domingo, 30 de setembro de 2007

Acampamento Sem Fronteiras - um relato

No Borders Camp. Foram 5 dias de acampamento. Para uns outros foram 10. Estar acompanhando e colaborando com o acamapamento realizado entre os dias 19 e 24 de setembro, realizado proximo ao aeroporto de Gatwick, Inglaterra, foi de fato antes de mais nada bastante inspirador. Nesse local esta em fase de acabamento um novo centro de detencao de imigrantes. Mesmo o governo ja tendo anunciado a possivel data de inicio de funcionamento desse centro, centenas de pessoas nao aceitam o fato da crescente politica europeia de criminalizacao dos imigrantes.
Pessoas vindas de todas as partes da Inglaterra, mas tambem da Alemanha, Franca, Espanha, Mexico, Holanda, Brasil, , Portugal, Zimbabuwe, Australia, Palestina, Italia, Escocia, Irlanda, Pais Basco, Dinamarca e Finlandia estavam presentes. Estive por la dois dias antes de comecar o acampamento e pude me familiarizar bastante com o jeito ingles de organizar encontros dessa natureza.
Primeiro creio ser interessante esclarecer que apesar do acampamento chamar No Borders, seus organizadores fazem parte de uma rede ja existente na Europa que vem a mais de 5 anos lutando contra politicas segregacinistas e xenofobicas. Reivindicam principalmente a libertacao de todos os imigrantes presos em varios centros de detencao pela Europa, mas tambem a livre circulacao de pessoas. “Ninguem eh ilegal” eh o que dizem a todo momento. Essas pessoas entendem a responsabilidade historica dos paises ricos da Europa para com a miseria e desiqualdade social e economica dos paises mais pobres, particularmente Africa. Acreditam que todos aqueles que chegam a Europa, seja por razoes economicas ou politicas, merecem respeito e solidariedade, e nao o encarceramento que tem sido praticado.
A Rede No Borders eh uma coalizazao de grupos menores que sao autogestionados, horizontais e autonomos. As decisoes sao tomados por consenso e em assembleias. Nao ha nenhuma forma de hierarquia, seja entre os grupos ou os individuos presentes. Todo o acampamento foi feito depois de diferentes divisoes de tarefas, decididas principalmente nos ultimos 3 meses. As assembleias que precederam o dia 19 tinahm em torno de 70 pessoas, depois esse numero passou para 150 e ouveram dias que tinham em torno de 250. Mas sera que a coisa funciona mesmo? Participei praticamente de todas as assembleias e posso afirmar que sim. Assembleias diarias foram feitas para organizar o espaco, garantindo o melhor modo possivel para se ter comida, higiene, seguranca, organizacao das oficinas, e aquilo mais que fosse necessario. Uma coisa que me chamou muita a atencao nas assembleias era a paciencia e a educacao para cada um poder se expressar. Eu ficava lembrando de varias assembleias que perticipei no Brasil e ria comigo mesmo: sempre um caos e um quebra-pau enorme, mas a coisa acabava acontecendo tambem. Jeitos distintos de se fazer a mesma coisa.
Talvez por sermos tao parecidos e diferentes ao mesmo tempo isso funcione um pouco mais tranquilo, mas claro que haviam desentendimentos e as vezes provocacoes. Isso tambem era trabalhado pacientemente. Eram tantos sotaques e idiomas que as vezes ficava dificil entender o que cada um tentava realmente comunicar. Porem nunca impossivel. Cozinhei com ingleses, irlandeses, escoceses e espanhois e acho que ate que nos saimos bem. Fiz a seguranca do acampamento com alemaes e italianos. Carreguei lenha para o fogo com africanos. Dancei com australianos e bebi com pessoas que nem tenho ideia de onde eram. Sim, as pessoas tambem se divertiram. Ja dizia Emma Goldman: “se eu nao puder dancar nessa revolucao, essa nao sera minha revolucao!”
Havia uma programacao extensa de atividades. Dentro do acampamento houveram oficinas sobre solidariedade ao povo de Oaxaca no Mexico e Palestina. Solidariedade com os imigrantes presos em varios lugares da Europa, principalmente na Inglaterra, Franca e Holanda. Muitas exibicoes de filmes ativistas, principalmente de acoes direitas contra centros de detencao (o melhor que pude assitir foi de uma acao que os holandeses fizeram em uma barco-prisao. Ocuparam o barco por um dia inteiro e fizeram ate uma rave dentro!). Tambem participei de uma oficina muito interessante sobre apoio psicologico decorrente de traumas causados por alguma acao politica. Eram duas inglesas falando de diversas experiencias com pessoas torturadas em delegacias e prisoes, assim como manifestantes que foram duramente reprimidos em marchas de protesto. Tambem pude participar de uma reuniao dos Anarquistas contra o Muro. Saber como anda a atuacao de anarquistas contra o muro de Israel na Palestina. Tambem houveram muitas reunioes para se fortalecer acoes anti-deportacoes. Na Belgica e na Alemanha existem boas experiencias de grupos que construiram nos campos e nas florestas espacos para abrigar refugiados. Isso eh muito curioso. A politica adotada por quase todos os paises europeus com relacao aos refugiados que pedem asilo por aqui, tem sido de mesmo impacto que com os imigrantes que chegam sem “papeis”. Geralmente sao encaminhados para algum centro que o governo chama hipocritamente de abrigo e essas pessoas perdem completamente sua liberdade. Sao prisoes que nao permitem que esses refrugiados saiam em hipotese alguma. Cada processo eh avaliado individualmente para julgar se esse pessoa realmente temnecessidade de asilo politico. Dependendo do pais, como por exemplo no caso da Filandia, a pessoa depois de “liberada” recebe um visto de um ano para permanecer la, mas nao pode trabalhar, estudar ou mesmo contar com servicos de saude. Ela fica obrigada a permanecer em um tipo de albergue e somente ali pode receber alguma ajuda com comida e saude basica. Conehci experiencias que falavam de ocupacoes para refugiados e ate mesmo pessoas que abriam as portas de suas casas para abrigar algumas dessas pessoas.
O acampamento tambem visava ser um ponto de referencia para as acoes que estavam sendo planejadas para os dias 21 e 22. No dia 21 aproximadamente 200 pessoas foram ate a cidade de Crawley (30km do acampamento) onde ficam dois centros de detencao de imigrantes e refugiados. O ato era pacifico e buscava mostrar para as pessoas detidas nesses predios que havia solidariedade e resistencia. Uma comissao foi formada para visita-los e entregar um documento para as autoridades inglesas reinvidicando a liberdade de todos imediatamente. Havia um forte aparato policial e como nao podia deixar de ser, muita provocacao por parte do braco armado do Estado. 5 pessoas acabaram presas, mas foram liberadas em 24h. O ato durou aproximadamente 4 horas. Depois vontamos para o acampamento para continuar com a organizacao do ato do dia 22, que era o ato com maior enfase.

