terça-feira, 29 de setembro de 2009

Entrevista exclusiva: o Homem de Bem

Por Bruno Ribeiro

Entrevistei muita gente na vida – artistas, políticos, poetas, intelectuais, esportistas e até bebuns ilustres. Mas faltava-me ao currículo uma grande entrevista com o Homem de Bem, fascinante entidade nacional sem rosto e endereço. Persigo-o desde que me formei jornalista. Descobrir como uma alma tão esquiva conseguia pautar as notícias dos jornais e influir nas decisões políticas, na bolsa de valores e na escalação da Seleção Brasileira, tornou-se uma obsessão.
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Muitas vezes tentei me aproximar, mas ele fugia como o diabo da cruz e nunca retornava as ligações, por mais solícitos que fossem os recados deixados em sua secretária eletrônica. Ofereci, então, uma quantia em dinheiro. Uma proposta indecorosa, sem dúvida. Mas só assim o Homem de Bem aceitou falar comigo.
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Com a ajuda de um famoso comentarista político – seu amigo pessoal – a entrevista foi marcada no balcão do Café Regina. Mas havia uma condição: “A conversa não pode ser gravada. Fotos, nem pensar”, avisou. Tive certeza de que realmente falava com o Homem de Bem. Quem, afinal, teria tanto medo de assumir pontos de vista e defendê-los sem a proteção do anonimato? Abri o bloco de anotações e dei início às perguntas.
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Por que o senhor faz questão de preservar o anonimato quando opina sobre temas polêmicos nos blogs?
É um direito assegurado pela Constituição. Sou o Homem de Bem, não posso me expor. Não sou o Zé Povinho, que adora um barraco em público. Pago meus impostos e tenho o direito de fazer o que bem entender, inclusive assinar comentários com nomes falsos.
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Mas a impressão que o senhor passa é de não ter argumentos para sustentar opiniões.
Não tenho que argumentar com essa camarilha que infesta a internet e certos órgãos de imprensa. Há comunas infiltrados. Essa gente só aprende na base da porrada.
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E os Direitos Humanos, como ficam?
Só servem para defender bandidos. Veja o caso dos presos: passam o dia jogando cartas e comendo de graça às nossas custas. Enquanto isso, o cidadão de bem tem que trabalhar duro para pagar seus impostos.
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E o decreto que suspendeu a liberdade de imprensa em Honduras? O governo golpista não estaria se aproveitando da crise diplomática com o Brasil para implantar uma ditadura?
Não há governo golpista em Honduras. Zelaya foi deposto porque queria consultar o povo sobre o segundo mandato. Queria se perpetuar no poder, como Hugo Chávez. Ele iria rasgar a Constituição e implantar uma ditadura nos moldes cubanos.
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Fernando Henrique Cardoso, quando presidente, também deu um jeitinho de aprovar o segundo mandato. Só que, em vez de consultar o povo, preferiu comprar os deputados. O que o senhor acha disso?
Foi um mal necessário. Se Lula ganhasse, naquela ocasião, teria feito do Brasil uma outra Cuba.
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A imprensa não pode ser estatal em Cuba, mas em Honduras pode. Por quê?
O governo hondurenho está agindo corretamente ao fechar rádios, TVs e jornais. Estavam infestados de chavistas. Os pseudo-jornalistas queriam incitar o povo à violência. Não eram democratas, estavam à serviço do Eixo do Mal.
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O que o senhor acha da Newsweek ter considerado Lula “o presidente mais popular do planeta”?
Essa revista deixou de ter credibilidade. Está dominada pelo movimento negro, pelos cupinchas do Obama. Bastou um crioulo virar presidente dos Estados Unidos para que o nível da inteligência americana despencasse.
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Mas se Lula fosse tão ruim quanto o senhor diz, não seria aprovado por 81% da população.
O povo é ignorante, se contenta com esmolas. Lula é um analfabeto. Não sabia trabalhar direito nem quando metalúrgico. Por que você acha que ele perdeu um dedo na prensa? Não serve nem para síndico do meu prédio.
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Mas não dá para negar que a imagem do Brasil, lá fora, melhorou bastante. Quem diz é a imprensa internacional. Ela está errada também?
Gringo adora índio. O samba também faz sucesso lá fora e, no entanto, é uma merda. Lula não sabe falar inglês, não tem classe e bebe cachaça. Ele me mata de vergonha.
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Como o senhor consegue influenciar tanta gente?
Tenho uma equipe grande de colaboradores que escrevem diariamente para os principais jornais do País. Muitos se deixam fotografar e assinam seus nomes em meu lugar. Oriento que batam na política de cotas raciais, uma forma dissimulada que o governo encontrou de jogar os negros contra os brancos. Peço que defendam a pena de morte, que protestem contra a presença de mendigos e travestis no centro das cidades e que elogiem o regime militar, lembrando que naqueles tempos não havia tanta permissividade na televisão.
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Como podemos identificar a carta de um colaborador do Homem de Bem nos jornais?
Não raro, ela começa assim: “Sou um cidadão de bem, cumpridor dos meus deveres e pagador dos meus impostos...”
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Dito isto, o Homem de Bem consultou o relógio de pulso e encerrou a entrevista secamente: “Pronto, acabou”. Pagou a conta – dois cafés e uma água com gás –, entrou no primeiro táxi e o chofer dobrou a Barreto Leme em direção ao Cambuí.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Double Seven - Punky Reggae

