sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Fracasso

O fracasso sempre teve um efeito positivo em mim. Tem sido meu melhor professor. Fez com que eu me detivesse um instante e olhasse para o meu comportamento auto-destrutivo. Permitiu-me começar tudo de novo, com toda a excitação e entusiasmo de um recomeço. E, ao aceitar o fracassso, fiquei livre da luta para superar uma sensação interna de fracasso. Comecei este estudo discutindo o problema da incapacidade das pessoas aprenderem pela experiência própria. Acredito que um fator de peso seja sua falta de disponibilidade para aceitar o fracasso. Estão determinadas a ser bem-sucessidas e, por isso, fazem erros repetidos. Aceitar o fracasso não é resignar-se, é aceitar a si próprio. Não ocorre nenhuma mudança real de caráter na terapia até que a pessoa aceite a si mesma como fracasso. Esta aceitação libera a energia vinculada à luta pelo sucesso, e a luta para provar a si mesma, tornando-a disponível ao crescimento. Da mesma maneira, a aceitação do destino muda o próprio destino. Ao desistirmos do esforço para superar o destino, deixamos de lado nossa estrutura neurótica de caráter e então pode emergir um caráter saudável, que determine um destino diferente.

Alexander Lowen
no livro Medo da vida

3 comentários:

fv disse...

Onde o erro pode ser um grande acerto... e somos capazes de celebrar os fins e os inícios.

Ontem um amigo sorriu e lhe faltava um dente. Ele sorriu pra mim com aquele dente que faltava e me contou que quando o filho dele nasceu ainda havia alí um dente-de leite... tempos depois o dente-de-leite caiu como se espera que aconteça. Ele então, começou a se amar com o vão e o dente transverso embutido na gengiva e que não nascia nunca. Ele estava brilhante.

Jú Pacheco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
untitled disse...

Libertador! Até o fim vou defender o meu direito de ser visitada por todo e qualquer sentimento, inclusive o sentimento de não ser ninguém... de não ser nada. E quando tudo estiver perdido, "yo vengo a ofrecer mi corazón".