No dia seguinte eram pouco mais de 500 pessoas. Muitos foram de trem, onibus e mesmo de bicicleta. A concentracao teve inicio por volta de meio dia nos jardins do shopping center que da acesso a aerea do aeroporto. O caminho tinha aproximadamente 6 km ate a frente do centro de detencao. Uma batucada animava os manifestantes e as pessoas ficavam se perguntando o que estava acontecendo ali. Incrivel como as opinioes se dividiam. Muitos aplaudiam e diziam realmente ser um absurdo o que o governo estava fazendo. Mas existiam outros que xingavam e gritavam palavras bem racistas. A policia caminhava praticamente dentro da manifestacao e de tempos em tempos usavam de algum argumento absurdo para tentar prender alguem. Isso nao acontecia com facilidade por que os grupos de afinidade e outras pessoas tambem partiam para cima dos policiais tentando forca-los a soltar o manifestante. Quando chegamos em frente onde sera o centro de detencao alguns discursos foram feitos. Muitas pessoas da Africa e Iraque tomam a palavra inicialmente. O microfone esta livre para quem quiser se pronunciar. Ficamos cerca de 1 hora parados e a manifestacao entao comecou a se dispersar. Faixas continuram erguidas e gritos de protesto ainda eram ouvidos quando voltamos para o acampamento depois de 6 horas de mobilizacao.
No fim do dia existe bastante afinidade e apesar de tantos idimas diferencas, ha um soh coracao. Na manha do domingo depois do cafe, aconteceu a ultima assembleia do acampamento. Fico com a impressao de que tenha sido positivo e enriquecedor para todos os envolvidos. Muito trabalho ainda precisa ser feito e todos sabem que nao sera facil. Entretanto ha uma certeza: que apesar de dificil, nao eh impossivel. Nao existe nada que nao possa ser revertido, mudado e transformado. Em tempos passados houveram epocas dificeis tambem, mas por nao desistirem eh que a historia continuou a ser feita. Agora chegou nossa vez e nestes tempos de sutil opressao e apatia, sao encontros como esses que nos alimentam e nos inspiram.
3 dias mais foram necessarios para desmontar todas as barracas, tapar todos os buracos e recolher toda sujeira. O mesmo processo iniciado para a organizar o acampamento prosseguiu ate o ultimo instante. Bom,digo ate logo para os novos amigos e parto com a alegria de seguir em frente, sabendo que nao estou sozinho.
Para mais informacoes e fotos do acampamento e dos atos:
http://www.noborders.org.uk/
http://www.indymedia.org.uk/en/actions/2007/nobordercamp/


sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Budismo

Desfazendo Equivocos

Se voce quer milagres, nao procure o buddhismo. O supremo milagre para o buddhismo eh voce lavar seu prato depois de comer.

