sábado, 29 de novembro de 2008

Fazendo história


Você sabe o que é a ALCA? Já ouviu falar em A20, S26, N30? Participou de algum Dia de Ação Global? Já ouviu falar em Ação Direta? E de “movimento antiglobalização”? Sabe o que é horizontalidade?
Pois desde 1999 no Brasil há grupos e indivíduos de boa-vontade que se organizam para combater o capitalismo global. Ocorreram muitas mobilizações, ações, manifestações, oficinas, debates, experiências que marcaram uma geração e tem influenciado os movimentos sociais e políticos até hoje.
Em Seattle, no dia 30 de novembro de 1999, uma nova forma de fazer política surgia e ganhava o mundo através da grande mídia. Muitos acreditaram e compartilharam de um mesmo sonho, todos juntos, todos iguais. Durante um bom tempo as pessoas mantiveram a chama acesa.
Hoje, 9 anos depois, é preciso rever essa história, resgatar a memória dessa luta anticapitalista e olhar para o futuro...
Se você quer ajudar a construir a história do movimento anticapitalista ou se você quer saber mais sobre suas propostas e ações venha participar do debate A HISTÓRIA DO MOVIMENTO ANTICAPITALISTA.

*** Data: Domingo, 30 de novembro de 2008 (N30) Horário: 16 horas Local: Espaço Ay Carmela! – Rua das Carmelitas, 140 – Sé - São Paulo Entrada Gratuita

*** VIDEOS

*Essa é a Cara da Democracia
Com material coletado com mais de 100 ativistas, narração de Susan Sarandon e trilha Sonora da Rage Against Machine, o vídeo é uma co-produção da Big Noise Films com o CMI - Seattle. 72 minutos/2000. Áudio em inglês com legendas em português

* A20 – Não Começou em Seattle, Não Vai Terminar em Quebec
Video da primeira manifestação no Brasil contra a ALCA, Área de Livre Comércio das Américas, que ocorreu em São Paulo no dia 20 de abril de 2001. A manifestação pacífica foi violentamente atacada pela polícia. CMI. 22 minutos/2001. Áudio em português.

EXPOSIÇÃO DE FOTOS E CARTAZES DEBATE

A proposta desta atividade é iniciar a (re)construção da história do movimento anti-capitalista de maneira coletiva. Começando por identificar suas origens e tradições, assim como quais temas estavam na pauta naquele momento. Também é importante buscar identificar os grupos e coletivos envolvidos na luta contra a globalização capitalista e os demais atores sociais em cena. Pode-se levantar casos, depoimentos, relatos e documentos para serem avaliados. A discussão sobre as propostas, as estratégias, as táticas, as formas de organização e os objetivos dos grupos e coalizões do movimento, assim como das manifestações de rua contribuirão para que possamos entender sua essência. E, finalmente, um olhar para os dias de hoje a partir da experiência vivida por milhares de pessoas ao redor do mundo nos ajuda a pensar na nossa ação no futuro.

ACERVO AGP (nome provisório)

A Biblioteca Terra Livre instalada no Espaço Ay Carmela! pretende constituir um acervo de materiais sobre o movimento anti-capitalista no Brasil e no mundo. Portanto, convidamos a todos a trazerem materiais (livros, fotos, documentos, cartazes, vídeos, áudios, etc etc) para serem doados à Biblioteca. Assim, todos estaremos colaborando com a preservação da memória das lutas anti-capitalistas.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Pedagogia do cuidado.

Autoria de Dagmar Garroux, a Tia Dag da Casa do Zezinho, o livro conta um pouco dessa história de luta e esperança. E vai além. Como sugere o título do livro, pensar e experimentar uma pedagogia baseada no cuidado e na atenção para mudanças do mundo e de si mesmo. Um ótimo lançamento em dias que muitos se esforçam para dizer que não há o que fazer em tempos como esse...

Ainda não acabou.



