terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A morte como companheira

Quando você se sentir desgastado por alguma situação emocional e estiver com a sensação de derrota, lembre-se de sua morte. Saia do cotidiano e confronte a sua situação com sua morte eminente.

Se a importância pessoal se apodera de sua pessoa e de seu momento, se as emoções de ódio, rancor, tristeza e preocupação se voltam sobre si: lembre-se que pode morrer a qualquer momento.

Quando sentimos que estamos perdendo algo muito valioso, quando sentimos que nos ofendem, quando sentimos rancor e desejos de vingança, quando estamos apegados a algo que na realidade já perdemos, quando somos mesquinhos e nos negamos ao amor, quando temos medo e sentimos timidez de atuar como no fundo queríamos ser: em momentos como estes, temos que tomar um instante para olhar os olhos escuros da morte. Temos que tomar um instante para pedir que ela nos aconselhe. Temos que conseguir o controle necessário para examinar estes assuntos à luz de nossa morte, que nos espera, considerando a sua situação como se fosse nosso último ato antes de morrer.

Diante da mesquinhez e do medo, basta que a morte ponha tudo em seu lugar, em sua dimensão justa; só então poderemos ver que, comparados com a morte, as situações mais tremendas do mundo cotidiano, na realidade são insignificantes. Estamos vivos e a morte nos aguarda. Esta é a única verdade que importa. As demais não são nada!

Um mortal consciente não pode permitir semelhante desperdício de seu tempo único e breve sobre a terra. Um mortal consciente é um guerreiro que faz de cada ato um desafio – o desafio de beber a essência da vida, a cada instante. O desafio de viver digna e impecavelmente seu momento, como sua força lhe permite. Um guerreiro desfruta e saboreia o valor de cada momento precioso, porque sabe com toda certeza, que a morte o espreita, e que seu encontro com ela terá de cumprir-se sem nenhuma dúvida.

Como a morte pode chegar a qualquer momento, um guerreiro se dá por morto e considera cada ato, seu último ato sobre a terra.

Um ser que dá o melhor de si mesmo em cada ato, tem um poder especial. A vida tem uma força e um sabor que não pode comparar-se com as chatas repetições da vida de um simples mortal. Por isso, o guerreiro tem a consciência da morte como a pedra pilar de todo seu conhecimento e de toda sua luta.

Em vez de apoiar-se nos valores vazios e abstratos, e na crença que tem muito tempo de vida ou que não vai morrer, o guerreiro se apoia na única verdade segura que existe em sua vida: “a morte”.Usar a morte como conselheira nos permite abordar nossos assuntos cotidianos desde uma perspectiva mais sóbria, eficiente e realista que a do homem comum.

Don Juan (feiticeiro tolteca – México)

Encomtrado em Sandra Sofiati

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