sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Lutemos!

Duas localidades, uma realidade. Ainda sentindo as reflexoes a respeito do dia 20 de novembro, dia da consciencia negra no Brasil, e tambem pensando aqui na Europa sobre o assassinato de Carlos, um jovem espanhol antifascista morto em Madri dia 11 de novembro, nao pude deixar de me dar conta que o muro esta crescendo e o divisor de aguas nos pressionando para saber de que lado estamos.
No Brasil ou na Europa o fascismo e o racismo tentam avancar. No Brasil a semana que envolveu as atividades sobre a comemoracao desse dia 20 nao deixou passar batido o fato de que cada vez mais pessoas vem assumindo posturas conservadoras, racistas e discriminatorias. O ultimo ano foi marcado principalmente pelo combate as politicas afirmativas - como a questao de cotas nas universidades publicas - e tambem pela relutancia e deslegitimacao da historica luta pela demarcacao de terras quilombolas. Isso sem esquecer dos constantes ataques as religioes afrobrasileiras, particularmente por grupos evangelicos.
Residencias de estudantes africanos incendiadas na UnB http://midiaindependente.org/pt/blue/2007/03/377197.shtml
Lancamento de livro racista na livraria Cultura. http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/11/403328.shtml
Racismo na Unicamp http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/11/401488.shtml As interminaveis vistorias de todas as policias contra a populacao negra, sao apenas alguns exemplos recentes. Os combates foram constantes e os novos-velhos racistas buscam por mais folego para manter seus privilegios.
Pela Europa, essa mesma semana foi marcada por protestos que lembraram a morte de Carlos. Um jovem de 16 anos morto por um policial fascista. A organizacao de extrema-direita chamada "democracia nacional" havia convocado uma manifestacao no dia 11 de novembro em um bairro madrileno contra os imigrantes. Centenas de pessoas se mobilizaram em uma contra-manifestacao em repudio ao partido fascista espanhol. Na volta para casa, Carlos com outros amigos foram atacados pelo policial que participava a paisana desse ato contra os imigrantes e acabou morto com uma punhalada no coracao.
Dias antes um congolês ficou tetraplégico depois de agredido por neonazis em Alcalá de Henares, para além de outras agressões a imigrantes em Pio XII e em Las Rozas e da agressão à imigrante equatoriana no metro de Barcelona. http://www.anarkismo.net/newswire.php?story_id=6887
Bom, os fatos estao ai, nao podem ser ignorados. Talvez a pergunta seja nao apenas em torno das razoes dessas posturas publicas reveladas por alguns grupos e sujeitos, mas como ainda a sociedade ocidental do sec XXI nega (e produz!) posturas tao reacionarias como essas. Infelizmente me parece que daqui para frente eh apenas ladeira abaixo. Isso por um tempo. Tento se otimista, ainda nao me entreguei. Entretanto, isso nao vai ser de modo gratuito. Mudancas significativas nunca sao assim.
Uma licao que todos podemos aprender, e que os antigos anarquistas espanhois ja nos ensinaram, eh de que o fascismo avanca apenas se voce nao o combate. Entao, maos a obra! E nao se esqueca: quem presencia um crime e nao faz nada para impedi-lo, eh conivente com ele.

domingo, 25 de novembro de 2007

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Wendo: autodefesa feminista

25 de Novembro é Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher: um dia para lembrar, protestar e mobilizar contra a violência à mulher!

O Dia 25 de Novembro será marcado por mobilizações no mundo inteiro, por ser considerado o Dia Internacional da Não-violência contra a Mulher. Os movimentos feministas estão promovendo diversas atividades pelo país, não só nesse dia, mas ao longo de toda a semana!

Em São Paulo o grupo Wendo, engajado nesta luta, estará promovendo no domingo (25) o último treino* do calendário 2007. O treino está marcado para às 15 horas (pontualmente) , na União de Mulheres de São Paulo, Rua Coração da Europa, 1395 - Bela Vista/SP.

Confirme sua presença: wendo_sp@yahoo. com.br

Em 2008 continuaremos com as atividades. Divulgaremos o calendário em breve!

::OUTRAS AÇÕES::

* Batucada da Marcha Mundial das Mulheres contra a violência sexista: no domingo, 25/11, a partir das 12:00, ao lado do MASP.

* Campanha Retome a tecnologia: estará promovendo diversas ações virtuais e de rua (colagem, panfletagens, pixações, etc) em diversas partes do Brasil, maiores informações: http://retomeatecno logia.wordpress. com/
____________ _________ ________
*Os treinos são atividades mais curtas e regulares permitindo desenvolver as práticas já conhecidas e adquirir novas. Os treinos são direcionado as meninas e mulheres que já tenham feito pelo menos uma vez a oficina de iniciação básica. Horário: das 15 às 18 horas.

- Como os treinos serão freqüentes sugerimos as participantes uma contribuição voluntária de R$ 2,00 para a ajuda na manutenção do espaço (água, luz, limpeza, etc).

[recomendamos que usem roupas confortáveis e leves e bandana - do tipo atadura de algodão que você encontra em farmácia - para utilização nos exercícios].

As atividades são abertas apenas para meninas e mulheres!
____________ _________ ________
E o que é Wen-Do, afinal?

O Wen-Do é uma prática de auto-defesa que surgiu no Canadá entre as décadas de 60 e 70, por meio de mulheres de uma família que praticavam vários tipos de artes marciais. Ao ficarem sabendo que sua vizinha havia sido espancada e estuprada dentro de sua casa, vindo a morrer por conseqüência das agressões, elas decidiram organizar um programa que reunisse técnicas fáceis para que as mulheres pudessem usar de forma efetiva e sem necessidade de força ou condicionamento físico, contudo, o Wen-Do não é só um conjunto de técnicas para que as mulheres possam se defender de uma possível agressão, mas também um espaço para que as
mulheres possam entender as causas desse tipo de violência, partilhar suas experiências, fortalecer sua auto-estima e descobrir a força que existe dentro delas mesmas.
O Wen-Do é uma prática que se tornou referência para o movimento feminista do Canadá e da Europa e vem sendo amplamente difundida em outras partes do mundo. Na América Latina já existem grupos de referência na Argentina e no Brasil, promovendo oficinas e discussões sobre a questão da violência contra a mulher.

