sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Sobre o livro da Cidinha

O livro tem um nome otimo, Você me deixe, viu? Eu vou bater meu tambor! Ta saindo... Conheci a Cidinha da Silva atraves de uma outra amiga. Um desses felizes encontros de alguem que conhece alguem e, que por sua vez, conhece alguem. Estava eu buscando por mais espacos (dentro e fora de mim) sobre a espiritualidade afro-brasileira. E foi numa dessas que encontrei a Cidinha. Coisas boas do ritmo e da crenca, lugares curiosos da alma e para o corpo. Foi somente depois que vim a saber que ela era escritora. Conversa vai e conversa vem, o mundo comeca a ficar pequeno. Havia aquela sensacao e a vontade de perguntar "porque a gente nao se conheceu antes?". Mas tudo no seu tempo...
Foi em 2006, se nao me engano em setembro, que a Cidinha lancou Cada Tridente em Seu Lugar, que hoje esta na 2º edicao. Seu primeiro livro de cronicas. Foi la na Acao Educativa, com direito a autografos e tudo mais. Bom, o livro li numa "paulada" soh. Ficava lendo tambem pra todo mundo que podia e ninguem escapava de algum conto quando ia me visitar. Depois disso fui cair no mundo e o livro veio junto. Acabei escrevendo para ela em alguma das vezes que o livro se fez tao presente e desde entao a gente compartilha algumas ideias-historias-emocoes. Eu acabei virando nao apenas fan-leitor, mas alguem que tem a sorte e o privilegio de conhecer a propria.
Cidinha tambem eh ativista do movimento negro ha muitos anos. Envolvente e lucida com as opinioes que defende foi e eh editora, educadora, militante, professora, escritora. Ela anda publicando um bocado de coisas no blog que escreve. O livro ta quase saindo da grafica e com certeza vai ter um lancamente bem legal como foi com o Tridente, entao fiquem espertos e nao percam essa oportunidade. Bom, acho que eh isso por enquanto.
Vao duas do livro novo. E para a Cidinha, boa sorte!



Licoes

Quando adolescente, me apaixonava e dava sexo para receber amor. O amor não vinha. Sofria. Sofria. Sofria. Depois descobri que não precisava me apaixonar para ter sexo, nem me apaixonar depois do sexo. Isso tudo aprendi com os homens. Dia desses, depois de me cansar de um, ele reclamou que se sentia usado. Vá entender. (Do livro novo: "Você me deixe, viu? Eu vou bater meu tambor!" Ilustração: Lia Maria)
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Quer comprar a mulher do escritor?

Compre, ele está vendendo. E eu li os textos do cabra. E gostei. Bem disse alguém que às vezes é melhor conhecer a obra e deixar no obscurantismo o autor. É o caso desse infeliz. Infeliz, mesmo. Parece que felicidade ele só conheceu com essa mulher que está à venda. “Olhem, estou louco para esta palestra terminar porque estou amando. Amando, entenderam bem? Viu fulano, viu peixano? Eu estou a-man-do, a-pai-xo-na-do”. Faz um bico murcho e endereça um beijinho a um canto da audiência. Alguém pergunta sobre o processo de criação do maledeto e a resposta é que não tem processo, é anárquico, mas quando está amando, como agora, torna-se preguiçoso, só tem ânimo para amar. Manda mais um beijinho chocho pro mesmo canto. Dessa vez, várias cabeças, inclusive a minha, olham para o dito canto, para ver se enxergam a moça. Se é que é uma moça. Deve ser, se não fosse ele não vendia assim em praça pública. A tal fica quieta, não se entrega. Fazem outra pergunta, ele não responde e aproveita para esculhambar as editoras que não souberam reconhecer a genialidade dele. Todas as inovações de linguagem e tal e tal. Um novo Guimarães Rosa, disse um crítico. Disso ele se lembra. Sabe sobrenome e endereço institucional do jornalista. Termina a palestra e ele praticamente pula do palco para a platéia e os lábios murchos vão direto ao encontro dos lábios (humm, carnudos) da amada. Todo mundo acompanha, sem disfarce. Ela não rejeita o beijo, mas parece passar-lhe um pito. Nos sentimos vingados, é uma mulher interessante, só lamentamos que esteja com aquele bobão. Além de interessante, é bonita, distribui elegância em gestos econômicos. Os outros palestrantes, civilizadamente, descem do palco e o escritor age como se o pito não tivesse sido com ele. Como um desequilibrado ele se posta atrás dela, cutuca dois dos palestrantes e põe o dedo indicador sobre a cabeça da mulher, “É ela, o meu amor”. Ela percebe e se dirige aos convivas: “Bem gente, boa noite. Já que ele me colocou à venda, deixem que eu me apresente. Meu nome é fulana de tal e blablablá”. Puta mulher classuda! O que ninguém consegue entender, mas ninguém mesmo, é o que ela viu naquele idiota. (Do livro novo: "Você me deixe, viu? Eu vou bater meu tambor!)

Um comentário:

Anônimo disse...

Querido, agradecida pela colher-de-chá. É assim que a gente diz em Minas quando alguém nos coloca na cara do gol.

Beijo saudoso,
Cidinha
Ps. o livro já saiu. Mande-me um email com seu endereço postal, por favor.