quarta-feira, 30 de junho de 2010

Para pensar mais

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."
Guimarães Rosa , Grande Sertão: Veredas

Pensando enquanto volto.

Nós que somos como crianças
Nos encolhemos ao sentir dor, mas adoramos suas causas.
Prejudicamos a nós mesmos através de nossos maus atos!
Então por que os outros deveriam ser o alvo de nossa raiva?

“O Caminho do Bodisatva” 6 | 45
Shantideva (Índia, séc. VII)

*encontrado em Samsara

quarta-feira, 23 de junho de 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ficar para estar

Passei a maior parte de minha vida partindo, indo. Sempre me foi difícil e desesperador permanecer, ficar. Fácil mesmo é dizer tchau, pegar a bicicleta, o onibus, o trem, o avião e ir. Tranquilo conhecer novos lugares, pessoas, cheiros e sabores. Amo o caminho. Isso é simples para mim. Nunca fiquei tempo demais, inclusive enlouqueci quando fui pego no lugar do não-ir. Eu sempre precisei partir. Nunca soube muito sobre as outras possibilidades. Deixei pessoas que amei e abandonei o amor que me pedia para ficar. Mudei de casa, cidade, alguns amigos e de idéias. Agora tento ampliar isso. Sei de um lugar que me alimenta e que não importa onde vá, ele vem comigo. É um amor também, um povo, uma origem, um enraizamento. É um modo de compartilhar. Claro que se pode ser indo, mas como é bom estar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

domingo, 20 de junho de 2010

Para isso fomos feitos.

Obrigado a poesia que me toca e alcança, mas principalmente aos pensamentos que me trazem ela.

sábado, 19 de junho de 2010

Novamente, abrindo o coração.

PS. Que fala do amor, do desamor e de outras bobagens.
Tonita veio se exibir com sua nova xícara de chá. Sem anestesia, vai logo soltando que...
- O amor é como uma xícara de chá que cada dia cai no chão e quebra em pedaços; de madrugada juntamos os pedaços e, com um pouco de umidade e calor, colamos, e a xícara passa a existir de novo. Quem está apaixonado passa a vida receando a chegada do dia terrível em que a xícara ficará tão quebrada que não será mais possível uni-la.
Vai embora assim como veio, reiterando sua recusa a um beijo que, agora mais do que antes, “arranha muito”.
- O amor não é mais que uma balança complicada – Diz Durito – De um lado ficam as coisas boas e, do outro, as ruins. O amor será tão longo quanto o tempo em que uma balança boa supere a balança ruim. Quem ama passa a vida acumulando pesos e cuidados na balança boa. Presta tanta atenção nesse peso que se esquece da balança ruim.Nunca entenderá como um peso, que apenas seria uma pluma de suspiro, pôde desequilibrar a balança de forma contundente, definitiva, irremediável...
Fiquei pensando e fumando. A lua era uma unha nacarada, uma vela inchada de luz no barco da noite. Assomou o seu gume na cúspide da montanha e depois se lançou com tal força que seu passo maltratou não poucas estrelas.
(...)

Subcomandante insurgente Marcos

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Abrindo o coração

Quando tem amor a gente não perde, só encontra.
Sêu Zé Pelintra

Nascimento Grande, um passarinho...

Por Luiz Antonio Simas

Até as pinturas rupestres da Serra da Capivara sabem que o mundo anda da pá virada. Um dos sinais inequívocos do fim dos tempos é a morte do valente honrado, do porradeiro gentil-homem, do cavaleiro andante, do peleador leal. Não existem mais sujeitos como Nascimento Grande - homens que mereceram loas tecidas nas chulas de capoeira e nos gemidos dos urucongos.

Morreu o valente romântico; vivemos a era dos covardes, do anonimato de machões virtuais que ficam se escondendo e se xingando pela internet, dos bundões que armam as maiores pancadarias em portas de boates e estádios de futebol com a fúria insana dos falsos apaches de filmes de faroeste. Nenhum deles merece limpar o cocô de Nascimento Grande, o cabra mais arretado que passou por esse mundo velho.

