“...a ironia não é uma virtude, é uma arma – voltada quase sempre contra outrem. É o riso mau, sarcástico, destruidor, o riso da zombaria, o riso que fere, que pode matar (...) é o riso do ódio, é o riso do combate. Útil? Como não, quando necessário! Que arma não o é? Mas nenhuma arma é a paz, nenhuma ironia é o humor”.
“O humor é uma conduta de luto (trata-se de aceitar aquilo que nos faz sofrer), o que o distingue de novo da ironia, que seria antes assassina. A ironia fere; o humor cura. A ironia pode matar; o humor ajuda a viver. A ironia quer dominar; o humor liberta. A ironia é implacável; o humor é misericordioso. A ironia é humilhante; o humor é humilde.”
“O humor é uma conduta de luto (trata-se de aceitar aquilo que nos faz sofrer), o que o distingue de novo da ironia, que seria antes assassina. A ironia fere; o humor cura. A ironia pode matar; o humor ajuda a viver. A ironia quer dominar; o humor liberta. A ironia é implacável; o humor é misericordioso. A ironia é humilhante; o humor é humilde.”
“(...)é nisso que é essencial ao humor ser reflexivo ou, pelo menos, englobar-se no riso que ele acarreta ou no sorriso, mesmo amargo, que ele suscita. É menos uma questão de conteúdo do que de estado de espírito. (...) Podemos rir de tudo, mas não de qualquer maneira. Uma piada de judeu nunca sera humorística na boca de um anti-semita. O riso não é tudo e não desculpa nada. De resto, tratando-se de males que não podemos impedir ou combater, seria evidentemente condenável contentar-se com gracejar. O humor não substitui a ação, e a insensibilidade, no que concerne ao sofrimento dos outros, é uma falha. Mas também seria condenável, na ação ou na inação, levar demasiado a sério seus próprios bons sentimentos, suas próprias angústias, suas próprias revoltas, suas próprias virtudes. Lucidez bem ordenada começa por si mesmo. Dai o humor, que pode fazer rir de tudo contanto que ria primeiro de si.”
Sponville, A. C. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
Sponville, A. C. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
Foto de Urbano Erbiste
Um comentário:
Gostei da sua explicação, foi muito esclarecedora para mim que ainda hoje procuro a diferença entre humor e ironia porque vivi a vida quase toda a ouvir ironia dirigida à minha pessoa,que magoava que ofendia e que depois se desculpava com um "não tens sentido de humor". Nunca é tarde para aprender, Obrigada!
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