Grupo WenDo/SP (2007)
____________ _________ _______
O Coletivo WenDo-SP é um grupo autônomo, sem fins lucrativos e que não recebe subsídios financeiros de instituições públicas e/ou privadas para suas atividades. Todos os gastos são custeados pelo coletivo, com a venda de camisetas com o logo do grupo* e a contribuição voluntária das participantes.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Quando a Crise Aérea é o Grande Problema Do Brasil

Este artigo trata, rapidamente, das polêmicas em torno da crise aérea. Seu principal objetivo é questionar a visão das classes média e alta sobre o governo Lula, entendendo quem gosta e quem não gosta dele e de seu governo. O texto tenta passar um pouco pelos grandes problemas sociais que assolam o país e pensar por que, neste contexto, há gente que acredita que a crise aérea é o grande problema do Brasil de 2007.
Desde o acidente com o avião da Gol, ocorrido em setembro de 2006, e o agravamento do chamado “apagão aéreo” pelo acidente com o boeing da TAM, que matou quase 200 pessoas em 17 de julho de 2007, consolidou-se o discurso monotemático da imprensa e das classes mais abastadas em torno do assunto. Mostram revolta: poucos apontam as empresas como co-responsáveis e a maioria enxerga no acidente uma ótima maneira de criticar o governo de Lula, não sem razão; outros, empolgados com o momento, pedem até o impeachment de Lula.
Algumas questões não querem calar. Por que motivo, tanto a imprensa, quanto a classe média acham que a crise aérea está entre os maiores problemas do país? Por que, da mesma forma, uma e outra, acham que isso seria suficiente para derrubar o governo de Lula? E a classe alta, pensa da mesma forma? Afinal, qual é a real avaliação que o brasileiro faz do governo Lula? Estaria, de fato, o apagão aéreo, entre os principais problemas do Brasil, como quer fazer crer a imprensa?

