Acabo de assistir o documentário The Obama Deception. Ele está no youtube como “As mentiras de Obama”. Fiquei pensando se deveria ou não falar sobre ele. Acontece que há dois pontos interessantes a seu favor e outros dois contra, e esses dois contra quase que - mais quase mesmo - comprometem o vídeo inteiro. Começando pelo cartaz de divulgação a gente já fica com o pé atrás, mas...
A seu favor o diretor Alex Jones conseguiu em vários momentos ser bastante convincente para argumentar sobre os aliados e acessores de Barack Obama. Mas o resumo é mais ou menos esse: Obama não é toda esperança como querem que acreditemos. Ele é aliado e apoiado por três grandes grupos que por décadas mantém a hegemonia econômica e política estadunidense do modo que conhecemos. Falando de economia, só para citar um exemplo, Obama não se diferencia em quase nada de seu antecessor W. Bush. A maioria de seu gabinete e de seus secretários em Washington D.C. é composta por pessoas pertencentes a Comissão Trilateral, órgão responsável por colocar em vigor várias diretrizes dos EUA para o resto do mundo. Só gente fina! Pelo CFR- Council on Foreign Relations, que fica de olho na transição dos presidentes, e por fim o clube Bilderberg, que nada mais é que um grupo fechadíssimo que fazem reuniões anuais para 130 convidados e, sabe-se lá o que fazem ali, mas muitos afirmam que nesses encontros são tratados temas de interesse público e tomadas decisões de nível mundial sem nenhuma consulta ou respeito aos países e povos interessados nesses assuntos. Intriga da oposição? O governo de Bush também estava repleto dessa gente. O filme descreve essas relações muito bem. E tem mais. Obama renovou o Patrioct Atc e "pretende" fechar a prisão de Guantánamo "talvez" dentro de um ano, mas durante campanha disse que seria fechada imediatamente... Aparecem outros apontamentos interessantes sobre a política interna dos EUA, particularmente sobre o seu Banco Central (Federal Reserve) e como ele está a serviço dos interesses de bancos privados e como Obama não apita nada sobre isso. Por aí vai o ponto forte do documentário, sobre os bastidores do governo de Obama. Certamente isso vai surpreender algumas pessoas.
O outro ponto positivo em minha opinião é a respeito da própria figura de Obama e a manipulação do imaginário coletivo. Ainda se fala do fôlego novo que sua eleição representou. Para nós brasileiros, isso já é conhecido e não preciso me ater a eleição do Lula para explicar a razão disso. Coisas boas ocorreram e ainda acontecem nesse lugar? Evidentemente que sim. Entretanto é uma solução DE FATO? De qual jogo Lula participa agora? Obama negocia com quem? As críticas ao Lula conhecemos, particularmente da “oposição”, mas e no caso de Obama? Não ser do partido democrata, necessariamente é ser conservador? Não creio. O filme apesar das falhas, e já vamos a elas, não me parece ser feito por ressentidos republicanos que perderam a eleição. Alex Jones, apesar de ser bem esquisito e falar um monte de coisas estranhas, já produziu um monte de material criticando o governo anterior. Fico com a sensação que não se pode fazer críticas a esses momentos, sem antes ser acusado de chato, pessimista ou estraga festa e coisas semelhantes. “Existe uma mudança, devemos TODOS comemorar!”, iram dizer alguns. Não sei. E olha que nem sou um chato e estraga festa assim! Obama continua sendo o representante da nação mais bélica da história, do país mais criminoso do mundo, das políticas econômicas mais cruéis de todos os tempos. Acreditar que ele realmente foi eleito pela livre vontade popular e que isso é o suficiente para as mudanças que precisamos é no mínimo ingenuidade. Continuo pensando que eleições são paliativos, nunca soluções efetivas. Minha aposta é na organização de bases, na mobilização popular, nunca numa estrutura hierárquica como a do Estado e nos instrumentos para legitimá-lo como a ilusão do sufrágio universal. Mas isso é assunto para depois. Assim, o filme acaba sendo um instrumento interessante para romper com a unanimidade de que a eleição de Obama é invariavelmente uma coisa boa para todos.
