sexta-feira, 30 de maio de 2008

chegou!

êlaiá! Fim de semana! E penso que é assim na maioria dos lugares do mundo. Cores, sons e sabores se transformam para anunciar o dia sagrado de descanso. Bom, não para todo mundo, mas para um bocado de gente... então aproveitem meus caros e minhas queridas!
e comportem-se... mas não tanto.
"Meus caros irmãos e irmãs, por muito tempo acreditei que Deus era a Verdade. Mas hoje eu sei, que a Verdade é Deus."
Mohandas Gandhi

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Luta antimanicomial em luto!

Por meio deste informamos a sentida morte de Austregésilo Carrano Bueno, na tarde de terça-feira (27/05), aos 51 anos, no Hospital das Clínicas, na Zona Oeste de São Paulo.
O enterro será em Curitiba, mas em São Paulo será prestada uma homenagem neste sábado (31/05), às 16hs, na Praça Benedito Calixto - em Pinheiros, entre as ruas Cardeal Arcoverde e Teodoro Sampaio.
Conheci Carrano assim que comecei a participar do Fórum Paulista da Luta Antimanicomial. Coincidia com o lançamento do filme Bicho de Sete Cabeças e era no mesmo ano que a Organização Mundial de Saúde decretava o ano de 2001 como o ano da saúde mental em todo mundo.
Carrano era do tipo espalhafatoso, muito sincero, articulado e irreverente, meio "xavequeiro", que falava alto e gesticulava como um Doido - sim, com D maiúsculo.
Seu livro Canto dos Malditos foi inspirador e uma verdadeira ferramenta de luta. Tive o prazer de participar de muitos debates ao seu lado e ver como se entusiasmava e defendia suas colocações com paixão. Para alguns, ele as vezes se excedia. Talvez, não sei.
O que eu mais gostava nele era sua sinceridade. Nunca deixou de dar nome aos bois. Enquanto Deus e o mundo defendia a política da boa vizinhança, as vezes até tentando "uns panos quentes", outros até uma certa politicagem, lá vinha o Carrano para detonar tudo e todos. É tanto verdade, que isso lhe rendeu vários processos, a começar pelo seu livro, onde não mudou uma linha, não inventou um nome que seja, nenhuma alteração para escapar de seus carrascos e arcou amargamente com as conseguências.
Era uma pessoa comprometida e só isso já vale todo respeito.
Agradeço pelo privilégio de ter lhe conhecido.

Boa sorte meu caro!


A reunião do Fórum Paulista da Luta Antimanicomial acontece mensalmente no Centro Cultural Popular da Consolação - Rua da Consolação, 1901.
http://antimaniconial.blogspot.com/

quarta-feira, 28 de maio de 2008

"Aqueles que estão contra o fascismo sem estar contra o capitalismo, que choramingam sobre a barbárie causada pela barbárie, assemelham-se as pessoas que querem receber sua fatia de assado de vitela, mas não querem que se mate a vitela. Querem comer vitela, mas não querem ver sangue. Para ficarem contentes, basta que o magarefe lave as mãos antes de servir a carne. Não são contra as relações de propriedade que produzem a barbárie, mas são contra a barbárie."
Brecht

terça-feira, 27 de maio de 2008

meus sapatos

São passos tranquilos e não tão largos. Assim poderia tentar descrever parte da sensação de se encontrar tantos lugares e pessoas distintas. Apesar do medo e da relutância em alguns momentos, vale a pena, e é melhor ainda quando vamos conhecendo a maneira de ver o mundo pelos olhos de outra gente. Fui apresentado a Felix Leclerc por uma outra pessoa meio sem querer. O distinto homem a quem me refiro, na verdade já faleceu. Canadense e orgulhoso de sua tradição québecois, fez de sua arte uma luta pelo reconhecendo de sua cultura. Viveu entre 1914 e 1988 e compôs, cantou, escreveu e atuou com muito humor e paixão. A letra abaixo (até onde posso entender) descreve o que tendo dizer sobre ser um viajante. Vai a tradução livre do primeiro e último parágrafo, e a música aqui.

Meus sapatos tem muito viajado
Me levaram da porta da escola para guerra
Tenho atravessado com meus sapatos de ferro
O mundo e sua miséria
...
No paraiso, parece meus amigos
Não é o lugar para os sapatos limpinhos
Se apressem de sujar seus sapatos
Se vcs querem ser perdoados.......
Se vcs querem ser perdoados

Moi, mes souliers
Félix Leclerc 1951

Moi, mes souliers ont beaucoup voyagé
Ils m'ont porté de l'école à la guerre
J'ai traversé sur mes souliers ferrés
Le monde et sa misère.

Moi, mes souliers ont passé dans les prés
Moi, mes souliers ont piétiné la lune
Puis mes souliers ont couché chez les fées
Et fait danser plus d'une...
Sur mes souliers y a de l'eau des rochers
D'la boue des champs et des pleurs de femmes
J'peux dire qu'ils ont respecté le curé
L'pays, l'bon Dieu et l'âme.
S'ils ont marché pour trouver l'débouché
S'ils ont traîné de village en village
Suis pas rendu plus loin qu'à mon lever
Mais devenu plus sage.
Tous les souliers qui bougent dans les cités
Souliers de gueux et souliers de reine
Un jour cesseront d'user les planchers
Peut-être cette semaine.
Moi, mes souliers n'ont pas foulé Athènes
Moi, mes souliers ont préféré les plaines
Quand mes souliers iront dans les musées
Ce s'ra pour s'y s'y accrocher.

Au paradis, paraît-il, mes amis
C'est pas la place pour les souliers vernis
Dépêchez-vous de salir vos souliers
Si vous voulez être pardonnés......
Si vous voulez être pardonnés.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Um homem pode engravidar?

Um homem pode engravidar? Depende do que se entende por homem. A história do americano Thomas Beatie pode parecer estranha, mas faz todo o sentido se pudermos separar o que é sexo (biologicamente determinado), gênero (socialmente definido) e direito à reprodução.
Beatie nasceu mulher, mas sempre se sentiu homem. Como biologia não é destino, decidiu modificar o corpo que não combinava com sua mente. Tomou hormônios masculinos, retirou os seios, mas manteve útero e ovários para preservar sua capacidade reprodutiva.
Num artigo para a revista gay "The Advocate", ele explicou que "a esterilização não é pré-requisito para o processo de re-designação sexual". Ou seja: transformar-se num homem não significa abdicar do direito de produzir filhos biológicos.
De fato, a decisão de manter sua capacidade reprodutiva foi sábia. Beatie, por ironia, casou-se com uma mulher que teve o útero retirado por conta de uma grave endometriose. Quando resolveram ter filhos, Beatie era o único capaz de levar adiante uma gravidez.
Assim, revertendo um processo iniciado há anos, ele parou de tomar suas injeções de testosterona e voltou a menstruar. O casal comprou sêmen em um banco de esperma e fez uma inseminação caseira.Hoje, grávido de cinco meses, Beatie espera o nascimento de uma menina para julho. Depois do parto, vai retomar as injeções de testosterona. Taí um cara corajoso. Definitivamente, não são os colhões que fazem um homem.

