quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Metta Bhavana

Metta significa Amor incondicionado, maneira sublime de viver.
Esta meditação é tirada de um dos mais belos e populares discursos proferidos pelo Buda – Metta sutta.
Meditação do amor universal: Metta Bhavana

O ódio não se destrói pelo ódio, destrói-se o ódio pelo Amor, esta é uma verdade eterna.
Que eu seja feliz. Que eu possa me libertar de todo sofrimento. Que eu tenha saúde perfeita. Que eu possa superar todos os meus defeitos. Que eu possa purificar minha mente. Que eu seja feliz.
Que eu possa superar a cobiça e a raiva; a dor e o lamento; a opressão e a ansiedade; a angústia e a inimizade; oh, que a felicidade tome conta de mim!
Que eu possa desenvolver o Amor Universal: a bondade amorosa, a compaixão a todos os seres, a boa vontade e a não-violência, a equanimidade, a paciência e o contentamento. Que a felicidade tome conta de mim!
Que eu possa ultrapassar a decadência e a morte e me libertar da tristeza e lamentação, dor, pesar, ressentimento e desespero.
Que eu possa evitar o mal, fazer apenas o bem e purificar a minha mente, pois é este o conselho de todos os Budas.
Aquele que se esforça em fazer o bem e que deseja atingir o estado de tranqüilidade, deve agir assim: deve ser hábil, correto, obediente, gentil e humilde. Alegre, fácil de contentar, que não se deixe afetar pelos assuntos mundanos, controlado em seus sentidos, discreto, não imprudente e não demasiadamente apegado à família. Que nada faça de mesquinho e evite cometer o mais leve erro que os sábios possam censurar. Que todos os seres sejam felizes. Que estejam ditosos e em segurança.
Onde existir um sopro de vida, seja fraco ou forte, grande, médio ou pequeno, visível ou invisível, próximo ou longíquo, nascido ou por nascer, que todos os seres estejam em segurança e felizes e possam por fim atingir a plena tranqüilidade.
Que ninguém decepcione o seu próximo, nem despreze um ser mínimo que seja; que ninguém por cólera ou ódio deseja mal a outrem.
Assim como a mãe, que protegeria o seu único filho, mesmo com o risco da própria vida, da mesma forma, cultivemos um infinito amor a todos os seres.
Que cultivemos o Amor Universal e o projetemos em todas as direções do mundo, acima, abaixo e à volta, sem limite, com bondade amorosa e benevolência infinita a amigos, estranhos e inimigos.
Quando em pé, andando, sentados ou deitados, durante todo o tempo em que estivermos acordados, deveremos desenvolver a plena atenção mental e o amor universal. Isto, dizem, é a mais elevada conduta aqui.
Que não abracemos errôneos pontos de vista; virtuosos e dotados de introspecção, desta maneira superaremos o apego aos desejos dos sentidos.
Verdadeiramente, a felicidade será para sempre o meu destino.
Verdadeiramente, a felicidade será para sempre o meu destino.
Verdadeiramente, a felicidade será para sempre o meu destino.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A doutrina do choque

"The Shock Doctrine" é um curta metragem de 6 minutos produzido pela ativista política Naomi Klein em parceria com o mexicano Alfonso Cuarón, diretor de filmes como 'A Princesinha', 'E Sua Mãe Também', 'Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban' e 'Filhos da Esperança'.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Eleicao U$A

Definitivamente nao da para ignorar que alguma coisa curiosa a respeito das eleicoes nos Estados Unidos esta acontecendo. Entretanto, quanto curiosa eh?

Entre os diferentes candidatos, Obama e Hillary lideram e aparentemente possuem diferencas claras, mas tambem aproximacoes nao tao nitidas. Serao eles alternativas para os tradicionais planos de dominacao e controle dos Estados Unidos? Muita gente pensa que nao importa a diferenca entre um e outro, afinal depois de Bush nada pode ser pior. Mesmo?
Por um lado, um mestico de mae branca e pai negro, e de outro uma mulher. Uma disputa interessante para um cargo dessas proporcoes e nao podemos pensar que isso seja pouca coisa. O que nao posso deixar de ignorar tambem eh o fato disso se tratar da politica nos Estados Unidos da America. E nao importa quem seja o "chefe maior", negro ou mulher, continuara a ser um pais responsavel pela morte e exploracao de milhoes pelo mundo afora. Para pensar nisso um pouco melhor, publico um artigo bem interessante de John Pilger, respeitado jornalista, com uma critica bastante contundente sobre esses dois candidatos e suas diferencas-semelhancas.
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O valor da democracia contemporânea
por John Pilger

O antigo presidente da Tanzania, Julius Nyerere, certa vez perguntou: "Por que não temos o direito de votar nas eleições dos EUA? Certamente toda a gente com um receptor de TV já ganhou esse direito por aguentar bombardeamento impiedoso a cada quatro anos".