Espaço Improprio apresenta nesta sexta - dia 25/09 das 19 horas as 23 horas
entrada gratuita!
jantar vegano (macarronada com molho ao pesto ou bolonhesa)+
lanches, salgados, sucos e drinks
Rua Dona Antonia de Queiroz, 40 Consolacao
Sobre Double Seven:
Don Letts, The Clash, The Ruts, The Slits, Sex Pistols, Stiff Little Fingers,Angelic Upstarts, The Stranglers dizem alguma coisa a você?
Existiu um tempo e um lugar onde o punk e o reggae caminhavam (e lutavam) ladoa lado. Um momento histórico em que palavras (no começo) tão distantes comoreggae, anarquia, sound system, rastafari, punk e situacionismo se fundirampara criar uma nova contracultura juvenil.
Na Inglaterra do fim dos anos 70 a juventude buscava reconstruir os valores -então caducos e decadentes - de uma sociedade empobrecida politica, financeirae culturalmente. Uma expressão de ódio (e também de amor) e infinitacriatividade tomava jovens brancos e negros que não encontravam lugar nosantiquados esquemas do velho mundo. Não era uma questão de imitar, se tratavade criar novas manifestações culturais que representassem uma nova geraçãode britânicos filhos de imigrantes, sem emprego e sem um futuro promissor daInglaterra repressiva e conservadora de Margareth Thatcher.
Double Seven se inspira nesse momento histórico e musical para oferecer umavariedade de música que mistura uma inacabável quantidade de Reggae, Punk, eDub britânica e outros subgêneros que surgiriam depois como o Oi! ouPost-Punk.
Da mesma maneira, Double Seven também olha e se interessa pelas origens quefavoreceram a mistura que falamos, como a música Ska e Rocksteady jamaicana,assim como por outras manifestações musicais como a explosão do punk americano com bandas como Ramones, Dead Boys, New york Dolls ou Television. Double Seven funde com grande habilidade as fronteiras entre esses estilos ecria um encontro imprescindível para todos os amantes dos ritmos jamaicanos e da melhor música britânica, marcando assim um prescedente único na noite paulistana.
No matter what the people say, these sounds leads the way! http://www.myspace.com/doublesevenlounge

sábado, 19 de setembro de 2009

DIA MUNDIAL SEM CARRO - 22 de setembro


0 que é o Dia Mundial Sem Carro

O Dia Mundial Sem Carro é um movimento que começou em algumas cidades da Europa nos últimos anos do século 20, e desde então vem se espalhando pelo mundo, ganhando a cada edição mais adesões nos cinco continentes. Trata-se de um manifesto/reflexão sobre os gigantescos problemas causados pelo uso intenso de automóveis como forma de deslocamento, sobretudo nos grandes centros urbanos, e um convite ao uso de meios de transporte sustentáveis - entre os quais se destaca a bicicleta.

/ Bicicleta: uma boa alternativa para a melhora do trânsito

A bicicleta é um excelente meio de transporte, sobretudo para pequenas distâncias. Leva seu condutor de porta a porta, permite a prática de uma atividade física simultânea ao deslocamento, tem custo baixíssimo e é minimamente afetada por engarrafamentos. Mesmo numa cidade de relevo acidentado como Belo Horizonte, a atual tecnologia de marchas permite a circulação por ruas inclinadas com relativa facilidade. Muitas pessoas têm percebido isso, e o número de ciclistas na cidade tem aumentado visivelmente.