Se voce quer curar seu corpo fisico, nao procure o buddhismo. O buddhismo soh cura os males de sua mente: ignorancia, colera e desejos desenfreados.

Se voce quiser arranjar emprego ou melhorar sua situacao financeira, nao procure o buddhismo. Voce se decepcionara, pois ele vai lhe falar sobre desapego em relacao aos bens materiais. Nao confunda, porem, desapego com renuncia.

Se voce quer poderes sobrenaturais, nao procure o buddhismo. Para o buddhismo, o maior poder sobrenatural eh o triunfo sobre o egoismo.

Se voce quer triunfar sobre seus inimigos, nao procure o buddhismo. Para o buddhismo, o unico triunfo que conta eh o do homem sobre si mesmo.

Se voce quer a vida eterna em um paraiso de delicias, nao procure o buddhismo, pois ele matara seu ego aqui e agora.

Se voce quer massagear seu ego com poder, fama, elogios e outras vantagens, nao procure o buddhismo. A casa de Buddha nao eh a casa da inflacao dos egos.

Se voce quer a protecao divina, nao procure o buddhismo. Ele lhe ensinara que voce soh pode contar consigo mesmo.

Se voce quer um caminho para Deus, nao procure o buddhismo. Ele o lancara no vazio.

Se voce quer alguem que perdoe suas falhas, deixando-o livre para errar de novo, nao procure o buddhismo, pois ele lhe ensinara a implacavel Lei de Causa e Efeito e a necessidade de uma autocritica consciente e profunda.

Se voce quer respostas comodas e faceis para suas indagacoes existenciais, nao procure o buddhismo. Ele aumentara suas duvidas.

Se voce quer uma crenca cega, nao procure o buddhismo. Ele o ensinara a pensar com sua propria cabeca.

Se voce eh dos que acham que a verdade esta nas escrituras, nao procure o buddhismo. Ele lhe dira que o papel eh muito util para limpar o lixo acumulado no intelecto.

Se voce quer saber a verdade sobre os discos voadores ou sobre a civilizacao de Atlantida, nao procure o buddhismo. Ele soh revelara a verdade sobre voce mesmo.

Se voce quer se comunicar com espiritos, nao procure o buddhismo. Ele so pode ensinar voce a se comunicar com seu verdadeiro eu.

Se voce quer conhecer suas encarnacoes passadas, nao procure o buddhismo. Ele soh pode lhe mostrar sua miseria presente.

Se voce quer conhecer o futuro, nao procure o buddhismo. Ele soh vai lhe mandar prestar atencao a seus pes, enquanto voce anda.

Se voce quer ouvir palavras bonitas, nao procure o buddhismo. Ele soh tem o silencio a lhe oferecer.

Se voce quer ser serio e austero, nao procure o buddhismo. Ele vai ensina-lo a brincar e a se divertir.

Se voce quer brincar e se divertir, nao procure o buddhismo. Ele o ensinara a ser serio e austero.

Se voce quer viver, nao procure o buddhismo, pois ele o ensinara a morrer.

Se voce quer morrer, nao procure o buddhismo, pois ele o ensinara a viver.

Reverenda Yvonette Silva Goncalves

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Escolhas

Encontrei isso em um blog bem interessante a respeito do budismo. Tenho pensando tanto a esse respeito - das escolhas - que quase chego a acreditar que essas palavras vieram ate mim, alem de todo acaso para ajudar em algumas de minhas decisoes.

"Escolhemos a ignorância porque podemos. Escolhemos a consciência porque podemos. O samsara e o nirvana são diferentes pontos de vista baseados nas escolhas que fazemos em como encarar e compreender nossas experiências. Não há nada de mágico no nirvana e nada de mau ou errado no samsara. Se você está determinado a pensar em si mesmo como limitado, temeroso, vulnerável ou traumatizado pelas experiências passadas, saiba apenas que você escolheu isso e que sempre há a oportunidade de se vivenciar de forma diferente".
Yongey Mingyur Rinpoche, em "A Alegria de Viver".

http://www.samsara.blog.br




domingo, 16 de setembro de 2007

22 de setembro - dia internacional sem carros!

