terça-feira, 30 de setembro de 2008

Vírgula

Vírgula pode ser uma pausa... ou não:

Não, espere.
Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro:

23,4.
2,34.

Pode ser autoritária:

Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.

Pode criar heróis:

Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

E vilões:

Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução:

Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião:

Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar:

Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER.
Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM.

retirado de Yan Kaô

Toca Raul! e as eleições estão aí...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

fragmentos do regresso.

caminhos que não terminam... para onde levam?
de lá do alto: atravessando o Atlântico...
e de algum lugar, chegando...
Rua Turiassú 1172 - Perdizes - São Paulo - fone: (11) 3673-0688

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Quando precisamos aprender mais uma vez


Existe algo interessante quando alguém se encontra distante de tudo que lhe é familiar. Estar longe dos sons, das palavras, dos gestos que lhe dizem tanto é uma aprendizagem bastante enriquecedora, apesar de muitas vezes dolorosa.
Existe uma cena do filme sobre o incrível músico Ray Charles que pode ajudar a entender isso melhor. Quando o pequeno Ray começa a desenvolver a patologia que irá deixa-lo cego pelo resto da vida, e precisa se adaptar aos novos modos e maneiras, que na verdade é tudo a sua volta, as coisas ficam bem difíceis. Por volta dos seus 5 ou 6 anos ele entra em casa e chama por sua mãe. Ele sempre ficava apenas na varanda da casa e não se arriscava muito para depois do portão. Enfim, um dia ele entra em sua casa e chama pela mãe que mesmo estando ali bem diante dele, não responde. Ela fica parada e não diz nada, nenhum sinal que esta por perto. A criança então se desespera e começa a gritar. Um choro desesperado que não encontra resposta alguma. A mãe permanece imóvel, mesmo com lágrimas nos olhos e o coração na boca, louca pra pular sobre seu filho e lhe oferecer todo acolhimento possível. Porém ela sabe que nem sempre vai estar por perto, que o quanto antes ele se virar, melhor. As vezes vai gritar e não haverá ninguém pra ajudá-lo. Essa cena é mesmo impressionante! Esse moleque tinha que ganhar um oscar por ela. Ele então se acalma e diminui o choro. Seu desespero dá lugar a única possibilidade: estender as mãos e explorar o mundo. Não importa o que está por vir, ele precisa seguir e continuar, conhecer, enfrentar. Não há ninguém para lhe dizer o que fazer. Ele tenta, e o mais incrível e bonito, ele consegue.
Por que estou contando essa cena em particular? Talvez porque muitas pessoas experimentam algo semelhante em suas vidas. Particularmente quando mudam de cidade, de um país, quem sabe de uma relação. Quando não restam lágrimas e seu coração parece sucumbir ao desespero, a única coisa que importa é estender os braços e dar mais um passo. Assim, como diz uma linda canção, toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar. Há momentos em que a Vida nos olha como essa mãe. Ela sofre com seu filho, mas o desafia, continua com um tipo de provocação e sempre acredita em sua capacidade. Depois que se vai, o retorno, se assim for, passa a ser apenas a metade do caminho.
foto by Kaxo

terça-feira, 23 de setembro de 2008

JORNADA DE DEBATES: EXISTE POLÍTICA ALÉM DO VOTO!


De 24 a 28 de setembro de 2008.

ENTRADA GRATUITA!

Em 2006, durante as eleições presidenciais, vários grupos anarquistas eantipartidários se organizaram na campanha “Existe Política Além doVoto”. Nessa época vários materiais forma produzidos por vários grupos emvários locais do país (manifestos, debates, panfletos, livros, vídeos,revistas, etc) e uma série de ações aconteceram (manifestações,panfletagens e etc). Agora, em 2008, a farsa eleitoral se repete e o Coletivo Anarquista Terra Livre em parceria com grupos como CMI, Ativismo ABC, CICAS, Espaço Ay Carmela!, Editora Index Librorum Prohibitorum e Espaço Impróprio realizam a JORNADA DE DEBATES : EXISTE POLÍTICA ALÉM DO VOTO! para discutir e problematizar as eleições municipais, a democracia, o Estado e outras formasde organização social, políticas e econômica. Todos estão convidados!
DEBATES SOBRE ELEIÇÕES APÓS EXIBIÇÃO DOS FILMES:

O Espetáculo Democrático de Guilherme César
Eleições, marqueteiros, ideologia, rede Globo, neo-liberalismo, angústia e Lula presidente: o espetáculo da democracia brasileira. A partir do registro da posse do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vídeo procura refletir a respeito dos últimos 15 anos de nossa história política. O "Brasil democrático" é discutido através de imagens de campanhas eleitorais, entrevistas com parte da velha e da nova burocracia estatal, marqueteiros e com brasileiros pertencentes a diferentes movimentos sociais. Qual é o desafio da sociedade brasileira frente ao primeiro governo supostamente de esquerda, popular e até socialista? Mais sobre o filme: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2004/03/275314.shtml*

Existe Política Além do Voto? de Cláudio Dias/ Juliano Gonçalves da Silva
Uma série de depoimentos de pessoas comuns sobre as eleições e os políticos. O filme busca responder uma dúvida existencial: será que tudo que existe é sagrado e não deve ser mudado ou revisto justamente por ter sido sempre assim ou pelo contrário tudo deve ser dito, rediscutido e desconstruído pra estruturação de uma melhor vida social coletiva? Os objetivos foram o de utilizar as novas técnicas da comunicação a favor da Anarquia, propiciando uma ferramenta de inserção social e um diálogo mais fluído com o povo. Além disso, a produção do documentário visava conformarmais um dos diversos materiais que coletivamente foi produzido nas ultimas eleições pelo Comitê Agora é Luta!, composto entre outros pelo grupo Rusga Libertária para a campanha: Não vote, Anule, Lute! Em Cuiabá/Mato Grosso. Mais sobre o filme: http://brasil.indymedia.org/eo/blue/2008/07/424169.shtml

ENTRADA GRATUITA!!!!