LULA E A CLASSE MÉDIA BRASILEIRA, OU, QUEM GOSTA DO LULA?
A reivindicação do impeachment de Lula por setores das classes média e alta e movimentos como o Cansei mostram um retrato do fenômeno que tentaremos demonstrar, e que podemos resumir da seguinte forma: a classe média e grande parte da classe alta são incapazes de observar além daquilo que está ao seu redor. Para elas, é raríssimo tecer qualquer observação pertinente, de qualquer coisa, que vá para além de seus próprios círculos de convivência.
Um olhar um pouco mais atento ao sentimento “geral” do país, extrapolando o universo das classes média, alta e com imensas influências da classe baixa, anunciará que a popularidade de Lula, não só não baixou, como aumentou, se comparada a alguns períodos do ano passado.
Para uma rápida análise, observemos duas recentes pesquisas. Em uma primeira, encomendada pela revista Carta Capital e Band News para o Vox Populi, publicada na própria revista[1], ao responderem se, de maneira geral, aprovam ou desaprovam a atuação do governo Lula, 60% do público dizem aprovar e 34% reprovar. O índice de aprovação é o maior desde maio de 2006, com exceção do mês de outubro, quando Lula elegeu-se com 63% de aprovação. Em outro quadro, que faz uma avaliação dos primeiros seis meses de mandato, o governo de Lula foi avaliado como positivo por 47% dos entrevistados, índice maior do que os dois mandatos de Fernando Henrique, Itamar e Collor. Outra pesquisa publicada no domingo, dia 05 de agosto de 2007, pela Folha de São Paulo, mostra dados semelhantes. A pesquisa, realizada pelo Datafolha, mostra que 48% dos entrevistados avaliam o governo de Lula como ótimo ou bom, enquanto somente 15% avaliam como ruim ou péssimo.
Mas se Lula tem sido tão criticado nos círculos das classes média e alta, quem é que avalia de maneira positiva seu governo? Com uma observação mais detalhada nas pesquisas, pode-se notadamente perceber que quanto mais pobres e menos instruídos os entrevistados, melhor avaliam o presidente. Dos entrevistados na pesquisa Vox Populi que recebem até um salário mínimo, 69% aprovam o governo de Lula. Entre os que recebem mais de 10 salários mínimos, a aprovação diminui para 42%. Os dados são semelhantes quando se observa o grau de instrução dos entrevistados. Dos que estudaram até a 4ª série do ensino fundamental, 69% aprovam o governo de Lula, ao passo que daqueles com curso superior, somente 46% o aprovam.
Isso poderia conduzir a conclusões simplistas. Os mais pobres do país, muitos assistidos pelos programas sociais do governo, aprovam amplamente o governo de Lula. Os mais ricos, não beneficiados pelos programas sociais e que sentem, pela estabilidade da economia e aumento do crédito, uma entrada dos menos favorecidos na classe média, reprovam. Os menos instruídos, que “votam pela identidade de classe e pelo assistencialismo do governo”, aprovam. Os mais instruídos, ou os que têm mais contato com a imprensa, que são mais informados, reprovam.
E, de fato, o acesso à imprensa faz com que aumentem as críticas sobre o governo. Se uma parcela da imprensa simplesmente reproduz um discurso ideológico, em defesa da classe dominante, o fato é que há críticas muito bem embasadas sobre o desempenho de Lula e de seu governo. Como mostrou recente relatório do Banco Mundial[2], este governo é o mais corrupto dos últimos tempos e o que mais vem utilizando o Estado para fins partidários – o vulgo “aparelhamento” do governo –, talvez um pouco do que ainda restou da origem leninista de alguns membros do PT.
No entanto, para uma análise da situação como um todo, e não para uma observação restrita somente daquilo que é evidente e que está ao nosso lado, não podemos terminar a análise aí. Resta uma dúvida que não é esclarecida pelas duas pesquisas citadas. E os ricos de verdade? E a verdadeira classe dominante?
Ao observar a “faixa dos mais ricos” entrevistados na pesquisa Vox Populi, não conseguimos responder esta pergunta, visto que ela só nos mostra uma faixa única daqueles que recebem “mais de 10 salários mínimos”, ou seja, a partir de R$ 3800,00 mensais. A dúvida permanece.
Observando com um pouco de cuidado o contexto do Brasil, não seria um absurdo dizer que a classe A, ou seja, a classe alta de verdade, a elite do país, apesar dos desgostos pelas origens do petista, beneficia-se muito da situação econômica estabilizada por seu governo. São inúmeros os grandes proprietários, investidores e banqueiros que tecem elogios a Lula. Claros exemplos disso são os lucros anunciados recentemente pelos bancos privados do Brasil. Um artigo da Gazeta Mercantil[3], informa que o Bradesco afirma ter tido um lucro líquido de mais de 4 bilhões de reais, somente no primeiro semestre de 2007; um aumento de quase 30% em comparação aos lucros do mesmo período do ano passado. Este era o maior lucro entre bancos privados de capital aberto dos últimos 20 anos[4], até o anúncio dos lucros do Itaú no semestre: 4,02 bilhões.[5] O que será que os donos desses bancos acham do governo do Lula?
A política econômica do governo Lula deu espaço para que bancos faturassem como nunca, a estabilidade atraiu investimentos estrangeiros. Outro exemplo, são os empresários usineiros que, pelo incentivo de Lula ao álcool, estão sorrindo de orelha a orelha. José Pessoa de Queiroz Bisneto, empresário do ramo, proprietário de oito usinas e 11 mil empregados, afirma, em entrevista para a revista Audi Magazine[6]: “recentemente, quando apoiei Lula para presidente, no primeiro mandato dele, achava engraçado: tinha um monte de gente que morria de medo do Lula. Hoje o setor dá graças a Deus. Lula está em lua-de-mel com o setor, o etanol... O mundo veio a falar de etanol depois do Lula”. Poderíamos citar muitos outros exemplos.
Também não seria um absurdo entender o fenômeno da classe média que odeia o Lula. Por uma série de motivos, o fato é que o cidadão da classe média olha muito mais para cima do que para baixo; é muito comum uma pessoa que recebe seus R$ 3000,00 por mês, achar que está mais próximo do Bill Gates, do que do trabalhador que recebe um salário mínimo por mês. Reclama que não tem o que o rico tem, no entanto não observa o que tem a mais que o pobre. Isso porque a classe média não se move tanto pela racionalidade econômica, como a dos banqueiros e empresários; ela assume e absorve a ideologia da classe dominante e para se sentir mais próxima dos ricos, afasta-se dos pobres, e a melhor forma que encontra para fazer isso é justamente expressando uma visão de mundo de classe dominante. A classe média tem medo do Lula por acreditar que “ele é de esquerda”, algo que qualquer um, um pouco mais instruído, sabe que não é faz tempo; podemos confirmar isso com todo o setor privado que confirmará que de “comunista”, Lula não tem nem o cheiro. A classe média está ameaçada; acredita que está perdendo os poucos privilégios que lhe restam e que lhe fazem sentir tão superior aos pobres. É assim que endossam a visão de Veja e outros veículos que exprimem uma ideologia da classe dominante para a classe média. Isso com relação a todos os assuntos. Recordemos do bom e velho Chomsky que dizia que se você quer ser informado de verdade, deve ler um jornal de rico (de investidores, fundamentalmente) – ele cita o exemplo do Financial Times – pois, falava ele, a mídia feita para classe média tem óbvias intenções de ludibriar os leitores, expondo-os aos valores que essa imprensa gostaria que eles acreditassem. Extrapolando essa visão para o Brasil, Chomsky recomendaria a leitura da Gazeta Mercantil, ao invés de Veja, Folha ou Estado de São Paulo.

CRISE AÉREA E PROBLEMAS SOCIAIS DO BRASIL
O fato de as classes média e alta estarem focadas simplesmente nos seus próprios problemas faz com que acreditem realmente que o grande problema do Brasil de hoje é a crise aérea. Recordemos que somente 8% da população têm costume de voar de avião e não é estranho o fato de que aqueles que produzem as notícias da imprensa estejam dentro desses 8%. No entanto, será que esse realmente é o grande problema do Brasil? Observemos rapidamente alguns outros problemas do país.
para seguir lendo click:

terça-feira, 20 de novembro de 2007

ATENÇÃO

Atenção a todos os amigos.
Apelo a todos que acompanham esse blog, que nos ajudem a divulgar o que está acontecendo.
A Policia Militar e a Policia Civil afetados com a onde de matança, estão fazendo da nossa periferia um estado prá lá de nazista, já são mais de 100 "suspeitos"assassinados, e nenhum deles é PCC .
Só de colegas, foram mortos 4, isso pra não contar os que estão no hospital.
Nenhum deles tinha passagem, por isso apelo para que divulguem a real de que o acordo não foi feito com o povo, o povo tá morrendo, sendo baleado pelas costas, ao entregar pizza, ao voltar para casa.
A policia covarde, treme perante o olhar do ladrão, mas mata sem dó quem está simplismente voltando para casa.
isso é uma vergonha, e se é o trabalho deles, tá na hora da gente fazer o nosso, reagir com cidadania, mostrando que não queremos essa matança.

LEI MARCIAL PARA POBRES INOCENTES FOI DECRETADA.

Ferréz
http://ferrez.blogspot.com/

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Imperdível! Festa do LIvro na USP com 50% de desconto, ou mais


Mais de 120 editoras estarao disponibilizando titulos com pelo menos 50% de desconto.

Dias 21, 22 e 23 de novembro
predio da historia/geografia 
das 9:00 as 21:00

Nao percam!!!

domingo, 18 de novembro de 2007

Coceira inglesa

Incrivel depoimento para compeender "coisas" na Inglaterra.

http://www.youtube.com/watch?v=rviSKiyte88

ps- sinto por colocar apenas o link, problemas tecnicos...

terça-feira, 13 de novembro de 2007

20 anos do movimento da luta antimanicomial

O conformismo como cultura manicomial: a morte da rebeldia.