Preparem-se! Pelo menos nesse dia pense a respeito de sua relacao com os automoveis no mundo. A coisa ja nao esta muito boa e pelo caminhar da carruagem vai ficar pior. Mas ha solucao meus amigos! Por todas as partes do planeta muitas pessoas questionam a sociedade de consumo e a tirania dos carros, principalmente nas cidades.
Alguns dados para ficar mais claro o que estou tentando dizer, referentes apenas ao município de São Paulo:

:. cenário e personagens
- população: 10.434.252 habitantes *11
- frota de automóveis particulares: 5,6 milhões *14
- automóveis em circulação por dia: 3,5 milhões *1
- taxa de ocupação dos automóveis: 1,2 pessoas/veículo *1
- frota de motocicletas: 480.708 *11
- sistema viário (ruas): 17.220 km *11
- sistema viário monitorado pela CET: 550km *11
- buracos tapados por dia: 1,5 mil
- frota de bicicletas: 4,5 milhões *2
- bicicletas em circulação por dia: 300 mil *2
- ciclovias nas ruas: 4,5km *15
- ciclovias dentro de parques: 19 km *15
- frota de ônibus: 8 mil (+ 6 mil lotações e 4 mil intermunicipais)
- linhas de ônibus municipais: 830 concessionárias / 464 permissionárias *11
- cobertura das linhas de ônibus e lotações: 4.443 km *11
- corredores exclusivos para ônibus: 107km *11
- metrô: 60,2km / 54 estações
- metrô de Nova Iorque: 1.016km / 468 estações
- metrô da cidade do México (com a mesma idade do irmão paulistano): 220km
- passageiros do metrô: 1,9 milhões/dia *3
- trem (incluindo região metropolitana): 265,1km
- passageiros dos trens: 1,2 milhões / dia *3
- malha ferroviária brasileira em 1958: aprox 38 mil quilômetros
- malha ferroviária brasileira em 2005: aprox 30 mil quilômetros
- frota de táxis: 32.676 *11

:. barbárie
- média de congestionamento no horário de pico (dias úteis - manhã): 99km *1
- média de congestionamento no horário de pico (tarde): 111km *1
- velocidade média do trânsito no horário de pico-manhã: 38km/h *17
- velocidade média do trânsito no horário de pico-tarde: 20km/h *17
- quilômetros de vias monitorados pela CET: 560 *14
- mortos em "acidentes" de trânsito na cidade de São Paulo: 1586 *12
- homicídios na cidade de São Paulo em 2005: 3134 *12
- pedestres mortos em 2005: 757 *12
- ciclistas mortos em 2005: 39 *12
- motociclistas mortos em 2005: 177 *12
- ocupantes de veículos mortos em 2005: 132 *12
- mortos em "acidentes" de trânsito no estado de SP: 4907 *6
- mortos em "acidentes" por ano em todo o mundo: 1 milhão *16
- jovens entre 10 e 24 anos mortos em "acidentes" de trânsito no mundo: 400 mil *16
- os "acidentes" de trânsito são a principal causa de mortes de jovens entre 10 e 24 anos no mundo *16
- custo estimado dos "acidentes" em todo o mundo: US$ 518 bi *16
- "acidentes" com vítimas no Brasil em 2003: 333.689 *6
- mortos em "acidentes" de trânsito no Brasil: 32 mil/ano (2a causa de mortes "não naturais") *6
- vítimas de homicídios no Brasil: 45 mil/ano
- custo dos "acidentes" em São Paulo: R$1,4 bi/ano (IPEA/ANTP)

- se colocássemos todos os carros da cidade uma linha reta, seriam 21,4 mil quilômetros de fila, mais da metade da circunferência da Terra na linha do Equador (40 mil quilômetros)
- a cada 23 minutos a cidade ganha um carro a mais em circulação
- a cada 6 horas alguém morre por causa de um "acidente" de trânsito
- os veículos são responsáveis por 70% da poluição na cidade *4
- 7 a 10 pessoas morrem diariamente por causa da poluição (geralmente idosos ou crianças)
- mortos em autoestradas estadunidenses em 2005: 43.443 *10

:. expropriação
- área ocupada pelo estacionamento e circulação de automóveis: cerca de 30%
- vagas públicas e gratuitas nas ruas: 1 milhão *7
- vagas em Zona Azul: 31 mil *7
- vagas para motoristas com deficiência: 158
- vagas em estacionamentos particulares: 800 mil (9 mil empresas) *7
- bibliotecas: 326
- salas de cinema: 265
- valor de uma vaga de garagem em prédio do centro expandido: R$20 a 30 mil
- motoristas que nunca receberam as multas por terem placas de outros estados: 18,7% das infrações
- prejuízo anual com acidentes nas estradas brasileiras: R$26 bi (1,7% do PIB) *13
- prejuízo anual para o SUS com os acidentes nas estradas: R$13 bi (1/3 do orçamento) *13
- "custo médio" de uma morte nas estradas: R$144 mil *13