*DATAS e LOCAIS:*

24/09 : Quarta : Espaço Fluxus de Cultura - CANIL/ECA-USP (SP) : 19 horashttp://www.canilcultura.blogspot.com/Ao lado da ECA/USP, em frente ao CA, atrás dos Bancos na Cidade Universitária– USP no Butantã.*

25/09 : Quinta : Espaço Impróprio (SP) : 20 horashttp://www.improprio.org/Rua Dona Antonia de Queiroz, 40 – ConsolaçãoTravessa da Rua Augusta e Frei Caneca.Lanchonete vegan e bar abertos ao público.*

26/09 : Sexta : CICAS - Centro Independente de Cultura Alternativa e Social(SP) : 20 horashttp://www.projetocicas.blogspot.com/Pça. Padre João Penido Burnier, Edu Chaves/Vila Sabrina, São Paulo -SPEsquina com a Rua Carlos Calvo x Avenida do Poeta.Ponto de referência: Av. Mendes da Rocha [Jd. Brasil], Padaria Gaspar.Ônibus e lotações saindo dos Metrôs Tatuapé e Belém. Ônibus do Centro:2182/2181/1156Descer na Padaria Gaspar ou primeiro ponto da Av. Mendes da Rocha.Pipoca e suco grátis*

27/09 : Sábado : Espaço Ay Carmela! (SP) : 17 horasRua das Carmelitas, 140 – SéReferências: atrás do Poupatempo Sé e Travessa da Rua Tabatinguera.Descer no Metrô Sé (saída Poupatempo) caminhar pela Rua do Carmo dobrarprimeira rua à esquerda e primeira à direita.Jantar (contribuição voluntária): Caldo. Venda de comidas e bebidas.*

28/09 : Domingo : Casa da Lagartixa Preta - AtivismoABC (Santo André) : 14horashttp://www.fotolog.com/ativismoabcRua Alcides de Queirós, 161 – Casa Branca - Santo André - SPComo chegar? Siga pela rua da estação de trem de Santo André (rua QueirósdosSantos), vire à direita na Arthur de Queirós e depois à direita de novo naAlcides de Queirós.
SE VOCÊ OU SEU GRUPO TEM INTERESSE EM REALIZAR UM DEBATE COMO ESSE NO SEUESPAÇO, NO SEU BAIRRO OU NA SUA CIDADE, ENTRE EM CONTATO PELO EMAILmailto:EMAILindexeditora@yahoo.com.br
Abaixo pode-se ler o manifesto lançado em 2006 por diversos grupos libertários.

CHAMADO PARA A CAMPANHA PELO VOTO NULOEXISTE POLÍTICA ALÉM DO VOTO!

Pois é. Há pelo menos uns 150 anos tem gente avisando, mas ninguém acredita.Precisou toda uma suposta crise para a população perceber que esta idéia deeleger governantes que controlam nossas vidas, utilizando-se de nossos recursos(impostos), simplesmente não dá. “Em quem votar nas próximaseleições?”, é a pergunta que se passa pela cabeça de grande parte dosbrasileiros. Na verdade, segundo o IBGE, 90% da população já deixaram bemclaro que não confiam mais nos políticos.A explicitação da corrupção demonstra claramente que a democraciarepresentativa serve apenas para retirar toda a possibilidade de participaçãoda população na política, jogando-a nas mãos de uma elite que se sustentapor meio do roubo dos bens públicos. Você ainda confia na classe dospolíticos? Nós não.Precisamos dar uma resposta a tudo isso! Não mais apoiaremos essesespertalhões de plantão. O primeiro sinal dessa insatisfação será votarmosnulo nas próximas eleições e mostrarmos que essa alternativa não nos serveenquanto política. “Mas só isso?” – questionarão as pessoas. Claro quenão. Anular o voto é apenas o primeiro passo. Somente com a construção de políticas que vão muito além do voto é querejeitaremos, de fato, todo esse desrespeito que sofremos, votando nessespolíticos ao longo de décadas. Isso significa trazer a nós, novamente,aquilo que nos foi roubado pela classe dos políticos: o direito de tomardecisões sobre aquilo que nos afeta, o direito de decidir sobre nossospróprios assuntos! A política é determinante para decidir os rumos de umasociedade. Por que você confia a algum outro a tarefa de realizá-la?Votar nulo será apenas mostrarmos nossa insatisfação. Isso certamente nãobasta. E quando nos perguntarem: mas o que então vocês colocarão no lugar?Responderemos em alto e bom som: as assembléias de bairro, os conselhos, aautogestão! O trabalho que realizamos enquanto militantes no nosso cotidiano!Dar importância ao voto é reconhecer esse sistema falido e dar crédito aessa corja que está supostamente à frente da sociedade. Chamamos a todos quetenham afinidade com essa proposta para, junto conosco, dar corpo ao Movimentopelo Voto Nulo: EXISTE POLÍTICA ALÉM DO VOTO.

Coletivo Anarquista Terra Livrehttp://www.terralivre.org/Caixa Postal 195 – 01009-972 – São Paulo/SP

Federação Anarquista do Rio de Janeirohttp://farj.entodaspartes.org/Caixa Postal 14576 – 22412-970 – Rio de Janeiro/RJ

Coletivo Libertário Ativista Voluntariado de Estudoshttp://www.clave.cjb.net/Rua da Jangada 34 – Vila da Penha – Rio de Janeiro/RJ

Ativismo ABChttp://www.ativismoabc.cjb.net/Rua Alcides de Queirós, 161 – Casa Branca – Santo André/SP

Agência de Notícias Anarquistas (ANA) – Baixada SantistaE-mail: a_n_a@riseup.net

FeniksoNigra–Campinas/SP http://www.fenikso.rg3.nethttp://br.mc343.mail.yahoo.com/mc/compose?to=feniksonigra@yahoo.com.br

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

passos

Lei do Passante

Passante, quase enamorado,
nem livre nem prisioneiro
constantemente arrebatado,
-- fiel? saudoso? amante? alheio? --
a escutar o chamado,
o apelo do mundo inteiro,
nos contrastes de cada lado...

Chega?

Passante quase enamorado,
já divinamente afeito
a amar se ter de ser amado,
porque o tempo é traiçoeiro
e tudo lhe é tirado
repentinamente do peito,
malgrado seu querer, malgrado...

