sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Rio de Janeiro em 4 atos.

Cena 1 - Universidade Estadual do Rio de Janeiro. VI Congresso de Pesquisadores Negros (COPENE). Lado a lado estão Kabengele Munanga, Boaventura de Souza Santos e Nilma Lino Gomes. Debatem o tema Epistemologias do Sul: diálogos pós-coloniais. Como não ficar feliz? Como não sentir o enorme contentamento desse encontro? Como não querer seguir lutando o bom-combate? Como não sentir o privilégio de participar desses marcos que fazem a história? Como?

Cena 2 - Power to the people! Particularmente para as mulheres. Esse congresso contou com um pouco mais de 75% de trabalhos apresentado por mulheres. Que isso fique registrado.

Cena 3 - O trem parte da Central para Belford Roxo. A estação de destino é Mercadão de Madureira e leva aproximadamente 40 minutos de um ponto a outro. Na terceira parada entram no vagão dois policiais. As conversas diminuem e a tensão aumenta. No olhar deles uma mistura de indiferença e ameaça. Caminham de uma porta a outra e descem após duas estações. Na volta a cena se repete, mas com o detalhe da humilhação. Começam a revistar as pessoas dentro do trem. A "geral" é contra homens jovens e negros. Todos olham constrangidos, mas não podem dizer nada, apenas medo e tristeza. O capitão do mato continua aí...

Cena 4 - Agora o metrô. Vai de norte a sul e dependendo do sentido que estamos indo vemos um curioso fenômeno: em direção a zona sul as pessoas vão ficando mais brancas. Aqui não há policiais revistando pessoas. Geografias do branqueamento. O que acontece? Alguns dizem que "essa coisa de raça" é uma bobagem, que isso não existe e não devemos pensar sobre. Esqueceram apenas de avisar aos executores da lei, afinal eles conhecem bem o que isso significa.

Mais cenas do Rio em breve.

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