Porém, a nossa infra-estrutura para o uso da bicicleta como meio de transporte é precária. Há pouquíssimos bicicletários e paraciclos, poucas empresas dispõem de vestiários para incentivar seus funcionários a ir de bicicleta para o trabalho, as ciclovias são quase inexistentes e as que existem são pouco estratégicas, o trânsito é hostil aos ciclistas.

/ Automóveis: problemas causados pelo uso massivo

Os malefícios causados pelo uso de automóveis são inúmeros e evidentes: poluição atmosférica, efeito estufa, poluição sonora, congestionamentos, doenças respiratórias, sedentarismo, irritabilidade, perda de tempo, consumo de combustíveis fósseis, acidentes, comprometimento de grande parte da renda das pessoas.

Além disso, as viagens de carro degradam a relação dos indivíduos com o espaço público, transformando a rua em um indesejável obstáculo a ser superado no deslocamento de um ponto a outro. Elas também significam um uso desproporcional das ruas, já que a imensa maioria dos carros leva apenas uma pessoa - o que é ainda mais grave em áreas densamente povoadas.

Por fim, o automóvel é um meio de transporte não universalizável, já que seria impensável a existência de um carro por habitante no mundo.

*mais infos aqui, aqui e aqui

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Todo enfiado

por Ediney Santana

Há muito a Bahia deixou de ser a terra de todos os santos para ser a terra de todas as mediocridades. O lixo cultural e político tomaram conta da terra do Velho Jorge Amado, a mediocridade é à base da intelligentsia baiana de hoje. Com o argumento de que gosto cada um tem o seu, rádios, imprensa, TVs e espaços públicos são tomados por todo um submundo artístico não raro patrocinado pelo poder público o qual nada mais é que o espelho dessa gangrena social. Grupos de “artistas” são criados do dia para noite que além da missão de ganhar dinheiro para seus donos, servem também para massificar a cultura do nada, o vazio – social. A musicalidade da Bahia de hoje, se é que existe essa musicalidade, nada mais é que a sonoridade do flagelo social reinante em cada esquina da capital baiana disfarçado da “expressão” cultural de um povo.
No teatro sempre as mesmas comédias baratas e repetitivas, como se a única coisa a qual um público que vai assistir a um espetáculo sabe fazer é ri, ri, ri de se mesmo. Estou farto de atores vestidos de mulheres, de roteiros chatos, de interpretações menores e tacanhas, dessa visão pequena a qual o Rio de Janeiro é a nossa Los Angels.
No Pelourinho grupos de capoeira não vão além de bizarros balés para gringo “vê”. Grupos tão submissos e passivos como escravos em uma senzala, no carnaval o baiano “se diverte” muito segurando as cordas para uma elite de merda e estúpida tirar “o pé do chão”.
O governo estadual não menos medíocre e incompetente na articulação de políticas públicas para a cultura criou os infames “Pontos de cultura” que não ajudam a formar ninguém, algo meio parecido como um bolsa família para justificar o mau uso de verbas públicas.
A única política pública a qual esse governo fraco e desarticulado com a realidade conhece é “transferência de verbas”. Transferência para o bolso de quem cara pálida?
Enquanto se discute se a “professora” está correta ou não em dançar “toda enfiada” e os jornais, TVs baianos dedicam um espaço fabuloso para discutir o vazio das mazelas “culturais” a cidade do Salvador apodrece culturalmente, politicamente. A mídia baiana, com raríssimas exceções é digna de desprezo.
Nos programas de TVs no lugar de uma programação de excelência, se oferece dinheiro para o telespectador, única maneira que conseguem ter risórios índices de audiência.
A Bahia de hoje é esse playground da pedofilia, do turismo sexual, do carnaval excludente das cordas, da violência desenfreada contra o patrimônio imaterial de um povo.
O samba de roda é transformado e vendido como objeto de sedução da pior espécie o que ajuda atrair canalhas do mundo todo para fazerem da capital baiana o maior puteiro ao céu aberto do mundo, a capoeira nada além de exercício aeróbio no Mercado Modelo, tudo bem disfarçado da “manifestação, luta e resistência de um povo” e é claro com uma boa dose de anti-política pública para a cultura.
A cidade antes de todos os “santos” como Glauber Rocha, Pierre Verger, Dias Gomes, Minelvino Francisco Silva, Raul Seixas, Marcelo Nova, Anísio Teixeira, Mestre Pastinha, Bule Bule, dos fabulosos e emocionantes grupos de Samba de Roda e tantos outros artistas contemporâneos que são sombreados e esquecidos por essa estupidez soteropolitana é um lugar o qual Gregório de Matos há tantos anos profetizou:
“De dois ff se compõe esta cidade a meu ver: um furtar, outro foder.”
http://edineysantana.zip.net/

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O que é que você faz?