Sistema judicial estadunidense persiste em assassinar Mumia

A procuradora distrital de Filadélfia, Lynne Abraham (equivalente a procuradora do ministério público) pediu ao Supremo Tribunal dos EUA que voltasse a impor a pena de morte a Mumia Abu-Jamal. Se esse pedido for aceito, isso pode significar a EXECUÇÂO imediata de Mumia, sem qualquer nova audiência ou julgamento, e apesar da montanha de novas provas que têm surgido em defesa da inocência de Mumia. Entretanto, o advogado de Mumia anunciou que iria também entregar no Supremo Tribunal um pedido de um novo julgamento. Este pedido tem de dar entrada até 19 de Dezembro. Este novo pedido tem por base o racismo que existiu na seleção de jurados no julgamento original e nas falsas indicações da procuradoria aos jurados na fase de decisão da culpa. São essencialmente os mesmos argumentos já usados (e negados) perante o Tribunal de Recurso do 3º Circuito de Filadélfia. Não podemos deixar que Mumia seja assassinado! Em defesa de Mumia, o dia 6 de Dezembro vai será assinalado como Dia Internacional de Solidariedade com Mumia Abu-Jamal! Apelamos a todos os amantes da justiça e da liberdade que cerrem fileiras em defesa de Mumia Abu-Jamal. Multipliquemos as iniciativas de divulgação desta causa!

Novo Documentário Sobre Mumia

Um novo documentário britânico, “In Prison My WholeLife” ("Na Prisão Toda a Minha Vida"), sobre a vida de Mumia foi exibido novamente nos Estados Unidos. O documentário já tinha estreado nos EUA no Festival Sundance em Janeiro e foi agora exibido no Festival Urbanworld de Nova Iorque a 11 e 13 de Setembro e depois na Conferência CR10 (Resistência Crítica 10anos) em Oakland, Califórnia, a 26 de Setembro. O documentário já tinha estado nos Festivais de Cinema de Londres e de Roma em 2007. O documentário relata a história de William Francome, que nasceu no dia em que Mumia foi preso. A sua mãe costuma dizer-lhe que cada aniversário que ele tinha era mais um ano passado por Mumia na prisão. Com o conhecido ator britânico Colin Firth como produtor executivo, "In Prison My Whole Life" foi realizado por Marc Evans e produzido por Livia Giuggioli Firth e Nick Goodwin Self. O filme inclui entrevistas com personalidades como Alice Walker, Angela Davis, Noam Chomsky, Amy Goodman, Ramona Africa, e músicos como Mos Def, Snoop Dogg e SteveEarle. A Anistia Internacional incluiu o filme na sua campanha internacional pela abolição da pena de morte. O documentário mostra as agora famosas fotografias da cena do crime tiradas a 9 de Dezembro de 1981 e que apenas foram redescobertas recentemente pelo autor alemão Michael Schiffmann, que as publicou no seu novo livro. Também inclui uma entrevista com o irmão de Abu-Jamal, Billy Cook, que estava no local depois do polícia Faulkner ter mandado parar o seu carro. É a primeira entrevista gravada de Cook e este nega a versão da acusação de que acertou na cara de Faulkner, supostamente provocando assim o espancamento que recebeu do polícia. Cook mostra as cicatrizes que ainda hoje tem na cabeça e diz: “Eles prenderam-me por o ter atacado, mas eu nunca pus a mão nele. Só estava a tentar proteger-me. Nunca acertei nele. Nunca acertei nele.” Cook diz que depois de ter sido violentamente espancado com a lanterna do polícia, Faulkner “foi meio vulgar e grosseiro. E se bem me lembro acrescentou a meio um palavrão racista... ‘Volta para o carro, preto´.” Um trailer do documentário está disponível em: http://vids.myspace.com/index.cfm?fuseaction=vids.individual&videoid=17949640.

Dia de Solidariedade Internacional com Mumia
O dia 6 de Dezembro foi denominado Dia de Solidariedade Internacional com Mumia Abu-Jamal. Estão marcadas ações em todo o mundo, em particular por todos os EUA, a maior das quais será uma concentração em Filadélfia frente à procuradoria distrital (o equivalente ao ministério público e que se tem destacado numa criminosa perseguição a Mumia). Daremos mais novidades à medida que as formos obtendo.

