas, embora estivesse frio, e escondi o menor dos filhotes em minha manga. Mal temos água suficiente para cruzar este deserto. Somente um tolo traria um gatinho para cá. Hoje ele me arranhou três vezes com suas garras. Seus olhos miúdos ainda são de um azul indistinto. Quando paramos para nos aliviar, o gatinho faz o mesmo. Espero que ele viva até chegar na cidade de Wei, além do deserto.

É em Wei que viverei os anos que me restam.

Suave, suave sussurra o deserto, como o oceano lambendo os seixos na praia.

-continua...

domingo, 19 de abril de 2009

O monge e o peixe

Para pensar o Real, a delicadeza e os sonhos.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

EXILADOS

Quando criança, vivi entre bosques de amoras. No verão, as amoras manchavam o verde da relva com sua polpa rubra. Pássaros de mil cores dançavam no céu quando eu era menino. Eles animavam o dia com suas intrincadas canções. Somos quem escolhemos ser, cantava o pintassilgo quando o sol estava a pino. Eu sonho com sonhos sobre sonhos, cantava o rouxinol sob a lua pálida. As meninas da minha aldeia tinham lábios que lembravam ameixas, eram muito mais adoráveis que as outras meninas das outras aldeias, nos dias de minha juventude.

Agora que estou mais velho, respeito a vontade dos deuses. Há muito tempo, fui aprovado nos exames e nomeado governador de uma província inteira. Comandei exércitos. Aconselhei dois imperadores. Toda a minha sabedoria estava ao seu dispor, e tudo que eu conhecia estava sob suas ordens. Tive dezenas de milhares em dinheiro, uma esposa, um filho e muitas concubinas. Somente a fênix ascende e não desce: agora com idade avançada, fui mandado para longe da corte, da minha família e de tudo que conheço, rumo ao exílio.

Vi muitas coisas estranhas em minha jornada. Cruzando as montanhas Nan Shan, formos cercados por lobos, incitados por uma criatura atrofiada a quem chamavam de rei. Quando a matamos, o resto perdeu a coragem. Sonhei com as responsabilidades dos imperadores; há muitas léguas já não escuto o rouxinol.

Mas sonhei com sonhos sobre sonhos.

-continua...

*Está é a primeira parte de uma história que será publica aqui em 4 momentos, não necessariamente seqüenciais. Ela pertence ao livro Despertar, de Neil Gaiman. Já falei anteriormente desse livro aqui. O livro é maravilhosamente ilustrado por Michael Zulli e faz com que cada palavra acabe ganhando outra forma e movimento. Apesar de nesse momento estar presente apenas o texto, acredito - como vocês irão perceber – que o encanto de cada trecho é forte o suficiente para nos aproximar do protagonista que narra essa jornada. Como diz o título, Exilados, fala da necessidade de partir, e seja voluntário ou não, em minha opinião, o exílio implica num modo de compartilhar o desafio de aceitar essa jornada da melhor maneira possível. Este texto ofereço então, para todos aqueles que buscam sua casa, seu silêncio e sua paz, particularmente para aqueles que o buscam dentro de si.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Acontece na Cinemateca

GUERRA CIVIL ESPANHOLA 70 ANOS
15 a 19 de abril de 2009

Em parceria com o Instituto Cervantes, a Cinemateca Brasileira exibe neste mês uma seleção de filmes sobre a Guerra Civil Espanhola, um dosmais importantes episódios da história contemporânea, que há 70 anos, no dia 01 de abril de 1939, chegava ao fim, às vésperas da 2a Guerra Mundial. A mostra GUERRA CIVIL ESPANHOLA 70 ANOS reúne documentos preciosos sobre o conflito entre republicanos e franquistas. Reportagens pioneiras, feitas em 1936, com imagens de Barcelona sob os destroços, registros dos primeiros dias de guerra em Madri, filmes de propaganda e produções recentes que reveem a experiência da guerra. Entre os destaques da programação, L’Espoir – Sierra de Teruel, dirigido pelo escritor francês André Malraux, España heroica, de Joaquín Reig Gosálbez, filme-manifesto do novo Estado franquista e um programa de
curtas produzidos pela CNT – Confederación Nacional del Trabajo, sindicato de operários espanhóis. A mostra de cinema GUERRA CIVIL ESPANHOLA 70 ANOS é acompanhada por três outras atividades, igualmente promovidas pelo Instituto Cervantes – uma exposição de cartazes originais, feitos pelos republicanos; um colóquio com historiadores e uma leitura dramática de poemas escritos durante a guerra. Veja a programação completa no site www.saopaulo.cervantes.es.

