terça-feira, 19 de agosto de 2008

Um pouco da vida dos trabalhadores imigrantes no Japão

por Brasil de Fato

No final de junho, um terremoto de 6,8 na escala richter balançou o Japão. Na região de Niigata, o tremor prejudicou uma fornecedora de autopeças, a Rinken, que presta serviços para grandes montadoras como Nissan, Mitsubishi e Suzuki. Resultado: as linhas de montagem dessas empresas foram paralisadas.
Os operários ficaram sem serviço. Para os trabalhadores japoneses, foi apenas um contratempo. Mas para os imigrantes, não. Ficaram sem serviço e sem salário. “No final do mês foi aquela miséria, quase uma semana parado, e as contas não param”, reclama Sérgio Hashimoto que trabalha na Suzuki.
Esse é um pequeno exemplo da condição de vida dos trabalhadores estrangeiros na segunda maior economia do planeta. Quase sempre contratados de forma terceirizada, sem vínculo empregatício, por intermediários das transnacionais locais, muitas delas líderes mundiais em seu segmento. São operários que sobrevivem em uma lógica de trabalho e remuneração que desafia a reprodução humana. O salário e o trabalho não são regulares; dependem da demanda de produção. Ou seja, quando há encomenda da transnacional, por exemplo, há pagamento. Se há produção acima do consumo, quem paga a conta é o trabalhador - menos pedidos, menos salário. Seguridade social? Esse não é um direito para imigrantes.
Quando uma pessoa deseja trabalhar no Japão, o caminho tradicional é esbarrar na intermediação de empreiteiras contratadas pelas próprias transnacionais ou fábricas locais. O operário recebe, por hora, cerca de 1.200 Yens homens e 900 Yens mulheres, e pode ser contratado por um período de tempo de três a seis meses, ou enquanto houver necessidade de sua mão-de-obra. Na maioria das vezes não há aviso prévio quando o trabalho termina.

Os três k
Os acidentes de trabalho são outra realidade que o trabalhador imigrante enfrenta. A maioria dos serviços realizados por esses operários são chamados, no Japão, de 3k: kitsui (pesado), kitanai (sujo) e kiken (perigoso). “O pessoal faz zanguio (hora-extra) permanecendo nas fábricas duas, muitas vezes, quatro horas, além do período normal – de oito horas. Como o serviço é perigoso e repetitivo, a pessoa acaba cometendo uma falha”, analisa o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Hamamatsu, Francisco Freitas.
O sindicalista afirma que muitas pessoas perdem os dedos nas máquinas de prensa ou ficam com lesões musculares graves por conta do período longo de trabalho sem o devido descanso. “Normalmente, é assim: uma pausa de cinco minutos no período da manhã, mais cinco no período da tarde e uma hora para o almoço. Fora desses intervalos, não é permitido aos trabalhadores nem ir ao banheiro ou beber água”, diz Freitas.
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Um comentário:

[tabita] disse...

o japão hoje é um dos maiores produtores de tecnologia de ponta, mas cabe perguntar: tecnologia para quem?

assim como a china, de onde só se fala que a economia tem crescido e crescido, mas também vale a questão: crescimento para quem?

o capitalismo só é bom para os ricos, e lógico que não estou falando nenhuma novidade.

beijo, alê, e volta logo para o brasil, que aqui pelo menos tem os seus amigos véios com saudade...

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