:. lixo e poluição
- pneus descartados anualmente no Brasil: 40 milhões *9
- pneus descartados anualmente na União Européia: 90 milhões *9

:. alívio
- frota de bicicletas no Brasil: 60 milhões *5
- distribuição por regiões: Sudeste - 44%, Nordeste - 26%, Sul - 14%, Centro-oeste - 8%, Norte - 8% *5
- Bicicletas por tipo: transporte - 53%, infantil - 29%, lazer - 17%, esporte - 1% *5

Alternativas

Critical Mass
Acontecendo ao redor do mundo a mais de 7 anos, toda ultima sexta feira do mes pessoas juntam-se para um passeio nao motorizado em suas respectivas regioes. A ideia esta principalmente no fato de buscar solucoes para o caos automobilistico que estamos vivendo. Tranportes ecologicos, baratos, saudaveis sao bem vindos!
O site: http://www.critical-mass.org/

A versao brasileira tambem segue o calendario internacional. Em Sao Paulo o encontro costuma rolar no cruzamento da Av. Paulista com a Consolacao.
Veja mais: www.bicicletada.org

E para saber mais ainda sobre bikes, numeros, criticas e formas de melhorar as relacoes pelo mundo e Brasil:
http://apocalipsemotorizado.blogspot.com/

Nos encontramos por ai! Boas pedaladas!!!
As fotos que seguem fazem parte da ultima edicao Critical Mass London. Estava na Inglaterra menos de uma semana, mas nao poderia perder isso de forma alguma.
Centenas de pessoas de todas as idades, falando muitos idiomas, bem criativos.
Simplesmente lindo!




























sábado, 15 de setembro de 2007

Nem tudo eh saudade...


Apesar de todo desejo de mudanca, algumas coisas permancem as mesmas. Sei que muita gente ja viu esse video, mas nunca eh demais para mostrar quem eh que dirije esse Brasil.
Ainda acreditando que o governo pode ser bom? Ainda sonhando que as coisas podem ser melhores sem levantar a bunda da cadeira?
Acorda! Acao direta!
Video da elite carioca jogando ovo no povao. Veja e chore...

http://www.youtube.com/watch?v=amxe6N14TPw

O que me diz?

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

A cura do banzo

Essa letra esta aqui porque a busca pela cura do banzo eh aliviada por coisas assim. Modos de ser e estar dados pelas raizes, pela dignidade e pela vontade de ser um pouco mais verdadeiro. Dedicado a tod@s que caminham pelo mundo longe de sua terra original.

Paulinho da Viola interpreta. Sem comentarios!
http://www.youtube.com/watch?v=zlNMLwUeoeU

Wilson Batista - Meu Mundo É Hoje

Eu sou assim
Quem quiser gostar de mim eu sou assim
Eu sou assim
Quem quiser gostar de mim eu sou assim

Meu mundo é hoje
Não existe amanhã pra mim
E sou assim
Assim morrerei um dia
Não levarei arrependimentos
Nem o peso da hipocrisia

Eu sou assim...

Meu mundo é hoje...

Tenho pena daqueles
Que se agacham até o chão
Enganando a si mesmos
Com dinheiro, posição
Eu nunca timei parte
Desse enorme batalhão
Pois sei que além de flores
Nada mais vai no caixão

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Bons encontros.

Nao tenho duvida: todos deveria pelo menos uma vez na vida sair de onde vivem e andar por terras estranhas e desconhecidas. Ir o mais longe possivel e nao olhar o relogio para saber a hora de voltar. Encontrar gente que nao fala e nao percebe o mundo como voce eh um incrivel modo de ampliar a consciencia. Saborear a multiculturalidade nao tem dinheiro que pague!
Existem terras que nao apenas vivem seus habitantes locais, como ha pessoas de tantos outros lugares que apenas faz crescer o colorido da paisagem. Conheci nas ruas de Londres essas pessoas incriveis vindas da Colombia. Rui, Marcela e Camilo. Latinos espalhados pela Europa em busca de melhores dias, oferecendo sua forca, esperanca e alegria. Boa sorte meus amigos!