Passa?

Passante quase enamorado,
pelos campos do inverdadeiro,
onde o futuro é já passado...
-- Lúcido, calmo, satisfeito,
-- fiel? saudoso? amante? alheio? –
só de horizontes convidado...

Volta?


Cecília Meireles, Poemas Escritos na Índia, in Obra Poética - Volume Único, Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1987

Quem disse que nada muda?


Feira militar é cancelada por receio de “selvageria anarquista”.

O próximo 11 de novembro (dia em que é celebrado o 'Dia da Memória' das pessoas mortas na primeira guerra mundial), em Adelaide, Austrália, iria se realizar o APDSE (Asia Pacific Defence & Security Exhibition), uma grande feira internacional de exposição e venda de material bélico de defesa e segurança para a Ásia e o Pacifico. Calculava-se que seriam comercializados nesse evento mais de 1,4 trilhões de dólares em armamentos.

Esta feira é, praticamente, para a compra e venda de armas, e países como EUA, Inglaterra, França, África do Sul e outros, já tinham reservado uma quantidade ampla de cadeiras para o evento.

No momento que o 'governador' da Austrália do Sul, Kevin Foley, anunciou que, em Adelaide, seria realizada a exposição, ativistas contra a guerra começaram a planejar um dia de ação direta e atividades durante os três dias do evento, e a organizar, desde então, ativistas de todo o continente australiano para convergir a ele. A idéia era fazer um festival de paz entre 9 e 11 de novembro, para bloquear completamente esse evento militarista.

Sábado retrasado, 6 de setembro, num comunicado público, Kevin Foley anunciou que ia cancelar a feira. A razão, explicou, é de segurança, já que havia 'ameaças de violência' por parte de manifestantes contra o evento.

Os organizadores da APDSE afirmaram que a exposição estava sendo objetivo de manifestantes violentos e organizados, com um histórico de haver causado o fechamento de outras exposições de defesa e segurança (em 1991, quando uma exposição como esta foi projetada, protestos prévios acabaram em distúrbios muito violentos e que causaram seu cancelamento), e de participação em eventos internacionais (como os protestos contra o G20).

No comunicado público, o governador se referiu aos manifestantes como, 'anarquistas de vida pequena', dizendo que são só anarquistas que gostam de perturbar a 'sociedade civil', “perversos e perigosos para a sociedade”, “que querem uma sociedade num estado de anarquia, para seus prazeres perversos”, e “um monte mais de coisas que mostram sua incultura”, de “seres sem pudor”, “sem um pingo de credibilidade”.

Diante desta situação, ativistas australianos e anarquistas, queremos mostrar a nossa mais profunda alegria, porque alcançamos o fechamento desta exposição dos comerciantes da morte.

AnarCol

agência de notícias anarquistas-ana

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Sankofa

Sankofa significa: “nunca é tarde para voltar e apanhar aquilo que ficou atrás”, ou seja, olhar para o passado e entendê-lo para resignificar o presente. Uma palavra-conceito e um símbolo de origem Akan, tribo da África ocidental, de Gana e Costa do Marfim. Um conceito filosófico interessante e profundo permeia Sankofa, pois é oferecido um sentido de recuperação e valorização das referências ancestrais, nesse caso africana. Um retorno sem tempo e local determinados, mas ainda assim com um espaço (dentro e através de você) e com um momento ( sua compreensão e aceitação).

Mais um pouco sobre a diferença entre valor e preço

Continuamos com a missão fundamental de divulgar a boa música.
Veja então:

Música da minha gente
http://musicadaminhagente.blogspot.com/

Radiola Urbana
http://www.radiolaurbana.com.br/

Original Funk Music
http://originalfunkmusic.com/

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

sábado, 13 de setembro de 2008

Entendimento

"A hora de voltar para casa... Lembrei de uma conversa com o Fernão (meu filho) quando, logo depois de formado, ele ficou um ano morando em Londres; não lembro exatamente porque, mas lembro que falava a ele sobre o que acontece com as aranhas que se lançam para explorar o ambiente em que vivem; ao se lançar, elas deixam longos fios ligados a sua teia para conseguir voltar; não importa o quanto se afastem de sua "casa", nem quanto tempo fiquem afastados; o importante é que esses fios não sejam rompidos, garantindo um retorno tranquilo."
Antonio Ciampa

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A diferença entre valor e preço.

Compartilhar música não é crime! Apesar de muita gente não entender a proposta principal dos sites e blogs de compartilhamento de mp3 e afins, o mundo continua a girar e essa realidade veio para ficar, mesmo que alguns ainda façam cara feia. Crime, segundo o código penal e a lei de direitos autorais, é comercializar obra alhei sem repassar parte disso para aqueles que detêm o direito de reprodução pública. Para entender melhor: compartilhar é diferente de comercializar. Baixar a música que você tanto gosto, ou que não encontra mais nas lojas facilmente por aí, não é pirataria, roubo, imoralidade ou qualquer coisa parecida. Os blogs de compartilhamento de música no mundo virtual são uma forma nova de uma prática antiga. São como amigos que emprestam o material adquirido uns para outros, a diferença aqui é que as pessoas, na sua grande maioria não se conhecem, mas possuem o prazer pela música em comum. Sacanagem por exemplo, é o fulano comercializar a produção de uma banda independente, que tá na correria com seu trabalho, que inclusive na maioria das vezes apoiam totalmente tais iniciativas, e não falar para os verdadeiros artistas que tá vendendo o material deles. E acreditem, isso acontece! Mas desde que a coisa seja feita, como disse antes, como se fosse entre amigos e amantes da boa música, porque não? Muita coisa legal que escutei nos últimos anos vieram parar nas minhas mãos e ouvidos exatamente assim. Gente que disponibiliza o que tem sem ganhar nada material em troca ou bandas que encontraram na internet um bom jeito de divulgar o próprio trabalho. Muita gente já entendeu que músico ganha dinheiro mesmo é com show, não com cd. Cd por 30, 40 ou 50 reais? Vai sonhando que isso fica com os músicos... Claro que a produção disso leva tempo e dinheiro, mas sejamos francos, como justificar um valor desse? Uma outra proposta é que as pessoas podem conhecer o material antes de comprar, e isso acaba criando outra relação entre artistas e público, muda o foco dos dois lados da moeda. Afinal, quem aprecia e respeita o trabalho artístico vai valorizar e acabar comprando o original. Qual forma melhor de incentivar que essa? Só indo no show mesmo! E ter a arte do encarte nas mãos é um outro prazer.
Escutar o que você gosta grátis? Não têm preço!
Aqui vão blogs que estão repletos de preciosidades para todos os apetites nacionais e internacionais. Com o tempo vou divulgando outros links. Divirta-se! Compartilhe! Divulgue!