Normalmente temos a tendência de perguntar aos que acabamos de conhecer o que eles fazem. Em um primeiro momento pode revelar algo bastante trivial, sem muita importância, mas também pode revelar boa parte da direção que a conversa vai tomar. "O você faz?" significa na verdade "no que você trabalha?". Isso pode revelar afinidades, interesses por um assunto, simpatia pelo que está sendo dito, indiferença, etc. Pode também revelar um papel social, e isso em nossa sociedade é bastante expressivo. "O que você faz?" poderia também ser uma forma de introduzir uma conversa amistosa e significar apenas "como você ocupa seu tempo?", certo? Talvez. Como o tema trabalho se mostra fundamental para nossas relações sociais, dependendo da resposta muito do que pensamos e revelamos de algum modo já estará direcionado e mesmo condicionado. Veja o caso de parte do norte da India, onde no primeiro encontro as pessoas tendem a perguntar não "o que você faz", mas "você é casad@?". Dependendo de sua resposta a conversa irá tomar rumos totalmente distintos. Igualmente no Japão, onde ser promovido no trabalho depende muitas vezes de você ser casado ou não, já que ser casado significa, naquela sociedade, sinônimo de responsabilidade. Bom, com minha nova função de professor de psicologia tenho pensado bastante nisso e feito um tipo de experiência. Quando as pessoas me perguntam o que faço, de um modo geral, respondo da perspectiva de minha formação acadêmica. Entretanto hoje tenho dito sobre outras coisas que não passam necessariamente pelas questões de trabalho. Digo sobre grupos de estudo que participo, sobre minha casa e a relação com as pessoas que convivo nela, falo do movimento da luta antimanicomial, dos espaços autonomistas que as vezes frequento em São Paulo, e por aí vai. Pense sobre isso. Como responder a questão sobre o que fazemos sem falar sobre nossa formação ou trabalho? Afinal somos muito mais que nossos trabalhos e esse é o ponto. Mas as vezes não consigo escapar disso e respondo pela perspectiva do trabalho. Não é mesmo nada facíl escapar. E mesmo quando me interesso em responder por diferentes angulos a essa questão, tenho pensado sobre a possível reação de meu interlocutor. Uma coisa é dizer que sou psicólogo, outra que sou apenas professor, e outra ainda ser professor de psicólogia, e mais diferente ainda entre os colegas psicólogos que sou supervisor de uma clínica-escola, que não é a mesma coisa que ser professor de psicologia. São reveladas algumas possibilidades de papéis que produzem diferentes reações e isso cria distintas impressões no modo que as pessoas passam a interagir comigo. Dependendo do lugar, do contexto, da maneira que se direciona a pergunta sobre o que faço, tomo uma decisão e escolho uma resposta que nem sempre é intencional, mas que não escapa ao meu interesse no modo de ser reconhecido. Isso não acontece somente comigo, apenas penso do lugar que me cabe: da minha própria vida. E como é pensar isso em lugares que a questão da formação acadêmica não está dada? Em contextos onde um monte de gente faz (quase) qualquer coisa que aparecer? Como é perguntar isso no sertão, em algum interiorzão, na periferia? Volto nesse tema em breve. Abraços.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Conhecer o passado


Morreu no Chile em 11 de setembro de 1973 Salvador Allende, o primeiro presidente socialista eleito pelo voto popular na América Latina. Há 36 anos, um golpe de Estado realizado pelas classes dominantes chilenas derrubou o governo da Unidade Popular, presidido por Salvador Allende. A ponta de lança do golpe foram as Forças Armadas sob a direção do general Pinochet, ditador que assassinou milhares pessoas e fez incontáveis desaparecidos. Já diz a sabedoria popular que conhecer o passado é melhorar o futuro. Que assim seja!