domingo, 9 de setembro de 2007

"V" de Viagem


O ABECEDÁRIO DE GILLES DELEUZE

CP: Vamos à letra V. V de Viagem. É a demonstração de que um conceito é um paradoxo, porque você inventou um conceito que é o nomadismo, mas você odeia viajar. A esta altura da nossa entrevista, podemos dizer que você odeia as viagens. Por que as odeia?
GD: Não odeio as viagens, odeio as condições em que um pobre intelectual viaja. Talvez se eu viajasse de outra maneira, eu adorasse viagens. Mas entre os intelectuais, o que quer dizer viajar? É fazer uma conferência do outro lado do mundo com tudo o que implica antes e depois: falar antes com pessoas que o recebem, falar depois com pessoas que o ouviram. Falar, falar... A viagem de um intelectual é o contrário da viagem. Ir para o outro lado do mundo para falar o que poderia falar em casa e para ver gente antes e depois de falar. É uma viagem monstruosa. Assim, é verdade que não tenho simpatia por viagens. Isso não é um princípio. Não pretendo ter razão, mas eu fico pensando: "O que existe na viagem?". Há sempre um lado de falsa ruptura. Este é o primeiro aspecto. O que torna a viagem antipática para mim? Primeiro é o fato de ser uma ruptura barata. Eu sinto exatamente o que dizia Fitzgerald: "Não basta uma viagem para haver uma ruptura". Se querem ruptura, faça outra coisa que não seja viajar. As pessoas que viajam muito têm orgulho disso e dizem que vão em busca de um pai. Há grandes repórteres que fazem livros sobre isso. Foram ao Vietnã, Afeganistão, etc. e dizem friamente que sempre estiveram em busca de um pai. A viagem me parece muito edipiana neste sentido. Não, assim não dá. A segunda razão é... Há uma frase maravilhosa que me toca muito, de Beckett, que faz um de seus personagens dizer o seguinte: "Somos idiotas, mas não ao ponto de viajar por prazer". Esta frase me parece totalmente satisfatória. Sou idiota, mas não ao ponto de viajar por prazer. Isso não. E o terceiro aspecto da viagem... Você falou em nômade. Sim, os nômades sempre me fascinaram, exatamente porque são pessoas que não viajam. Quem viaja são os imigrantes. Há pessoas obrigadas a viajar: os exilados, os imigrantes. Mas estas são viagens das quais não se deve rir, pois são viagens sagradas, são forçadas. Mas os nômades viajam pouco. Ao pé da letra, os nômades ficam imóveis. Todos os especialistas concordam: eles não querem sair, eles se apegam à terra. Mas a terra deles vira deserto e eles se apegam a ele, só podem "nomadizar" em suas terras. É de tanto querer ficar em suas terras que eles "nomadizam". Portanto, podemos dizer que nada é mais imóvel e viaja menos do que um nômade. Eles são nômades porque não querem partir. É por isso que são tão perseguidos. E, finalmente, o último aspecto da viagem... Há uma bela frase de Proust que pergunta o que fazemos quando viajamos. Sempre verificamos algo. Verificamos se aquela cor com que sonhamos está ali. Mas ele acrescenta algo muito importante: "Um mau sonhador é aquele que não vai ver se a cor com a qual sonhou está lá. Mas um bom sonhador vai verificar, ver se a cor está lá". Esta é uma boa concepção da viagem. Do contrário...
CP: Acha que é uma regressão fantástica?
GD: Não, há viagens que são verdadeiras rupturas. Por exemplo, a vida de Le Clézio me parece uma coisa onde se opera uma ruptura.
CP: Lawrence?
GD: Sim, Lawrence. Há muitos grandes escritores pelos quais tenho grande admiração e que têm um sentido da viagem. Stevenson. As viagens de Stevenson são enormes. Eu digo por minha conta que quem não gosta de viagens é por estes quatro motivos.
CP: Seu ódio por viagens está ligado à sua lentidão natural?
GD: Não, porque pode haver viagens lentas. Não preciso sair. Todas as intensidades que tenho são imóveis. As intensidades se distribuem no espaço ou em outros sistemas que não precisam ser espaços externos. Garanto que, quando leio um livro que acho bonito, ou quando ouço uma música que acho bonita, tenho a sensação de passar por emoções que nenhuma viagem me permitiu conhecer. Por que iria buscar estas emoções em um sistema que não me convém quando posso obtê-las em um sistema imóvel, como a música ou a filosofia? Há uma geo-música, uma geo-filosofia. São países profundos. São os meus países.
CP: Terras estrangeiras?
GD: Minhas terras estrangeiras que não encontro em viagens.
CP: Você é a perfeita ilustração de que o movimento não é locomoção, mas já esteve no Líbano, para conferências, no Canadá, nos Estados Unidos...
GD: Sim, estive lá, mas eu sempre fui levado. Hoje, não faço mais isso. Não deveria ter feito isso. Já fiz demais. Eu gostava de andar naquela época. Hoje, ando menos bem. Então, nem entra em questão. Gostava de andar. Eu fazia caminhadas da manhã à noite, sem saber para onde ia. Andava por uma cidade a pé, mas isso acabou.


sábado, 8 de setembro de 2007

Para um mundo sem fronteiras.