Eu Ovo
http://euovo.blogspot.com/

All Tribes
http://alltribes.blogspot.com/

Batuque brasileiro
http://batuquebrasileiro.blogspot.com/

Feijão tropeiro
http://feijaotropeiro.blogspot.com/

ps- minha sugestão só para fechar a questão. Passei muito tempo tentando encontrar algumas coisas de um dos melhores músicos do mundo, que foi o gênio Fela Kuti. E graças ao divino espírito santo protetor da boa música, encontrei não apenas o que estava buscando num dos blogs aí de cima, mas outras tantas que nem sabia que existiam!
Não conhece ainda? Tudo bem, as coisas podem se arrumar. Escute esse homem e seja muito mais feliz!
http://euovo.blogspot.com/2007/08/aquele-que-carrega-morte-no-bolso.html

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

"Que a água seja refrescante.
Que o caminho seja suave.
Que a casa seja hospitaleira.
Que o Mensageiro conduza em paz nossa Palavra."

Benção Yoruba

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Coisas que dão certo!

O Café Bar Saci é um empreendimento econômico solidário que organiza o trabalho pela auto-gestão, onde as hierarquias são substituídas pela solidariedade, pelo trabalho coletivo emancipado e pelo resgate mútuo entre os trabalhadores (as).

Um projeto da Associação Vida em Ação, um organização não-governamental fundada dentro do campo do Movimento Antimanicomial e que tem como área de atuação a viabilização e potencialização de projetos de inclusão social através do trabalho com pessoas em situação de vulnerabilidade devido ao sofrimento mental.

Digo apenas que vale muito a pena conhecer! O pessoal é mesmo encantador e a proposta dispensa qualquer comentário, ela é no mínimo fundamental. Um trabalho que vem sendo feito há anos, que já rendeu muitos bons frutos, mas que contou e conta com a persistência, sinceridade e dedicação de várias pessoas. Prova viva que as coisas acontecem se acreditarmos. Vida longa ao Bar Saci!Veja mais em http://www.obarsaci.blogspot.com/

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Partidas

Nunca é tarde para falar de pessoas que certamente faram falta para a cultura, a arte e o pensamento crítico brasileiro. Passaram-se alguns dias, mas fica aqui meu muito obrigado por tudo que fizeram. Cada um a seu modo, mas imprescindíveis para uma vida melhor , para inspiração e para um mundo mais bonito.


No dia 1º de setembro partiu um dos mestres do movimento pernambucano Mangue Beat. Mestre Salustiano morreu aos 62 anos, de arritmia cardíaca, provocada pela doença de chagas. No legado deixado pelo mestre, além dos quatro discos gravados "Sonho da Rabeca", "As Três Gerações", "Cavalo-marinho", e "Mestre Salu E A Sua Rabeca Encantada", ele deixa o legado de ter introduzido a cultura da Zona da Mata no resto do país e sua luta pela perpetuação de ritmos como maracatu, ciranda e caboclinho.

No dia 5 de setembro foi a vez do jornalista e escritor Fausto Wolff. Dispensa maiores apresentações. Lembra de O Pasquim? Então, o homem estava lá criando a coisa. Escrevia regularmente no Jornal do Brasil, até que mudou um pouco o rítmo nos ultimos anos quando foi vítima de um acidente vascular cerebral. Sincero, irreverente e muito bem humorado fez história e encantou. Seu trabalho sempre foi admirável e um exemplo de bom jornalismo. Reproduzo aqui a última crônica de seu autoria publicada no JB:


À sombra do medo em flor

Já escrevi em algum lugar que, enquanto não nos revoltarmos contra o conceito de democracia que considera sagrado o direito de uma minoria escravizar o resto, jamais chegaremos à condição de seres humanos. Seremos sempre caricaturas, títeres perdidos na ventania, sempre com cara de ?desculpe, não era bem isso que eu queria dizer?.

Enquanto não se der a revolução da humanidade contra a tirania, enquanto deixarmos que nos humilhem para que possamos continuar vivendo, teremos de suportar algumas imperfeições, certos espinhos colocados em nossos sapatos ainda na infância que não podemos ou não queremos tirar.

Uma dessas imperfeições é a constatação de que, à medida que envelhecemos, vamos nos tornando mais medrosos. Quando deveria acontecer o contrário: à medida que envelhece, o homem deveria tornar-se mais corajoso, porque mais sábio, mais justo, mais conhecedor dos seus deveres e direitos.

Quando eu tinha pouco mais de 20 anos, todos os dentes e era um sujeito bonito, era também dado a papagaiadas. Certa vez, ainda noivo (havia noivados e até virgens naquela época), estava no falecido Bar Castelinho, tomando um chope com minha futura mulher, quando um dos donos de uma revista para a qual eu escrevia sentou-se à nossa mesa e se comportou de forma grosseira.

Gentilmente, mandei que se retirasse, pois já tinha de aturá-lo o dia inteiro e não pretendia fazer isso quando estava namorando. Fui despedido no dia seguinte. Na hora, a sensação foi boa, mas eu era muito jovem para perceber que os rateios estavam contra mim.

Outra imperfeição: ser burro, viver e conhecer o mínimo do seu potencial energético interior e, além disso, ter de suportar a consciência da sua mortalidade. Algumas pessoas percebem isso, mas, como são ignorantes, aceitam o princípio nada otimista de que a vida é um absurdo porque acaba na morte e, como dizia Camus, o homem vive e não é feliz. Essa constatação é tão angustiante que, sem uma garrafa ao alcance da mão, é difícil resistir à tentação de não dar um tiro na têmpora.