A descrição que Luís da Câmara Cascudo faz de Nascimento é fenomenal. Acompanhem só:

De alta estatura, corpulento, chegando aos 130 quilos, morenão, bigodes longos, muito cortês e maneiroso, usava invariável chapelão desabado, capa de borracha dobrada no braço e a célebre bengala de quinze quilos, manejada como se pesasse quinze gramas e que ele chamava a volta. Uma bengalada derribava um homem, duas desacordavam e três matavam.

Me permitam explicar melhor quem foi essa figura extraordinária. Chamava-se José Antônio do Nascimento e era o mais afamado valente do Recife na entrada do século XX. Trabalhava na estiva e, segundo relatos, levantava cargas absolutamente insanas, daquelas de matar com a tísica os maiores fortões. Perto do peso que Nascimento Grande era capaz de carregar, os doze trabalhos de Hércules adquirem a dramaticidade de um piquenique na Pedra da Moreninha.

Nunca implicou com ninguém. Jamais provocou uma porrada. De conduta ilibada e honestidade comovente, versado nos segredos do jogo de angola, só saía no cacete em legítima defesa. Como era uma fortaleza, costumava ser desafiado por malandros de todos os tipos, proxenetas de quinta categoria, sibaritas de botequim e mestres de capoeira, que sabiam da fama reservada a alguém que conseguisse meter-lhe a porrada. Nunca aconteceu.

Meu avô, que era pernambucano de boa pipa, contava coisas absolutamente espantosas sobre Nascimento Grande e guardava como relíquia um cordel chamado Vida de Nascimento Grande, o Homem do Pulso de Ferro. Nós, os netos, ouvíamos extasiados os feitos do ciclópico personagem. Toda vez que escutava algum relato envolvendo cenas de força e valentia, o velho afirmava: Valente mesmo só teve um, o Nascimento Grande. E era educadíssimo.

Conheço inúmeras histórias desse gigante. A que mais me impressiona se refere a um ataque que sofreu em Vitória de Santo Antão, de um cabra perigoso, tremendo facínora e homicida desde o berçário. Corre-Hoje, essa era a alcunha do ferrabrás, atacou Nascimento Grande auxiliado por sete comparsas. Pra que? Nascimento Grande bateu nos sete e mandou o Corre-Hoje comer o capim pela raiz, com o pijama de madeira abotoado nos trinques.

Diante do pânico dos que assistiam à cena, que incluiu os inevitáveis desmaios das mulheres, Nascimento Grande colocou o corpo do meliante em um banco, acendeu velas e velou, rezando contrito, a alma do morto até a chegada da polícia. Exigiu que Corre-Hoje tivesse um velório cristão.

Em certa feita foi, já bem coroa, provocado por um safardana chamado Pajéu, metido a capoeirista e dado a bater em mulher – coisa que causava asco absoluto em nosso personagem. Pois o tal do Pajéu apanhou mais do que boi ladrão. Não contente com a coça, Nascimento Grande obrigou o cabra a colocar uma saia de mulher e desfilar pelas ruas do Recife Velho.

Em viagem ao Rio de Janeiro, o gigante pernambucano mandou para a cidade do pé junto o legendário capoeirista Camisa Preta, bambambã da velha Lapa e personagem até de samba de Wilson Batista, que o desafiara para um combate de morte com as provocações mais descabidas. Nascimento Grande mandou Camisa Preta dar a volta ao mundo no Orum.

Todos os que conheceram Nascimento Grande falam dele como um gentil-homem, alma de passarinho naquele corpanzil todo. Chorava capibaribes de lágrimas quando ouvia alguma história de maus tratos a crianças.