Não indicado para menores de 14 anos

CINEMATECA BRASILEIRA
Largo Senador Raul Cardoso, 207
próximo ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215)
www.cinemateca.gov.br
Ingressos: R$ 8,00 (inteira) / R$ 4,00 (meia-entrada)
Atenção: estudantes do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas
têm direito à entrada gratuita mediante a apresentação da carteirinha.

terça-feira, 14 de abril de 2009

"Uma lei errada" Mesmo?

Muitas pessoas devem ter lido o texto do poeta Ferreira Gular no caderno Ilustrada da Folha de domingo. Caso não, veja "Uma lei errada" aqui. Ali ele se presta a um enorme papelão e nos causa um tipo de mal estar pelo grande desconhecimento sobre políticas públicas na saúde mental e naquilo que pensa ser um direito. Escreve ele sobre o "desastre" da Reforma Psiquiatra e tenta , de um modo no mínimo inconseqüente, fazer críticas a rede substitutiva de saúde mental e a lei que a sustenta. Não vou me prender muito a isso agora e publico uma das melhores resposta que encontrei até o momento sobre o texto da Folha de S.Paulo. Lamentável Sr. Ferreira Gullar, realmente lamentável. Até mais.

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IMPOSSÍVEL SILENCIAR
Antonio M. R. Teixeira
(Médico, psiquiatra, professor associado do Departamento de Psicologia da FAFICH-UFMG, editor da revista Clinicaps.com.br, destinada à publicação de artigos em Saúde Mental).

Indiferença e Silêncio. Talvez tal binômio fosse a melhor resposta ao artigo “Uma Lei Errada”, publicado na Ilustrada da Folha de São Paulo, nesse domingo último, destinando-o à vala comum dos panfletos inconseqüentes. Talvez não valesse a pena responder a uma tal infâmia se o artigo tivesse sido escrito pelo representante de uma confederação qualquer dos hospitais ou dos laboratórios, mas não: estamos lendo um escrito assinado pelo autor do inigualável Poema Sujo, por um dos co-atores do Manifesto Neo-concreto, estamos falando do grande poeta Ferreira Gullar. Urge responder ad hominem, impossível diante dele se calar.

Pois então, vejamos. O autor ali se permite ser duro e ofensivo, talvez sob a pretensão de ser enfático e contundente. Cada palavra é cuidadosamente escolhida para ferir; a difamação é dirigida, sem restrição, ao conjunto dos autores e atores sociais do movimento da luta anti-manicomial. Resume-se a complexidade de um processo difícil, eivado de sucessos e obstáculos ao longo de quase 22 anos, como se ele não mais fosse do que a reação histérica de uma “classe média [que] quase nunca se detém para examinar as questões, pesar os argumentos, confrontá-los com a realidade”. Um deputado petista, citado sem ser nomeado, é acusado de ter declarado que as famílias dos doentes mentais os internavam para se livrarem deles. Lêem-se as aspas, mas não está indicada a fonte dessa declaração, o que deixa o autor mais à vontade para chamá-lo de “cretino”, porque supostamente “não sabe o que é conviver com pessoas esquizofrênicas” na família e desconhece a dor de um pai que tem quer internar um filho. Sua campanha, portanto, aos olhos do grande poeta, não passa de uma “demagogia como qualquer outra”, fundada em dados falsos ou falsificados. Num retorno ao politicamente correto, ele ainda acrescenta que a escolha do termo manicômio visa produzir uma distorção ideológica do sentido que hoje deveríamos atribuir aos nossos modernos hospitais psiquiátricos.