Thomas Beatie © The Advocate

sambas lá de casa

Longe de casa eu choro e não quero nada. Que fora do chão ninguém quer e não pode nada. Sinto falta de São Paulo, de escutar, na madrugada, uns bordões de violões e uma flauta chorar prata... Dor de amor não me magoa. A saudade da garoa é que me mata. E eu saio pra rua, assobiando comprido um samba comovido que Silvio Caldas cantasse (e me iludo que a garoa vem molhar a minha face.... Mas é pranto. E eu choro tanto...) Quem me dera que hoje mesmo eu voltasse pro chão que eu adoro. Pois longe de casa eu choro e não quero nada.

"Longe de casa", de Paulo Vanzolini

foto de R. Motti

sábado, 24 de maio de 2008

Mais um inquérito policial

Fiquei sabendo hoje no blog do Ferréz. O escritor acaba de ser comunicado de um inquérito policial aberto na 77 delegacia de Santa Cecília por apologia ao crime. Seu texto na Folha de S.Paulo "Pensamentos de um correria" é o cerne da questão. Ele o escreveu como resposta a carta publicada no mesmo jornal de autoria de Luciano Hulk após o roubo de seu rolex. Vocês devem se lembrar disso. Quero deixar bem claro que não conheço o Ferréz, não é meu amigo, mas respeito e adimiro seu trabalho tanto de escritor como educador. Apenas tento ser solidário num momento que o fosso cresce entre quem têm e quem não têm nada a perder. Não concordo com tudo que Ferréz diz, mas estou do seu lado e isso independente de tempo, lugar ou opinião literária. Não é nada pessoal, apenas também não posso estar indiferente ou do lado de um cara como Luciano Hulk que escreveu a carta absurda que gerou essa polêmica toda. Enquanto o playboy exige mais grupos de extermínio e a classe média não se importando em nada com isso, vamos vendo aquele que tenta engrossar o caldo dos que lutam de verdade sendo uma vez mais condenado. Como disse Ferréz, "...na verdade eu já estava achando que isso não ia ficar assim mesmo, pois agente falar de 'propriedade' nesse pais é o mais grave dos crimes, e apesar do texto ser desde o início de ficção, e ai abre pra gente começar a decretar a prisão de todo escritor que já abordou algum tema semelhante ao meu (quase todos que já li), o inquérito foi aberto. A realidade é que as pessoas para quem escrevo, e o lugar onde moro, são motivos mais fortes pra um inquérito do que o tanto de crime que agente tem nesse pais. Desculpe expor o assunto desse jeito, mas acho que o lugar é o mais apropriado, e o único onde eu posso estar falando a minha versão das coisas. O que tiver que ser será, e pra ser sincero, eu já vivo em regime semi aberto desde que nasci aqui."

sexta-feira, 23 de maio de 2008

O encontro do G8 no Japão e as mobilizações

Como é de conhecimento público, os oito países mais industrializados do mundo como EUA, Reino Unido, França, Japão, Canadá, Itália e Alemanha, mais a Rússia, irão se reunir entre os dias 7 e 9 de julho de 2008 no norte do Japão. O lago Toya em Hokkaido foi o lugar escolhido pelos digníssimos para comer e beber muito bem enquanto decidem quem vai ficar com o que do restante do planeta.
O G8 na verdade tenta sempre uma pauta baseada no “crescimento e na responsabilidade”, além de assuntos como trabalho, aquecimento global, desenvolvimento na África, protecionismo (de quem?) e assuntos relacionados. Não é uma instituição, não conta com nenhum tipo de carta ou constituição, secretariado permanente ou líder. Na prática o que se vê é uma interminável descrição dos problemas globais e nenhum encaminhamento real para resolvê-los. Existe até uma iniciativa de convidar países como o Brasil, China, Índia, África do Sul e México para debater alguns assuntos, mas nada que expresse alguma relevância, tornando apenas o discursso dos reais “donos do mundo” num retórica cínica e hipócrita.
E como vem acontecendo a mais de trinta anos, a reunião não será marcada apenas por conversas tranquilas entre velhos amigos. Mobilizações estão sendo feitas ao redor do mundo e ativistas dos quatro cantos já começam a desembarcar no Japão. Oque mais vem acontecendo entretanto é o endurecimentocom as manifestações, principalmente depois de Gênova, que foi um marco e a tragédia com Carlo Giuliane deixando marcas profundas em todos. Existe uma proposta para que as próximas reuniões saiam do convencional. Geralmente feita no território de algum país membro, passe a acontecer em lugares cada vez mais inacessíveis. Lugares como a Antartica, ilhas do Pacífico, Alaska estão na lista. Enquanto isso não acontece, eles vão criando maneiras de impedir os não convidados de se aproximarem. Alguns ativistas russos estão sendo ameaçados de deportação e na mesma lógica da reunião do ano passado que aconteceu na Alemanha, contou com uma cerca de 3 metros de altura e um impressionante aparato policial num raio de 12 kilometros entre o local do encontro e os manifestantes.
Muito se tem falado sobre os protestos não apenas contra o G8, mas também a OMC e o Banco Mundial, e como isso não tem tido muito efeito. Fica evidente a cada ano que uma desmobilização acontece, em parte pelos questionamentos feitos entre os próprios ativistas e as estratégias adotadas, mas não penso que sejam mobilizações dessa natureza inválidas. Servem no mínimo como dissidência, um desconforto, um enfrentamento e uma voz contrária. Certo, não penso que arriscar a liberdade e a própria vida para demonstrar apenas insatisfação seja o ponto máximo, mas é melhor do que ver o encontro pela televisão e dizer que ninguém faz nada. Sempre me parece uma boa maneira de estreitar laços e trabalhar afinidades. São tempos difíceis, mas nada é definitivo. No caso do Movimento de Resistência Global que tanto fez entre 1998 e 2003, o adormecimento vai passando. Estamos vendo nova movimentação e outras estratégias estão sendo pensadas. No próximo semestre ocorre novo encontro da Ação Global dos Povos – www.agp.org - e no caso dessa reunião no Japão, protestos aconteceram recentemente em Tokyo e a participação de ativistas coreanos e anarquistas russos promete dar novo ânimo na forma de lidar com isso. O povo originário do Japão, os Ainus, também organizarão um encontro com povos indigenas do mundo inteiro e isso promete ser bem interessante. Sobre isso você pode saber mais aqui.
Abaixo estão alguns links (a maioria em japonês, inglês e pouca coisa em espanhol) que ajudam a entender melhor o G8 e acompanhar as mobilizações em terras nipônicas.
Em breve, mais noticias. Até lá!