Tendo coberto quatro campanhas para eleições presidenciais, dos Kennedys até Nixon, de Carter a Reagan, com os seus zeppelins de platitudes, seguidores robotizados e os rictos das esposas, posso simpatizar com ele. Mas que diferença faria o voto? Dos candidatos presidenciais que entrevistei, apenas George C. Wallace, governador do Alabama, falou a verdade: "Não há nem uma mínima diferença entre os Democratas e os Repúblicanos", disse ele. E estava certo.
O que me impressionou, a viver e trabalhar nos Estados Unidos, era que as campanhas presidenciais eram uma paródia, divertidas e muitas vezes grotescas. Elas são uma dança macabra ritual de bandeiras, balões e asneiradas, destinadas a camuflar um sistema venal baseado no poder do dinheiro, na divisão humana e numa cultura de guerra permanente.
Viajar com Robert Kennedy em 1968 foi revelador para mim. Para as audiências com os pobres, Kennedy apresentava-se como um salvador. As palavras "mudança" e "esperança" eram utilizadas incansavelmente e cinicamente. Para audiências de brancos timoratos, ele utilizava códigos racistas, tais como "lei e ordem". Com aqueles que se opunham à invasão do Vietnam, ele atacava "por os rapazes americanos na linha de fogo", mas nunca dizia quando ele os retiraria. Naquele ano (depois de Kennedy ter sido assassinado), Richard Nixon utilizava uma versão do mesmo discurso maleável para ganhar a presidência. Desde então, ele foi utilizado com êxito por Jimmy Carter, Ronald Reagan, Bill Clinton e os dois Bushes. Carter prometeu uma política externa baseada nos "direitos humanos" ? e praticou o extremo oposto. A "agenda da liberdade" de Reagan foi um banho de sangue na América Central. Clinton "prometeu solenemente" cuidados de saúde universais e destruiu a última rede de segurança constituída na Depressão. Nada mudou. Barack Obama é um lustroso Pai Tomás que bombardearia o Paquistão. Hillary Clientou, uma outra bombista, é anti-feminista. Uma das distinções de John McCain é que ele bombardeou pessoalmente um país. Todos eles acreditam que os EUA não estão sujeitos às regras do comportamento humano, porque é "uma cidade sobre uma colina", pouco importando que a maior parte da humanidade o vejam como um brutamontes monumental que, desde 1945, derrubou 50 governos, muitos deles democracias, e bombardeou 30 países, destruindo milhões de vida.
Se alguém se perguntar porque este holocausto não é uma "questão" na atual campanha, pode perguntar à BBC, a qual é responsável pela cobertura da campanha para grande parte do mundo, ou melhor ainda, Justin Webb, o editor da BBC para a América do Norte. Numa série da Radio 4 no ano passado, Webb apresentou a espécie de servilismo que evoca o apaziguador Geoffrey Dawson da década de 1930, então editor do London Times. Condoleezza Rice não pode ser demasiado mentirosa para Webb. Segundo Rice, os EUA estão a "apoiar as aspirações democráticas de todos os povos". Para Webb, quem acredita no patriotismo americano "cria um sentimento de felicidade e solidez", os crimes cometidos em nome deste patriotismo, tais como apoio à guerra e à injustiça no Médio Oriente durante os últimos 25 anos, e na América Latina, são irrelevantes. Na verdade, aqueles que resistem a tais épicos assaltos à democracia são culpados de "anti-americanismo", diz Webb, aparentemente inconsciente das origens totalitários desta expressão abusiva.

Jornalistas na Berlim nazi condenavam os críticos do Reich como "anti-alemães". Além disso, o seu melado acerca dos "ideais" e "valores nucleares" que compõem o "conjunto de idéias acerca da conduta humana" santificado pela América nega-nos o conhecimento verdadeiro da destruição da democracia americana: o desmantelamento da Carta de Direitos (Bill of Rights), do habeas corpus e da separação de poderes. Aqui está Webb no rastro da campanha: "[Isto] não é acerca da política de massa. É uma celebração do relacionamento entre um americano individual e o seu ou sua putativo comandante-em-chfe". Ele chama a isto "vertiginoso". E aqui está Webb sobre Bush: "Não vamos esquecer que enquanto os candidatos vencem, perdem, vencem outra vez... há um mundo para ser dirigido e o presidente Bush ainda está a dirigi-lo". A ênfase no texto da BBC realmente faz link para o sítio web da Casa Branca.

Nada destas asneiras é jornalismo. Isto é anti-jornalismo, digno de um cortesão menor de uma grande potência. Webb não é excepcional. O seu patrão, Helen Boaden, diretor da BBC News, enviou esta resposta a um tele-espectador que havia protestado pela preponderância da propaganda como base dos noticiários: "É simplesmente um fato que Bush tentou exportar democracia [para o Iraque] e que isto tem sido penoso". E a sua fonte para o dito "fato"? Citações de Bush e Blair a dizer que é um fato.

obs- Alterei o título original..."A dança macabra ritual da democracia estilo USA".

