Esses dias me deparei uma vez mais com uma situação bastante comum para quem vive fora do Brasil e está em um algum país chamado de primeiro mundo. Uma boa parte das pessoas no Brasil sempre pensa que nesses países todo mundo ganha um monte de dinheiro e que estão todos muito bem obrigado. O que aconteceu se passou com uma amiga japonesa que teve que escutar algo como: “mas você é japonesa e vive no Japão. Claro que ganha bem e tá cheia de dinheiro!”. As primeiras vezes que escutei isso, se passou com amigos estadunidenses que foram para o Brasil e todo momento precisavam lidar com a falta de grana (estamos falando de ativistas e trabalhadores sociais e não de turistas que vão viajar para algum lugar "exótico") e a expectativa das pessoas que pensam que por eles serem gringos com certeza estão com muito dinheiro, mas...
Assim, vamos aos fatos. Primeiro que não se ganha tão bem como se pensa. Claro que para um profissional liberal com determinada qualificação há mais chances de se encaixar nessa idéia, mas essa não é a condição da maioria das pessoas. Segundo, que se você não tem essa qualificação, como é o caso de minha amiga e da maioria dos imigrantes, para se ganhar um pouco mais é necessário trabalhar um mínimo de 12 horas diárias por 6 dias na semana em alguma linha de produção de fábrica ou outro trabalho braçal. Aqui no Japão (isso depende também se falamos de homens ou mulheres, porque existe uma diferença de uns 25% de um salário para outro, mesmo que o trabalho seja o mesmo, então vamos considerar que esses valores aqui sejam baixos para um homem e alto para uma mulher) a média salarial se você enfrenta essa condição de trabalho pode receber uns 300.000 yens, algo em torno de 2.500 dólares por mês. Quando o trabalho é feito nas normais 8 horas diárias, numa média de 40 horas semanas – como deveria ser pra maioria, mas que aqui não rola nem a pau! – isso dificilmente passa de 170.000 yens, em torno de 1.500 dólares. E aí é que começa a confusão na cabeça de quem não vive por aqui.
As pessoas olham para o que se ganha, imaginam esse dinheiro para a relidade brasileira, mas são incapazes de ver o que se gasta aqui e o custo de vida. Então hoje resolvi falar sobre isso e dei um pulinho no supermercado mais perto da minha casa e que é considerado um dos mais baratos na região. E gostaria de compartilhar isso com vocês. Penso que com a comida temos um bom exemplo para saber como é parte dos gastos do cidadão comum na segunda maior economia do mundo. Escolhi algumas coisas aleatoriamente, e outras nem tanto, para que vejam como a gente vive por aqui. Aí vai:
Uma laranja = 88 yens que é + ou – 1 dólar
Um abacaxi = 298 yens que é + ou – 3 dólares
Um kiwi = 78 yens que é quase 1 dólar
Uma maça = 128 yens que é + ou - 1,50 dólar
Um pimentão = 198 yens que é + ou – 2 dólares
Dois pessegos = 398 yens que é + ou – 4 dólares
Duas peras = também 398 yens ou 4 dólares
Bandeja com 5 figos = também 398 yens
Um pacote de pão de forma com 6 fatias = o mais barato 198 yens que é uns 2 dólares e o mais caro 228 yens que é uns 2,50 dólares.
Obs: repare nas etiquetas coladas nos pacotes. Quando a validade se aproxima de vencer o preço abaixa.
E agora um dos meus prediletos!
Um melão, dos mais barato = 588 yens, que é uns 6 dólaresUm melão, dos mais caro = 1580 yens, que é + ou – 16 dólares!
Já vi melão nesse mesmo supermercado de 10.000 yens, algo como 100 dólares! As vezes a melância também custa isso. Em Tokyo já encontrei uma cesta de frutas, com uma de cada que lhes mostrei aqui, que custava 50.000yens! Algo perto de 500 dólares. Maluco, não? Acho que se eu mesmo não encontrasse isso não teria acreditado. Algumas frutas aqui, dependendo da época, do tamanho, da colheita, passam a ser artigos de luxo, um presente especial para alguém que você gosta muito ou tem muita gratidão.