Japan G8 Media Network: http://g8medianetwork.org/en

Hokkaido G8 Summit Citizen Forum:http://kitay-hokkaido.net/

Japan G8 Summit NGO Forum:http://www.g8ngoforum.org/english/


For signing up to Asian Anarchist Network:https://lists.riseup.net/www/info/a_a_n

For signing up to anti-G8 International email list:https://lists.riseup.net/www/info/g8-int

Basic info about Anti-G8 2008 Action: http://gipfelsoli.org/Home/Hokkaido_2008

quinta-feira, 22 de maio de 2008

é que foi inevitável

Estava olhando umas coisas no youtube e eis que aparece algo no mínimo hilário. Ratos de Porão no Programa Livre em 1994. Não resisti, foi mal. Acontece que essa é uma das bandas que me fizeram pular de cabeça no punk rock. Na verdade tudo começou lá pelos meados de 1987, quando eu tinha exatos 10 anos e acabei comprando meu primeiro vinil, Cabeça Dinossauro do Titãs. - Tá legal, foi minha mãe quem pagou, mas eu escolhi! - Alí é que a iniciação começou de verdade e acho até hoje um dos melhores discos de rock brasileiro. Foi na época do primeiro skate e o primeiro um monte de coisas. Fiquei tão alucinado que escutava o disco umas 10 vezes seguidas, pra desespero dos vizinhos... Hoje estão aí os tios só tocando cover do Robertão. Mas beleza, cada um na sua e confesso que eu também já apelei pra ele numa conquista amorosa de tempos mais remotos ...
E voltemos ao vídeo que é incrível! Tinham as letrinhas que ficavam mostrando frases dos telespectadores de tudo que era lugar, umas coisas as vezes sem pé nem cabeça. E se liga na cara do povo olhando a molecada batendo cabeça! Os efeitos das imagens bem toscos. E as músicas eram tocadas inteiras ao vivo! Nem dá pra acreditar que teve uma coisa assim... punk na tv brasileira (foi no sbt) as 4 horas da tarde! Mais bizarro que isso apenas o dia em que o Ratos foi tocar no programa da Mara Maravilha, mas isso é história pra outra hora. Vale lembrar que MTV era apenas para quem estava na capital de São Paulo e lá já rolava o Fúria Metal apresentado pelo Gastão. Bom, foi mal de novo. Juro que não vou dizer “no meu tempo é que não sei o que”, isso não tem nada haver comigo. Todo tempo é um bom tempo, depende apenas de como você encara, somente gostaria de compartilhar essas risadas aqui de longe. Mas não deixe de ver o vídeo. Beber até morrer é uma música do disco Brasil, que é muito bom! Sem contar a arte incrível do Macartti... O disco que o Serginho mostra é o Anarkofobia, que foi lançado depois do Brasil. Ainda na fase em que o Ratos estava fazendo um som mais na linha crossover, meio D.R.I., misturando uns riffs de metal. Até hoje tenho esses discos e não me desfaço deles por nada! Inté.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Diferença

Ocê pensa que caminho e estrada é tudo a mesma coisa, mas tá errado, minha fia. A estrada é uma coisa, o caminho é outra. A estrada é uma via, uma picada no mato, um cortado no chão e é muita. O caminho é quando ocê escolhe uma estrada pra seguir e chegar no seu lugar.
Exu Tranca Rua

retirado de Cada Tridente em Seu Lugar e outras Crônicas, ed. Instituto Kuanza - de Cidinha da Silva

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Mais que simples diversão

Pode parecer estranho isso que eu vou falar aqui, mas talvez logo irão concordar comigo. Alguns até dirão antes que “lá vem o Ale com essas coisas sobre o Brasil e a saudade...”, mas apesar de não me cansar disso, é mais adiante o lugar a se chegar. Não sou um grande entendedor da arte do futebol, mas gosto de ver como a redonda é disputada nos gramados e me dou o direito de opinar quando a coisa merece.
Dia 14 foi a final da Copa da UEFA entre o escocês, Rangers, e o russo Zenit. O Zenit foi o grande campeão, vencendo o jogo por 2x0. O jogo não foi lá essas coisas, mas o que nos interessa aqui é outro ponto. O clube russo é bem conhecido por seu racismo. Seu presidente já declarou publicamente que negros alí não entram e houve até o caso triste dos torcedores que certa vez usaram máscaras da Ku Klux Klan em estádios. A FIFA até adivertiu o clube a esse respeito, mas como o time é grande por lá, ficou valendo o seis por meia dúzia. E assim vamos percebendo através do futebol um pouco mais do que acontece no “velho continente civilizado”...
Pois bem, no começo do ano estava tendo a Copa da África e no jogo Egito x Sudão, o egípcio Mohamed Abou Treika comemorou o seu gol exibindo uma camiseta de apoio aos palestinos, com a inscrição “simpatia por Gaza”, justamente num período em que a Faixa de Gaza estava sitiada pelo exército de Israel. A Confederação Africana de Futebol, seguindo uma medida da FIFA, puniu o jogador por fazer manifestações políticas. Está certo que são situação diferentes, envolvendo torcedores, técnico e jogador, mas que deixa claro como os dirigentes encaram a situação. E eu não tenho dúvida se caso fossemos fazer uma comparação com a política internacional hoje o que iriamos descobrir: dois pesos e duas medidas.
E voltemos ao Brasil. Deixo para vocês pensarem um pouco mais sobre arte e futebol, política e manipulação, o excelente texto de Luis Antonio Simas encontrado no seu Histórias do Brasil, o que anda acontecendo no Rio de Janeiro e algumas restrições feitas aos torcedores cariocas. É ou não é pra colocar o dedo na ferida?

Maracanã lotado!