A difamação é grave, gravíssima, e deve chegar ao conhecimento de grande parte dos leitores dominicais da Folha de São Paulo. Impossível, portanto, manter-se em silêncio. A ética nos impõe um revide rápido. Valendo-nos de uma conhecida tática marcial, que consiste em combater se servindo do próprio movimento do adversário, responderíamos que esse escrito incorre repetidas vezes na irreflexão que ele inadvertidamente atribui aos que até hoje sustentam os princípios e conseqüências da reforma anti-manicomial. Façamos, pois, perguntas diretas, no presente do indicativo, deixando de lado as alusões e os condicionais: O que sabes para afirmar que alguém desconhece a dor de conviver com pessoas esquizofrênicas na família? Não, caro poeta, sofrimento mental na família não é, nem de longe, exclusividade do Sr. Ferreira Gullar. Sabes o quão freqüente e desolador era o abandono de doentes mentais pela família nos hospitais psiquiátricos, sobretudo nos serviços públicos? Podes me citar qual estatística sustenta que o número de doentes mentais abandonado nas ruas, dormindo sob viadutos, aumentou após a reforma anti-manicomial? Não, caro poeta, freqüentar serviços públicos, ao que tudo indica, não é a especialidade do Sr. Ferreira Gullar.

Mas isso não é tudo. O artigo, quem diria, parece ter sido escrito por alguém também versado em psicofarmacologia, cuja rispidez para falar da reforma anti-manicomial só é comparável à suavidade com a qual aborda as medicações neurolépticas, que, segundo ele, “não apresentam qualquer inconveniente”. Sancta simplicita! Já ouvistes falar da discinesia tardia, do parkinsonismo induzido, da acatisia...? A lista de efeitos colaterais é importante e extensa, somente com ela se poderia preencher essa página, lembrando-lhe que quem escreve essas linhas é um psiquiatra que não se furta a recorrer cuidadosamente aos medicamentos, quando eles se fazem necessários. Mas que nem por isso se permite destacar os neurolépticos como maior progresso no tratamento humanizado da doença mental, nem afirmar que “graças a essa medicação, as clínicas psiquiátricas perderam o caráter carcerário para se tornarem semelhantes a clínicas de repouso”. Tampouco posso aceitar que se reduza o restante da clínica a um repertório de divertissements, para retomar o termo tão lucidamente criticado pelo filósofo Blaise Pascal. Mencionas as salas de jogo, de cinema, teatro, piscina e campos de esporte, mas em nenhum momento encontramos, em seu escrito, sequer uma referência às verdadeiras práticas de condução clínica vastamente documentadas.

Estranha-me, enfim, caro poeta, que de tua arte máxima não tenhas se valido para fazer uma mínima menção à psicanálise, que, como a poesia, desde Mallarmé, sempre esteve atenta à afinidade estreita entre a loucura e a palavra que sobre ela mesma se dobra.


segunda-feira, 13 de abril de 2009

domingo, 12 de abril de 2009

O drama é ter a inteligência parada pelo que sabemos, o coração limitado pelo que amamos e a fé bloqueada pelo que acreditamos.
Jean-Yves Leloup

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Quando a história vai sendo escrita: Enric Duran

“Liquidemos o banco - Testemunho de um ativista que desafiou o poder”, é o título de um livro que acaba de ser lançado na Espanha. Enric Duran é um anticapitalista catalão que anunciou no ano passado o "roubo" de quase meio milhão de euros como um ato de "desobediência civil financeira", e que regressou recentemente a Espanha para promover a luta contra o capitalismo. Contudo, em março, no dia 17, terça-feira, foi preso por fraude na Universidade de Barcelona. A seguir apresentamos uma resenha desta obra e mais algumas informações sobre o caso Enric Duran.

Um documento sobre como e porque de suas ações. Logo adiante um conto rocambolesco ou de qualquer leitura sensacionalista, a ação levada a cabo por Enric Duran, conseguindo crédito de 39 entidades bancárias, valendo-se das falhas do próprio sistema financeiro, não apenas colocado em cheque à vulnerabilidade deste sistema, mas também a denúncia contundente da falsa “natureza” do dinheiro, criado pelos bancos a partir da especulação de crédito. Todo ele se explica sem firulas em Abolim la Banca, um livro onde o protagonista nos fala do sentido de sua ação contra os fundamentos do capitalismo.