Este texto encontra-se também www.resistir.info

sábado, 26 de janeiro de 2008

Uma boa amizade

Sao Paulo tem essa coisa grande, de quase tudo um pouco. Por outro lado, depois que voce anda perambulando por ai em outros lugares gigantes, acaba se dando conta que ela tambem eh meio interior, uma coisa caipira, de tradicao forte, elegante e simpatica. Precisa conquistar e dizer para que veio. As vezes pensamos que contamos historias que inventamos, mas na verdade lugares como Sao Paulo eh que contam historias para nos inventar. Essa ai na foto eh uma criatura encantadora que conheco alguns anos: Claudia Fonseca, vulgo Cau. Ela faz parte dessa apropriacao da terra paulistana para um mundo melhor, bonito e alegre. Uma viajante de alma inteira e que acaba de voltar. E ela esta aqui nao apenas por ser linda, mas por fazer de Sampa um lugar igualmente bonito.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Saudade

e eu nem estou ai no seu aniversario...

foto by Kinho

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Os garotos de Baraka

Desde 2001 uma produtora de documentarios vem ganhando espaco no cenario norte-americano mostrando a vida de alguns grupos nos Estados Unidos. A Loki Films - http://lokifilms.com/ - eh um projeto feito a quatro maos por Heidi Ewing e Rachel Grady. Interessadas em acompanhar experiencias nao muito comuns ao mainstrain estadunidense, essas duas mulheres vem fazendo um trabalho incrivel.
Nesse fim de semana assisti umas de suas producoes mais recentes. O documentario "The boys of Baraka" - veja o trailer - http://movies.nytimes.com/movie/323330/The-Boys-of-Baraka/trailers - foi concluido em 2006 e acompanhou a vida de alguns garotos com idade entre 11 e 13 anos que vivem na cidade de Baltimore, Maryland, pertinho de Washingtown D.C. Por quase dois anos as diretoras acompanharam uma experiencia educacional unica feita entre duas escolas nada proximas: uma nos Estados Unidos onde os garotos estudam e que sofre todo tipo de problema imaginado entre os afro-americanos pobres, como gangues, drogas, roubos, etc. Para terem uma ideia mais clara, 76% dos afro-descendentes de Baltimore nao terminam o ensino medio. A outra fica a 10.000 milhas ao sul, uma escola no Kenya, Africa, repleta de zebras e girafas. Vinte estudantes considerados em situacao de risco sao selecionados para passar 2 anos na Baraka School, no Kenya. A equipe se divide e nesse tempo acompanha os garotos em sua nova realidade e suas respectivas familias que ficaram em Baltimore. Frustracao, tristeza, angustia e agressividade aparecem constantemente como quase a unica linguagem possivel a ser expressada pelos garotos. O documentario tambem mostra a atuacao dos professores e como fazem para mediar os conflitos. Depois vamos vendo mais que dor. Com o tempo precisam confiar uns nos outros, trabalhar juntos e conviver em uma terra estranha para todos. Enfim, vale cada minuto. Em tempos de desilusao e dor, um bocado de esperanca e luta para uma vida melhor.
Veja alguns depoimentos e outras cenas - http://www.pbs.org/pov/pov2006/boysofbaraka/update.html
e para comprar o melhor lugar que encontrei foi na amazon -
http://www.amazon.com/Boys-Baraka-Montrey-Moore/dp/B000F48D78
As diretoras tambem realizaram outro filme que ficou bem conhecido chamado "Jesus Camp" mostrando um acampamento de verao de evangelicos nos Estados Unidos. Mostra como criancas tem aprendido e expressado sua feh com relacao ao chamado "novo cristianismo".
Pelo que sei elas estao em fase final de um outro otimo documentario - adivinhem so! - sobre carros. "One less car" fala principalmente das pessoas que optaram por nao andar de carro na cidade de Nova York. Uma ideia pra la de incrivel que os meus amados paulistanos poderiam comecar a pensar melhor, ate porque ja passou da hora, mas isso fica para outro "post".