A MORTE é a expressão mais cruel dos mecanismos de exploração e opressão da humanidade
promovidas pela acumulação capitalista. Ao instrumentalizar o aparato repressivo policial e
institucional para discriminar, excluir e segregar os negros, as diferentes etnias, os pobres de todas as idades e orientações sexuais; transforma os hospitais psiquiátricos, as novas modalidades de controle dos transtornos mentais, os asilos, as casas de correções de menores, os presídios, entre tantas outras formas de reclusão inventadas no capitalismo, em estratégias de extermínio da mão de obra excedente e indesejável para o melhor funcionamento das leis de mercado. Promove-se desta forma a morte subjetiva, através de prescrição de subjetividades; a morte social, através da exclusão das relações de trocas sociais; e a morte física, como eliminação do incômodo e dos custos sociais de sobrevivência.
No entanto, esta estratégia desenvolvida progressivamente e que ganha contornos mais cruéis
na atual etapa neoliberal e de mundialização do domínio capitalista, não teria vitalidade e permanência não fosse o ardil da ordem que captura subjetividades contestadoras, indignações e ideologias; prescrevendo-se uma CULTURA DO CONFORMISMO, que subordina as individualidades e as formações coletivas, incluindo os movimentos sociais e os partidos políticos, ao império do consumo e do mercado. Cria-se profusamente racionalidades, popularizando-se expressões como “alianças táticas”, “crescimento virtuoso” e “governabilidade”, como tentativa de iludir e manter o conformismo.
A MORTE DA REBELDIA, portanto, é a condição predita pelo capitalismo neoliberal para impingir as maiores derrotas à esperança, à vida e às utopias.
O debate que o FÓRUM SOCIAL POR UMA SOCIEDADE SEM MANICÔMIOS promove tem
como objetivo compreender os mecanismos da rota da morte, do conformismo e da morte da rebeldia, esperando contribuir com todos os movimentos populares e sindicais, em especial o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, que nesta semana comemora 20 anos de existência. Esperamos contribuir com a recuperação de suas historicidades, identidades e projetos de luta para a transformação radical da sociedade.

Local:
Câmara Municipal de São Paulo
Palácio Anchieta - Viaduto Jacareí no 100
• 1o subsolo-sala

Dia 4/12/2007
Horário: 14h

Expositores:
Maria Inês Assumpção
Doutora do Instituto de Psicologia da USP

Mauro Iasi
Prof. Titular de Ciência Política da e
Faculdade de Direito de São Bernardo

Informações:
sociedade_sem_manicômios@yahoogrupos.com.br
Fone: 9975-2032/9670-8444


sábado, 10 de novembro de 2007


"Desespero quieto é o melhor remédio que há, que põe no mundo e deixa a criatura solta" Guimarães R.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Como falar sobre a religião?