“Frente a um governo que encarcera muitas pessoas injustamente, o melhor lugar para uma pessoa justa também é a prisão”, com estas palavras de Henry Thoreau, inicia o capítulo “Diário de uma expropriação planificada”, em que Enric Duran (Vilanova i la Geltrú, 1976) narra com fina ironia e todo luxo de detalhes o modo como chegou a reunir cerca de meio milhão de euros em créditos, partindo do nada, para transformá-los depois em recursos que ajudaram a financiar projetos sociais alternativos.

Não existem dúvidas que, além de criar uma inteligente partida de xadrez com o sistema, conhecendo todas as suas jogadas, levar a cabo uma ação assim, traz à tona novamente o significado das palavras de Thoreau e, desde logo, isso é o que tem feito Enric Duran com total destreza. Seus propósitos de “insubmissão bancária”, não é apenas uma marca da tradição de desobediência civil, iniciada pelo pensador norte-americano e incita dentro da tradição sócio-histórica analisada por Eric Hobsbawm em um de seus trabalhos mais conceituados: “Bandidos”.

Neste livro, o historiador analisou o perfil da figura do “bandido social”: um arquétipo que ao largo do tempo se repete de forma mítica em todas as culturas. Onde melhor rastrear a continuidade da tradição na época contemporânea é na “expropriação anarquista”. Não em vão, Enric Duran se refere a ela em seu livro e especialmente a Lucio Urtubia como uma de suas principais fontes de motivação. Que esta tradição continua viva, não é apenas comprovada pela irrupção da ação de Duran em plena crise financeira, mas nos mostra o debate gerado por suas ações, e, sobretudo, as inúmeras mostras de simpatia e cumplicidade que despertou na população.

O ativismo como escola

A leitura de Enric Duran não é meramente acadêmica ou sociológica. Seu testemunho é estímulo que não se pode ficar indiferente. O autor renuncia a seus direitos autorais, remarcando em seu contrato editorial que 10% do preço da arrecadação da venda será destina ao Coletivo Crise para leva a cabo novas ações. De fato, boa parte do livro está destinada a narrar a gênese deste coletivo e seus propósitos a partir de ações como as publicações em massa de “Crisis” e “Podemos Vivir Sin Capitalismo”, ambas financiadas com as expropriações dos bancos.

O que também fica definido no livro é o compromisso social e a trajetória ativista e autodidata de Enric Duran há mais de uma década, quando se iniciou os movimentos de resistência à globalização. Essa foi a escola que o levou a compreender as dificuldades das lutas sociais em um mundo cada vez mais complexo e mutante, assim como a necessidade de criar novas estratégias de luta servindo-se magistralmente de meios como a internet. O livro, em definitivo, é um testemunho de uma pessoa incansável que, faz o que acredita. E isso é o que vale!

Alfonso López Rojo

Resenha publicada no semanário Directa - abril de 2009.

Enric Duran: Abolim la banca.Testimoni d’un activista que ha desafiat el poder.

Ed. Ara Llibres, Badalona, 2009, 213 págs.
A prisão de Enric Duran

Em 17 de setembro de 2008, ao mesmo tempo em que os governos do mundo se mexiam para evitar o colapso do sistema financeiro mundial, Enric Duran, um catalão anticapitalista, anunciou um ato ousado de “desobediência civil financeira”. Ao longo dos últimos dois anos Duran tinha pedido emprestados 492.000 euros de 40 bancos diferentes, sem a intenção de devolver o dinheiro. Como um protesto contra o sistema financeiro global e a natureza inerentemente exploradora dos bancos comerciais, Duran distribuiu o dinheiro a diversos movimentos sociais anticapitalistas na Espanha e utilizou-o para publicar 200.000 exemplares de uma revista chamada “Crise” que critica detalhadamente o sistema bancário. Ele foi apelidado pela mídia de “Robin dos Bosques dos Bancos”.