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Ancestralidades

Ha muito tempo a sabedoria popular comprova que quanto melhor voce entende de onde vem, melhor os caminhos a serem trilhados para o futuro. Assim sendo, para alem de um entendimento da pele para saber de onde viemos e quem sao nossos ancestrais, sugiro uma investigacao mais profunda para todos aqueles que pensam saber quem sao seus antepassados.
Entao compartilho com voces descobertas que venho fazendo a respeito de uma parte de meus ancestrais. Ideia forte e de imagens enigmaticas, as vezes olhar para nosso passado com maior profundidade e honestidade pode ser um ingrediente a mais para a cura dessa falta de sentido que o mundo vem vivendo.
Voce sabe o nome de seus bisavos? E dos tataravos? Ja parou para pensar na historia vivida pelas ultimas 4 geracoes de sua familia ate chegarem em voce? Veja bem: dizer que seus avos, ou nao sei quem da sua familia veio da "Europa" nao vale! Se voce nao eh capaz de saber o nome dessas pessoas, como julga ser capaz de compreender coisas mais complexas como a lingua da epoca, o vestuario, habitos, enfim, a cultura. Falar um lugar perdido na geografia do globo terrestre nao significa nada. Principalmente se der-mos conta que o orgulho da descendencia europeia no Brasil se limita a cor da cutis e logo adiante se esquecem que todos os imigrantes dessa parte do mundo foram um monte de gente pobre, tentando escapar da miseria e sem saber bem o que iria acontecer, mas isso fica para depois... Ate porque foi bem lembrado pelo diretor Sergio Bianchi em Cronicamente Inviavel, ironizando o "progresso" sulista brasileiro, que eles, os imigrantes, trouxeram para o Brasil o desenvolvimentismo e o orgulho do trabalho europeu, somente esqueceram de trazer a revolucao! Falarei entao de meu lado que me cabe melhor.
Parte de minha familia veio da Etiopia. Interessante historia, apesar de nao sabermos exatamente como foi, ja que foram negros vindos para o Brasil como pessoas livres. Era fim da escravidao la pelo sec XIX. Tudo indica que escaparam de algum tipo de perseguicao politica. Provavelmente estavam apoiando ou fazendo parte do lado que perdeu. E foi mais ou menos isso que aconteceu com os pais do pai de meu pai.
Mas na Etiopia nao fica uma das regioes mais famintas do mundo? Nao foi la que esteve o ditador Selassie? Os rastafaris estao sempre falando desse lugar, certo? Jah eh Deus na Etiopia? e por ai vai...
Assim, me sinto tambem no dever de esclarecer algumas dessas coisas.
Sim, a fome em algumas partes da Etiopia eh lamentavel. Ate hoje nao existe um senso para se saber quantas pessoas vivem na Etiopia e menos ainda quantas estao abaixo da linha de pobreza. Contraditoriamente ou nao, vem de la uma das melhores comidas que provei em minha vida. Em paises como os Estados Unidos, Inglaterra e Canada por exemplo, existem grande comunidades de imigrantes da Etiopia. Por conseguencia disso, muitos e muitos restaurantes de comida tipica. Tive o prazer de conhecer alguns desses lugares e mais adiante prometo postar sobre isso aqui.
Sobre o Selassie eh verdade. E como todo ditador, ele nao fugiu a regra e manteve um povo inteiro subjulgado e oprimido por anos e anos. Porem, existiram muitas dinastias e nao podemos pensar na Etiopia como um pais unificado (foi declarada como Republica apenas em 1995)e de simples conclusoes a respeito de sua historia e politica interna. Para muita gente uma verdadeira incognita que um ditador seja considerado algum tao especial como para os rastafaris, que pregam o amor e a nao-violencia. Ja os rastafaris sao um caso a parte. A Etiopia esteve, esta e provavelmente estara sempre presente em seus discursos. Muitas coisas com a Mae Africa e claro, ancestralidade. Prometo tambem escrever sobre isso mais adiante. A grosso modo Jah eh mesmo Deus. Mas vamos com calma. O rastafari nao eh a religiao oficial na Etiopia. O que predomina por ali eh o cristianismo e o islamismo e um oceano de grupos regionais menores com caracteristicas proprias. E tem mais.
O nome histórico de "Etiópia" não corresponde ao país que resultou da expansão da Abissínia (a Etiópia que conhecemos). "Etiópia" é uma palavra grega que significa o país dos "caras queimadas". Nos tempos antigos, os europeus que falavam o grego chamavam a todos os países onde moravam negros de "Etiópia", sem distinguir reinos nem países. Portanto, Etiópia, segundo os gregos (em cujo idioma foi escrita a parte da Bíblia conhecida como Novo Testamento, e que menciona "Etiópia" várias vezes), poderia ser a Núbia do sul de Egito e Sudão, que também era um reino cristão naquela época, ou poderia ser o reino de Axum, que se concentrava nos arredores da Eritréia e ao norte da Etiópia mesmo, mas não há certeza histórica sobre isso.
Mesmo assim, as terras que constituem a moderna Etiópia como país têm uma das histórias mais antigas do mundo. Segundo descobertas recentes, a espécie Homo sapiens pode ter sido originada nesta região – Etiópia, junto com os países vizinhos de Eritréia, Sudão, Djibouti, Somália e Somalilândia hospedaram também o reino de Axum cujas origens remontam aos reinos de Sabá (ou Shebah) no Iêmen referidos na Bíblia que, aparentemente, por volta do ano 1000 a.C., abrangiam todo o Corno de África e parte da Península Arábica. Fontes gregas referem que o reino de Axum era extremamente rico no século I e a cidade de Adulis (que fica no país vizinho de Eritréia) é frequentemente mencionada como um dos mais importantes portos de África. Registos oficiais, contudo, colocam a cidade de Axum como a capital onde se encontrava a corte da Rainha de Sabá. Esse reino tinha, no século II, direito a tributo de estados da Península Arábica e tinha inclusivamente conquistado o reino meroítico de Kush, no actual Sudão. Há indicações do carácter cosmopolita desse reino, com populações judaicas, núbias, cristãs e mesmo minorias budistas. Muitas dessas informacoes foram retiradas da wikipedia.
Outra caracteristica incrivel da Etiopia eh sua musica. Nao apenas os ritmos tradicionais sao extremamente contagiantes e alegres, mas leituras modernas, particularmente com fusao ao jazz estadunidense tambem sao impressionantes. Sobre isso com certeza haverao muitos outros comentarios.
Fico por aqui e deixo para voces aproveitarem o incrivel musico Tilahun Gesesse.





quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Tem eleicoes esse ano, nao? Quem avisa amigo eh.