A higienização dos estádios


Ativistas políticos estão sugerindo um boicote aos jogos olímpicos de Pequim. A causa é politicamente correta. Eu vou boicotar o campeonato brasileiro de futebol de 2008. A causa é, graças aos deuses, tremendamente incorreta: a CBF anunciou a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios. Não vou aos jogos sem cerveja em nenhuma hipótese. Essa idéia, de um puritanismo primário, é apenas a ponta de um iceberg de sinistras proporções; a morte do futebol-cultura e o advento do futebol-produto.
O futebol começou a ser praticado no Brasil, no início do século XX, como um esporte elitista. Houve, porém, uma popularização magnífica do jogo. Em seu prefácio ao fundamental "O Negro no Futebol brasileiro ", a obra-prima de Mário Filho, Gilberto Freyre diz o seguinte:

"...vá alguém estudar a fundo o jogo de Domingos da Guia ou a literatura de Machado de Assis que encontrará decerto nas raízes de cada um, dando-lhes autenticidade brasileira, um pouco de samba, um pouco de molecagem baiana e até um pouco da capoeiragem pernambucana ou malandragem carioca. Com esses resíduos é que o futebol brasileiro afastou-se do bem ordenado original britânico para tornar-se a dança cheia de surpresas irracionais e de variações dionisíacas que é."

Independentemente de se gostar ou não do jogo, não há como negar que o futebol transformou-se numa instituição nacional de brancos, negros, mulatos e cafuzos, símbolo de um país de mestiços. Ir ao futebol no Brasil é um ato vital inserido num contexto mais amplo, transcendente ao próprio jogo. O encontro no botequim próximo ao estádio e a cerveja nas arquibancadas fazem parte desse ato.
A ida aos estádios está seriamente ameaçada por dois fatores aparentemente distintos, mas que se enredam perversamente. De um lado temos, e não há como negar, a violência das torcidas organizadas. Do outro, a transformação do futebol em um grande negócio. Sob o pretexto, porém, de se combater a violência - tarefa legítima e necessária - o que se busca é elitizar a frequência aos campos. O torcedor só interessa ao negócio da bola como um consumidor potencial.
Ingressos caros, público com bom poder aquisitivo, garantia de ordem e conforto aos frequentadores, afastamento das camadas populares dos campos (em um processo perverso que vincula pobreza e violência) , redução da capacidade dos estádios e acordos milionários com grandes redes de comunicação. Estão criadas assim as condições para o futebol-business, atividade que envolve impressionante circulação de capitais. Esse futebol empresarial, para prosperar, depende da morte do outro, o futebol como traço distintivo de uma cultura popular e mestiça.
Há que se combater a violência nos campos? É evidente que sim. Não nos enganemos, porém. O discurso do combate a violência busca moldar o novo perfil do frequentador dos jogos. Sai o torcedor e entra o consumidor. A ideia é reservar os estádios para as chamadas famílias de bem, entendidas como aquelas que podem pagar 40 mangos pelo ingresso mais barato e 200 reais numa camisa oficial do clube. Algo similar ocorreu com os desfiles das escolas de samba, hoje marcados pelas arquibancadas de turistas e camarotes de celebridades.
Os canais de televisão colaboram com isso. Não é inocente a sistemática campanha pelo futebol-família, termo exaustivamente usado por Galvão Bueno, ou a utilização de orquestras sinfônicas para acompanhar gritos de guerra das torcidas. Insisto que o combate aos vândalos dos campos está sendo instrumentalizado para atingir outro objetivo, o de higienizar os estádios - e uso o termo aqui com o mesmo sentido dado pelos homens do poder no início do século XX, quando combater epidemias passava também pela repressão às manifestações culturais das camadas populares urbanas e o afastamento dos pobres da região central da cidade.
Esse processo vai, evidentemente, culminar com a realização da Copa de 2014 no país. Não duvidem. A clientela - o termo é esse - dos estádios de futebol será formada por turistas e brasileiros de médio e alto poder aquisitivo sem relações emocionais mais profundas com o futebol. O verdadeiro torcedor - aquele que acompanha o cotidiano do seu time e faz do ato de assistir ao jogo uma reinvenção da vida - estará do outro lado da telinha, ou ao pé do rádio, tomando uma gelada, que ninguém é de ferro.
Abraços.

Hypnotic Brass Essemble

Foi um desses acasos incríveis de você estar no lugar certo na hora certa. Estava eu pegando o metrô em NY, na Union Square indo nem me lembro pra onde, quando escuto uma música. Até aí nenhuma novidade. Quem já teve a sorte de andar por Manhatan sabe que a música ao vivo nas ruas e estações do metrô é marca registrada do lugar. Você chega, toca e o povo vai deixando alguns trocados. Mas estou eu lá esperando o trem e a música vai ficando cada vez mais animada. Uma sonoridade marcante, cheia de swing, ritmada, muitos metais... não resisto e vou atrás da batida como alguém sedento de aguá no deserto. Quase não acreditei quando vi os caras tocando na estação! Vindos do sul de Chicago e instalados no Queens, Hypnotic Brass Essemble é uma mistura de sons e movimentos incrivelmente contagiante. Jazz, rock, funk, soul e sei lá mais o quê! Estão aí dois vídeos que não me deixam mentir. O primeiro com eles tocando no mesmo lugar que os conheci, em Union Square Station. O segundo um clip mais arrumadinho, mas não menos contagiante, além de sacar que os caras estão bem atentos com o que rola no mundo e com o lugar de onde vieram. Para ver e ouvir mais vá em http://www.myspace.com/hypnoticbusiness
divirtam-se!

domingo, 18 de maio de 2008

jitensha!

Isso sim me parece uma coisa boa a ser pensada: bicicletas! Muitas e por todos os lados. Lembro do desafio de andar de bike por qualquer lugar de São Paulo... e agora essa tranquilidade gigantesca por aqui do outro lado do mundo. Até no trem dá pra ir de bicicleta!

sábado, 17 de maio de 2008

Sapiens Demens

Numa mistura de documentário e ficção, Sapiens Demens busca mostrar as diversas, misteriosas e extraordinárias possibilidades do ato de ser. Na trama, um personagem solitário e observador passa por situações simbólicas na ânsia de compreender a realidade e as múltiplas maneiras de se perceber consciente. Em paralelo, experimentamos colocações pontuais de entrevistados representantes do contraste das duas principais áreas de estudo da consciência humana: ciência e religião.
Livre de amarras e pré-conceitos, Sapiens Demens é mais uma valiosa contribuição artística que contrapõe esse conflito de conceitos de maneira inovadora, além de ser um vídeo-arte documental profundo e sincero de reflexão e questionamento sobre a realidade que cerca o indivíduo. Trabalho de conclusão de curso do 4 ano de Rádio e TV da Faculdade Cásper Líbero, formados do ano de 2007.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

fone: (11) 3673-0688 angoleiros@angoleirosimsinho.org.br http://www.angoleirosimsinho.org.br/