Duran deixou o país para evitar processos judiciais e iniciou uma campanha para organizar devedores e depositantes bancários com o coletivo “Crise” de Barcelona. Em 16 de março de 2009 Duran regressava a Barcelona para anunciar uma segunda publicação numa conferência de imprensa. A publicação define as formas de começar a organizar uma sociedade pós-capitalista. 350.000 exemplares da revista foram editados e distribuídos gratuitamente, por centenas de voluntários, em toda a Espanha.

Em 17 de março, Duran foi preso por fraude na Universidade de Barcelona. Solidários com Duran realizaram uma manifestação exigindo a sua libertação, no dia 18 de março.

Para atualizações sobre a situação de Enric Duran visite: http://17-s.info ou http://bankstrike.net ou através do e-mail: bankstrike@riseup.net

“Viver sem capitalismo”

É a peça central da publicação “Podemos!”, delineando uma resposta popular para obrigar os ricos a pagar pela crise financeira. Apela para que as pessoas organizem alternativas ao capitalismo através da remoção de depósitos dos bancos, suspendendo os pagamentos de dívidas e hipotecas, e ao desenvolvimento de instituições auto-geridas para satisfazer as necessidades dos povos.

Mais infos e para baixar a publicação: www.17-s.info

Solidariedade

Para enviar cartas de apoio a Enric Duran, atualmente detido na prisão de Brians:

Enric Duran

Brians, 1

Aptdo. 1000

08.760 - Martorell

Barcelona - Espanha

Tradução > Palomilla Negra
fonte Agencia de Notícias anarquistas

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Oi povo! Como alguns devem ter percebido iniciei um novo blog. Parte do que gostaria de fazer aqui no Paladar será feito por lá. "do sintagama e outras considerações" é direcionado para alguns temas mais específicos. Um espaço que busca dialogar com as diversas possibilidades de pensamento e ação do sintagma identidade-metamorfose-emancipação e da autonomia na psicologia social. Outros temas da psicologia, ciências sociais, educação e filosofia em seus campos interdisciplinares são bem vindos. Para quem não é familiarizado com estes temas não se intimidem! É um convite para pensar esses assuntos. Então, é isso. Veja o "do sintagma e outras considerações" aqui. Abraços e até mais.

Cinema


Começa hoje (08) o Segundo Ciclo de Filmes e Palestras do Cineclube Socioambental Crisantempo, que exibirá 30 produções de diversos países, sempre às quartas-feiras, até o dia 24 de Junho.
Na sessão de abertura, três filmes sobre consumo e domínio corporativo sobre os alimentos: “O grão que cresceu demais”, “A história das coisas” e “O mundo segundo a Monsanto”. A partir das 18h, com entrada franca.

Confira a programação completa no site do cine-clube.

terça-feira, 7 de abril de 2009

120 anos


Vicente Joaquim Ferreira Pastinha
Salvador, 5 de abril de 1889
Salvador, 13 de novembro de 1981

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Altamente recomendável

'Exílio', de Toni Negri, acrescido do ensaio 'Valor e afeto', é um livro repleto de incursões históricas, afetivas, tecnológicas, filosóficas, onde estão mescladas reflexões sobre a biopolítica e a militância, o feminino e o Império globalizado, a mestiçagem e as migrações. Estão presentes também a prisão e a liberdade, a velhice e a morte, o trabalho e a solidão. Através desse mosaico, misto de depoimento pessoal, análise de conjuntura, balanço histórico, o leitor tem acesso a um dos mais agudos e comoventes manifestos políticos da atualidade. Editora Iluminuras.

