segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Adeus Tia Doca! Que a terra lhe seja leve!




A sambista faleceu vítima de infarto na tarde deste domingo, aos 76 anos, no Hospital dos Servidores do Estado (Iaserj), no Centro. Tia Doca sofreu um derrame no último dia 17 e foi internada no hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, sendo transferida no dia 18 para o Iaserj.
Na última quarta-feira recebeu alta da CTI e seu quadro de saúde estava estável.
'Tia Doca era a essência do pagode em pessoa', diz Dudu Nobre representante da nova geração do samba, Dudu Nobre lamentou profundamente a morte de Tia Doca e disse que está se sentindo como se 'tivesse perdido um ente querido'. Freqüentador do pagode da baluarte da Portela desde os cinco anos, Dudu lembrou com saudade dos momentos vividos ao lado de Tia Doca.
'Sempre tive um respeito muito grande por ela, afinal ela me conhecia desde criança quando eu ia ao pagode dela levado por minha mãe. Ela fazia questão de me oferecer comida e perguntar se estava tudo bem. Ligava também quando eu estava doente e vivia se preocupando com tudo mundo. Perdi uma amiga querida', lamentou.
Dudu Nobre revelou ainda que tinha como hábito, sempre antes de lançar um disco, levar o CD para Tia Doca escutar e dar o seu aval. 'Ela era a essência do pagode em pessoa. Sua importância é enorme, porque foi uma das poucas a preservar a verdadeira tradição do samba dentro de um terreiro. Cantei lá há um mês mais ou menos e era um dos meus programas prediletos'.
Diante da ausência da sambista, Dudu afirmou que o mais importância é que o famoso Pagode da Tia Doca continue. 'Já falei com o filho dela (Nem) sobre isso. O pagode vai ficar parado duas semanas, mas depois volta. Não pode acabar nunca', completou.Leci Brandão: 'A Portela perdeu um de seus grande amores'
'A Portela perdeu uma de suas matriarcas'. Assim a mangueirense Leci Brandão reagiu ao saber da morte de Tia Doca da Portela. Cumprindo uma temporada de shows em São Paulo, a cantora lamentou o falecimento da sambista e exaltou o legado deixado por ela.
'Sempre tive uma ótima relação com Tia Doca. Não freqüentava o seu pagode, mas sempre nos respeitamos muito e tínhamos carinho uma pela outra. Ela era muito importante para o samba e por isso fiz uma pequena homenagem a ela citando seu nome na música 'Isso é Fundo de Quintal'', contou.
Segundo Leci, a pastora da Portela será sempre lembrada como uma das matriarcas do samba. 'Ela era uma celebridade de verdade, simples e humilde. a Portela perdeu um de seus grandes amores', completou Leci fazendo referência ao enredo de 2009 da Portela que fala sobre o amor.Pastora, compositora e até porta-bandeira
Tia Doca ficou famosa por ser dona de uma das mais famosas rodas de samba da cidade. Há quase 30 anos, a sambista abria o quintal de sua casa para promover o famoso Pagode da Tia Doca, que serviu de berço para diversos artistas, entre eles Zeca Pagodinho. Em 2008, ela foi um dos destaques do filme "O mistério do samba", produzido pela cantora Marisa Monte.
Sua família era da Serrinha. Tia Doca era prima de Dona Ivone Lara. Já a mãe, dona Albertinha, foi a primeira porta-bandeira da Prazer da Serrinha e só parou de desfilar quando a escola acabou em 1947. Seguindo os passos da mãe, Doca já era, aos 14 anos, porta-bandeira da Unidos da Congonha, em Vaz Lobo. Seu mestre-sala era Benício, que mais tarde formaria par com Wilma Nascimento, na Portela.
Além de pastora, Tia Doca foi destaque da Portela e presidente de ala por três anos. Entrou para a Velha Guarda por sugestão de Alberto Lonato e teve como examinadores Alvaiade e Armando Santos; e veio a substituir a lendária Tia Vicentina.
Tia Doca era muito ligada a Clara Nunes, que promoveu diversas rodas de samba no quintal da sambista. Como compositora, Doca é autora do partido-alto "Temporal", por ela gravado num disco ao lado de Monarcoo, e do samba "Orgulho Negro", em parceria com o filho Jadilson Costa", gravado por Jovelina Pérola Negra.

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