Zeitgeist é um termo alemão cujo significado é "Espírito do Tempo". O Zeitgeist significa, em suma, o nível de avanço intelectual e cultural do mundo em uma época. A pronúncia alemã da palavra é tzaitgaist, de acordo com o Dicionário Escolar Michaelis de Alemão.
Já o Zeitgeist em questão é Zeitgeist The Movie, um filme de 2007 produzido por Peter Joseph (pseudônimo de James Coyman) da GMP LLC, que apresenta uma série de teorias sobre as origens astrológicas e pagãs do cristianismo, a conspiração por trás dos ataques de 11 de setembro e os verdadeiros objetivos da sociedade secreta que articlou a criação da Reserva Federal dos Estados Unidos. O filme foi lançado online, livremente, via Google Video em Junho de 2007.
Zeitgeist é dividido em três partes:
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Primeira parte: "The Greatest Story Ever Told" ("A maior história já contada")
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Segunda parte: "All The World's A Stage" ("O mundo inteiro é um palco")
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Terceira parte: "Don't Mind The Men Behind The Curtain" ("Não se preocupe com os homens atrás da cortina")
A primeira parte é uma análise crítica do cristianismo, sugerindo que Jesus foi apenas um híbrido literário e astrológico e que a bíblia é uma miscelânea de histórias baseadas em princípios astrológicos pertencentes a civilizações antigas.
Já a segunda parte expõe evidências de que o governo dos EUA já sabia dos ataques de onze de setembro e que a queda das torres gêmeas foi uma demolição controlada. O objetivo de permitir tal trajédia, segundo Zeitgeist, é ter uma desculpa para iniciar uma nova fase do imperialismo norte-americano sob controle do império apátrida das corporações, que por sua vez são controladas por redes secretas de interesses.
A terceira parte do filme, a que mais incomoda por ser extremamente atual, afirma que a Reserva Federal dos Estados Unidos da América foi articulada por uma sociedade secreta, visando obter os maiores lucros possíveis, nem que para isso seja necessário delcarar guerras que obriguem o governo a se endividar com a Reserva Federal.
O filme mostra o quanto foi lucrado e quem lucrou com as seguintes guerras e crises econômicas: crise de 1907, crise de 1929, Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Guerra do Vietnã, Iraque e Afeganistão. O filme também aborda os preparativos para uma futura intervenção à Venezuela (não fica claro como se derá essa intervenção).
Zeitgeist defende a tese de que o objetivo dessa sociedade secreta é o controle da humanidade através de um governo mundial e uma moeda unificada, cujas transações serão efetuadas através de um chip implantado em cada ser humano.
A três partes do filme se entrelaçam entre si, principalmente a segunda e a terceira, que têm em comum a participação de diversas gerações da família Bush em seu enredo.
O ZDay: mobilização em rede com marketing viral e marketing de guerrilha
Por enquanto, além do Google Video, o filme só tem circulado pela internet através de programas P2P, como emule e torrent. Fora da internet está se formando uma corrente que lembra muito o marketing viral, onde os que assistiram o documentário são estimulados a passar a mensagem para o maior número possível de pessoas. Geralmente, quem assiste o filme até o fim sente uma angústia e impotência, restando ao mesmo, à curto prazo, somente a opção de passar a mensagem adiante; seja gravando cópias do filme, convidando amigos à assistirem ou simplesmente divulgando o link no Google Vídeo. Em menor escala pode-se supor que táticas de marketing de guerrilha estejam envolvidas na divulgação do filme, visto que o mesmo faz sucesso em redes sociais adeptas das teorias da conspiração, que são acostumadas à utilizar táticas desse tipo de marketing.
Visando potencializar esse Marketing Viral de Zeitgeist seus protures estão articulando o ZDay no dia 15 de março de 2008. O ZDay será um dia mundial de exibições públicas e privadas de Zeitgeist por fora do mainstream. A articulação desse "dia de ação global" está sendo centralizada no site do filme, aonde consta uma listagem de todas as exibições que estão sendo articuladas para esse dia. Há diversas exibições sendo programadas no Brasil. Quem quiser organizar uma exibição é só baixar o filme e se inscrever no site.
