domingo, 12 de dezembro de 2010

Campanha pela vida: cada um cuida da sua!


Aderi a campanha de vez! Ocorreu algo curioso comigo na terça-feira dessa semana. Estava indo para a defesa de tese de minha irmã na USP e o que aconteceu foi no percurso entre a estação Vila Madalena e a Cidade Universitária. Nesse trecho costumo utilizar o serviço da Ponte Orca, uma conexão de superfície feita por vans com passagem integrada para quem esta saindo do metrô. Quando fui me aproximando do veículo um funcionário acenou dizendo que haviam ainda dois lugares. Entrei por último e percebi que na verdade não havia lugar para mim sentar, logo, permaneci em pé. Um dos passageiros olhou para mim e com a voz um tanto alterada disse que era proibido viajar em pé. Olhei para ele e perguntei: "e?" Pensei qual era seu problema e porque estava preocupado comigo. Ele não satisfeito começou a falar com a pessoa a seu lado que o funcionário estava errado em sua conta por me deixar entrar na van e voltou a dizer que aquilo não estava certo. Evidentemente eu não desci. Primeiro porque não parecia um problema estar alí, percurso que faço a muitos anos, sentado ou em pé. Depois pelo absurdo do sujeito se achar no direito de interpelar deste modo um desconhecido que nada esta fazendo para ele e que tão pouco o prejudica. Fiquei esperando ele chamar o motorista ou o funcionário da porta para falar que eu estava em pé. Nada... A van partiu e em 20 minutos estavamos lá. Sorte a dele. Esse pequeno episódio me fez pensar na irônia da vida: a tese de minha irmã fala exatamente sobre dispositivos de controle, ditadura, tortura, sofrimento e medo. Esse epsódio me reforça a sensação de que o Estado de São Paulo é o Estado mais reacionário e conservador do Brasil hoje. Os dispositivos de dominação são extremamento sofisticados e a vigilância vem sendo devidamente inserida no cidadão anônimo. As vozes do metrô sempre dizendo o que não fazer, o maior contigente de segurança particular, a maior frota de carros blindados, o maior número de câmeras de vigilância em espaços públicos e privados, a maior população carcerária e o primeiro Estado a adotar a lei anti-fumo do Brasil. Falei sobre isso aqui. De todo modo o que vai tomando conta da população é esse espírito do direito a caguetagem, da delação, do dedo-duro. E depois tem gente que vem me falar de democracia e o escambau... o fascismo infelizmente ainda vive e vive bem dentro de algumas pessoas. Território esse difícil de combater.

Nenhum comentário: