...apesar de tanta correria sempre sobrou um tempinho para encontrar os amigos e os amigos dos amigos pra jogar um pouco de conversa fora. Exatamente nesse tempo pensamos em muitas coisas e formam-se pequenos debates, interlocuções sobre o mundo e divergências a respeito de tudo e de nada. Fiquei pensando sobre o ato de discordar. Gostaria de pensar que essas discordâncias se dão pela fato de cada vez mais pessoas estarem melhor informadas e se dedicando a estudar coisas um pouco mais sérias e honestas, mas creio que infelizmente não. Será pela pouca capacidade de sermos contrariados? Afinal, porque é tão difícil de sermos contrariados?
Como se o fato de não aceitar o que o outro pensa e fala fosse uma obscena ofensa. Acontece que nem sempre conseguimos ficar tranquilos e indiferentes (mesmo?) quando ouvimos barbaridades de pessoas que dizem ter certeza sobre o que opinam porque leram na Veja ou assistiram no Jornal Nacional. Porém para além disso, discordar as vezes é interpretado como um dedo na cara que diz: “ei, eu não gosto de você!” Opiniões nem sempre estão em busca de aprovação, mas sem dúvida não é sempre também que podem se dar ao luxo de dispensar um reflexão conjunta e é nisso que consiste a discordância. Alguém disse certa vez que poderia não concordar com nada sobre o que dizia seu interlocutor, mas até o último momento ele defenderia o direito de ser dito. Vejo que quando uma pessoa discorda de outra seu rosto se transforma, um bocejo aparece, o olhar não se atenta mais, temos interrupções seguidas, a boca se contorce numa careta de desdêm e por aí vai.
Como se o fato de não aceitar o que o outro pensa e fala fosse uma obscena ofensa. Acontece que nem sempre conseguimos ficar tranquilos e indiferentes (mesmo?) quando ouvimos barbaridades de pessoas que dizem ter certeza sobre o que opinam porque leram na Veja ou assistiram no Jornal Nacional. Porém para além disso, discordar as vezes é interpretado como um dedo na cara que diz: “ei, eu não gosto de você!” Opiniões nem sempre estão em busca de aprovação, mas sem dúvida não é sempre também que podem se dar ao luxo de dispensar um reflexão conjunta e é nisso que consiste a discordância. Alguém disse certa vez que poderia não concordar com nada sobre o que dizia seu interlocutor, mas até o último momento ele defenderia o direito de ser dito. Vejo que quando uma pessoa discorda de outra seu rosto se transforma, um bocejo aparece, o olhar não se atenta mais, temos interrupções seguidas, a boca se contorce numa careta de desdêm e por aí vai.
Escutar coisas que nos contrariam tem sido quase um convite a guerra. Acabamos por perder uma ótima oportunidade de aprender sobre um outro ponto de vista, e mais ainda, sobre COMO as pessoas se posicionam. Isso pode nos ajudar a entender onde tudo aquilo que discutimos vai parar. Explico com algo que presenciei a alguns anos atrás. Eram meados de 2000 e estava em um debate sobre questões de gênero e amor livre entre anarquistas no antigo ICAL, espaço libertário que existiu na Vila Madalena, São Paulo. Não me recordo de todos que estavam compondo a mesa, mas quero falar de um querido conhecido que estava lá, o Eduardo Valadares. Uma pessoa muito bacana e extremamente lúcida em seus argumentos. Algo foi dito (não lembro exatamente o que) e um outro amigo fez uma observação. Era o Velot, criatura das mais inteligentes que já conheci. Em pouco tempo eles estavam a plenos pulmões (ambos possuem um modo bastante enfático e entusiasmado de dizer as coisas...) discordando plenamente um do outro. O mediador do debate chegou a tocar no ombro do Edu e pedir para ele ficar mais “tranquilo”, relaxar... O Edu deu uma boa risada e respondeu: “Calma? Mas é o Arthur! E na verdade eu só discordo assim com aqueles que acredito valer a pena.” Eu nunca mais esqueci isso.
De um modo geral eu gosto muito de uma boa polêmica, mas começo a entender melhor o que o Edu estava dizendo. Não se trata de discordar para convencer, mas pelo prazer do desafio que isso pode significar e esse lugar devo reconhecer, nem sempre é facíl de encontrar. Fico com a imagem de uma pessoa muito interessante que infelizmente já morreu e que era mestre das discordâncias, Mohandas Gandhi. Esse indiano que perambulou nesse planeta falou certa vez que o que precisava ser combatido não era o pecador, mas o pecado, em outras palavras que suas ações não eram voltadas para um pessoa em particular, mas para o mal que ela causava. A idéia de não-cooperação com o que esta errado reside aqui e sua desobediência civíl consistia nisso. Mostrou uma ótima maneira para saber como distinguir uma coisa da outra e para nos ajudar em verdadeiras conquistas. Quando discordar de alguém e tentar fazer algo a respeito observe isso: primeiro eles te ignoram. Depois eles tentam te ridicularizar. Na sequência ficam bravos e talvez passem para a agressão. Quando eles te agredirem, você vence.
Sigo em frente, se não discordando mais, pelo menos tentando discordar melhor.
De um modo geral eu gosto muito de uma boa polêmica, mas começo a entender melhor o que o Edu estava dizendo. Não se trata de discordar para convencer, mas pelo prazer do desafio que isso pode significar e esse lugar devo reconhecer, nem sempre é facíl de encontrar. Fico com a imagem de uma pessoa muito interessante que infelizmente já morreu e que era mestre das discordâncias, Mohandas Gandhi. Esse indiano que perambulou nesse planeta falou certa vez que o que precisava ser combatido não era o pecador, mas o pecado, em outras palavras que suas ações não eram voltadas para um pessoa em particular, mas para o mal que ela causava. A idéia de não-cooperação com o que esta errado reside aqui e sua desobediência civíl consistia nisso. Mostrou uma ótima maneira para saber como distinguir uma coisa da outra e para nos ajudar em verdadeiras conquistas. Quando discordar de alguém e tentar fazer algo a respeito observe isso: primeiro eles te ignoram. Depois eles tentam te ridicularizar. Na sequência ficam bravos e talvez passem para a agressão. Quando eles te agredirem, você vence.
Sigo em frente, se não discordando mais, pelo menos tentando discordar melhor.
2 comentários:
Que bom que levou adiante a criação do blog. Adorei o nome também!
Quanto ao texto, realmente o desafio que vc menciona só vale a pena quando há uma troca e isso só acontece quando as pessoas se ouvem. Isso realmente acontece????!!!
Beijão debaixo de 11 graus!!! Friaaaca!
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