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Cozinhando para a paz

The Food not Bombs (algo como Comida Sem Bombas) é um dos movimentos mais legais que conheço. São extremamente criativos, respeitam o meio ambiente, valorizam a ação direta não-violenta, o respeito pela diversidade, são contra a ocupação de vários países como Iraque e Palestina, um movimento pela paz e estão bem distantes da simples caridade. A idéia é alimentar gratuitamente aqueles que têm fome, mas principalmente os que têm fome e lutam contra a exploração do capitalismo. O movimento já tem mais de 25 anos e é presente em muitos lugares ao redor do mundo como nas Américas, Europa, África, Oriente Médio, Ásia e Austrália. Já aconteceram algumas iniciativas no Brasil também.
O primeiro grupo foi formado em Cambridge, Massachusetts nos Estados Unidos em 1980 por ativistas anti-nuclear. É um movimento de voluntários dispostos a mudança social de forma não-violenta. A idéia básica é preparar comida vegetariana, geralmente alimento que estaria indo parar no lixo, e utilizá-lo em mobilizações populares, ou em casos de emergência como numa catástrofe natural. Estiveram presentes em todas as mobilizações contra guerras desde a década de 80 nos Estados Unidos e Europa, assim como ajudas as vítimas do furacão Katrina e do tsunami na Ásia
O Food Not Bombs acredita que toda pessoa deve tomar parte nas tomadas de decisões para as mudanças políticas e sociais. Cada grupo atua de maneira independente e autonôma. A coisa é bem simples: um grupo de pessoas (independente do número), decide fazer comida e distribuí-la para quem precisa. Geralmente ocorre junto a distribução de comida, uma distribuição de material sobre o evento e as proposta do grupo. Um modo de atrair simpatizantes e colaborar na resistência dos que já sabem o que se passa no local. É comum a parceria com outros grupos, como o Earth First!, o comite de defesa de Leonard Peltier e Mumia Abul Jamal, a Cruz Negra Anarquista, IWW, grupos de direitos dos animais e de outros mais.
As decisões são tomadas em concenso e apoiam todo grupo ou movimento interessado em um mundo sem violência, dominação e coerção. Dizem sempre que comida é um direito, não privilégio. Tive a felicidade de conhecer gente por diferentes lugares onde andei. As fotos abaixo são de uma distribuição que ajudei a fazer em Londres em outubro do ano passado. O pessoal usa uma cozinha de um squat (ocupação) em Rampart. Quando não estão fazendo comida para alguma manifestação ou evento, aos sábados na hora do almoço se dirigem para uma praça que contém todo tipo de gente, de mendigos a estudantes, de ciganos a imigrantes, para oferecer alimento grátis e divulgar o grupo. A comida é coletada num tipo de mercado de rua onde há um considerado desperdício e aproveitada para essas ações. O grupo também aceita doações em dinheiro, mas elas são bem raras.
Qualquer um pode participar e não é necessária experiência, apenas vontade em colaborar. O site onde você pode obter mais informações da origem do movimento e dos grupos ao redor do mundo, material publicado, ações, e também dicas de como montar um grupo na sua região é http://www.foodnotbombs.net/
E viva o alimento pela paz!

terça-feira, 13 de maio de 2008

sábado, 10 de maio de 2008

Em 5 segundos

Ação direta significa antes de mais nada tomar a vida nas próprias mãos. Trata-se de não delegar poder e as mudanças que se deseja a outras pessoas. Você é a mudança! Vai aí uma iniciativa fantástica na terra brasilis do que estou tentando dizer. Inspiração para todas as idades!

encontrado em http://apocalipsemotorizado.net/

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Arredores: Ikeda, Província de Gifu, Japão




Alguma mudança virá das urnas?

:::Cinema e Anarquia:::
Imagens de Subversão & Subversão da Imagem
Alguma mudança virá das urnas?
11 de Maio
exibição do filme “Entreatos” (João Moreira Salles, 2004)
Entreatos reúne cenas reservadas da campanhade Luiz Inácio Lula da Silva
em 2002, que vão de 28 de outubro até um dia após a eleição
de Lula à Presidência da República.
E conversa após o filme com Nilton Mello, integrante do CCS-SP.

Filmes para ver, sentir, pensar, discutire... agir!
A cada domingo no Centro de Cultura Social uma nova sessão gratuita
de cinema seguida de muito debate e troca de idéias!
Sorteio de filme no final da sessão
Sempre a partir das 15hs
Centro de Cultura Socialrua gal. jardim nº 253 - sala 22 - 2ª sl.
vila buarque (metrô república), sp/sp-br.
Entrada Gratuita!
Acesse!www.ccssp.org - www.anarcopunk.org
Apoio: Movimento Anarcopunk de São Paulo – MAP/SP
Participe, divulgue!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Direito de reprodução

Por Simone Iwasso
A brasileira que faz aborto é uma mulher casada, que já é mãe, trabalha fora e tem, em média, entre 20 e 29 anos. É católica e tem alguma escolaridade - completou ao menos os oito anos do ensino fundamental. A decisão pela interrupção da gravidez é tomada com o parceiro. Por se tratar de uma prática ilegal no País, ela opta por métodos caseiros, como ingestão de chás e ervas, misturados ao uso do misopostrol, medicamento de uso restrito cujo nome comercial é Cytotec. Apenas 2,5% das mulheres que abortaram ficaram grávidas ao terem uma relação eventual.
A adolescente que opta pelo aborto também engravida dentro de uma relação estável. Decide com o namorado que vai colocar um término na gestação e, perto dos três meses de gravidez, usando os mesmos métodos da adulta, enraizados num conhecimento popular, aborta. São principalmente jovens entre 17 e 19 anos. Além disso, tendem a engravidar novamente após dois anos.
O perfil da mulher que interrompe a gravidez foi traçado pela primeira vez em um levantamento em 2.135 pesquisas de campo feitas em universidades e publicadas em periódicos científicos nos últimos 20 anos. Mesmo assim, o perfil é incompleto, pois está baseado nos registros existentes, que são das mulheres que chegaram aos serviços públicos após usarem métodos abortivos. Desse modo, não inclui abortos feitos pelas mulheres de classes média e alta em clínicas e hospitais privados.
O trabalho, obtido pelo Estado com exclusividade, foi realizado pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade Estadual do Rio (UERJ) e tem apoio do Ministério da Saúde e financiamento da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas)."Os dados mostram que não é a mulher considerada leviana que aborta. É uma mulher comum, que vive uma relação estável e que já tem um filho", afirma uma das autoras do estudo, a antropóloga Débora Diniz, da UnB. "É depois de ser mãe, de saber o que é a maternidade, que ela decide com o parceiro pelo aborto. É uma decisão responsável e baseada na experiência", complementa.
Débora explica que o objetivo da pesquisa foi justamente reunir todos os dados existentes sobre o aborto no Brasil, colhidos por pesquisadores das mais variadas vertentes, contrários e favoráveis à descriminação, para permitir que o tema seja debatido com base em fatos e não em suposições."Muita gente opina sobre o aborto sem ter dados, com base apenas em crenças morais ou opiniões pessoais. É comum ouvir dizer, por exemplo, que a mulher que aborta se arrepende e sofre de problemas mentais. Isso não foi encontrado em nenhuma pesquisa", afirma.