Siunka

Confira as novidades:

http://siunka.wordpress.com/
http://siunka.com/

domingo, 5 de abril de 2009

Jericoacoara "à venda"

Téo Cordeiro*

O visitante, com um mínimo de criticidade e pertencente à esmagadora maioria da população brasileira que recebe até cinco salários mínimos, logo se espanta na chegada à Jericoacara, no belo estado ensolarado do Ceará: "Vende-se" é o verbo predominante em boa parte das casas residenciais desse distrito de Jijoca de Jericoacoara . Por mais óbvia que pudesse parecer a resposta, tive a preocupação de interagir com alguns nativos para aferir as causas do fenômeno. Antes disso, cabe contextualizar o cenário e seus personagens. Turistas cariocas, com seus vinte e poucos anos, pouco dinheiro e muita disposição, vindos do Piauí debaixo de chuva, numa segunda-feira de março do corrente ano (lembrem-se que a alta temporada começa em julho/ setembro em Jeri). A entrada ao Parque Nacional de Jeri, onde se localiza Jericoacoara, passa necessariamente por Jijoca do Ceará e, sendo assim, o cartão de visita pega de surpresa qualquer visitante com nosso perfil econômico.
Sessenta reais por pessoa é o preço para o deslocamento até Jeri, num trecho de aproximadamente dez quilômetros. Com muito custo persuasivo conseguimos descobrir um roteiro alternativo que nos levaria por cinco reais: basta chegar a Preá, distrito no litoral próximo dali.

Enfim a praia, considerada a mais bonita do mundo, se aproximava e o percurso até lá denunciava que encontraríamos um lugar singular. Aqui começava nosso intuito investigativo ao se deparar com as abundantes placas: Vende-se! As hipóteses começavam a se delinear na busca por uma pousadinha acessível aos jovens cariocas. Daí se inaugura um novo desafio: compreender os diferentes sotaques híbridos na fusão com nosso português. Italiano, alemão, francês se misturam com tal naturalidade, compatíveis com a ocupação estrangeira desse território cearense. Com a situação, o espírito de esquerda e nacionalista já aflorava, enquanto mais à frente o Resort "Mosquito Blue" ostentava sua vinculação com Visa e Mastercard, encontrados também em todas as fachadas de Jeri.

Naturalmente o "merchan" não se direcionava para os resistentes moradores, que me relataram - não se compra mais nada com R$ 50 reais aqui! Uma disputa desigual logo confirmada por um outro morador (personagem importante que ganhará identidade mais à frente): eles veem capitalizados e fica difícil pra gente concorrer. "Eles", com o monopólio de grande parte dos empreendimentos, somado a alguns empresários paulistas e sulistas, parecem dar as cartas em um ambiente que vai nos remetendo aos períodos coloniais em que a expropriação de nossas riquezas - agora travestida dentro setor de turismo - com a utilização de nossa mão-de-obra. A diferença talvez esteja nas ferramentas de cooptação ideológica que, do ponto de vista dos atuais donos de Jeri, prometem uma melhor condição de vida, geração de renda e possibilidades de ascensão econômica. Os capitalistas estrangeiros parecem estar sendo bem-sucedidos nessa empreitada, como ouvimos de um trabalhador cearense local: "O povo aqui não quer ganhar dinheiro!". Para os marxistas de plantão, isso tem a ver com um processo de obscurecimento das relações de classe baseada na extração da mais-valia que repercute diretamente na geração da Alienação do Trabalho.

Agradecemos à Marx e fomos a busca das estratégias contra-hegemônicas locais. Com sorte, ainda na saga por um lugar pra dormir - que já se esgotava depois de nos depararmos com um indecifrável italiano responsável pelo Albergue da Juventude, vejam vocês -, encontramos Zé Patinha, cearense dono de uma simpática pousadinha e de um bom humor contagiantes. Alegre e preocupado com os rumos de Jeri, Zé Patinha é enfático: são poucos os que conseguiram se manter depois da chegada deles. Zé parece estar convicto em seu diagnóstico e nos conta que a venda das casas dos moradores é única maneira encontrada por eles à subsistência em decorrência das mudanças que o distrito sofreu nos últimos dez anos.