O último dos valentes, sabedor dos mistérios da ginga, tinha o coração do tamanho da praia da Boa Viagem.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Do início da série sobre o masculino

Gosto de entrar em sebos para garimpar aquela montanha de livros. Mesmo que não vá comprar nada acho um lugar divertido e sempre podemos ser surpreendidos. Sebos geralmente com poucas excessões acumulam coisas terríveis, particularmente a estante de psicologia, que na verdade costuma ser um amontoado de auto-ajuda ou de uma psicologia das mais chinfrins. Porém de tempos em tempos encontramos, como disse, algo que nos surpreende. Algumas semanas atrás numa dessas idas ao universo encantado dos livros usados me deparei com um que nunca tinha visto antes, ou talvez não tenha reparado. O nome me foi estranho e o subtítulo me remeteu a mais uma dessas picaretagens que tanto enfestam o mundo. Porém como ando um tanto obcecado pelas questões dos relacionamentos e nos modos de expressão do feminino e do masculino, fui folhear. A apresentação do livro já diz a que ou a quem interessa. O livro em questão é “O complexo de Casanova – Os homens que têm compulsão de trair e as mulheres que sofrem em suas mãos”, de Peter Trachtenbrg, editora Record. A edição que tenho é de 88, mas houveram várias reedições e numa breve ida ao buraco negro internet soube que esse livro foi uma febre no fim dos anos oitenta e que ainda é uma importante referência para pensar sobre homens com sérios comprometimentos nas formas de se relacionar. Giovanni Giacomo Casanova de Seingalt (1725-1798), por sua vida dissoluta e grande número de conquistas amorosas, teve seu nome identificado com um fenômeno da psique masculina e passou a identificar o mulherengo crônico. Peter Trachtenberg, que se considera um Casanova em tratamento, tenta mostrar o que é levar uma vida comandada por uma sexualidade compulsiva e quem são as mulheres que compartilham essa experiência. O livro é repleto de depoimentos e entrevistas feitas ao longo de vários meses. Oferece análises instigantes do hommes fatals como Lord Byron, James Bond, Frank Sinatra, Ernest Hemingway e outros, examinando as forças que, tanto na família como na cultura ao redor, dão origem ao mulherengo crônico. Estou no meio do livro e devo confessar que me vi em muitos momentos e conheço outros homens que passam por situações muito parecidas. As vezes há generalizações, mas não penso que comprometa a idéia central do debate. Como o alcoolismo e o abuso de drogas, a sexualidade errante é um verdadeiro distúrbio compulsivo, diz o autor, um distúrbio que requer um suprimento ininterrupto de conquistas sexuais. A questão é a dependência, se não de alcool e drogas, de mulheres e sexo. São discutidos modos do olhar do mulherengo crônico e das mulheres que atraidas por isso seguem a repetição dessas relações. Um padrão quase que previsível que combina busca, sedução, traição e abandono. Pode em um primeiro momento dar a simples idéia de uma história sobre canalhas, mas não é. O livro discute a todo instante a aparente falta de compromisso desses homens como uma quase patológica fuga e evitação da intimidade. Em sua grande maioria são homens solitários, apesar de todas suas conquistas, com pouca capacidade de lidar com algumas das emoções que uma relação faz surgir. Há também os casados, mas esse é um capítulo a parte. Todos querem amar, mas não confiam, não conseguem, não se entregam. Dizem sentir, mas sempre se sabotam. Tem um vazio que é quase um destino. São enfermos da alma e reféns da repetição que não entendem. Homens que precisam de ajuda, e que de longe podem até fazer outros sentirem certa inveja, mas de perto são incapacitados e delirantes. É um livro sobre o sofrimento, não sobre os prazeres da conquista. Escreverei mais em breve.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Nome aos bois

Um pouco mais sobre nosso tempo de eleição. Andei assistindo a TV Cultura hoje e fiquei impressionado com o candidato José Vampirão Serra em franca campanha e na insistência de suas propagandas no canal público do Estado. Será que isso tem a ver com o novo presidente da Fundação que cuida desse canal? Questões que não calam. Então, vai um pouco mais sobre quem é essa persona de fato e que pretende ser o novo presidente. Sim, eu tenho medo...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A favor das cotas sim!