"Eu gostaria de começar com a bela peça de Samnuel Beckett, 'Esperando Godot'. Ela é absurda, como absurda é a vida, mas o verdadeiro absurdo da vida, se compreendido profundamente, torna-se uma indicação para alguma coisa que está além e cheio de significado. E somente o além é cheio de significado: o que está além de você é cheio de significado, o que está além da mente é cheio de significado.
'Esperando Godot' pode ser um grande começo para o Hassidismo, Zen ou Sufismo, uma verdadeira indicação indireta, porque dizer alguma coisa diretamente a respeito de tão íntimo e profundo fenômeno, é violentá-lo. Assim, sejamos cuidadosos, movimentemo-nos devagar, pois o terreno é sagrado.
A cortina se levanta: dois vagabundos estão sentados e esperando Godot. Quem é esse Godot? Eles não sabem, ninguém sabe. Mesmo o Samuel Beckett, quando uma vez lhe perguntaram quem era esse Godot, disse, 'Se eu soubesse, teria dito na própria peça'.
Ninguém sabe, isso é um gesto Zen. Mas a palavra Godot soa como Deus (God, em inglês), o que é significante. Quem conhece Deus? Quem alguma vez o conheceu? Quem pode dizer, quem pode proclamar: 'Eu conheço'? Toda informação é tolice, e aquele que proclamar que conhece Deus, é simplesmente estúpido.
Godot soa como Deus (God), o desconhecido. Ele pode ser tudo, ele pode ser nada. Eles estão esperando Godot.Se eles não conhecem esse Deus, por que eles estão esperando? Porque se você não esperar por alguma coisa, você cairá dentro do vazio mais interno; se você não estiver esperando que alguma coisa aconteça, você terá que encarar o vácuo dentro de você, o nada dentro de você, e isso dá medo, isso é como a morte. Para evitar isso, para escapar disso, a pessoa projeta um sonho no futuro. É assim que o tempo futuro é criado.
O futuro não é parte do tempo, ele é parte da mente. O tempo é sempre presente. Ele nunca é passado e nunca é futuro. Ele é sempre agora. A mente cria o futuro, assim a pessoa pode evitar o 'agora', a pessoa pode olhar para frente, para as nuvens, esperar alguma coisa e fingir que alguma coisa está para acontecer e nada acontece.
Uma das verdades mais básicas a respeito da vida humana é que jamais coisa alguma acontece. Milhões de coisas parecem acontecer, mas nada jamais acontece. A pessoa segue esperando, esperando, esperando: esperando Godot. Quem é esse Godot? Ninguém sabe. Mas ainda assim, a pessoa tem que projetar um sonho... como evitar o seu próprio vazio interior?
No Hassidismo há um ditado: 'O homem é feito de pó e ao pó retornará - do pó para o pó e no meio, uma bebida se acomoda'.
Essa bebida é o desejo, a projeção, a ambição, o futuro, a imaginação. De outra maneira, você iria se tornar, de repente, consciente de que você é apenas pó e nada mais. Esperando pelo futuro, aguardando o futuro, o pó tem um sonho ao redor, ele faz parte da glória do sonho, ele ilumina. Através do sonho você sente que você é alguém. E sonhar não custa nada, você pode sonhar. Mendigos podem sonhar que são imperadores, não existe lei alguma contra isso. Para evitar o que é, projeta-se um sonho de tornar-se algo. Aqueles dois vagabundos estão personificando toda a humanidade.
O homem é um vagabundo. De onde você veio? Você não é capaz de dizer. Para onde você está indo? Você não é capaz de responder. Onde você está exatamente agora, neste momento? No máximo você pode encolher os ombros. O homem é um vagabundo, um viajante, sem lar no passado, sem lar no futuro, viajante numa viagem contínua, sem fim. Beckett está certo: aqueles dois vagabundos são toda a humanidade.
Mas para criar um sonho, um não é suficiente, dois são necessários. Porque um será menos do que é preciso, a ajuda do outro é necessária. Por isso que aqueles que querem se livrar dos sonhos tentam ficar sozinhos, começam a se tornar silenciosos, meditam, vão para o Himalaia. Eles tentam ficar só, porque quando você está só é difícil. Pouco a pouco, de novo e de novo, você vai sendo atirado de volta à sua realidade, não existe apoio, não existe desculpa, por isso o outro é necessário. É por isso que sempre que alguém se apaixona, de repente os sonhos explodem no ser. O outro está ali, agora vocês podem sonhar juntos e vocês podem ajudar um ao outro a evitar a si próprio. É por isso que há tanta necessidade de amor, é uma necessidade de sonho. Só, é muito difícil sonhar. Pouco a pouco o sonho é quebrado e você é atirado à realidade nua, ao vazio. Um amante é necessário, alguém para se agarrar, alguém para olhar, alguém para compartilhar, alguém que vai remendar os furos, que irá trazê-lo para fora de si mesmo, de maneira que você não tenha que encarar a sua realidade nua.
A cortina sobe e dois vagabundos estão sentados. Eles estão esperando Godot. Eles não perguntam um ao outro: 'quem afinal é esse Godot?' porque perguntar pode ser perigoso. Eles ambos sabem, lá no fundo, que eles estão esperando ninguém. É perigoso, é arriscado perguntar 'quem é esse Godot?'. O surgimento da própria pergunta será perigoso: o sonho se despedaçará. Eles estão com medo, eles não perguntam.
Uma pergunta eles evitam continuamente: 'quem é esse Godot?' e essa é a questão básica, a que deveria ter sido formulada no primeiro momento em que a pessoa se tornasse consciente. Você está esperando Godot. Pergunte: 'quem é esse Godot?' Mas esta questão mexe com eles. Por isso eles conversam sobre muitas outras coisas. Eles dizem: 'quando ele vai chegar? você tem certeza de que desta vez ele vai cumprir a promessa? Ontem ele nos enganou, anteontem ele não veio e hoje também, a hora prometida já está passando e parece que ele não está vindo'.
Eles estão olhando para a estrada repetidas vezes, e a estrada está vazia. Mas eles não formulam a questão básica. Eles nunca perguntam: 'quem é Godot?'. Eles nunca perguntam 'quando ele prometeu a você que viria? Onde você se encontrou com ele? Como você sabe que ele existe?'. Não, eles nunca tocam nessa questões.
Essa é a maneira como vivem todas as pessoas no mundo. Elas nunca formulam a questão básica. Ela é arriscada, ela é muito perigosa. A pessoa tem que se esconder, a pessoa tem que fingir que essa questão básica já é conhecida. Lembre-se, a pessoa segue sempre perguntando as perguntas secundárias.
Quando vocês vêm a mim, raramente acontece de alguém formular um pergunta primária.... só secundárias. E se eu tentar trazê-los para a pergunta primária, vocês ficam amedrontados. Vocês perguntam coisas fúteis que podem ser respondidas, mas que, mesmo sendo respondidas, não lhes trazem ganho algum, porque elas não são básicas. É como se a sua casa estivesse em chamas e você perguntasse 'quem plantou essas árvores?'. A pergunta pode parecer relevante, ela pode ser respondida, mas qual será o resultado disso?A casa está em chamas, você tem que fazer alguma coisa, e perguntar o que é fundamental. Mas você nunca pergunta.
E de novo eles repetem, 'o dia está passando novamente e ele não veio'. E eles ajudam um ao outro, 'ele deve estar chegando, ele talvez esteja atrasado. Existem mil e um imprevistos. Mas ele é um homem em quem você pode confiar, ele é confiável'. E esse 'ele' é simplesmente vazio. Um dia mais se passou e ele não veio e eles estão furiosos. Eles começam a dizer: 'agora é demais. É demais, e nós vamos embora'. Eles não podem esperar mais, mas eles nunca vão embora. No dia seguinte, de novo eles estão lá, sentados no mesmo lugar, esperando Godot novamente. E ontem eles haviam decidido, eles tinham decidido veementemente que agora eles iriam embora. 'Está acabado. Uma pessoa não pode esperar por alguém por toda a vida. Então, se ele estiver vindo, tudo bem; mas se ele não estiver vindo, também está tudo bem.'
Por que eles não vão embora? Eles continuam repetindo que estão indo embora. O problema é: para onde ir? Você pode ir embora, mas, para onde ir? Para qualquer lugar que você for, você estará de novo esperando Godot, a mudança de lugar não irá ajudar. Você pode ir para a Índia, você pode ir para a Inglaterra ou para os Estados Unidos, ou você pode ir para o Japão, mas qual será o resultado? Você estará esperando Godot. Japão, Inglaterra, Índia, dá no mesmo. A mudança de geografia não irá ajudar.
É por isso que quando a humanidade está em profundo tumulto, as pessoas se tornam viajantes. Elas vão de um país para outro. Elas estão sempre no movimento de ida, elas estão sempre indo a algum lugar. E elas não estão chegando a lugar algum, mas elas estão sempre indo a algum lugar. Na verdade elas não estão indo a algum lugar, elas estão apenas escapando dos lugares onde elas estão. Se elas estão nos Estados Unidos, elas vão para a Índia, se elas estão na Índia, elas vão para o Japão, se elas estão no Japão, elas vão para o Nepal. Elas não estão indo a lugar algum, elas estão simplesmente tentando escapar do lugar onde elas estão. E em todo lugar elas permanecem as mesmas: nada acontece, porque a geografia nada tem a ver com isso. Aqueles vagabundos, sob certo sentido, são mais verdadeiros e honestos. Eles decidiram com raiva. Eles xingaram e juraram. E disseram: 'Agora é demais! Amanhã cedo nós não estaremos mais aqui esperando Godot. Nós vamos embora!'
Amanhã novamente o sol nasce e eles estão no mesmo lugar e esperando, e de novo perguntando quando ele chegará. E eles se esqueceram completamente da noite anterior quando eles tinham decidido ir embora... mas, para onde ir?
Sem lugar para ir. Essa é a segunda verdade básica a respeito da humanidade. A primeira é que nada acontece, jamais. As coisas parecem acontecer, mas você permanece o mesmo. Olhe para o seu ser. Alguma coisa já aconteceu aí? Você era uma criança e sonhava muito, então você se tornou um jovem e você ainda sonhava muito. Então você se tornou um velho e você ainda está sonhando. Você sonhou com riquezas do mundo, agora talvez você esteja sonhando com as riquezas do outro mundo, mas alguma coisa aconteceu com você? E não fique assustado, porque se você ficar assustado, você começará a formular perguntas secundárias.
Religião é formular a questão fundamental, a questão verdadeiramente básica. E é muito significante formular a pergunta corajosamente, porque na própria formulação você está chegando próximo ao centro.
A segunda verdade: você tem ido, ido e ido de um lugar para outro, de um estado de humor para outro, de um plano para outro, de um nível para outro, mas você não está chegando a lugar algum. Você já chegou a algum lugar? Você pode dizer que você alcançou algum lugar? É sempre uma partida. E nunca acontece uma chegada? Os trens estão sempre partindo, os aviões estão sempre decolando, as pessoas estão prontas na sala de espera. Sempre partindo e nunca chegando a lugar algum. Tudo isso é um absurdo ... Mas você nunca pergunta.