Hoje em dia, em pleno século 21, a grande maioria de escravos aceita essa condição fingindo não saber dela, fingindo que a vida é assim mesmo. Uns entram com o pé e os outros com o popô, uns com o pescoço e os outros com a foice. Excetuando os psicopatas que, aparentemente, já nascem tortos, alguns poucos escravos se rebelam e saem fazendo bobagens: roubando, assaltando, matando, estuprando.

Quando isso acontece, todos ficam com cara de tacho, fingindo que não têm nada a ver com o peixe. Em seguida, os políticos pedem ?responsabilidade criminal aos 16 anos?. Logo, pedirão responsabilidade aos 15, 14 e cosi via. Cosi via significa que aumentará o número de crianças assassinadas ao nascer; aceitação literal da loucura religiosa de que o homem já nasce pecador. Claro que essa lei só valerá para crianças pobres.

Sou contra a pena de morte, mas, como a tragédia, mesmo quando coletiva, é sempre individual, o que eu faria se matassem alguém indispensável à minha vida? E se alguém tirasse a vida de uma pessoa e, ao fazer isso, me deixasse aleijado interiormente pelos anos que me restam?

Como não acredito na Justiça e também não acredito que podemos julgar oficialmente os efeitos sem punir as causas, eu simplesmente mataria o assassino. E o faria pessoalmente, com as minhas mãos.

Em seguida, cidadão exemplar que sou, me entregaria ao juiz. Não teria resolvido nada, mas como sou humano em estágio ainda bárbaro, pelo menos isso atenuaria um pouco a minha dor.

Como vejo a coisa hoje? Dêem a chefia da portaria de um edifício ao mais dócil dos empregados e logo ele se tornará um tirano para agradar ao poder imediatamente acima dele.

O poder ama a si mesmo e aos poderosos. É tão implacável na sua injustiça que consegue convencer mais de 100 milhões de brasileiros adultos de que devem escolher entre o algoz da esquerda e o da direita. E nada acontece.

Mobilização e contestação na terra do Tio Sam ou um pouco do perigo de viver em uma falsa democracia

Convenções presidenciais estadunidenses terminam com centenas de prisões e casos de tortura

Pessoas desaparecidas, humilhadas, torturadas e presas na maior operação policial realizada nos Estados Unidos desde a “Batalha de Seattle”, em dezembro de 1999. Anarquistas foram os alvos principais da repressão do Estado.

A Convenção Republicana, em St. Paul (Minnesota), acabou dias atrás e registrou o dobro de prisões de manifestantes que durante os quatro dias da Convenção Democrata, na semana passada.

Calcula-se que, somando as duas convenções, cerca de 1000 ativistas foram presos, só no último dia da Convenção Republicana, durante uma marcha anti-guerra, 400 pessoas foram detidas, a maioria jovens anarquistas.

Segundo relatos, durante os dias da Convenção Republicana, que concentrou os maiores protestos, desde pacíficos à intensos, pessoas desapareceram, foram humilhadas e sofreram sessões de tortura, sendo espancadas com pedaços de madeira, chutadas e sofrendo todo tipo de tormento psicológico em distritos policiais e nos “becos escuros” das ruas de St. Paul.

Há relatos também de casas de anarquistas invadidas por policiais sem identificação, em busca de material “criminoso”, tais como folhetos, livros, revistas...

Alguns anarquistas foram acusados de conspiração, enquadrados na Lei Patriota (Patriot Act) contra o terrorismo, criada por George W. Bush, e podem ser condenados a pegar até oito anos de prisão.

A Convenção Republicana contou com o contingente policial de 3.700 homens, inclusive do FBI, fortemente armados, com cassetetes de madeira, bombas de efeito moral, spray de gás-pimenta, laser e outros utensílios. Vindos de diversas partes dos Estados Unidos, como Texas, Arizona, Nova Iorque, Flórida e Califórnia.

Antes de começarem as manifestações, grupos de policiais à paisana, se infiltraram nas concentrações e tiraram fotografias e vídeos dos ativistas.

agência de notícias anarquistas-ana

sábado, 6 de setembro de 2008

Boa música nossa de cada dia.


NOMO Live session from Svetlana legetic on Vimeo.

Ikura dessu ka.

O que pega de verdade aqui do outro lado do mundo, é que a maioria das coisas que você faz pra sobreviver acabam te exigindo muito mais que sangue e suor. Como a maioria dos imigrantes brasileiros vão parar nas fábricas, o que acabam querendo de você alí é, nada mais nada menos, que a sua alma. E no meio disso tudo, uma vez mais a economia necessária para juntar dinheiro e partir. Mas ninguém é de ferro! Tá pensando que rola a cervejinha no buteco do Joaquim depois do trampo? Que o churrasquinho de fim de semana tá garantido? Complido isso, complicado. Você precisa fazer algumas escolhas antes de seguir com isso. Mas antes de falar do que interessa, cerveja, uma pequena reflexão.

Na minha opinião, isso cria tantos problemas, com as consequências de uma vida voltada apenas ao trabalho, com comprometimento da sociabilidade e do lazer, podendo isso ser no mínimo algo bem triste. Não posso imaginar a quantidade de gente adoecendo fisica e psicologicamente por aqui. O uso de drogas é também bastante elevado. Quadros de depressão idem e você percebe facilmente isso numa conversa de 10 minutos. Conheci jovens com menos de 25 anos que precisam beber todos os dias para dormir. Outros que apelam para o “cristal” (um tipo de estimulante a base de quetamina muito parecido com o ribiti utilizado por alguns caminhoneiros brasileiros para ficarem acordados) num esforço de se manterem inteiros numa jornada de 24 horas de trabalho. Já conheci gente que fez 36 horas de trabalho direto! Normal encontrar gente que trabalha 29 dias por mês.

Mas isso tudo apenas para dizer um pouco mais como a vida por aqui pode ser dura e cara, e uma vez mais, contribuir para a desmistificação de que viver em um país onde a economia é supostamente mais consolidada, a vida é mais facíl.