1,5 MILHÃO AO ANO
O número total de abortos feitos no País é outra questão analisada pelo trabalho. Estimativas conservadoras, baseadas nos registros do Sistema Único de Saúde (SUS), apontam para pelo menos 1,5 milhão de abortos todos os anos. Ela é feita levando em conta estudos médicos que mostram que a cada 100 mulheres que abortam de maneira insegura, 20 têm problemas e procuram o serviço público com dores, hemorragias ou infecções.
Apesar de aceito pelos especialistas, e também pelo Ministério da Saúde, grupos religiosos tendem a questionar o número, dizendo que os dados do SUS não são tão confiáveis e que, portanto, o índice seria mais baixo.A pesquisa, no entanto, mostra o contrário. E dá indícios de que deve ocorrer, em média, pelo menos o dobro de abortos anuais no Brasil, levando em conta as mulheres pobres que recorrem ao SUS e as das classes média e alta que permanecem em silêncio no mundo privado. E o número não está baseado em estimativa, mas em pesquisas populacionais, feitas por amostragem estatística em várias regiões.
Nesse caso, estudos mostraram que, na Região Norte, por exemplo, há um índice de 40 abortos para cada 100 mulheres em idade fértil. Para as regiões Sudeste e Sul esse índice fica em torno de 20 abortos para cada 100 mulheres. "É alto, mas muito mais próximo da realidade. Uma mulher pode omitir que fez um aborto, mas nunca diria que fez um quando não fez", explica a outra autora da pesquisa, a médica especializada em saúde pública Marilena Corrêa, da UERJ.
Para se chegar a esses dados, costuma-se usar duas metodologias: uma na qual um entrevistador pergunta diretamente se a mulher já fez ou não um aborto e outra na qual a própria mulher recebe uma ficha, preenche anonimamente e coloca em uma urna.

PREVENÇÃO
Outro ponto do senso comum que o levantamento questiona é que a mulher que aborta engravidou por desconhecer ou não ter acesso aos métodos contraceptivos. De maneira geral, ela os usa ou já usou em algum momento. E as adultas e mais velhas o fazem muito mais do que as adolescentes."Gravidez indesejada acontece em todas as classes sociais e por diversas razões, infelizmente", afirma o médico Thomas Gollop, especialista em medicina fetal da Universidade de São Paulo (USP). "Por isso, não resolve o argumento de que em vez de discutirmos o aborto, aumentar a oferta de métodos de contracepção resolveria o problema", afirma.
O médico reafirma a importância da divulgação e aumento da oferta de métodos de planejamento familiar, mas ressalta que há uma condenação da mulher por ficar grávida sem planejar. "No Brasil, culturalmente olhamos para a mulher como irresponsável por seus atos, mas na verdade ela é responsável na maioria dos casos, inclusive quando opta por terminar a gravidez."A questão, coloca ele, não é ser favorável ou não à opção dela pelo aborto. "A questão está colocada de maneira equivocada. Ninguém é a favor do aborto", afirma. "Mas somos a favor de que essa mulher casada, mãe, que trabalha, deve ser presa por ter se submetido a um aborto?" .
Fonte: O ESTADO DE S.PAULO, 20 DE ABRIL DE 2008

terça-feira, 6 de maio de 2008

Por uma sociedade sem manicômios.

Saúde mental para todos!

18 de maio foi instituído há 21 anos como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial.

Ao longo da vida, somos muitos os que enfrentamos sofrimentospsíquicos. Alguns de nós, porém, desenvolvem transtornos mais severosem decorrência de sofrimento psíquico intenso: são os chamados doentes mentais.

Numa sociedade que tende a excluir os diferentes, foi necessário criar um dia para lembrar especialmente os que padecem de sofrimento psíquico e para lutar pela inclusão social das pessoas consideradas portadoras de transtorno mental severo.

Não se trata apenas de um ato humanitário e solidário, pois todos seremos beneficiados com uma sociedade que inclua os diferentes. A internação psiquiátrica prolongada só tende a cronificar uma crise passageira, a estigmatizar e a excluir do convívio social pessoas que, como nós, têm um potencial para criar, produzir e se realizar na vida e que, como nós, buscam a felicidade.

O sofrimento psíquico deve ser assistido em serviços de saúde que não excluam as pessoas do convívio social, como as Unidades Básicas de Saúde, os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), os Centros de Convivência. Apenas excepcionalmente e por pouco tempo, em casos de crise severa, as pessoas devem ser internadas em Caps 24 horas ou, quando não houver esses serviços na região, em hospitais gerais, onde são atendidos os que sofrem de qualquer tipo de enfermidade. Por essas razões, lutamos: pelo fechamento dos manicômios; pela ampliação e fortalecimento dos serviços públicos locais que atendem as pessoas com sofrimento psíquico e suas famílias; pela inclusão social dos que padecem de transtornos mentais severos. Enfim, por condições de vida que favoreçam a saúde mental de todos.

Programação
Quarta-feira 7 de maio Horário: 19:00 - 20:00 Exibição do Filme " SOCIEDADE SECRETA " de Kayky Avraham Localização: Campus da UNIARARAS – Auditório
Sexta-feira 9 de maio Horário: 15:30 – 17:00 Lanchonete Caps Itapeva Rua Itapeva , 700 – Bela Vista Lançamento dos Livros: A Face dos Proscritos de Antônio LacortePoesia se Fim de Gisele Paiva,Gregório Delgado,Leo Arantes,Libni Gerson , Jorge Luiz Silva Vieira,
Que, com olhares diferentes, se inspiram na eterna busca do bem-estar pelo ser humano.o resultado, simples e direto, transborda uma mensagem rica em entendimento e esperança. Evento comandado por Dayan Paiva e terá microfone aberto para quem quiser mandar seu recado
Patrocínio da Capsxerox