Quadros
1. "Isto será para o nosso próprio bem!"
1a. "Não parece!"
2. "Oof": (Areia aí, neguinho!)
2a. "Hey" (Pô, cara sai de cima!)
3. "Puf, Puf " (Pô, colabora me levanta mais um pouco!)
3a. "Sai de cima de mim, encosto!"
4. "Putz! Consegui!"
4a. "Chega, eu quero sair daqui! (Agora eu tô livre!)"
5. "Sinto muito ter sido racista, agora eu sei bem o que foi a escravidão!"
6. "Tá, agora me dá a mão!"
6a. De jeito nenhum, isto seria racismo!
6b. se eu subi aqui sozinho , porque você não consegue ?


terça-feira, 8 de junho de 2010

Lidando com os conflitos do cotidiano

Eu sempre fico em alguns dilemas sobre os modos de captura e aprisionamento que o capitalismo gera nos dias de hoje. Veja o caso da nike. Os caras são mestres na arte de vender produtos e sonhos. O estilo de vida prometido pela marca é quase irresistível. Por outro lado, dá-lhe exploração da mão de obra infantil e fodida da Ásia e latino-america. Em resumo: um bando de canalhas com rostos e endereços. Porém, de repente e não mais que de repente, de tempos em tempos, os caras (será que são eles mesmos?) produzem espaços poucos prováveis de acontecerem, encontros inusitados e fusões que não temos como ignorar. Esse é o caso do projeto nike sportwear que a marca vai divulgar durante a copa. Um timaço para gravar o clássico do Sr. Jorge Ben Jor, Ponta de Lança Africano (Umbabarauma). Sem comentários. Apenas veja o que vem por aí.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Bastidores de uma certa política

Esses dias falei sobre as questões da disputa eleitoral e talvez alguns pensem que fui um tanto "parcial" com a Dilma e seu vice peemedebista. Calma meninos e meninas! Eu disse que tinha mais sobre o tema. Então, para tirar qualquer mal entendido sobre imparcialidade, eis aqui os bastidores da tucanada.
continua...

domingo, 6 de junho de 2010

Manifesto Queers Insurrecional!

Queer é um termo reclamado. Seu uso contemporâneo é para descrever gêneros e sexualidades que não se conformam com a sociedade heteronormativa.

Queer começou a ser usado como um insulto às pessoas de gênero e sexualidade diferente (seu significado em inglês é “incomum”), mas rapidamente se converteu num termo para expressar nossas identidades. A maioria das pessoas entendem queer como sinônimo de GLBT. Este entendimento falha em analisar nossa experiência como pessoas queer. Para nós, queer não é uma área estabelecida, queer não é uma identidade que faz parte de uma lista de categorias sociais corretas e aceitas. Queer é uma identidade definida contra a dominação hetero-monogâmica-patriarcal-branca e também uma identidade que se aproxima com aquelas pessoas que estão marginalizadas e oprimidas. Queer representa nossas sexualidades e gêneros, mas também muito mais. Queer é a resistência ao regime no "normal".

Como queers nós entendemos a normalidade. A normalidade é a tirania da nossa condição. A normalidade é violentamente imposta a cada dia, a cada hora sobre nós. A normalidade é a miséria e a opressão. A normalidade é o Estado, é o capitalismo. É o colonialismo e o império. É a brutalidade. É violação. A normalidade é cada forma em que limitamos nossa identidade ou aprendemos a odiar nossos corpos.

Nós falamos de guerra social. Nós falamos disto já que uma pura análise das classes sociais não nos bastam. Que significa uma análise marxista da economia mundial a um sobrevivente de um espancamento? Aos trabalhadore/as sexuais? A um sem teto ou a jovens fugidos de suas casas? Como pode uma simples análise de classe ser a base de uma revolução, que promete libertar a aquele/as de nós que estamos experimentando e viajando mais além dos gêneros e sexualidade que nos são atribuídos? O proletariado como um sujeito revolucionário marginaliza a quem suas vidas não encaixam no modelo do trabalhador heterossexual.

Lênin, Marx e Proudhon nunca jogaram [viveram] como nós.