Quanto aos pontos particularmente ruins do filme percebi dois. O primeiro é sobre a tendência de alguns estadunidenses de apontar para alguns aspectos de suas políticas internas como uma conspiração. O filme adota essa linguagem na maior parte do tempo. Estão conspirando contra a liberdade! Sem dúvida que existem interesses particulares, lobistas em lugares estratégicos, manipulação da informação e coisas semelhantes, mas não estou bem certo de concordar com a tese do filme de que tudo não passa de um grande golpe em plena expansão do que eles nomeiam como “plano dos globalistas”. Acredito sim que o capitalismo vai se aperfeiçoando, dominando, que precisa se expandir, estender lucros a qualquer custo, roubar, matar, mentir e que há pessoas dispostas a isso, mas fico com essa dúvida sobre as teorias da conspiração nessas execuções. The Obama Deception aposta tudo nisso. Ali não há dúvidas de que Obama é uma marionete desses interesses obscuros e maquiavélicos, minuciosamente pensados, elaborados por uma minoria tentando dominar o mundo. Claro que podemos questionar isso, e até mesmo o vídeo convida o espectador para investigar os fatos, mas acaba fazendo o filme perder força e sua linguagem deixa muitas vezes de ser a de um jornalismo investigativo para se aproximar de alguma seita ou na melhor das hipóteses, um grupo com ideologia bem definida tentando se promover.
O outro ponto ruim é que eles perdem a oportunidade de falar para todos, de ampliar o campo de percepção de suas críticas, faze-las acessíveis para quem não está ao lado deles e acabam direcionando seu discurso para lugares muito específicos. Fica claro o posicionamento em prol do sonho americano original, de um país lindo e maravilhoso que se perde, de uma nação cristão, repleta de bons costumes que é engolida pelos interesses de alguns poucos. Comparar Obama a ditadores cínicos como Hitler, Stalin e Mao chega a ser risível. Não cola e permanece apenas no sensacionalismo. Falar de um líder populista e carismático como Obama não significa que ele seja um facínora dissimulado como esses aí. Existem sutilezas que não podem ser desconsideradas, e Alex desconsidera. Há momentos que o filme patina nisso, lamentavelmente perdendo a oportunidade de fazer uma comparação mais inteligente. O que escapa é o debate sobre as estruturas. Defenderá Alex Jones um governo melhor, transparente e mais justo apenas? Que o american way of life é mesmo uma boa pedida? Estará falando ele de humanizar o capitalismo? Isso não fica claro ou está cheio de mensagens dúbias. Estranho. Muito estranho.
Enfim, são esses pontos que pensei agora e certamente outros irão considerar lugares distintos do meu. Quem assistiu o Zeitgeist e gostou, vai adorar o filme de Alex Jones, pois segue a mesma linha de raciocínio, só que um pouco pior na construção da narrativa. Ainda assim acho que vale a pena conferir e tirar suas próprias conclusões. Penso que acabei comentando sobre esse vídeo por que ele me deu a sensação de que vai acabar dando mais o que falar. De um modo ou de outro.
A seu favor o diretor Alex Jones conseguiu em vários momentos ser bastante convincente para argumentar sobre os aliados e acessores de Barack Obama. Mas o resumo é mais ou menos esse: Obama não é toda esperança como querem que acreditemos. Ele é aliado e apoiado por três grandes grupos que por décadas mantém a hegemonia econômica e política estadunidense do modo que conhecemos. Falando de economia, só para citar um exemplo, Obama não se diferencia em quase nada de seu antecessor W. Bush. A maioria de seu gabinete e de seus secretários em Washington D.C. é composta por pessoas pertencentes a Comissão Trilateral, órgão responsável por colocar em vigor várias diretrizes dos EUA para o resto do mundo. Só gente fina! Pelo CFR- Council on Foreign Relations, que fica de olho na transição dos presidentes, e por fim o clube Bilderberg, que nada mais é que um grupo fechadíssimo que fazem reuniões anuais para 130 convidados e, sabe-se lá o que fazem ali, mas muitos afirmam que nesses encontros são tratados temas de interesse público e tomadas decisões de nível mundial sem nenhuma consulta ou respeito aos países e povos interessados nesses assuntos. Intriga da oposição? O governo de Bush também estava repleto dessa gente. O filme descreve essas relações muito bem. E tem mais. Obama renovou o Patrioct Atc e "pretende" fechar a prisão de Guantánamo "talvez" dentro de um ano, mas durante campanha disse que seria fechada imediatamente... Aparecem outros apontamentos interessantes sobre a política interna dos EUA, particularmente sobre o seu Banco Central (Federal Reserve) e como ele está a serviço dos interesses de bancos privados e como Obama não apita nada sobre isso. Por aí vai o ponto forte do documentário, sobre os bastidores do governo de Obama. Certamente isso vai surpreender algumas pessoas.