Snoop Dogg e os Massive Attack Gravam Música de Homenagem a Mumia
O rapper estadunidense Snoop Dogg e o músico 3D do grupo britânico de trip-hop Massive Attack (MA) juntaram-se para gravar uma música de apoio a Mumia, "Calling Mumia". Os músicos fizeram a gravação sob o nome de "100 Suns" e surgem no novo documentário "In Prison My Whole Life" sobre a vida de Mumia, antes e depois da sua prisão por um crime que não cometeu. Um excerto da música diz: "A forma como agora vivo é para educar e inspirar as crianças / e dar-lhes mais que erva e cerveja. /Tenho muito para dizer / porque não é divertido estar-se preso."
A música está disponível no site dos MA: http://www.massiveattack.com/index.php?id=657, e no YouTube, http://www.youtube.com/watch?v=0Tv78kaTGP4.

Novo Livro Sobre Mumia
Um novo livro de denúncia da farsa que foi o julgamento e a condenação de Mumia Abu-Jamal foi publicado em Maio passado nos EUA. O livro, The Framing of Mumia Abu-Jamal, foi escrito por J.Patrick O'Connor, que defende que o verdadeiro atirador no caso da morte do polícia Faulkner foi Kenneth Freeman, e mostra como Mumia foi claramente tramado pela polícia, devido à sua atividade política, tanto como membro dos Panteras Negras como mais tarde como jornalista que denunciava a atuação racista da polícia de Filadélfia.

Comentário de Mumia Sobre a Vitória de Obama
"(...) Mas o que é que ela significa? Não podemos negar o seu valor simbólico. Em milhões de lares negros, a sua fotografia será colocada ao lado das de Martin, John F. Kennedy e de uma empaledecida pintura de Jesus. (...) Mas para além do símbolo há a substância. E substantivamente, alguns acadêmicos definem Obama como pouco diferente dos seus antecessores. Apesar disso, os símbolos são uma coisa poderosa. Por vezes têm uma vida própria. Podem vir a significar algo mais do que pretendiam à primeira vista. Foi feita História. Veremos que tipo de história será. (...)"

23 de Novembro de 2008
Coletivo Mumia Abu-Jamal

fonte Agência de Notícias Anarquistas

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Saravá!

Ainda inspirado pela grandeza feminina...
E que se espalhe para todos, que permaneça o necessário, que seja inteiro, e nesse momento - porque não?- que tenha aprendizado nesse tanto mais. Afinal, sempre há!
Lindas: Rita Ribeiro, Jussara Silveira e Teresa Cristina .
Sim, deixa a gira girá!

O Mandamento da Deusa

*Compilado e inspirado por Doreen Valiente, bruxa e sacerdotisa wiccaniana

Eu, que sou a beleza do verde sobre a Terra,
da Lua branca entre as estrelas,
do mistério das águas e do desejo no coração dos homens,
falo à tua alma:
desperta e vem a mim, pois, sou Eu a alma da própria
Natureza, que dá a vida ao Universo.
De mim nasceram todas as coisas e a mim, tudo retorna.
Ante meu rosto, venerado pelos deuses e pelos homens,
deixa tua essência se fundir em êxtase ao infinito.
Para me servires, abre teu coração à alegria, pois, vê:
todo ato de amor e prazer é um ritual para mim.
Cultive em tua alma a beleza e a força, o poder e a compreensão,
a honra e a humildade, a alegria e o respeito.
E a ti, que buscas me conhecer, eu digo:
tua busca e teu anseio de nada servirão sem
o conhecimento do mistério de que aquilo
que procuras não encontrares dentro de ti mesmo,
jamais o encontrarás fora de ti.
Pois vê, sempre estive contigo - desde o começo,
e sou aquilo o que se alcança além do desejo.
*retirado de www.paganismo.org

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ay Carmela!