Nós queremos converter a dominação em ruínas. Esta luta que inabita cada revolução social é o que conhecemos como guerra social. É o processo e a condição do conflito com a normalidade.

Neste discurso queer, estamos falando da luta contra a normalidade. Para nós queer significa guerra social. E quando falamos de queer como um conflito contra toda a dominação, o falamos seriamente.

O normal, o heterossexual, a família comum, estes exemplos sempre foram construídos em oposição a nós. Heterossexual não é queer. Saudável não tem HIV. Homem não é mulher. Os discursos da heterossexualidade, o patriarcado, o capitalismo se reproduzem a si mesmos como um modelo de poder. Para o resto de nós só há morte.

Nas ruas um "maricas" é espancado porque sua representação de gênero é muito feminina. A um pobre homem transexual que não consegue o dinheiro para seus hormônios salva vidas. Trabalhadore/as sexuais são assassinados por seus clientes. Um genderqueer é violada porque necessitava "ter sexo heterossexual". Mulheres lésbicas são encarceradas por defender-se contra homens heterossexuais que as agridem. A polícia nos brutaliza nas ruas.

Queers experimentamos, diretamente com nossos corpos a violência e a dominação deste mundo. Temos nossos corpos e desejos roubados de nós.

A perspectiva queer dentro do mundo heteronormativo é a que nos permite criticar e atacar o aparato capitalista. Nós podemos analisar as formas em que a medicina, a igreja, o Estado, o matrimônio, os meios de comunicação, as fronteiras, o exército e a polícia são usados para nos controlar e destruir. E ainda mais importante, podemos usar estes casos para articular um criticismo coeso de todas as formas em que somos alienado/as e dominado/as.

A posição queer é uma posição onde se ataca o normal. E é desde esta posição que a história dos queers organizados tem tomado sua forma. O/as mais marginalizados - pessoas trans, pessoas de cor, trabalhadore/as sexuais - sempre tem sido a base das chamas da resistência militante queer. Esta resistência tem sido acompanhada pela análise radical que afirma que a liberação queer está amarrada com a aniquilação do Estado e do capitalismo.

Se a história prova algo, é que o capitalismo tem uma tendência de pacificar os movimentos sociais. Isto, trabalha simplesmente. Um grupo ganha privilégio e poder dentro do movimento e pouco depois, traem seus companheiro/as. Alguns anos depois dos distúrbios de Stonewall, homens gays brancos e de classe média marginalizaram toda a gente que havia feito seu movimento possível e abandonaram a revolução.

Antes, se queer era estar em conflito direto com as forças de dominação. Agora nos tocou nos enfrentarmos ao estancamento total e a esterilidade. Como sempre, o capital transformou trans que atiravam pedras nas ruas em políticos e ativistas bem vestidos. Há gays republicanos e democráticos. Há países onde até há bebidas energéticas "gay" e canais de televisão "queer" que fazem a guerra mental, com o corpo e a autoestima da juventude. O estabelecimento político "GLBT" converteu-se numa força de assimilação, gentrificação e do poder estatal e capital. A identidade gay se converteu em um produto, uma comodidade e um aparato que funciona para retirar-se da luta contra toda a dominação.

Agora já não criticam nem o matrimônio, nem o exército, nem o capitalismo, nem ao Estado. Há campanhas para a assimilação queer dentro de cada uma. Suas políticas apóiam todas as instituições que reinformam a heteronomatividade, em vez de buscar a aniquilação daquelas. "Gays podem matar pessoas pobres da mesma forma que pessoas heterossexuais!" Gays podem ter reinos de capital e poder igual as pessoas heterossexuais!" "Somos iguais a vocês!"

Assimilacionistas buscam nada menos que construir o homossexual como o normal - rico, monogâmico, carros luxuosos, residências privadas. Esta construção, claramente reproduz a estabilidade da heterossexualidade, o patriarcado, o binário de gênero, o capitalismo.