Nessa nova modalidade de exílio promovida pelo capital estrangeiro e seus perceptíveis interesses lucrativos, pontua-se a histórica e ainda persistente conivência do Estado brasileiro, ao não garantir condições para que seus habitantes naturais permaneçam em suas terras e possam retirar delas os recursos para o sustento. Que, no caso de Jeri, poderia se refletir na massificação de linhas de financiamento, em consonância com a capacitação na área de administração hoteleira, para oportunizar a retomada da Pedra Furada e Duna do Pôr do Sol à condição de patrimônio ambiental brasileiro. A nós, cariocas e brasileiros empobrecidos materialmente e espiritualmente, cabe nos relacionar de outra forma em nossas viagens, procurando interagir mais horizontalmente e com senso crítico à cadeia de relações desiguais a que está sendo submetido nosso povo (vide nossa vizinha Búzios, ou as Praias de Pipa e Porto de Galinhas). A volta aos solos cariocas, ressignificados com as interações sociopolítica-geográfica-antropológica em Jeri, nos mostrou que é possível fazer outro tipo de viagem com um olhar mais atento às expressões da questão social que saltam aos olhos, para além dos encantos naturais. E força ao Zé Patinha !

* Téo Cordeiro
RESIDENCIA MULTI EM SAÚDE DA FAMÍLIA/UESPI

quinta-feira, 2 de abril de 2009

curtas

Quem vem acompanhando esse blog deve ter reparado que na apresentacao desse espaco ha uma fotografia, ou tres. Ela foi tirada por Zeynep, fotografa de Istambul que faz coisas lindas. Ela sempre registra pessoas e lugares, e na maioria das vezes presa pela espontaneidade dessa interacao. Maneira otima de conhecer mais sobre Istambul e outras partes do mundo, ja que a mulher adora viajar. Ela mantem coisas muito boas nesse espaco aqui. Nao deixe de conferir!
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Estou escutando a semana inteira! Musica maravilhosa da minha gente. A cantora, rabequeira e compositora Renata Rosa há muitos anos vive mergulhada no contexto poético musical da Zona da Mata Norte Pernambucana e do Baixo São Francisco Alagoano entre os sinuosos cantos caboclos do catolicismo popular, do samba de coco, dos rojões de roça, das polifonias vocais indígenas e das brincadeiras de maracatu-rural e do cavalo-marinho. Desde 1998 vem desenvolvendo um trabalho com músicos do interior e da capital de Pernambuco que deu origem ao CD Zunido da Mata (2003), primeiro álbum solo de Renata Rosa, e ao show homônimo.
Para ouvir aqui
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E cuidado com as interpretacoes superficiais. Claro que o presidente Lula poderia ter dito - ou nao - aquilo sobre a crise e a relacao entre as pessoas brancas de olhos azuis de outro modo. Mas aqui entre nos, apontando o dedo na cara do primeiro ministro britanico, falando para eles pararem com as barbaridades que vem cometendo, que nao eh justo os pobres novamente pagarem por essa merda toda, que a coisa foi pro fundo do buraco e que a culpa eh deles sim, dando nome aos bois - ate que nao me parece tao absurdo. Talvez uma forra, uma inversao de papeis, do colonizado dando uma bronca no colonizador, coisas desse tipo. O que nao da eh pra dizer que foi um simples preconceito invertido. Isso eu nao engulo.
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10 anos da 1dasul - A 1dasul foi fundada em 1 de abril de 1999 e tem como ideia ser uma marca voltada para a periferia, sendo desenvolvida por talentos urbanos, criando assim uma identidade autentica com essas partes da cidade. Para saber mais
http://www.1dasul.com.br/
http://www.ferrez.blogspot.com/
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Novo Dicionário da Direita Latino-americana:

Caos de trânsito: Desordem generalizada motivada pela presença no espaço público de manifestantes baderneiros, grevistas, sindicalistas ou partidos de esquerda.
Direitos Humanos: Invenção que preserva a impunidade cotidiana de delinquentes de todo tipo: assassinos, estupradores, drogados, travestis, grevistas, peruanos, abortistas etc. Sua generosidade não abrange os "honestos contribuintes".
Estado: 1) Em tempos de bonança: monstro de mil cabeças, dinossauro burocrático, foco de corrupção, nostalgia de populistas; 2) Em tempos de colapso: necessário regulador dos desequilíbrios cíclicos do mercado e instrumento chave de financiamento para as inversões.

Encontrado aqui
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Vou ali e volta ja!