Um convite para o Acampamento Sem Fronteiras - Gatwick, 2007

De 19 a 24 de setembro de 2007 nos estaremos reunidos no Aeroporto de Gatwick para o primeira Acampamento Sem Fronteiras realizado no Reino Unido. Esse acampamento sera uma oportunidade para trabalhar coletivamente a fim de impedir a construcao de um novo centro de detencao para imgrantes, e para junatar ideas e forcas na construcao da luta contra o sistema de controle de migracao.

Aeroporto de Gatwick - Posto de Fronteira

Gatwick e uma fronteira no coracao da Inglaterra. Daqui, todos os dias ha pessoas que sao deportadas por meio de forca fisica. E um lugar onde pessoas sao detidas por tempo indeterminado sem julgamento, onde pessoas sao forcadas a se esconder e entrar num submundo, onde pessoas sao tratadas como criminosas por cometerem o 'crime' de cruzar a fronteira.

O governo britanico anunciou recentemente sua intencao de construir um segundo centro de detencao para imigrantes junto ao aeroporto de Gatwick, ao lado do primeiro (Tinsley House). Essa sera apenas a mais nova em uma serie de terriveis prisoes mundo afora, onde aqueles que saem de seus paises em busca de uma vida melhor sao aprisionados.

A nao ser que nos evitemos que ela seja construida.

Ao redor de Gatwick ha varios outros postos de fronteira: o centro de registro de migrantes em Croydon, as companhias aereas que alugam avioes para o governo deportar pessoas, e o centro de entrevistas para concessao de documentos em Crawley. Alguns kilometros ao sul, os postos de fronteira de Dover e Folkestone, onde o medo de serem apanhadas pela policia de fronteira faz com que pessoas arrisquem a vida tentando entrar no pais debaixo de caminhoes ou em containers sem ar.

Ao mesmo tempo que as fronteiras sao fortificadas, o governo aperta o controle interno: bases de dados internacionais, cameras de videos em toda parte, carteiras de identidade bimetrica (com registro de DNA), monitoramento eletronico de pessoas buscando asilo. Recentemente, o governo britanico anunciou a introducao do Sistema Sirene, que dara acesso ao SIS (Sistema de Informacao Schengen), uma base de dados da Uniao Europeia para refugiados e imigrantes.

Um Laboratorio de Taticas

Como a vida cotidiana, da necessidade de trabalhar ate o sistema de seguridade social, reforca essas fronteiras? Como podemos lutar contra a aceitacao dessas fronteiras e dos mecanismos de controle que as mantem? Como podemos exigir liberdade de movimento como um direito fundamental? Como afirmamos nossa liberdade de decidir onde viver, de acordo com nossas necessidades e desejos? Como podemos escapar esses mecanismos de controle e formar um movimento forte o suficiente para lutar contra as divisoes que sao impostas entre as pessoas?

Precisamos trocar informacoes com aqueles que conseguiram burlar essas fronteiras, que escapam do controle, que sobrevivem sem dinheiro e sem trabalho, que lutam contra o sistema de detencao, que questionam identidades, que aprenderam a organizar-se sem divisoes e sem hierarquias.

Uma Campanha Contra as Fronteiras

Esse acampamento segue a historia dos Acampamentos Sem Fronteiras que tem acontecido em todo o mundo desde a decada de 90, como os que acontecerao este ano na Ucrania em agosto na fronteira entre Mexico e Estados Unidos em novembro. Sera um espaco para trocar informacoes, gerar conhecimento e experiencia. Um espaco para planejar acoes contra o sistema de fronteiras que nos separa.

Sabemos que a luta 'contra as fronteiras' vai muito alem da luta por 'fronteiras abertas'. Sem fronteiras os paises deixam de existir, sem paises as economias nacionais viram historia. Em um mundo sem fronteiras, ninguem pedira mais os seus documentos.

Esse acampamento sera tambem um laboratorio de auto-organizacao pratica e politica. O acampamento sera aquilo que os participantes fizerem dele. Conhecemos as fronteiras que nos separam uns dos outros, sejam elas de sexo, classe, raca, nacionalidade etc. Os acampamentos sem fronteiras sao experimentos de como romper com essas identidades artificias e divisoras.

No Borders

No Borders e uma rede de grupos que lutam por liberdade de movimento para tod@s e pelo fim dos controles de migracao. Queremos construir um movimento de base contra os mecanismos de controle que nos dividem entre cidadaos e nao-cidadaos.

Exigimos o fim do regime de controle de fronteiras para tod@s, inclusive nos mesmos, para que possamos viver de outra forma, sem medos, racismos, nacionalismos.

Nos movemos, nos encontramos. Falamos, lutamos.

Venha acampar com a gente.

http://noborders.org.uk/

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Um presente lindo!