A coisa vem acontecem há uns 4 meses. Apesar do pouco tempo de existência o espaço esta bem ativo e de portas abertas. O Espaço Ay Carmela! é um centro político-cultural autogestionário mantido por grupos, movimentos e indivíduos autônomos da cidade de São Paulo. Um lugar de construção de ações e conhecimentos coletivos, além de um pólo de produção, reunião e dispersão de informações, saberes e transformações. O Ay Carmela! é localizado no centro de São Paulo, próximo ao marco zero. E é mais uma forma de afirmar que o centro é nosso, das pessoas, de quem vive e circula por essa cidade e não do capital, das corporações ou do estado.

“Deveremos resistir, Ay, Carmela! Ay, Carmela!”
Trecho do Hino da Revolução Espanhola (1936-1939).
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Alguns princípios norteiam as ações do espaço, são eles:
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Autogestão: Cada pessoa ou coletivo envolvido no espaço participa efetivamente de sua gestão.
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Horizontalidade: O espaço é gerido por grupos e indivíduos sem que haja uma hierarquia entre eles. Não há patrões e empregados, nem mandantes e mandados no Ay Carmela!.
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Autonomia: O Ay Carmela! não tem qualquer vinculação institucional com partidos políticos, organizações religiosas, empresas ou organismos governamentais. Não abrimos mão de independência para realizar nossas ações.
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Auto-Sustentabilidade: O espaço se sustenta com recursos doados pelos grupos e indivíduos gestores, por contribuições pessoais ou através de eventos para arrecadação de fundos. A auto-sustentabilidade como princípio significa também não ter relações de dependência financeira com as instituições mencionadas.
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Apartidarismo: As atividades desenvolvidas não terão caráter eleitoral nem qualquer vinculação com partidos políticos. Organizações partidárias não poderão compor o coletivo gestor.
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Respeito e promoção da diversidade: As atividades e a gestão do espaço são profundamente comprometidas com a difusão do respeito à diversidade. Ações e proponentes que propaguem racismo, machismo, homofobia, elitismo, fascismo, nazismo ou especismo não são bem vindos; não passarão!
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Anti-Capitalismo: Não estamos alinhados com essa forma de produção de mercadorias, tempo, pessoas, trabalho e idéias que é o capitalismo.
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Participam da gestão do espaço os grupos:
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CEDISP - Comitê pela Educação e Democratização da Informática
CEEP - Centro de Educação, Estudos e Pesquisas
CMI - Centro de Mídia Independente (Coletivo São Paulo)
Coletivo Terra Livre
FCV - Fórum Centro Vivo
E indivíduos
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Espaço Ay Carmela!
Rua das Carmelitas, 140. Sé – São Paulo
telefone: 55 11 3104 4330
e-mail: ay-carmela@riseup.net
site: ay-carmela.birosca.org

terça-feira, 18 de novembro de 2008

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Solidariedade

*Alunos da tradicional Faculdade de Sociologia e Política de São Paulo decretam greve contra aumento das mensalidades.*

Os alunos dos cursos de Sociologia e Política, Administração e Biblioteconomia da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), foram surpreendidos na última semana, com a decisão da Diretoria Executiva da escola, de reajustar as mensalidades em um percentual
consideradas inviável pelos alunos.

Os alunos alegam que a faculdade não tem feito nenhum investimento em infra-estrutura, no acervo da biblioteca, no laboratório de informática, e que não investe em pesquisas científicas, o que compromete o desempenho dos alunos e não justifica o aumento que nos últimos 6 anos atingiu um índice de 100%.

Reunidos em Assembléia, foi deliberada a formação de uma Comissão de Negociação composta por representantes dos três cursos, que em nome do Movimento cobrariam da Diretoria Executiva maiores explicações sobre o reajuste. A essa reunião só compareceu a Secretária Executiva, Sra. Ana Flávia Guimarães, que não foi propositiva. Esse descaso da Diretoria
Executiva à proposta de conversação dos alunos determinou as ações de boicote ao ENAD, protesto durante o processo seletivo que ocorreu no dia 9 de novembro, piquetes e greve geral.

Foi marcada para *quinta-feira, dia 13 de novembro*, uma nova reunião com a Direção Executiva e a Comissão de Negociação para esclarecimentos e propostas. Neste mesmo dia os alunos prometem haver grandes manifestações e protestos na rua, com concentração a partir das 19 horas na frente do Casarão da ESP. Após a reunião haverá uma Assembléia para novas deliberações de continuidade ou não da greve.

Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo
*Rua General Jardim, 522 – Vila Buarque. São Paulo*

Movimento FESPSP
Novembro / 2008.

movimentofespsp@gmail.com
http://fesplivre.blogspot.com

*ASSEMBLÉIA CONTRA AUMENTO DA MENSALIDADE*
*DIA 13 DE NOVEMBRO, QUINTA-FEIRA, 19h00.*
Concentração na Rua General Jardim, 522, Vila Buarque/SP

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Vá!

OLÁS!!!

FOI PUBLICADA HOJE NA REVISTA VIRTUAL ELEMENTOS A TRADUÇÃO QUE FIZ DA ENTREVISTA DO HAITIANO VOX SAMBOU, DO COLETIVO CANADENSE "NOMADIC MASSIVE", QUE ESTARÁ EM SÃO PAULO ENTRE 15 E 22 DE NOVEMBRO PRÓXIMOS...

A VINDA DO NOMADIC A SP É PARTE DO INTERCÂMBIO INICIADO EM FEVEREIRO, QUANDO EU, PANIKINHO (FOTOR ÉTICO) E GASPAR (Z'ÁFRICA BRASIL) ESTIVEMOS EM MONTREAL PARA ATIVIDADES RELACIONADAS AO MÊS DA HISTÓRIA NEGRA CANADENSE.

EM RETRIBUIÇÃO, NOMADIC ESTARÁ EM SP NA SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, REALIZANDO ATIVIDADES COMUNITÁRIAS E APRESENTAÇÕES MUSICAIS, COM A BANDA FORMADA POR QUATRO MÚSICOS + TRÊS MCs + UMA CANTORA.

NO LINK, INFORMAÇÕES SOBRE O DEBATE SEGUIDO DE JAM SESSION QUE O GRUPO REALIZARÁ NA AÇÃO EDUCATIVA, NO DIA 18/11.

NO DIA 16/11, O NOMADIC ESTARÁ NO HIP HOP DJ (CLASH CLUB) E, DEPOIS, NA NOITE DO EMICIDA NA SARAJEVO (RUA AUGUSTA).

NO DIA 20/11, A PARTIR DAS 12H, O GRUPO ESTARÁ NO "BATE FOLHA PRA ZUMBI", PROMOVIDO POR RODRIGO BUENO, NO PARQUE DO IBIRAPUERA - EVENTO INTEGRANTE DO PROJETO "REVERBERAÇÕES" (www.reverberacoes.com.br).

ABAIXO SEGUE O LINK PARA A ENTREVISTA EM QUE VOX SAMBOU E LOU PIENSA FALAM SOBRE O DISCO SOLO DE VOX E SOBRE A "FAMÍLIA" NOMADIC...
Axé,
Liliane

www.revistaelementos.com.br


O tom da cor...

Por: Miriam Leitão, O Globo, 7/11/2008.