E talvez você pense que são frutas bem saborosas, com um gosto único, certo? Errado! Como o Japão não produz quase nada dessas coisas aqui, as frutas passam por um processo artificial de amadurecimento. São colhidas verdes em algum país da Ásia, ou América Latina, e já dentro dos navios começam a receber vários produtos para conservar sua aparência, mas quanto ao sabor...
Até hoje quase não encontrei lugares que façam suco natural, direto da fruta. Uma das raras vezes que encontrei isso não tive coragem de comprar nem um copo de 300ml de suco de laranja. Sabe quanto? 450 yens, uns 5 dólares. Nos estabelecimentos comerciais, seja restaurante, um café, uma lanchonete, o suco natural é uma coisa que não existe. Tudo é de caixinha, pausterizado ou uma mistura de algum concentrado.
Por essas e outras a vida por aqui é bem dispendiosa e para fazer uma grana e voltar pra casa é necessário abrir mão de várias coisas nesse sentido. Bom, depois se houver tempo conto mais sobre essas diferenças.
As pessoas olham para o que se ganha, imaginam esse dinheiro para a relidade brasileira, mas são incapazes de ver o que se gasta aqui e o custo de vida. Então hoje resolvi falar sobre isso e dei um pulinho no supermercado mais perto da minha casa e que é considerado um dos mais baratos na região. E gostaria de compartilhar isso com vocês. Penso que com a comida temos um bom exemplo para saber como é parte dos gastos do cidadão comum na segunda maior economia do mundo. Escolhi algumas coisas aleatoriamente, e outras nem tanto, para que vejam como a gente vive por aqui. Aí vai:
Uma laranja = 88 yens que é + ou – 1 dólar
Um abacaxi = 298 yens que é + ou – 3 dólares
Um kiwi = 78 yens que é quase 1 dólar
Uma maça = 128 yens que é + ou - 1,50 dólar
Um pimentão = 198 yens que é + ou – 2 dólares
Dois pessegos = 398 yens que é + ou – 4 dólares
Duas peras = também 398 yens ou 4 dólares
Bandeja com 5 figos = também 398 yens
Um pacote de pão de forma com 6 fatias = o mais barato 198 yens que é uns 2 dólares e o mais caro 228 yens que é uns 2,50 dólares.
Obs: repare nas etiquetas coladas nos pacotes. Quando a validade se aproxima de vencer o preço abaixa.
E agora um dos meus prediletos!
Um melão, dos mais barato = 588 yens, que é uns 6 dólaresUm melão, dos mais caro = 1580 yens, que é + ou – 16 dólares!
Já vi melão nesse mesmo supermercado de 10.000 yens, algo como 100 dólares! As vezes a melância também custa isso. Em Tokyo já encontrei uma cesta de frutas, com uma de cada que lhes mostrei aqui, que custava 50.000yens! Algo perto de 500 dólares. Maluco, não? Acho que se eu mesmo não encontrasse isso não teria acreditado. Algumas frutas aqui, dependendo da época, do tamanho, da colheita, passam a ser artigos de luxo, um presente especial para alguém que você gosta muito ou tem muita gratidão.
E talvez você pense que são frutas bem saborosas, com um gosto único, certo? Errado! Como o Japão não produz quase nada dessas coisas aqui, as frutas passam por um processo artificial de amadurecimento. São colhidas verdes em algum país da Ásia, ou América Latina, e já dentro dos navios começam a receber vários produtos para conservar sua aparência, mas quanto ao sabor...
Até hoje quase não encontrei lugares que façam suco natural, direto da fruta. Uma das raras vezes que encontrei isso não tive coragem de comprar nem um copo de 300ml de suco de laranja. Sabe quanto? 450 yens, uns 5 dólares. Nos estabelecimentos comerciais, seja restaurante, um café, uma lanchonete, o suco natural é uma coisa que não existe. Tudo é de caixinha, pausterizado ou uma mistura de algum concentrado.
Por essas e outras a vida por aqui é bem dispendiosa e para fazer uma grana e voltar pra casa é necessário abrir mão de várias coisas nesse sentido. Bom, depois se houver tempo conto mais sobre essas diferenças.
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