Essas duas perguntas são básicas e a terceira começa então a borbulhar: quem é você? Porque, realmente, não é muito significativo perguntar quem é Godot. Isso é uma criação sua, seus deuses são suas criações.... A verdadeira religião, uma religião autêntica, não pergunta quem é Deus. Ela pergunta 'quem é você?' Eu tenho que descer até a minha fonte básica, somente ali, somente ali está a revelação. Jesus, Buda, ou Baal Shem Tov - eles formulam as perguntas fundamentais.
A segunda coisa para compreender a respeito das perguntas fundamentais é que as perguntas fundamentais não têm respostas. A pergunta é a própria resposta. Se você formular a pergunta autenticamente, no próprio perguntar, ela será respondida. Não é que você pergunta 'quem sou eu, quem sou eu, quem sou eu?' e num dia você vem a saber que você é a, b, c, d. Não, você nunca vai chegar a saber a, b, c, d. Pouco a pouco, quanto mais você perguntar, mais fundo chegará. Um dia, de repente, a pergunta desaparece. Você estará de pé, face a face com seu próprio ser, você está aberto para o seu ser. A pergunta terá desaparecido e não haverá resposta.
Tenha isso como um critério: se a pergunta puder ser respondida, ela não é fundamental. Se por perguntar, a questão desaparece, ela é fundamental, e nesse próprio desaparecer, você terá chegado. E pela primeira vez, alguma coisa terá acontecido, pela primeira vez, você já não é mais o mesmo. Godot não veio, mas a espera desapareceu. Você não espera, você chegou. E uma vez que você tenha chegado, a qualidade de seu ser será totalmente diferente. Então você pode celebrar!
Quando uma semente se torna uma flor, existe alegria, existe deleite. Uma vez que você compreenda quem você é, uma vez que você vá fundo em seu vazio, sem medo, uma vez que você aceite a morte interna, e você não tente escapar através de sonhos e projeções, uma vez que você aceite que você é pó e ao pó retornará e que entre esses dois acontecimentos não há nada, só um profundo vazio, você terá chegado ao que Buda chama Nirvana. E isso é o que o Hassidismo chama Deus. Isso não é o seu Godot. ..........
Uma vez que você esteja pronto para entrar no vazio, de repente o medo desaparece, a mesma energia se torna celebração. Você pode dançar porque aquilo que parecia ser vazio era uma interpretação da mente, não era vazio. Aquilo era tão cheio que a mente não podia entender aquela imensa dimensão.
Uma vez que você entre em seu ser mais profundo, a mente não pode entender. Ela é totalmente alheia a essa nova linguagem, ao novo território. Isso é absolutamente desconhecido para ela. A mente não pode ajudar nisso. Ela segue simplesmente vazia. A coisa é demais para ela. A luz é tão brilhante e deslumbrante que a mente segue vazia e em branco. Você fica com medo e escapa, então você cria um falso deus, um Godot......
Existem religiões de Godots, igrejas, mosteiros, templos. Elas estão organizadas em torno de um credo, organizadas por causa do medo do homem, organizada por causa da mente escapando de seu vazio interior, são doutrinas e dogmas para preencher você. Todas elas são barreiras.
As religiões comuns são falsos fenômenos. Tenha cuidado com elas. Você pode estudar e, enquanto você estuda, você pode se sentir bem, enquanto você estuda, você pode se esquecer de si mesmo. Você pode entrar em teorias sutis e pode acontecer uma certa curtição intelectual, um deleite intelectual. Você pode participar de rituais e pode haver uma certa intoxicação nisso. Se você repetir um mantra continuamente, você ficará intoxicado, ele está criando um álcool interno através do som. Ou você pode entrar nas drogas. Você mudará a sua química e por poucos momentos você alcançará uma altura que é falsa, que não é uma altura real, porque você não tem alicerces para ela. Foi a química que empurrou você.
Eu encontro você na estrada e eu tenho uma lanterna. De repente, você não está mais na escuridão, mas a lanterna é minha. Em breve nós iremos partir, porque o seu caminho é o seu caminho e o meu é o meu. E cada indivíduo tem um caminho individual para alcançar seu destino. Por um momento você esquece toda a escuridão, a minha luz funciona para mim e também para você. Mas em breve o momento chega e nós teremos que partir. Eu sigo o meu caminho e você o seu. Agora, de novo, você terá que ir apalpando na escuridão e a escuridão será ainda mais forte que antes.
Assim, não dependa da luz dos outros. É até melhor ir apalpando na escuridão, mas deixe que a escuridão seja sua. A luz de alguma outra pessoa não é boa. Mesmo a própria escuridão de uma pessoa é melhor para ela. Pelo menos é dela mesma, pelo menos ela é a sua realidade. E se você viver em sua própria escuridão, mesmo a escuridão se tornará menos e menos escura. Você será capaz de ir apalpando, você aprenderá a arte de apalpar e não irá cair.
Pessoas cegas não caem. Se você tentar andar com os olhos fechados, enfrentará dificuldades. Nem cem passos você conseguirá dar. Mas o homem cego tem andado de toda maneira, a cegueira é dele. Com os olhos fechados você está tomando uma cegueira por empréstimo, ela não é sua.
Mesmo a escuridão, sendo da própria pessoa, é boa. Os erros da própria pessoa são melhores que as virtudes de outras pessoas. Lembre-se disso, porque a mente está sempre tentada a imitar, a tomar emprestado. Mas o que é significante não pode ser tomado emprestado. Não, você não pode entrar no reino de Deus com dinheiro emprestado, não tem jeito. Você não pode subornar os guardas, porque não existem guardas, e você não pode entrar pela porta do ladrão, porque não existem portas. Você tem que caminhar e ao caminhar, criar o seu próprio caminho. Caminhos prontos não estão disponíveis.
Isso é o que as falsas religiões seguem ensinando as pessoas: 'Venha! Esta é uma superestrada. Seja um cristão e não precisará mais se preocupar. Então nós iremos cuidar de todo o seu fardo. Então nós nos responsabilizaremos.' Jesus disse: 'Seja você mesmo' e o Papa do Vaticano diz: 'Siga o cristianismo'.
Todo o cristianismo é contra Cristo, todas as igrejas são contra a religião. Elas são cidadelas de anti-religião e de anti-Cristo, porque aqueles que alcançaram o conhecimento enfatizaram que você deve ser você mesmo. Não existe outra maneira de ser. Tudo o mais é falso, desonesto, não sincero, imitação, feio. A única beleza possível é ser você mesmo, ser você mesmo em tal pureza e inocência que nada de fora, estranho, entre em você.
Caminhe em sua própria escuridão, porque caminhando, apalpando, pouco a pouco você irá encontrar a sua própria luz também. Quando você tem a sua própria escuridão, a luz não está muito longe. Quando a noite está escura, a manhã está próxima, quase chegando. Se você se tornar dependente de luz emprestada, você estará perdido. A escuridão nunca é tão perigosa quanto uma luz emprestada. Conhecer é bom, mas o conhecimento não é bom. O conhecer é seu e o conhecimento é dos outros......................
Para você caminhar não é preciso que o mundo inteiro seja preenchido com luz, basta o seu próprio coração. Uma pequena chama e será o suficiente, porque ela irá iluminar suficientemente o caminho para você caminhar. Ninguém caminha mais do que um passo de cada vez. Uma pequena chama no coração - de consciência, de clareza, de meditação, uma pequena chama e será o bastante. Ela ilumina um pouco seu caminho. Então você dá um passo e então a luz avança mais adiante.
Lao Tsé diz: 'caminhando um passo de cada vez, a pessoa pode caminhar dez mil milhas'. E Deus não está lá longe. O Godot está lá longe, você nunca irá alcançá-lo. Você terá que esperar, esperar e esperar. Ele é uma espera. Godot é uma espera infinita, porque ele é simplesmente uma imaginação. Ele não está lá. Ele é como o horizonte, ele aparenta estar
Godot é um horizonte, ele é uma espera, ele preenche o seu vazio e engana você. Esse é o único engano. Mas Deus não está longe. Deus está exatamente onde você está, exatamente agora...
Viver é possível somente neste momento, porque não existe outro momento. E quando eu estou dizendo essas coisas, não comece a pensar a respeito delas, porque pensar é um processo e leva você para o futuro. Ouça-me e entenda - isso não é uma questão de pensar. Eu não estou falando a respeito de alguma hipótese. Eu estou simplesmente falando para vocês um fato. Eu não estou dando a vocês uma doutrina, eu só estou indicando qual é o caso. Você não precisa pensar a respeito disso. Você pode ouvir e se você tiver ouvido bem, atentamente, o entendimento é imediato.
Comigo, você irá perder a trilha repetidas vezes, porque essa é a minha luz. Mas, uma vez que você saiba que a luz é possível, você se tornará confiante de que a sua luz também é possível. Se isso acontece com esse homem, por que não com você? Meus ossos são exatamente como os seus, meu sangue, exatamente como o seu, eu sou de carne-e-osso como você. Eu estou tão empoeirado quanto você. Se alguma coisa do além foi possível para esse homem, você pode confiar, não há necessidade de hesitar, você também pode dar o salto.
Comigo, nesses dias, enquanto você estiver comigo, eu vou tentar caminhar com você com minha luz. Lembre-se: aproveite isso, mas não dependa disso. Leia o Torah, leia a Bíblia, aproveite pois eles são realmente lindos, mas não dependa. Curta o seu próprio impulso, o seu próprio desejo, dê uma urgência, uma intensidade para chegar, para chegar onde você já está. Isso não irá acontecer em algum outro lugar. Isso está aí, onde você está.
A religião não é um objetivo, ela é uma revelação. Religião não é um desejo, ela é realidade. Só um pequeno sintonizar, e eu digo só um pequeno e tudo se torna possível. A vida se torna possível, de outro modo você viverá vazio e esperando. Não seja os vagabundos da peça de Samuel Beckett 'Esperando Godot'. Você já esperou muito. Ponha um fim nisso, agora, e comece a viver. Por que esperar? Quem você está esperando? Quem é afinal esse Godot? Neste momento, toda a existência cruza em você.
Neste momento, tudo que está na existência, culmina em você.
Neste momento, você é um crescendo. Curta isso.
Se você puder entender que você é o objetivo, será muito fácil entender essa história. Ela é pequena, mas muito significante e penetrante. Você é o objetivo, você é o caminho, você é a luz, você é o todo. Esse é o significado quando nós dizemos 'você é sagrado'.
Se você veio a mim, lembre-se: deixe-me ser simplesmente um encorajamento, um encorajamento para levar você a si mesmo. Permita-me e ajude-me de tal maneira que eu possa atirá-lo de volta ao seu ser mais profundo. Esse é o significado de um mestre: um mestre ajuda você a ser você mesmo.
Eu não tenho qualquer padrão de comportamento para lhe dar, nenhum valor, nenhuma moralidade. Eu tenho apenas liberdade para lhe dar, de modo que você possa florescer, possa se tornar um lotus, uma luz e uma vida eterna."
OSHO - The True Sage - Discourse n1. (tradução: Sw.Bodhi Champak)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Sobre saber voltar.