Na busca de palavras perfeitas
que aqueçam seu coração
no renascer de mais um ano

afogo essa pretenção
imaginando o percurso
desse dia

como foi a meia noite?
o que sentiu? o que pensou?
o que desejou?

e como andas?
ainda é dia 2
celebração o tempo todo!!!

deve estar caminhando
explorando Londres
conversando com tipos todos

gesticulando quando não endendido
brindando uma brejinha
meditando seus próximos passos

dançando alguma banda de rua
yes, yes I'm vegetarain
free your mind!!!

"To fazendo 30!
Vem festejar comigo!"
cativando o mundo...

Senhor dos Tempos
ta aí junto
to aí também, em pensamento, de coração.



Axé enorme!
Abraço forte!
Beijo doce!
Da sua eterna amiga,

Mari.

domingo, 2 de setembro de 2007

O cha das 5

Depois de uns dias desaparecido, voltei! Acontece que tudo ficou um pouco tumultuado desde minha partida do Japao. E tambem ja vou avisando que os proximos escritos estaram sem acentuacao porque aqui onde estou nao da pra fazer isso sem um grande trabalho. Entao prefiro tentar escrever e ir contando o que anda acontecendo e voces vao adivinhando o que vai aonde...
Resolvi tomar o cha das 5 com a rainha inglesa. Essa distinta senhora ficou muito emocionada com minha saga pelas terras do oriente e resolveu me acolher em seu peito enquanto vou pensando no que ira acontecer nos proximos meses. Existindo aqui no Reino Unido fieis suditos dessa nobreza, estou me juntando temporariamente a pessoas muito interessantes que residem na cidade de Londres. Estou aqui faz uma semana e um dia.
Primeiro conto de meus anfitrioes. Monika e Prema.
Criaturas que adoro e que conheco a muitos anos, desde remotos shows de punk rock na capital paulista. Ela uma polonesa interessada em medicina chinesa, antropologia e candomble. Ele um vegan junk food barbudo hare krishna judeu. Gente de bem e da mais alta linhagem. Resumindo: estou bem acompanhado e assistido.
Como podem ver o tour pela cidade velha ja comecou. Contei certa vez como era andar pelas ruas japonesas e encontrar templos com mais de 600 anos. Saibam que ver os muros de onde Londres nasceu tambem eh uma sensacao muito interessante. Uma cidade que desde 1200 vem ganhando contornos inusitados sempre ira causar algum tipo de fascinio.
Gente do mundo inteiro anda por ai. Dizem que algo em torno de 30% das pessoas que vivem aqui nasceram em outro lugar. Aqui se fala muito bengali, turco, chines, arabe, espanhol... E um pouco de portugues. Nossos velhos amigos lusitanos andam muito por essas terras, e claro que tambem, brasileiros. Principalmente os brasileiros viados. Sim, os gays. Na verdade talvez Londres seja a cidade mais gay do mundo! Por toda a parte o povo se "pega" e parece estar tudo certo. Principalmente pelos lados de Soho... Eles adoram Londres e sempre voce escuta alguem falando alguma coisa em seu idioma nativo. Mas esse papo fica para depois.
Ando aprendendo bastante tambem sobre judeus ortodoxos. Acontece que o Prema como falei, anda trampando de rabino. Isso mesmo. E ele trabalha em uma escola para pessoas com problemas de aprendizagem e precisa as vezes fazer uma especie de acompanhamento terapeutico com um pessoal de la. No meu primeiro dia pelas ruas londrinas, saimos ele, Yoran e eu. Andamos pelo centro da cidade e visitamos o museu. Foi muito legal!
Outra coisa que tambem nao posso deixar de comentar eh sobre a comida. Definitivamente o segundo paraiso vegetariano (o primeiro sem duvida eh Nova York). Depois do sufoco que foi comer no Japao, Deus resolveu me recompensar. Tem muita coisa boa pela cidade. Eu sou vizinho de um cafe vegan fenomenal! Tem ate milk shake com chantilly! Um cafe ativista que logo mais pretendo ir fazer umas coisas la tambem. Da uma olhada nele: www.pogocafe.co.uk
Com certeza escrevo mais sobre esse lugar depois. E tambem sobre o ativismo no Reino unido. Como falei, a rainha possui fieis suditos que sempre estao pelo seu palacio com muita vontade de participar de suas atividades. Quando isso nao eh possivel eles mandam lembrancas bem tipicas, principalmente atraves dos cavaleiros do Black Block ingles.
Entao vamos tentando aproveitar o fim do verao da melhor manieira possivel. Os parques estao sempre cheios e muitas pessoas aproveitam para pegar uma corzinha. Adorei o verao em Londres! Como voces podem ver as pessoas jogam muito cricket...
Continundo a semana, vamos explorando mais algumas ruas, conhecendo lugares, pessoas, sabores e cores. Alguma coisa me diz que serao bons tempos para serem contados depois...