A Ilusão do Sufrágio Universal
Michael Bakunin

Os homens acreditavam que o estabelecimento do sufrágio universal garantia a liberdade dos povos. Mas infelizmente esta era uma grande ilusão e a compreensão da ilusão, em muitos lugares, levou à queda e à desmoralização do partido radical. Os radicais não queriam enganar o povo, pelo menos assim asseguram as obras liberais, mas neste caso eles próprios foram enganados. Eles estavam firmemente convencidos quando prometeram ao povo a liberdade através do sufrágio universal. Inspirados por essa convicção, eles puderam sublevar as massas e derrubar os governos aristocráticos estabelecidos.
Hoje depois de aprender com a experiência, e com a política do poder, os radicais perderam a fé em si mesmos e em seus princípios derrotados e corruptos. Mas tudo parecia tão natural e tão simples: uma vez que os poderes legislativo e executivo emanavam diretamente de uma eleição popular, não se tornariam a pura expressão da vontade popular e não produziriam a liberdade e o bem estar entre a população? Toda decepção com o sistema representativo está na ilusão de que um governo e uma legislação surgidos de uma eleição popular deve e pode representar a verdadeira vontade do povo. Instintiva e inevitavelmente, o povo espera duas coisas: a maior prosperidade possível combinada com a maior liberdade de movimento e de ação. Isto significa a melhor organização dos interesses econômicos populares, e a completa ausência de qualquer organização política ou de poder, já que toda organização política se destina à negação da liberdade. Estes são os desejos básicos do povo. Os instintos dos governantes, sejam legisladores ou executores das leis, são diametricamente opostos por estarem numa posição excepcional.
Por mais democráticos que sejam seus sentimentos e suas intenções, atingida uma certa elevação de posto, vêem a sociedade da mesma forma que um professor vê seus alunos, e entre o professor e os alunos não há igualdade. De um lado, há o sentimento de superioridade, inevitavelmente provocado pela posição de superioridade que decorre da superioridade do professor, exercite ele o poder legislativo ou executivo. Quem fala de poder político, fala de dominação. Quando existe dominação, uma grande parcela da sociedade é dominada e os que são dominados geralmente detestam os que dominam, enquanto estes não têm outra escolha, a não ser subjugar e oprimir aqueles que dominam. Esta é a eterna história do saber, desde que o poder surgiu no mundo. Isto é, o que também explica como e porque os democratas mais radicais, os rebeldes mais violentos se tornam os conservadores mais cautelosos assim que obtêm o poder. Tais retratações são geralmente consideradas atos de traição, mas isto é um erro. A causa principal é apenas a mudança de posição e, portanto, de perspectiva. Na suíça, assim como em outros lugares, a classe governante é completamente diferente e separada da massa dos governados. Aqui, apesar da constituição política ser igualitária, é a burguesia que governa, e é o povo, operários e camponeses, que obedecem suas leis. O povo não tem tempo livre ou educação necessária para se ocupar do governo. Já que a burguesia tem ambos, ela tem de ato, se não por direito, privilégio exclusivo.
Portanto, na Suíça, como em outros países a igualdade política é apenas uma ficção pueril, uma mentira. Separada como está do povo, por circunstâncias sociais e econômicas, como pode a burguesia expressar, nas leis e no governo, os sentimentos, as idéias, e a vontade do povo? É possível, e a experiência diária prova isto. Na legislação e no governo, a burguesia é dirigida principalmente por seus próprios interesses e preconceitos, sem levar em conta os interesses do povo. É verdade que todos os nossos legisladores, assim como todos os membros dos governos cantonais são eleitos, direta ou indiretamente, pelo povo. É verdade que, em dia de eleição, mesmo a burguesia mais orgulhosa, se tiver ambição política, deve curvar-se diante de sua Majestade, a Soberania Popular. Mas, terminada a eleição, o povo volta ao trabalho, e a burguesia, a seus lucrativos negócios e às intrigas políticas. Não se encontram e não se reconhecem mais.
Como se pode esperar que o povo, oprimido pelo trabalho e ignorante da maioria dos problemas, supervisione as ações de seus representantes? Na realidade, o controle exercido pelos eleitores aos seus representantes eleitos é pura ficção, já que no sistema representativo, o controle popular é apenas uma garantia da liberdade do povo, é evidente que tal liberdade não é mais do que ficção.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Um conto

Definitivamente sigo fascinado pelos escritos de Hermann Hesse. O alemao antimilitarista e poeta continua entre os maiores escritores do seculo XX. Ainda lembro quando descobri Demian aos 14 anos de idade enquanto vivia em um pequena cidade do interior de Sao Paulo... A sensacao de entendimento e paz foram tao marcantes ao ponto de ate hoje sentir como se estivessemos conversando. As vezes nao sei se estou dormindo ou sonhando...


SONHO DE UMA FLAUTA
Hermann Hesse
Este é um conto do livro Sonho de Uma Flauta, contos de Herman Hesse.