O outro ponto positivo em minha opinião é a respeito da própria figura de Obama e a manipulação do imaginário coletivo. Ainda se fala do fôlego novo que sua eleição representou. Para nós brasileiros, isso já é conhecido e não preciso me ater a eleição do Lula para explicar a razão disso. Coisas boas ocorreram e ainda acontecem nesse lugar? Evidentemente que sim. Entretanto é uma solução DE FATO? De qual jogo Lula participa agora? Obama negocia com quem? As críticas ao Lula conhecemos, particularmente da “oposição”, mas e no caso de Obama? Não ser do partido democrata, necessariamente é ser conservador? Não creio. O filme apesar das falhas, e já vamos a elas, não me parece ser feito por ressentidos republicanos que perderam a eleição. Alex Jones, apesar de ser bem esquisito e falar um monte de coisas estranhas, já produziu um monte de material criticando o governo anterior. Fico com a sensação que não se pode fazer críticas a esses momentos, sem antes ser acusado de chato, pessimista ou estraga festa e coisas semelhantes. “Existe uma mudança, devemos TODOS comemorar!”, iram dizer alguns. Não sei. E olha que nem sou um chato e estraga festa assim! Obama continua sendo o representante da nação mais bélica da história, do país mais criminoso do mundo, das políticas econômicas mais cruéis de todos os tempos. Acreditar que ele realmente foi eleito pela livre vontade popular e que isso é o suficiente para as mudanças que precisamos é no mínimo ingenuidade. Continuo pensando que eleições são paliativos, nunca soluções efetivas. Minha aposta é na organização de bases, na mobilização popular, nunca numa estrutura hierárquica como a do Estado e nos instrumentos para legitimá-lo como a ilusão do sufrágio universal. Mas isso é assunto para depois. Assim, o filme acaba sendo um instrumento interessante para romper com a unanimidade de que a eleição de Obama é invariavelmente uma coisa boa para todos.
Quanto aos pontos particularmente ruins do filme percebi dois. O primeiro é sobre a tendência de alguns estadunidenses de apontar para alguns aspectos de suas políticas internas como uma conspiração. O filme adota essa linguagem na maior parte do tempo. Estão conspirando contra a liberdade! Sem dúvida que existem interesses particulares, lobistas em lugares estratégicos, manipulação da informação e coisas semelhantes, mas não estou bem certo de concordar com a tese do filme de que tudo não passa de um grande golpe em plena expansão do que eles nomeiam como “plano dos globalistas”. Acredito sim que o capitalismo vai se aperfeiçoando, dominando, que precisa se expandir, estender lucros a qualquer custo, roubar, matar, mentir e que há pessoas dispostas a isso, mas fico com essa dúvida sobre as teorias da conspiração nessas execuções. The Obama Deception aposta tudo nisso. Ali não há dúvidas de que Obama é uma marionete desses interesses obscuros e maquiavélicos, minuciosamente pensados, elaborados por uma minoria tentando dominar o mundo. Claro que podemos questionar isso, e até mesmo o vídeo convida o espectador para investigar os fatos, mas acaba fazendo o filme perder força e sua linguagem deixa muitas vezes de ser a de um jornalismo investigativo para se aproximar de alguma seita ou na melhor das hipóteses, um grupo com ideologia bem definida tentando se promover.
O outro ponto ruim é que eles perdem a oportunidade de falar para todos, de ampliar o campo de percepção de suas críticas, faze-las acessíveis para quem não está ao lado deles e acabam direcionando seu discurso para lugares muito específicos. Fica claro o posicionamento em prol do sonho americano original, de um país lindo e maravilhoso que se perde, de uma nação cristão, repleta de bons costumes que é engolida pelos interesses de alguns poucos. Comparar Obama a ditadores cínicos como Hitler, Stalin e Mao chega a ser risível. Não cola e permanece apenas no sensacionalismo. Falar de um líder populista e carismático como Obama não significa que ele seja um facínora dissimulado como esses aí. Existem sutilezas que não podem ser desconsideradas, e Alex desconsidera. Há momentos que o filme patina nisso, lamentavelmente perdendo a oportunidade de fazer uma comparação mais inteligente. O que escapa é o debate sobre as estruturas. Defenderá Alex Jones um governo melhor, transparente e mais justo apenas? Que o american way of life é mesmo uma boa pedida? Estará falando ele de humanizar o capitalismo? Isso não fica claro ou está cheio de mensagens dúbias. Estranho. Muito estranho.
Enfim, são esses pontos que pensei agora e certamente outros irão considerar lugares distintos do meu. Quem assistiu o Zeitgeist e gostou, vai adorar o filme de Alex Jones, pois segue a mesma linha de raciocínio, só que um pouco pior na construção da narrativa. Ainda assim acho que vale a pena conferir e tirar suas próprias conclusões. Penso que acabei comentando sobre esse vídeo por que ele me deu a sensação de que vai acabar dando mais o que falar. De um modo ou de outro.
veja no youtube aqui
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