E como falei antes, ninguém é de ferro. Vai uma cervejinha aí?

Geralmente os bares oferecem uns 3 tipos de cerveja japonesa, além da famosa nama biru, que nada mais é que um chop, e as vezes um ou dois tipos importadas. Se é um bar mais moderninho e descolado, temos o dobro de escolhas da gelada. Na verdade nem sei se dá pra falar isso aqui, porque para quem está acostumado a beber a loirinha próximo a 0ºC, a ponto de congelar, acaba tendo uma certa limitação e frustração. A cerveja nunca é servida assim, e para o gosto brasileiro, muitas vezes ela esta quente.

A cerveja japonesa, que vem numa garrafa de 600ml custa em torno de 500 yens, algo próximo a 4,70 dólares. A caneca do chopp, com 450 ml uns 550 yens, que vale uns 5 dólares. Já as importadas, sempre long neck, custam uns 650 yens, perto de 6 dólares. Quanto você acha que precisa para sentar num bar e beber sem se preocupar com a conta? Meia dúzia de “chopp sem pastel” (uma quantidade razoável para algumas horas com os amigos, não?) te custam uns 3.000 yens, algo em torno de 27 dólares. Apesar do preço é uma boa cerveja. Geralmente mais amarga e incorpada que a maioria das cervejas brasileiras. Existe também uma variedade grande de algo que estaria entre a cerveja e o chopp. Muito mais barata que a cerveja convencional, mas com uma qualidade bem inferior. São populares pelo preço e fáceis de encontrar, principalmente nas lojas de conveniência, ótimo para quem está voltando pra casa, quer tomar mais uma, mas tem pouco dinheiro no bolso.

Bom, pelo que me lembro, com essa mesma quantia de dinheiro no Brasil, tomava um porre homérico para ficar de ressaca uns 3 dias! E por favor não me venham falar dos bares da Vila Olímpia ou mesmo alguns da Vila Madalena em são Paulo, que aí tudo muda de figura. Tô falando das escolhas nos butecos do centro, da República, da Zona Norte, da Barra Funda, lugares por onde andava e bebia sem muita preocupação com a conta. Os preços que descrevi aqui no Japão são sempre esses e mudam muito pouco de um lugar para o outro.

E quando vierem para os lados da terra do sol nascente, diga apenas “Biru onegaishimasu!” = “Uma cerveja, por favor!”, no resto tudo se dá um jeito. E diga também “Kampai!”, nunca tim-tim, porque é assim que eles chamam o orgão sexual masculino e isso pode criar um pequeno constrangimento para os anfitriões japoneses. Ou diga, só pra ver a cara do povo e tirar um sarro disso depois... inté!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Dia mundial sem carro!


No próximo dia 22 de Setembro, milhares de cidades ao redor do planeta participam da jornada de reflexão sobre o uso do automóvel.

O Dia Sem Carro de 2008 cai em uma segunda-feira e, no Brasil, em ano eleitoral. Uma combinação interessante, já que na terra brasilis segue vigorando a Carrocracia, ou ditadura do automóvel.

Menos de um terço da população paulistana possui automóveis. Mesmo com o sensível agravamento dos impactos causados pelo excesso de automóveis em nossas cidades, é difícil encontrar um governante que tope “comprar briga” com a minoria motorizada o Deus Carro, restringir a circulação de motores durante um dia ou ao menos dizer que o automóvel e seu uso excessivo são problemas graves (preferem dizer que é o trânsito, o ar seco, a chuva, os caminhões…).

A programação do Mês Sem Carro começa nesta sexta-feira (05): é a Bicicletada Toda Sexta de Setembro. Como sempre, a concentração acontece a partir das 18h e o pedal começa às 20h.Seguindo a tradição, em 22 de Setembro acontecerá uma grande massa crítica pelas ruas da cidade.Mostras de vídeos, vagas vivas, desafio intermodal, pedaladas, bicicletadas e outras atividades lúdico-educativas irão marcar o mês que comemora o início da primavera.
No domingo (07), o Pedal Cultural no espírito de Mário de Andrade comemora a cidade e a mobilidade independente da queima de combustíveis.

O Pedal Cultural tem saída pontual às 9h da manhã, da Praça do Ciclista.

Setembro é mês de resgatar a cidade e devolvê-la às pessoas. Participe!

-retirado de http://apocalipsemotorizado.net/

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Imperdível! Adquira já o seu.

DVD Existe Política Além do Voto?

O período de alienação e propaganda eleitoral para a escolha de prefeitos e vereadores em todo o Brasil já começou. Programas, slogans e discursos já estão sendo bombardeados em todo o País oferecendo o “paraíso”. Vote X e terá transporte gratuito. Vote Y e terá saúde. Vote W e os impostos diminuirão. Etc. Etc. Etc. O/as anarquistas recusam-se a fornecer tais cantinelas, a cair no mero jogo de palavras, do charlatanismo político. Além de uma desonestidade, ele/as acreditam que ninguém tem a solução na manga para resolver todos os problemas da sociedade. No documentário Existe Política Além do Voto?, os autores nos chamam à reflexão crítica sobre o estrume eleitoral. A ANA teve uma conversa rápida com um dos realizadores do vídeo. Leia a seguir.


Agência de Notícias Anarquistas > Sobre o vídeo de vocês "Existe Política Além do Voto?", falem um pouco a respeito, do que se trata, quais os objetivos de produzi-lo...

Juliano Gonçalves da Silva < O Existe Política Além do Voto? busca responder uma dúvida existencial: será que tudo que existe é sagrado e não deve ser mudado ou revisto justamente por ter sido sempre assim ou pelo contrário tudo deve ser dito, rediscutido e desconstruído pra estruturação de uma melhor vida social coletiva? Os objetivos foram o de utilizar as novas técnicas da comunicação a favor da Anarquia, propiciando uma ferramenta de inserção social e um diálogo mais fluído com o povo, na medida em que grande parte da população brasileira é analfabeta, e por outro lado tem uma alfabetização visual (graças até a rede Bobo e seu padrão de "qualidade") e cultura oral de ampla tradição. Além disso, a produção do documentário visava conformar mais um dos diversos materiais que coletivamente produzimos nas ultimas eleições pelo Comitê Agora é Luta!, composto entre outros pelo grupo Rusga Libertária para a campanha: Não vote, Anule, Lute! Que incluía panfletos, cartazes, pixações-graffitagem, artigos em jornais, debates, camisetas e santinhos em Cuiabá/Mato Grosso.