10 de maio15h00 - Manifestação Pública: Em defesa da Reforma Psiquiátrica e dos Serviços Substitutivos
Parceria com o Fórum Paulista da Luta Antimanicomial
Participação da Parada do Orgulho Louco
Local: em frente ao Hospital Psiquiátrico Vera CruzR. Alto Paraguai, 362, Jd. Brasil

12 de maio14h00 às 15h30 - Oficina: Desenho com Visores Em parceria com Museu de Arte Moderna - MAMLocal: MAMParque do Ibirapuera, portão 3 - s/nºInformações: Tel: (11) 3061-9494 ramais 137, 151 e 317

13 de maio09h00 às 12h00 - Atenção à Saúde Mental do TrabalhadorEm parceria com a FundacentroLocal: Auditório da Fundacentro - Rua Capote Valente, 710 / Pinheiros
13h00 às 18h00 - Sarau dos Sonhos: Tecendo Arte e SaúdeOrganização: CAPS Lapa Adulto, CAPS Perdizes, CAPS Itaim Bibi e CECCOBacuri
Local: Biblioteca Mario SchenbergRua Catão 611, Lapa
Informações: Tel: (11) 3672.0456

14 de maio09h00 às 18h00 - Seminário: Políticas de saúde mental e adolescentesem situação de vulnerabilidadeOrganizadores: Grupo Interinstitucional (ABMP- Associação Brasileirade Magistrados e Promotores da Infancia e Juventude, CEDECAInterlagos, CRP-SP, Curso Adolescente em conflito com a lei -Práticas Profissionais (UNIBAN), Curso Adolescência e Juventude na Contemporaneidade - Sedes Sapientiae, Defensoria Publica do Estado deSP, Equipe de Psicologia do Fórum das Varas Especiais de Infância eJuventude Núcleo Violências: Sujeito e Política/Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da PUC-SP)

15 de maio09h00 às 12h00 - Roda de Conversa Saúde Mental e Encarceramento(Sistema Prisional e Hospitais de Custódia)
Local: Auditório do Conselho Regional de Psicologia da 6ª RegiãoRua Arruda Alvim, 89, Jd. América, São PauloA Roda de Conversa apresenta-se como mais um espaço democrático doCRP 06 para a apresentação, discussão, reflexão e sugestões deencaminhamentos (ao Sistema Conselho de Psicologia) sobre a atuaçãodo psicólogo no sistema prisional.

Juntamente com as atividades de comemoração da Luta Antimanicomial, oCRP 06 propõe o tema da Saúde Mental e encarceramento para esta Rodade Conversa e vem convidar os psicólogos que atuam nas instituiçõesprisionais e em hospitais de custódia para dialogar conosco!
Data: 15/05/2008Horário: 09h00 às 12h00Local: Rua Arruda Alvim, 89. Sede CRP 06.Público alvo: Psicólogos que atuam no sistema prisional e emhospitais de custódia.Inscrições Gratuitas e Limitadas (30 participantes).Coordenadora:Adriana Eiko Matsumoto (Conselheira CRP 06 e coordenadora do GTPsicologia e Sistema Prisional)Debatedores:Fernanda Lou Sans Magano (Psicóloga do sistema prisional, Membro doConselho Penitenciário do Estado de São Paulo, Diretora do SinPsi emembro do GT Psicologia e Sistema Prisonal do CRP 06)Arlindo da Silva Lourenço (Psicólogo do sistema prisional, Membro doConselho Penitenciário do Estado de São Paulo, Diretor do Sinpsi)Odete Vieira Lanzotti (Psicóloga, Diretora do Hospital de Custódia IIde Franco da Rocha e colaboradora do GT Psicologia e SistemaPrisional do CRP 06)Paulo Cesar Sampaio (Psiquiatra, Coordenadoria de Saúde da Secretariada Administração Penitenciária)Informações: Tel: (11) 3061-9494 ramais 137, 151 e 317
14h00 às 15h30 - Oficina: Corta, Sela e Dobra Em parceria com Museu de Arte Moderna - MAMLocal: MAMParque do Ibirapuera, portão 3 - s/nºInformações: Tel: (11) 3061-9494 ramais 137, 151 e 31714h00 às 17h30 - Uma Tarde na Rede
Em parceria com Fórum Paulista da Luta AntimanicomialApoio: Instituto de Saúde / SESLocal: Auditório do Instituto de SaúdeR. Santo Antonio,590 Bela Vista - São Paulo/SPInformações: Tel: (11) 3061-9494 ramais 137, 151 e 317Estacionamento: O Instituto de Saúde possui convênio com oestacionamento do Posto de Gasolina, à rua Santo Antonio, 644.

16 de maio14h00 às 15h30 - Oficina: Gigantes de Madeira Em parceria com Museu de Arte Moderna - MAM
Local: MAMParque do Ibirapuera, portão 3 - s/nºInformações: Tel: (11) 3061-9494 ramais 137, 151 e 317

21h00 - Festa da Luta Antimanicomial
Organização: Fórum Paulista da Luta Antimanicomial Local: Centro Cultural Popular da Consolação End: R. da Consolação, 1901Informações pelo e-mail: antimanicomial_sp@yahoo.com.br

18 de maio 09h00 às 20h00 - Feira de Artes da Vila Pompéia
Apoio: Fórum Paulista da Luta Antimanicomial e serviços substitutivos
Local: Feira de Artes da Vila PompéiaEndereço do Estande CRP 06: Rua Tucuna - Espaços 246, 247, 248, 249,250 e 251, próximos ao Palco VivênciasAtividades:Coral dos Cidadãos Cantantes;
Cia Esquizocênica apresenta o "Grupo No Turno do Dia", com a esquete teatral "Nós somos poucos, mas somos muitos";
Cortejo cultural Parada do Orgulho Louco; Bonecos CEDECA Interlagos; Exposições áudio visuais com produções de usuários de serviçossubstitutivos, sobre a Reforma Psiquiátrica;
Exposição de produtos artesanais elaborados por grupos de usuários de serviços substitutivos.