"Só há o pós, depois do antes. Só se chega, depois da caminhada. Só se reúne o que esteve separado. Entender a diferença não é querê-la, pode ser o oposto. A imprensa brasileira, tão capaz de ver as desigualdades raciais nos Estados Unidos, tão capaz de comemorar um presidente negro, prefere, em constrangedora maioria, o silêncio sobre a discriminação no Brasil. Lendo certos artigos, editoriais e escolhas de edição sobre a questão racial no Brasil, me sinto marciana. Sobre que país eles estão falando, afinal? Com que constroem argumentos e enfoques tão estranhos? Por que ofender com o espantosamente agressivo termo “racialista” quem quer ver os dados da distância entre negros e brancos no Brasil? Não é possível estudar as desigualdades sem pesquisar as diferenças entre os grupos. Não se estuda sem dados. No Brasil, há quem se ofenda com a criação de critérios para levantar os dados de cor como se isso fosse uma ameaçadora “classificação racial”. Veja-se a cena que está nas abundantes e belas imagens da vitória americana. Há várias tonalidades de pele no grupo que se define como afro-americano. Aqui, sustenta-se que miscigenação é exclusividade nossa e que ela eliminou as diferenças. Os pardos (ou mulatos, como alguns preferem) e os pretos (como define o IBGE) estão muito próximos em inúmeros indicadores e estão muito distantes em relação aos brancos. Medir a distância que ambos têm em relação aos brancos não é uma forma perversa de negar a miscigenação. Medida à distância, é preciso conhecer suas razões. Só assim é possível construir as pontes que ligam as partes. O presidente Barack Obama fez a campanha por sobre as diferenças raciais, por vários motivos. Primeiro, por estratégia eleitoral: falava para um país majoritariamente branco. Qualquer candidato que escolha apenas um grupo perde a eleição. Ganha-se a eleição construindo- se coalizões. Ele formou a dele com os 90% de votos dos negros, 60% de votos dos latinos e 45% de votos dos brancos. Como há muito mais brancos no país, em termos numéricos, recebeu em termos absolutos mais votos dos brancos. Vitória americana sobre sua própria História. Outro motivo é que ele veio “após”. Ele não precisava do discurso de reivindicação de direitos, porque ele já foi feito na gloriosa caminhada que conquistou tanto. Um esforço que exige novos passos, mas que é extraordinariamente bem-sucedido. Obama não precisava acentuar sua condição de negro. Ele é. Por isso, os jornais do mundo inteiro comemoraram “o primeiro presidente negro”. Ele também é filho de branco, mas por que isso não causa espanto? Ora, porque os brancos são a etnia dominante. A novidade está em sua origem negra. O jornalismo destaca o novo, e não o fato banal. Certas análises no Brasil se perderam em encruzilhadas, tentando adaptar os fatos a suas interpretações do que sejam as diferenças entre os dois países. Lá e cá houve e há discriminação. Lá, não negaram e evoluíram. Aqui, nos perdemos em questiúnculas desviantes, quando o central é: há desigualdades raciais e elas são intoleráveis. Pessoas que pensam assim se esforçam para entender as razões e as raízes das desigualdades, se debruçam sobre os dados, não negam problema existente. A libertação vem da verdade conhecida. Quem não sabe, a esta altura, que o conceito de “raça” é falso? É bizantino repetir isso. Discutir a desigualdade racial não é a forma de “racializar” o país, mas sim constatar um problema, criado sobre um artificialismo, e que exige superação. Racializado ele já é, com esta vergonhosa ausência dos negros (pretos e pardos), de todos os círculos, do poder no Brasil. Comemorar a vitória em terra alheia, negando a existência da derrota em casa, é uma escolha que tem sido feita com insistência no Brasil. Na festa de Obama, isso se repetiu. Aqui se vai da negação do problema à condenação de todo tipo de instrumento usado para enfrentá-lo. Tudo é acusado de ser “racialista”: constatar as desigualdades, apontar suas origens na discriminação, tentar políticas públicas para reduzi-las. Argumentam que temos que melhorar a educação pública. Claro que temos, sempre tivemos. É urgente que se faça isso. Alguém discute isso? A diferença entre a forma como o racismo se manifesta nos Estados Unidos e no Brasil não pode ser usada para perdoar o nosso. Aqui, vicejou a espantosa idéia da escravidão suave, como viceja hoje a idéia de que temos uma espécie de “racismo benigno” ou “apenas” uma discriminação social que atinge os negros pelo mero acaso de serem eles majoritários entre os pobres. São palavras que se negam. Este tipo de violência não comporta o termo “benigno”, como nenhuma escravidão pode ser suave, por suposto. Segunda-feira vou ao Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais da UFRJ ver o lançamento do Mapa Anual das Desigualdades Raciais. Vou para olhar de novo os dados, conversar de novo com negros e brancos que estudam o assunto, aprender mais um pouco, procurar, esperançosa, algum avanço. Não acho que essa é uma conversa perturbadora da nossa paz social. Não acredito na paz que nega o problema. Acho lindo o sonho dos americanos, mas quero sonhar o meu."