No ar

Entrou no ar, nesta segunda-feira passada, mais uma ferramenta importante de auxílio e fomento do debate sobre direito à cidade, o site http://tarifazero.org. Um site independente que surge como uma conseqüência da luta dos últimos anos em torno do direito ao transporte coletivo. Luta essa que foi organizada, principalmente, pelo Movimento Passe Livre. Sua proposta é cumprir dois objetivos amplos:

1. Organizar antigos e novos materiais (artigos, áudios, vídeos, reportagens, notícias etc.) produzidos sobre o tema da mobilidade urbana e do direito à cidade. Com ênfase na defesa do transporte coletivo público e gratuito - como uma política de redistribuição de renda e justiça social que beneficie a maior parte da população.

2. Fomentar o debate sobre as questões acima defendidas para, assim, contribuir com a formação de militantes e não-militantes.

Ou seja, se você estiver se perguntando: "Onde eu encontro aquele artigo sobre municipalização?"; "Onde será que existe passe livre na prática?"; "Mas esse pessoal não está indo longe demais ao pensar ser possível a tarifa zero?", neste site você poderá encontrar muitas destas e outras respostas. Além, é claro, de poder contribuir com o debate comentando as publicações e enviando materiais.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

"E, ao modo da insurreição dos zapatistas _ que nos seus 14 anos de construção ininterrupta de autonomia e auto-governo_ que no caminhar dessa construção não deixemos de dançar, cantar e sorrir, que nos mantenhamos felizes apesar dos erros, problemas e desafios, das distâncias que separam geografias e calendários. Pois a construção desse novo mundo florescerá dos corações que hoje batem em rebelião coletiva e que colocaram a girar a roda da história em seu longo caminho para finalmente adentrar na história da humanidade".

Retirado de Nem o centro e Nem a Periferia.
Subcomandante Insurgente Marcos - EZLN.
Ed. Deriva

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Todo apoio ao CEDECA

Carta Aberta

O Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Interlagos (CEDECA Interlagos) é uma organização não-governamental que atua na região extremo sul de São Paulo há dez anos. Faz parte de uma Associação de Centros de Defesa com mais de trinta organizações espalhadas pelo país, todas elas atuando na defesa incondicional dos direitos humanos das pessoas que, dentre outros motivos, nem sempre conseguem acessar as Defensorias Públicas que devem ser oferecidas pelo Estado.

Vimos por meio desta nos manifestar publicamente acerca das reportagens veiculadas em programas de televisão das emissoras Bandeirantes e SBT, nos dias 26 e 27 de agosto, com alcance nacional. As reportagens acusam este Centro de Defesa de utilizar de forma equivocada recursos públicos, acusação esta sem fundamentação válida, uma vez que apresentamos de modo bastante transparente e assertivo a destinação dos recursos conveniados aos órgãos competentes. Em nenhum momento, tais recursos mencionados pelas reportagens foram destinados a outros fins que não para as atividades finalísticas planejadas nos projetos de convênio com as instituições governamentais, conforme a própria emissora Bandeirantes destaca e confirma no sítio eletrônico do CEDECA Interlagos.

O CEDECA Interlagos tem uma ação sólida e coerente pela efetivação de direitos humanos de crianças e adolescentes com mobilização, defesa e participação popular numa luta cotidiana pela cessação de violações de direitos que acometem a infância e adolescência neste país, seja no panorama da educação, da violência doméstica, da moradia, da exploração sexual, como no trato e manutenção de adolescentes internados.

Em relação à defesa processual, durante os mais de três anos em que o jovem esteve internado na FEBEM/Fundação CASA, sua defesa foi realizada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Quando do surgimento do processo de internação hospitalar - pelo qual responde atualmente – a Defensoria Pública entrou em contato com o CEDECA Interlagos solicitando que assumíssemos a defesa. A defesa do jovem referido nas reportagens foi iniciada pelo CEDECA Interlagos, quando ele ainda possuía menos de 21 anos de idade, especialmente em razão de sua trajetória no sistema sócio-educativo. É importante ressaltar que o processo judicial em questão está sob segredo de justiça. Qualquer informação a esse respeito não pode ser veiculada.

Resta esclarecer, por fim, que toda pessoa tem direito de defesa garantido pela Constituição Federal. Isto é princípio deste Centro de Defesa e de qualquer outra instituição de defesa de direitos, independente da situação social, econômica, cultural ou infracional das pessoas envolvidas.

Pelos motivos acima citados, consideramos infundadas e incoerentes tais acusações e a forma vexatória como estas emissoras expõe uma organização que luta há dez anos por uma realidade digna para TODOS os seres humanos.

À disposição para outros esclarecimentos e para aprofundar debates realmente qualificados.

CEDECA Interlagos