To voltando!
Depois de quase um mes de absoluta solitude e melhor compreensao da total impermanencia do mundo, estou voltando...
Entao vamos com calma, devagar, porque ja dizia a sabedoria popular que apressado come cru. Mas dessa vez com outra atencao, tentando olhar para essa mesma sabedoria que tambem diz que nao se deve dormir no ponto.
Parece-me que saber ir (nao importa onde e nem aonde!) eh importante, mas saber voltar eh fundamental. Ta certo que continua valendo o proverbio chines que ninguem entra no mesmo rio duas vezes, mas quando damos ouvidos a outra forma de entendimento, com um deslocamento mais intuitivo, honesto talvez, nossa percepcao do mundo e de nossa vida muda significativamente. Nao sei exatamente como pode ser isso, mas vejo meus problemas agora. Eles nao mudaram, nem se resolveram como magica nesse tempo que fui meditar, porem parecem infinatamente menores. Incrivel como carregamos tanto peso para onde quer que vamos. Eu cansei! Querer a realizacao de um desejo nao tem nada haver com a esperanca de uma vida melhor. Esperanca tem haver com realizar e lutar e acredito que o direito a isso eh merecimento de quem nao se rende ou quem passa a contemplar menos. Saber voltar meus caros e minhas queridas! Saber voltar. Existe tanto para ser revisitado, para ser experimentado com o novo corpo, a nova alma, no novo rio.
Ja dizia Sidarta Gautama que "a unica verdade possivel eh a da sua propria experiencia. Acredite e se mova por sua propria experiencia, nao a verdade dita por seus pais, por seus professores, por sua tradicao, por seu mestre". Assim, espero que todos voces possam ter paz, saude e felicidade hoje! Que todos voces possam se libertar do sofrimento! Livres de todas as coisas que lhes fazem mal, livres de todo odio, rancor e desconfianca. Que possam compartilhar mais alegria, harmonia e boa vontade! Que tenham dias melhores e cheios de vontade de seguir em frente.
Tento entao escrever mais e um pouco melhor. Melhor no que diz respeito as lutas e transformacoes no mundo. Um pouco mais para que sejamos melhores com nos mesmos e naquilo que tenhamos mais necessidade em compartilhar. Ninguem liberta ninguem, assim como ninguem se liberta sozinho. Fazemos isso em comunhao!
Para comemorar todas as "voltas" do mundo, a grata surpresa enviada por uma mulher que adoro. Mari me falou sobre o mundo e outras cositas mas depois de um show do Rubi... esta ai entao, para quem quiser ver, e voltar.