- Toma - disse meu pai, e entregou-me uma pequena flauta de osso - leva isso e não esqueças teu velho pai, quando alegrares com tua música as pessoas nas terras distantes. Já é tempo de agora veres o mundo e aprenderes alguma coisa. Mandei fazer a flauta para ti, porque não sabes nenhum outro ofício e só gostas de cantar. Mas pensa também em só tocar sempre canções bonitas e agradáveis, senão seria pena pelo dom que Deus te concedeu.
Meu querido pai entendia pouco de música, não era um sábio; pensava que eu tinha apenas de soprar a linda flautinha e tudo estaria bem. Eu não queria decepcioná-lo, por isso agradeci, botei a flauta no bolso e me despedi.
Nosso vale era conhecido até o grande moinho; depois então começava o mundo, e ele me agradou bastante. Uma abelha cansada do vôo pousou na minha manga, e eu a levei comigo, afim de que no meu primeiro descanso tivesse um mensageiro para mandar de volta, como um cumprimento à minha terra.
Bosques e prados acompanhavam meu caminho, e o rio corria junto, vigorosamente; eu vi, o mundo deferia pouco da minha terra. As árvores e flores, as espigas de trigo e as moitas de avelã falavam comigo, cantei com elas suas canções e elas me compreendiam, exatamente como lá em casa; com isso minha abelha também despertou, subiu devagar até meus ombros, voou e tornou a cruzar duas vezes comigo, com seu zumbido profundo e doce, e então voltou para minha terra.
Aí apareceu diante do bosque uma mocinha, que carregava uma cesta no braço e um largo e sombrio chapéu de palha na cabeça loura.
- Bom dia - disse-lhe eu - aonde vais?
- Devo levar a comida aos ceifeiros - disse ela, e caminhou ao meu lado. - E para onde quereres ir ainda hoje?
- Vou para o mundo, meu pai me mandou. Ele acha que devo tocar flauta para as pessoas, mas isso ainda não sei direito, preciso primeiro aprender.
- Bem, bem. E que sabes então direito? Alguma coisa é preciso saber.
- Nada de especial. Sei cantar canções.
- Que canções?
- Canções de todo o tipo, sabes, para a manhã e para a tarde e para todas as árvores e bichos e flores. Agora, por exemplo, eu poderia cantar uma bonita canção de uma mocinha que vem saindo do bosque e traz comida para os ceifeiros.
- Podes fazer isso? Então canta um pouco!
- Sim, mas como te chamas mesmo?
- Brigite.
Então cantei a canção da linda Brigite com o chapéu de palha, o que ela traz na cesta, e como as flores olham para ela, e a trepadeira azul da grade do jardim sente saudades dela, e tudo o que se podia dizer. Ela prestou atenção seriamente e disse que estava bom. E quando lhe contei que estava com fome, ela levantou a tampa de sua cesta e apanhou para mim um pedaço de pão. Como mordi um pedaço e continuei firmemente a andar, ela disse:
- Não se deve comer andando. Uma coisa depois da outra.
Nos sentamos na grama e eu comi meu pão e ela cruzou as mãos morenas em volta da perna e ficou me olhando.
- Queres cantar ainda coisa para mim? - perguntou então, quando terminei.
- Quero, sim. Que deve ser?
- Sobre uma moça que está triste porque o amado partiu.
- Não, isso não posso. Não sei como é isso, e a gente também não deve ficar tão triste. Eu só devo cantar canções gentis e alegres, disse meu pai. Vou cantar para ti sobre o cuco ou a borboleta.
- E do amor não sabes nada? - perguntou ela, então.
- Do amor? Ora, claro, isso é o mais bonito de tudo.
Imediatamente comecei a cantar sobre o raio de sol que ama as papoulas vermelhas e como ele brinca com elas e fica cheio de alegria. E sobre a fêmea do tentilhão, quando espera por ele e quando ele vem, ela voa para longe e parece amedrontada. E continuei a cantar sobre a menina dos olhos castanhos e sobre o rapaz que chega, canta e por isso recebe um pão de presente; mas agora ele não quer mais pão, ele quer um beijo da donzela e quer olhar os seus olhos castanhos, e continua a cantar tanto tempo e não termina, até que ela começa a rir e lhe fecha a boca com seus lábios.
Aí Brigite debruçou-se e fechou-me a boca com os lábios e fechou os olhos e tornou a abri-los e eu olhei as estrelas castanho-douradas bem perto, eu próprio refletido ali dentro e um par de brancas flores do prado também.
- O mundo é muito bonito - disse eu - meu pai tinha razão. Mas agora quero te ajudar a carregar isso para que cheguemos até tua gente.
Tomei-lhe a cesta e continuamos a andar, seu passo combinava com o meu e sua alegria com a minha, e o bosque suave e fresco falava da montanha em volta; eu nunca havia caminhado com um prazer tão grande. Durante longo tempo cantei alegremente, até que tive de parar de tanta satisfação; eram coisas demais que rumorejavam e contavam-se sobre o vale e a montanha e a grama e a folhagem e o rio e a floresta.
Aí pensei: se pudesse compreender e cantar ao mesmo tempo essas mil canções do mundo, das gramas e flores e gente e nuvens e tudo, da floresta velha e do pinheiral e também de todos os bichos, e além disso ainda canções dos mares longínquos e montanhas, e as das estrelas e luas, e se tudo isso pudesse ressoar e cantar em mim ao mesmo tempo, então eu seria o querido Deus, e cada nova canção deveria ficar no céu como uma estrela.
Mas enquanto eu assim pensava, estava silencioso e maravilhado, porque aquilo antes nunca me ocorrera, Brigite parou e segurou a alça da cesta.
- Agora devo ir lá em cima - disse ela - lá no campo está nossa gente. E tu, para onde vais? Vens comigo?
- Não, ir contigo não posso. Preciso ir pelo mundo. Obrigado pelo pão, Brigite, e pelo beijo; vou pensar em ti.
Ela segurou a cesta de comida, e sobre a cesta seus olhos novamente se inclinaram para mim em sombras castanhas, e seus lábios prenderam-se aos meus e seu beijo foi tão bom e carinhoso, que quase fiquei triste de tanto prazer. Então gritei rápido:
- Vai com Deus - e marchei apressadamente pela estrada acima.
A moça subiu devagar a montanha, e sob as folhas de faia pendurada na orla do bosque, parou e olhou na minha direção, e quando lhe acenei com o chapéu, ela tornou a balançar a cabeça e desapareceu silenciosamente, como uma miragem, para dentro da sombra do bosque.
Eu, porém, continuei tranqüilamente meu caminho, e estava imerso em meus pensamentos, quando a estrada dobrou num curva.