É visivel que essa é uma estratégia copiada dos Dias de Ação Global, que eram articulados pelo movimento de resistência global (ou anti-globalização como a mídia chamava), que teve seu auge entre os anos de 1998 e 2003. O site de Zeitgeist incentiva diversas formas de ativismo baseadas nas teses do filme, como uma campanha pela reabertura das investigações do onze de setembro; uma campanha contra a implementação da União Norte Americana (uma espécie de NAFTA anabolizado inspirado na União Européia) e uma campanha à favor do obscuro candidato republicano à presidência Ron Paul (libertarian ou anarco-capitalista), que é apoiado pelos produtores do filme por se opor ao projeto da União Norte Americana, por ser contra o Patriotc Act, contra a vigilância da internet e por defender do fim da Reserva Federal.
Críticas ao filme
Os críticos de Zeitgeist falam que muitas evidências levantadas não tem fontes claras, e questionam o fato do filme utilizar diversas cenas de noticiários sem datá-los ou contextualiza-los e citações de livros sem falar o número das páginas de onde essas citações são tiradas, o que dificulta a verificação das mesmas. Mas o maior ataque ao filme é taxa-lo de idiotice de internet e nova moda dos aficcionados em Teorias da Conspiração.
Porém com uma pesquisa mais atenciosa no site de Zeitgeist é possível encontrar todos os créditos e referências que seus críticos alegam não existir. Agora, se as fontes usadas no filme sao confiáveis fica a critério de cada um. Quem quiser conferir clique AQUI.
O que importa nesse filme?
Creio que a novidade mais marcante envolvendo Zeitgeist é a forma como ele está sendo distribuído e divulgado, totalmente por fora do maistream e combinando técnicas colaborativas com táticas de mobilização em rede. É uma idéia que pode ser usada por outros produtores, campanhas políticas e redes de mobilização; desde que criem um produto com grande potencial de comoção como é Zeitgeist.
Fora isso, independente das críticas e elogios e do viés anarco-capitalista, o filme tem o mérito de expor assuntos desconhecidos para a maioria das pessoas; como as controvérsias no caso do onze de setembro, o papel da reserva federal, a história das religiões, a União Norte Americana e outros temas que são extremamente obscuros para a maioria da população. Não se pode esquecer que a iniciativa de divlgar o filme através de dias de exibição expontãnea, organizadas por pessoas comuns, é um grande incentivo à criação de redes de trabalho ativista/militantes e à inclusão de mais cidadãos comuns nos debates da vida pública. Talvez esse filme seja o primeiro passo na vida política de muita gente. Só espero que ignorem a mensagem de apoiar um anarco-capitalista como Ron Paul.
Já a repercurssão que está dando nos países de língua portuguesa, especialmente o Brasil, é decepcionante. Dando uma fuçada nos fóruns de internet e comunidades que estão discutindo o filme percebe-se que o nível da discussão está bem baixo. A principal polêmica em torno dos debates é sobre a primeira parte do filme. O que tem de cristão que está revoltado, e anti-cristãos felizes, não é brincadeira. Em todos os fóruns só se discute isso, quase não se lê sobre a tese do onze de setembro ou da Reserva Federal. E pior, quando se discute as outras teses é pra falar coisas absurdas como: "Bush é enviado do diabo". Sei lá, acho que é reflexo da despolitização da sociedade brasileira. Aqui, a mentalidade de boa parte do povo ainda não chegou na modernidade e tem na religião o centro de tudo o que é sério na sua vida. Nosso zé povinho não consegue ir muito além do que conhece cotidianamente. Onze de setembro, Reserva Federal....ao que parece já é exigir demais.
Um comentário:
Sou religioso acredito em Cristo, mas a história nos obriga a perceber e reconhecer todos os seus fatos de forma aberta e dinamica.A Fé move minha crença.Existiram de fato todos os casos relatados no documentário e isso não contesto.Agora o que mais chama a atenção é a maneira " didática " como é exposta a política econômica.Se fosse reproduzido esse vídeo - pelo menos á parte em que me refiro - nas escolas e universidades haveria muita gente se mobilizando em prol do que realmente faz a diferença.Sustentábilidade sem teor lucrativo.
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