A roda de capoeira é ritual e tradição. Uma cerimônia que converge para uma produção de sentidos comuns aqueles que estão próximos dela. Fundamental ao capoeirista estar nesse lugar, nesse encontro para viver a roda. Ela garante a iniciação, o caminho que nos treinos são apontados e anunciados. Se o treino é necessário, a roda é fundamental. A roda de capoeira não é uma explicação ou uma justificativa para o treino, mas o processo da capoeiragem por definição, ela é a alegria e a dor em si, a ambigüidade e o contraste inerentes a sua história. Nela não negamos os conflitos, mas pretendemos superar a ironia, o cinismo e a arrogância. Características essas presentes no mundo - não devemos negar - mas se acreditamos na liberdade e no processo civilizatório da arte da capoeira, tratamos então de cultivar o humor, a sinceridade e a humildade. Um conduz ao outro. Humor que ri de tudo, mas que ri primeiro de si mesmo. Sinceridade para compreender limites e auto-realização. Humildade para perceber que não temos ou fazemos a capoeira, mas somos seu instrumento, a praticamos, que muitos vieram antes de nós e reconhecemos nossa herança para saber que não temos a única verdade, mas sabemos quem somos. No Centro de Capoeira Angola Angoleiro Sim Sinhô ela acontece com respeito as características de cada pessoa. Importa encontrar seu jogo, seu ritmo, seu tempo e lugar, não uma cópia, a mera reprodução. Acontece também na coletividade. A disposição da bateria: reco-reco, agogô, pandeiro, berimbau gunga, berimbau médio, berimbau viola, pandeiro, atabaque e dois para vadiar. Precisamos minimamente de dez pessoas. O convite está aberto para muito mais na roda! O singular e o múltiplo não se distanciam, mas se complementam numa rara simbiose. Nossa roda é uma forma de exteriorizar um tipo de culto, porque entendemos que há muitas maneiras de instruir e cultivar. A tradição é memória viva, um costume, um uso, uma apropriação devida. A roda de capoeira possui linguagem própria, está para além das palavras e dos movimentos. Ela imprime gesto e tenta acolher, e quando aparentemente vai em direção oposta, não é porque é dura e perversa, mas é sua maneira particular de conduzir justiça e reparação. Muita gente morreu para ela chegar até nós e essa lembrança, para quem tem olhos e ouvidos, está na roda. Mas a roda não é feita com rancor e mágoa pelos tempos cruéis e rudes que tivemos, mas com a superação do ressentimento, com o valor da amizade, da gratidão, da política do afeto, do amor por algo maior. A roda de capoeira é liberdade porque provoca e desafia, mobiliza outras formas de pensar, outros modos de melhorar os sentimentos. Ela é a espontaneidade, o improviso e a malandragem. Iê!
Todas as pessoas podem vir para vadiar ou para compartilhar da maneira que queiram, seja olhando, cantando ou apenas sentindo o axé. Sejam bem vindos!
Toda quinta-feira, apartir das 19:00
Rua Turiassu, 1172 - Perdizes
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