Lá havia um moinho e, perto, um barco na água; dentro estava sentado um homem sozinho e parecia apenas esperar por mim, pois quando tirei o chapéu e entrei no barco, este, em seguida, começou a andar e deslizou rio abaixo. Eu estava sentado no meio do barco, e o homem atrás, no leme, e quando lhe perguntei para onde íamos, ele levantou os olhos cinzentos e encarou-me com um olhar velado.
- Para onde quiseres - disse, com uma voz abafada. - Rio abaixo e para o mar, ou para as grandes cidades, podes escolher. Tudo me pertence.
- Tudo te pertence? Então és o rei?
- Talvez - disse ele. - E, ao que me parece, tu és um poeta, não? Então canta-me uma canção de viagem!
Fiz um esforço, estava com medo do homem grisalho e sério, e nosso barco deslizava rápido e silencioso pelo rio. Cantei sobre o rio, que carrega o barco e reflete o Sol e rumoreja mais forte nas margens dos rochedos e completa alegremente seu passeio.
O rosto do homem continuou impassível, e quando prestei atenção, ele balançava a cabeça como um sonhador. Então, para meu espanto, ele próprio começou a cantar, e também cantava sobre o rio, e sobre a viagem do rio através dos vales, e sua canção era mais bela e poderosa que a minha, mas tudo soava diferente.
O rio, tal como ele cantava, vinha como um destruidor vacilante montanha abaixo, escuro e selvagem; furioso, ele se sentia dominado pelos moinhos, coberto pelas pontes, detestava cada navio que precisava carregar, e, em suas ondas e nas longas e verdes plantas aquáticas, rindo, balançava os corpos brancos dos afogados.
Isso tudo não me agradou, e entretanto era tão belo e cheio de um acento invisível, que fiquei completamente desorientado e angustiado e me calei. Se era certo o que esse velho, sensível e inteligente cantor, cantou com sua voz velada, então todas as minhas cantigas não passavam de tolices e brincadeiras bobas de criança. Então o mundo, por causa delas, não era bom e luminoso como o coração de Deus, e sim escuro e triste, mau e sombrio, e quando os bosques murmuravam, não era de alegria, e sim de martírio.
Seguimos adiante, e as sombras foram longas, e de cada vez que comecei a cantar, meu canto sova menos claro, e minha voz tornava-se mais baixa, e de cada vez o cantor desconhecido respondia com uma canção que tornava o mundo ainda mais enigmático e penoso, e me tornava ainda mais tímido e triste.
Minha alma doía e eu me arrependia de não ter ficado em terra, perto das flores ou da linda Brigite, e para sentir-me seguro no crepúsculo que crescia, recomecei a cantar e cantei na luz vermelha da tarde a canção de Brigite e de seu beijo.
Aí o crepúsculo começou, e eu emudeci, e o homem no leme cantou, e ele também cantava sobre o amor e a alegria do amor, sobre os lábios vermelhos e úmidos, e era lindo o que ele cantava, cheio de dor, sobre o rio escurecido, mas em sua canção também o amor se tornara sombrio e temível, e um segredo mortal, no qual os homens aflitos e feridos tocavam com seu desejo e sua saudade, e com o qual se martirizavam e se matavam uns aos outros.
Escutei e fiquei tão cansado e aflito, como se estivesse viajando desde muito tempo e houvesse passado por grande miséria e desgraça. Vinda do estranho, sentia cair sobre mim uma torrente silenciosa e fria de tristeza e receio, a penetrar no meu coração.
- Pois bem, a vida não é o que há de mais elevado e mais belo - gritei afinal amargamente - e sim a morte. Então te peço, rei triste, canta-me uma canção da morte!
O homem do leme cantou somente sobre a morte, e cantou melhor do que eu jamais ouvira cantar. Mas a morte também não era o que havia de mais elevado e mais belo, nela também não se encontrava consolo. A morte era vida e a vida era morte, e elas estavam entrelaçadas numa perpétua e furiosa luta de amor, e isso era a última coisa e o sentido do mundo, e dali vinha um clarão, que parecia querer valorizar toda a miséria, e de outro lado vinha uma sombra que perturbava toda a alegria e beleza e as envolvia na escuridão. Mas para além da escuridão, a alegria ardia mais íntima e bela, e o amor queimava mais profundamente nessa noite.
Escutei e fiquei bem quieto, não tinha mais nenhuma vontade dentro de mim além da vontade do estranho. Seu olhar repousou sobre mim, tranqüilo e com uma certa bondade triste, e seus olhos cinzentos estavam cheios da dor e da beleza do mundo. Ele me sorriu, e então achei nele um coração, e pedi na minha dor:
- Ah, vamos voltar! Sinto medo aqui na noite e queria retornar para onde posso encontrar Brigite, ou para a casa de meu pai.
O homem levantou-se e espiou a noite, e sua lanterna iluminou claramente seu rosto magro e firma.
- Para trás não há caminho - disse sério e amável. - A gente precisa ir sempre para a frente, quando quer penetrar no mundo. E da garota dos olhos castanhos já tiveste o melhor e o mais belo, e quanto mais longe estiveres dela, melhor e mais lindo isso vai se tornar. Ainda assim, segue sempre para onde quiseres, vou te ceder meu lugar no leme!
Eu estava triste demais, e, entretanto, vi que ele tinha razão. Cheio de saudade pensei em Brigite e na minha terra e em tudo que me fora próximo e luminoso e que pertencera, e que eu agora havia perdido. Mas queria tomar o lugar do desconhecido e dirigir o leme. Assim devia ser.
Por isso levantei-me em silêncio e fui andando pelo barco até o lugar do leme, e o homem veio em silêncio ao meu encontro, e quando já estávamos perto um do outro, olhou-me firmemente no rosto e entregou-me sua lanterna.
Entretanto, quando me sentei ao leme com a lanterna do meu lado, estava sozinho no barco; percebi isso com profunda estranheza, o homem desaparecera, e, contudo, eu não estava amedrontado, já pressentira isso. Pareceu-me que o lindo dia da caminhada e Brigite e meu pai e minha terra tinham sido apenas um sonho, e que eu era velho e aflito, e que desde sempre e sempre viajava sobre esse rio noturno.
Compreendi que não devia chamar pelo homem e a percepção da verdade atingiu-me como a geada.
Para certificar-me do que imaginava, debrucei-me sobre a água e ergui a lanterna, e do escuro espelho de água um rosto duro e sério me olhou com olhos cinzentos, um rosto velho, sábio, e vi que aquele era eu.
E como nenhum caminho voltava atrás, continuei seguindo sobre a água escura dentro da noite.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