ANA > E o que motivou vocês a fazerem o vídeo?

Juliano < A visão de que arte tem uma função na sociedade e que esta pode ser inclusive a de questionar os elementos sagrados da própria sociedade. Eu particularmente estava com o lema de uma idéia na cabeça e uma câmera na mão, além do compromisso e engajamento do cinema com a transformação da sociedade. Isto junto com o a crítica a institucionalização estatal cinemanovista no Brasil e os elementos sarcásticos e anárquicos do cinema marginal cujo lema é se não pode mudar, então vamos avacalhar. Cabe ressaltar que fazer cinema no Brasil é algo muito difícil e fazer cinema sem dinheiro público e autonomamente então nem se diga. Os grupinhos que ficam atrás da grana pública são muito fechados e mancomunados com os poderes e poderosos. Ainda não temos uma filmografia anarquista constituída no Brasil, que me venha à cabeça temos os já clássicos: Os Libertários do Eduardo Escorel, O Pão Negro e Os episódios da Colônia Cecília, além de documentários sociais recentes, diferentemente do cinema mundial como já foi sistematizado no excepcional livro ainda inédito em português: Cine e Anarquismo – La utopia anarquista en imágenes, de Richard Porton.

ANA > Quanto tempo levou para produzir o vídeo? É um vídeo no estilo "faça você mesmo"?

Juliano < Pra fazer o filme foi jogo rápido, creio que um mês, sob a pressão da campanha que tocávamos paralelamente com diversos compas. Sim, façamos nós mesmos coletivamente, queríamos desconstruir a idéia autoral tradicional e a ilusão da montagem, diminuindo a quase zero efeitos e trucagens, por isso só usamos cortes secos. O exemplo da produção coletiva dos filiados ao Sindicato de Cinema ligado a CNT da Espanha, que recentemente circulou o Brasil (que, aliás, tá na mão pra disseminarmos), da Mostra de Cinema Anarquista produzido durante a Guerra Civil Espanhola nos guiou. E as brincadeiras que fizemos no filme como a dessincronização (a lá Tri-min-há) entre sons e imagens denunciam este engodo. Enfim, já basta de cortes molhados melodramáticos e do domínio da edição nos filmes, lembremos que existe cinema também além de Róliiude e nós fazemos o melhor cinema brasileiro do mundo.

ANA > Alguma curiosidade ou dificuldade enfrentada ao fazê-lo?

Juliano < A desconfiança de dar depoimentos discordantes que vão contra o consenso fabricado como diria Chomsky é hoje cada vez maior, a câmera intimida mais que aproxima, o medo reina na sociedade, mas em finais de 2006 a roubalheira e a indignação era tanta que conseguimos registrá-la no filme. Isso dificulta a integração antagonista, mas é um reflexo da apatia generalizada da sociedade. Há momentos do filme em que nos deparamos com a precariedade como no microfone que tem que ser operado pelo entrevistador, ao mesmo tempo, que faz as perguntas e tem que estar quase dentro do entrevistado em função da inexistência de boom direcional, o que nos obrigou a sermos criativos pra superar a nossa precariedade e tirar o melhor proveito dela. Mas esta é a nossa condição de latino-americano e da miséria das condições técnicas, tirar leite de pedras tem sido a nossa contribuição ao cinema mundial, vide a "estética da fome" e mais recentemente "a cosmética da miséria", assim as dificuldades desta ordem não são a exceção e sim a regra.

ANA > Como as pessoas podem conseguir uma cópia do DVD?

Juliano < Mandando uma mensagem pro agoraeluta@yahoo.com.br ou carta pra Caixa Postal 10062, Cep 88062-970, Yjureré Mirim/SC, com dois reais camuflados (coloquem dentro de um papel carbono), que cubra os custos do DVD e do envio postal. Foda-se a propriedade intelectual, é mais um roubo como diria Proudhon, talvez tenhamos problemas com a Ancine e a Programadora Brasil. (risos) Mas acreditamos que os filmes existem para serem vistos. Creio que o Existe... é um bom ponto de partida pra reunir os amigo/as, vizinho/as e conhecido/as da comunidade e discutir o que fazer frente a mais este circo eleitoral que se aproxima. Assim podemos coletivamente desmascarar esta farsa que ganham os de sempre a partir da fala do próprio Ceará no vídeo: "pra se vencer uma eleição só é preciso duas coisas, muito dinheiro e muita mentira". E finalmente tomar-nos nosso destinos em nossas mãos, como mostram outros exemplos pelo mundo. Mais recentes como a Outra Campanha e a Comuna de Oaxaca no México, o movimento popular argentino "Fora todos que não reste nem um só", a mobilização Boliviana pela água-gás ou menos recentes como as coletivizações na Espanha, os marinheiros em Kronstant , Makno e a Golai Polei, as Comunas de Paris e as barricadas do desejo do 68, e tantas outras experiências de autogestão social com democracia direta. Que evidenciam a ineficácia, ineficiência e incompletude dessa dita democracia que estamos vivendo.

ANA > Quer acrescentar mais alguma coisa?