Se nós realmente queremos destruir esta normalidade, necessitamos tomar uma posição firme. Não necessitamos da inclusão ao matrimônio, nem do exército, nem do Estado. Temos que destruí-los. Não mais político/as, nem chefes, nem policiais gays. Necessitamos separar as políticas de assimilação e as políticas de libertação.

Necessitamos reencontrar nossa sucessão como queer anarquistas descontrolado/as. Necessitamos destruir estas construções da normalidade, e ao invés, criar posições baseadas em nossa contrariedade a esta normalidade, uma alternativa capaz de desmantelá-la. Necessitamos usar esta posição para instigar rupturas, não só destas políticas de assimilação, mas do capitalismo em si mesmo.

Nossos corpos nasceram em conflito com a ordem social, temos que aprofundar este conflito e fazer com que se espalhe.

Devemos criar um espaço onde é possível desejar. Este espaço, obviamente, requer conflito com a ordem social. Para desejar, em uma sociedade estruturada para confinar o desejo, é uma tensão que vivemos diariamente.

Este terreno, que nasce na ruptura, deve desafiar a opressão em sua integridade. Isto significa a negação total ao mundo. Devemos nos voltar os corpos em rebeldia. Nós podemos apreender a fortaleza de nosso/as corpos em rebeldia para criar o espaço para nosso/as desejos. No desejo encontraremos o poder para destruir o que nos destrói. Temos que estar em conflito com o regime do normal.

Este artigo é uma tradução do panfleto "Towards the queerest insurrection” e o link está em:

http://zinelibrary.info/files/Queerest%20Final_0.pdf

Páginas que relatam a insurreição queer mundial:

http://bashbacknews.wordpress.com/

http://www.blackandpink.org/

http://www.qzap.org/

http://www.lespantheresroses.org/

fonte- agência de notícias anarquistas-ana

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Moimorias

Em uma antiga oficina, um alfaiate idoso, costura suas encomendas e tece um mundo próprio, no qual imaginação, trabalho e memória dançam juntas ao ritmo de uma antiga máquina de costura.


Simplesmente encantador. Visitem o site www.moimorias.com.br e conheçam melhor esse projeto. Fiquem de olho nas próximas apresentações. A memória é o re-fazer.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Curtas

*Tempos de resistir. Lamentável o ocorrido de dois dias atrás provocado pelo Estado Fascista-sionista de Israel. "Nós pedimos uma investigação independente e imediata sobre o ataque israelense à frota de barcos, responsabilizando os culpados. Pedimos também a remoção imediata do bloqueio a Gaza." Participe também, clique no link:
http://www.avaaz.org/po/gaza_flotilla/98.php?cl_taf_sign=60Q7EhtL

*E mais luta. O que quer que venha da rede globo não deveria surpreender aqueles que são um pouco mais críticos. Entretanto diante dos absurdos e dos modos de ler o mundo, as vezes temos que nos manifestar. Vejo como grupos históricamente oprimidos podem se tornar vilões. Debate sobre o sistema de cotas nas universidades vira prato cheio para quem não quer mudar nada. Enquanto pseudos especialistas como esse almofadinha do Demétrio Magnoli seguir opinando suas babozeiras, muito temos pela frente. Falta pouco para alguém dizer em publico que brancos estão sofrendo racismo. Assista o video do Jornal Nacional aqui.Sempre é bom dizer: cotas não são privilégios, são reparações.

*Atenção na mostra da Cinemateca! Filmes de Roman Polanski de 3 a 27 de junho grátis! Veja programação completa.

*Michel Temer vice da Dilma? Quero ver agora quem pode dizer que essa merda de política partidária e democracia representativa que vivemos hoje tem alguma legitimidade. Eu prefiro nem sair de casa para não passar mais raiva nesse dia. Em breve mais notas e textos sobre o que interessa nos modos de fazer política e alternativas para esse circo, onde os palhaços somos nós!

*E aí vai mais um pouco de utopia nesse vida: o Bar Saci não para! Idéias, pessoas, sons, lutas e sonhos, tudo ao mesmo tempo agora e no mesmo lugar.
http://barsaci.wordpress.com


Eu vou lá!