Programação de eventos e inscrições:Site: http://www.crp06.org.br/luta/dados.aspx

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Bons reencontros

O bom de se reler um livro - entre tantas outras coisas - é que uma nova oportunidade é dada para que possamos entender o que antes não enxergavamos. E mesmo que não provoque o mesmo impacto da primeira vez, provocará outros com a chance de se fazer seduzir pelo que existe de novo nesse outro tempo. Escutei certa vez que reler é um tipo de arte. Disse Guimarães Rosa que releitura é deixar de ser "analfabeto para as entrelinhas”.
Estou terminando de reler O velho e o mar de Ernest Hemingway. Apesar de ser a quarta releitura que faço, ainda fico fascinado pelos detalhes psicológicos que estão contidos nessa história. Um velho pescador cheio de boa vontade, ternura e experiência, mas num período de má sorte que não lhe permite nem conseguir o próprio sustento, se depara com uma situação onde pode contar apenas consigo mesmo, precisando superar o que seus olhos não acreditam ver.
O livro é bem conhecido e a historia foi discutida inúmeras vezes, até virou filme com Spencer Tracy. O que me faz nunca deixar esse livro de lado - e sempre insisto na obrigatoriedade dessa leitura para toda criatura que conheço - é o poder de lutar com sabedoria. Para mim é uma das melhores histórias sobre o bom combate. No mesmo nível encontrei Musashi de Eiji Yoshikawa, Demian de Hermann Hesse e Sandman – os caçadores de sonhos de Neil Gaiman. Cada um a seu modo, mas em comum o bom combate, a necessidade de conhecer seus limites, aceitá-los e quem sabe, superá-los. Musashi é o bom combate e o caminho do guerreiro. Demian é o bom combate e o caminho da amizade. Os caçadores de sonhos é o bom combate e o caminho do amor. O livro de Hemingway de algum modo tem um pouco de cada.
Em O velho e o mar um conflito universal aparece na figura de um homem simples e perseverante que apesar das limitações e do medo, faz a escolha pelo combate, pelo enfrentamento do desafio. Mesmo com as mãos doendo e sangrando, Santiago não solta sua linha de pesca. Mesmo sabendo estar indo para águas desconhecidas, não recua. Não se trata de conseguir a vitória ou de dominar o oponente, mas de aceitar a dor e ser capaz de transformar isso em algo maior. Amo essa história porque ela sempre me faz enfrentar e imaginar quantas vezes perdi essa mesma oportunidade por apenas me lamentar e não lutar pelo que precisava. Quanto tempo foi desperdiçado por uma tristeza que não gerou nada além de mágoa e desespero? Entretanto, não preciso ser duro demais comigo. Não sei, talvez quando nos levamos a sério demais, perdemos a oportunidade de rir do que é fundamental: antes de mais nada, rir de nós mesmos. O velho e o mar não é um história alegre com um final feliz, mas ainda assim um conto lindo sobre a condição humana que precisa se aceitar como tal.
Claro que nada pode substituir um livro desses, mas abaixo esta a animação maravilhosa do russo Alexander Petrov de o velho e o mar. Até mais.

domingo, 4 de maio de 2008

Presente da Ana

"Uma saudade atravessou o mar e deve te procurar neste instante.
Ela esqueceu o abraço que preparou pra você.
Ficou aqui.
De forma que será inevitável vir encontrá-lo."
Ana Paula Emerich
foto Pierre Verger

sábado, 3 de maio de 2008

Uma chance para o perdão

[...] É importante compreender que qualquer coisa que pode ser perdida nunca foi realmente nossa; qualquer coisa a que nos apegamos profundamente apenas nos aprisiona.

Christina Feldman, em "Stories of the Spirit, Stories of the Heart"


encontrado em Samsara

sexta-feira, 2 de maio de 2008

64º Fórum do Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz

A ÁFRICA E SUAS RECIPROCIDADES NA CONSTRUÇÃO DA PAZ MUNDIAL
a cargo do Prof. Dr.Acácio Sidinei Almeida Santos

Vinte anos depois da euforia do bem sucedido single "We are the world" em "benefício" das vítimas da fome na África, o mundo volta-se novamente para o continente africano. Crescem os programas de ajuda humanitária e a esperança de ver resolvida, pelo menos em parte, as dores humanas. Crescem também os esforços para que o mundo daqueles que querem ajudar conheça o mundo daqueles que serão "ajudados" e o convite para que atravessem as fronteiras e vejam a África não-oficial, a África das economias vernaculares, das solidariedades e das reciprocidades, elementos primordiais para a construção da paz duradoura.
Crescem os esforços para que os mundos (africano e não-africano), em um só mundo, vejam nas reciprocidades uma esperança para que as ajudas não representem apenas uma vontade de dominação e arrogância, mas sim o mais profundo reconhecimento de que o remédio do homem é o homem.
A África é uma das últimas escolas para todos nós que acreditamos que um outro mundo é possível. O alerta que ecoa alto daquele continente nos adverte para que saibamos que aquilo que acontecer às sociedades africanas, acontecerá irremediavelmente a todos nós.
Por isso, ao tratarmos das reciprocidades africanas na construção da paz mundial, estaremos tratando também de descobrir possibilidades comunitárias para uma sociedade mais ampla e potencialmente mais aberta para a vida.

NA OCASIÃO HAVERÁ UMA EXPOSIÇÃO DE TECIDOS AFRICANOS DE DIVERSAS PARTES DO CONTINENTE.
A maneira de vestir o corpo revela, em todas as sociedades e culturas, modos de estar no mundo. Assim, em muitas partes da África os tecidos, com suas variadas tramas, cores e texturas indicam papéis sociais, estampam mensagens, contam histórias, transmitem idéias, valores e propõem soluções. Enquanto a padronização da vestimenta impera em muitas partes do globo, as cidades e aldeias africanas pulsam o ritmo da criatividade vibrante das roupas e de seus habitantes.

ACÁCIO SIDINEI ALMEIDA DOS SANTOS possui graduação e mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo(PUC/SP). Doutorado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP/SP) e Pós-doutorado pela Faculdade de Saúde Pública / USP. Atualmente é professor do Departamento de Antropologia da PUC/SP, consultor da Faculdade de Medicina da PUC/SP, pesquisador e vice-coordenador da Casa das Áfricas (www.casadasafricas.org.br). Tem experiência nas áreas de Antropologia e Sociologia, atuando principalmente nos seguintes temas: África, migração, ritos funerários, morte, afro-brasileiro, religiosidade afro-brasileira, ancestralidade, saúde e HIV/AIDS. Desde 1999 desenvolve trabalho de campo na Costa do Marfim, África do Oeste.

ENTRADA FRANCA
6 de maio de 2008 • terça-feira • 19 horas Auditório do MASP • Museu de Arte de São Paulo Av. Paulista, 1578 - São Paulo - SP (Estação Trianon-Masp do Metrô)

Informações: Palas Athena (11) 3266-6188
Realização: Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz

Um novo prazer

Na noite passada inventei um novo prazer e, quando ia experimentá-lo pela primeira vez, um anjo e um demônio apareceram subitamente. Encontraram-se diante de minha porta e começaram a discutir sobre meu prazer recém-criado. Um deles gritava:
- É pecado!
E o outro:
- É virtude!
Khalil Gibran