Juliano < Gostaria de me solidarizar publicamente com você Moésio que tem sido ameaçado pelo essencial trabalho com o coletivo da ANA, por esta corja de ditas autoridades institucionais e seus asseclas na Prefeitura de Cubatão, representando um dos braços do Estado dito de "direito", que não se lembra do direito essencial de liberdade de expressão que o sustenta. Apoio Mútuo e Solidariedade Ativa serão sempre marcas libertárias, garantiram e garantem a nossa existência social por isso: Paz entre nós e guerra aos Senhores! E o melhor protesto que podemos dar a esse Estado é a nossa resposta nas urnas. Felizmente estamos voltando a um tempo em que as idéias tornam-se perigosas. Cabe ressaltar que ultimamente muitas outras esferas dos aparelhos do Estado tem se dedicado a perseguir as idéias libertárias e seus difusores. E se está incomodando é por que tem sido eficiente, conjuntamente aos esforços de outros grupos e individualidades libertárias, autônomos e de contra-informação antagonistas com seus trabalhos em diferentes campos nos têm permitido ver além... do que o capital nos quer obrigar a ver. E lembrando Jean-Luc Godard, para mim um grande anarquista da linguagem cinematográfica, no seu Histórias do Cinema, diz que a natureza é superior a arte, que o lugar de toda criação é o homem (não nenhum partido ou classe social) e que o homem (um criador criado) tem em seu próprio coração lugares que não existem... Juntando a Durruti que diz que nós, anarquistas, trazemos um mundo novo em nossos corações e ele vem crescendo... Só posso desejar à todo/as: Luz, Câmera... Anarquia! Avante o/as que lutam! E um grande AXÉ!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Quanto custa?

Esses dias me deparei uma vez mais com uma situação bastante comum para quem vive fora do Brasil e está em um algum país chamado de primeiro mundo. Uma boa parte das pessoas no Brasil sempre pensa que nesses países todo mundo ganha um monte de dinheiro e que estão todos muito bem obrigado. O que aconteceu se passou com uma amiga japonesa que teve que escutar algo como: “mas você é japonesa e vive no Japão. Claro que ganha bem e tá cheia de dinheiro!”. As primeiras vezes que escutei isso, se passou com amigos estadunidenses que foram para o Brasil e todo momento precisavam lidar com a falta de grana (estamos falando de ativistas e trabalhadores sociais e não de turistas que vão viajar para algum lugar "exótico") e a expectativa das pessoas que pensam que por eles serem gringos com certeza estão com muito dinheiro, mas...
Assim, vamos aos fatos. Primeiro que não se ganha tão bem como se pensa. Claro que para um profissional liberal com determinada qualificação há mais chances de se encaixar nessa idéia, mas essa não é a condição da maioria das pessoas. Segundo, que se você não tem essa qualificação, como é o caso de minha amiga e da maioria dos imigrantes, para se ganhar um pouco mais é necessário trabalhar um mínimo de 12 horas diárias por 6 dias na semana em alguma linha de produção de fábrica ou outro trabalho braçal. Aqui no Japão (isso depende também se falamos de homens ou mulheres, porque existe uma diferença de uns 25% de um salário para outro, mesmo que o trabalho seja o mesmo, então vamos considerar que esses valores aqui sejam baixos para um homem e alto para uma mulher) a média salarial se você enfrenta essa condição de trabalho pode receber uns 300.000 yens, algo em torno de 2.500 dólares por mês. Quando o trabalho é feito nas normais 8 horas diárias, numa média de 40 horas semanas – como deveria ser pra maioria, mas que aqui não rola nem a pau! – isso dificilmente passa de 170.000 yens, em torno de 1.500 dólares. E aí é que começa a confusão na cabeça de quem não vive por aqui.
As pessoas olham para o que se ganha, imaginam esse dinheiro para a relidade brasileira, mas são incapazes de ver o que se gasta aqui e o custo de vida. Então hoje resolvi falar sobre isso e dei um pulinho no supermercado mais perto da minha casa e que é considerado um dos mais baratos na região. E gostaria de compartilhar isso com vocês. Penso que com a comida temos um bom exemplo para saber como é parte dos gastos do cidadão comum na segunda maior economia do mundo. Escolhi algumas coisas aleatoriamente, e outras nem tanto, para que vejam como a gente vive por aqui. Aí vai:

Uma laranja = 88 yens que é + ou – 1 dólar
Um abacaxi = 298 yens que é + ou – 3 dólares
Um kiwi = 78 yens que é quase 1 dólar
Uma maça = 128 yens que é + ou - 1,50 dólar
Um pimentão = 198 yens que é + ou – 2 dólares
Dois pessegos = 398 yens que é + ou – 4 dólares
Duas peras = também 398 yens ou 4 dólares
Bandeja com 5 figos = também 398 yens
Um pacote de pão de forma com 6 fatias = o mais barato 198 yens que é uns 2 dólares e o mais caro 228 yens que é uns 2,50 dólares.
Obs: repare nas etiquetas coladas nos pacotes. Quando a validade se aproxima de vencer o preço abaixa.
E agora um dos meus prediletos!
Um melão, dos mais barato = 588 yens, que é uns 6 dólaresUm melão, dos mais caro = 1580 yens, que é + ou – 16 dólares!

Já vi melão nesse mesmo supermercado de 10.000 yens, algo como 100 dólares! As vezes a melância também custa isso. Em Tokyo já encontrei uma cesta de frutas, com uma de cada que lhes mostrei aqui, que custava 50.000yens! Algo perto de 500 dólares. Maluco, não? Acho que se eu mesmo não encontrasse isso não teria acreditado. Algumas frutas aqui, dependendo da época, do tamanho, da colheita, passam a ser artigos de luxo, um presente especial para alguém que você gosta muito ou tem muita gratidão.
E talvez você pense que são frutas bem saborosas, com um gosto único, certo? Errado! Como o Japão não produz quase nada dessas coisas aqui, as frutas passam por um processo artificial de amadurecimento. São colhidas verdes em algum país da Ásia, ou América Latina, e já dentro dos navios começam a receber vários produtos para conservar sua aparência, mas quanto ao sabor...
Até hoje quase não encontrei lugares que façam suco natural, direto da fruta. Uma das raras vezes que encontrei isso não tive coragem de comprar nem um copo de 300ml de suco de laranja. Sabe quanto? 450 yens, uns 5 dólares. Nos estabelecimentos comerciais, seja restaurante, um café, uma lanchonete, o suco natural é uma coisa que não existe. Tudo é de caixinha, pausterizado ou uma mistura de algum concentrado.
Por essas e outras a vida por aqui é bem dispendiosa e para fazer uma grana e voltar pra casa é necessário abrir mão de várias coisas nesse sentido. Bom, depois se houver tempo conto mais sobre essas diferenças.