"Cabe tudo no mundo
que alivio
cabe até eu
que pensei que nunca caberia

cabe cabide, cabe cabra macho, cabe cabra femea
cabe calçado, pé descalço, cabe asfalto
cabe grama, cabe grana que não acaba mais
caldo de cana
cabe falta do que não se é capaz de fazer
ou que se faz e não se deixa perceber
ou que se perde para alguém achar
ou que se pede pra sempre ficar
ou que se olha e se pode tocar
ou que se ama, o que se ama

cabe tudo no mundo
que alivio
cabe até eu
que pensei que nunca caberia

cabe teu mundo no meu
cabe minha boca na tua
cabe tua língua na minha
e eu toda nua e você sem roupa
ou com muito pouca roupa
ou muita roupa
dependendo da temperatura
cabe altura que não posso ver
cabem segredos que não podem mais se esconder
e tudo aquilo que não pode conter ao me encontrar
e tudo aquilo que é melhor deixar rolar
cabe aqui, cabe longe, cabe horizonte
cabe parede, cabe cama, mesa, rede

cabe toda incerteza
cabe todo movimento com seu consentimento
cabe todo caminho com seu coração
cabe sim, cabe não
cabe quem sabe talvez
cabe tentar mais uma vez
cabe inferno astral
cabe tensão pré-menstrual
cabe soluço num suspiro
cabe fumaça e ar
a cada espírito
cabe saúde
suspiro ao pensar que você está para chegar
cabe a eternidade até o nosso próximo encontro
cabe estar pronto
cabe alaúde no samba
ginga de bamba no maracatu
cabe cru, cozido, frito, queimado
cabe sal, doce, flor, foice
segundo, terceiro
cabe primeiro você
por que tinha que ser assim
por que tinha que ser

cabe tudo no mundo
que alivio
cabe até eu
que pensei que nunca caberia"
(Kléber Albuquerque/Cláudia D'Orey)