"As vezes o mais dificil eh saber que alguem realmente se importa".
Suicidal Tendencies

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Carnaval Revolução 2008 (O último!)

46 horas ininterruptas de palestras, debates, oficinas, vídeos, shows, festas, performances e faça-você-mesmo.
Café da manhã, almoço, lanches e jantar vegano (sem nenhum ingrediente de origem animal).

Presenças confirmadas:
John Zerzan (EUA),
Jesus Sepúlveda (Chile),
Gato Negro (BH),
Erva Daninha,
FARJ (RJ) e mais...
Dias 2, 3 e 4 de Fevereiro
Em São Paulo - SP

R$ 6,00 (Por dia, exceto festas. Alimentação não inclusa.)
Sem drogas ou álcool no local e ao fumar seu cigarro use o bom senso.
Informações: (11) 3255.5274
Assessoria de imprensa: (31) 8722.4374 ou (31) 9778.1368
www.carnavalrevolucao.org (breve no ar programação completa)
Inscrições para programação
Se você tem um grupo ou individualmente quer se apresentar no Carnaval Revolução, estão abertas inscrições para palestras, debates, vídeos comentados, oficinas, bandas e performances. As inscrições terminam dia 10 de Janeiro. Então corram!!!

Para se inscrever envie um email para contato@carnavalrevolucao.org.
Com o assunto "quero me inscrever", no email deve conter título da atividade, resenha (5 linhas), duração, material necessário, proponentes (e nome do grupo), cidade e o mais importante, escreva porque a proposta deveria integrar a programação do Carnaval Revolução.
Ônibus para o Carnaval Revolução 2008 (O último!)
Belo Horizonte > São Paulo
Valor: +-R$90 (Depende da quantidade de pessoas)
Interessad@s: Enviar nome e telefone para pinteba@hotmail.com
Não deixe para última hora, ou ficará sem espaço!!!
Vitória > São Paulo
Valor: +-R$160 (Depende da quantidade de pessoas)
Interessad@s: Deixar scrap no Orkut profile
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=2301468574773930619
Saída: 1º de Fevereiro a noite Vitória.
Retorno: 4 de Fevereiro a noite de São Paulo.
Vai fazer uma caravana de sua cidade?
Envie um email para contato@carnavalrevolucao.org que divulgamos!
Hospedagem solidária em São Paulo
Acesse:
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=1092119&tid=2575839292836795809&na=4
O tópico é para:
1) Quem mora em São Paulo e pode ceder espaço para viajantes;
2) Para viajantes que vão para o Carnaval Revolução a procura de lugar para dormir.
A organização está atrás de um alojamento, mas não há nada confirmado e sem dúvida a hospedagem solidária será a melhor opção. Manifestem-se!

Inscrições para banquinhas
Envie um email para contato@carnavalrevolucao.org
Escreva o que será vendido e o motivo do seu interesse no Carnaval Revolução.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Humor malvado


Para comecar o ano bem! Malvados de Andre Dhamer tem sido uma das coisas mais legais que tenho lido nos ultimos tempos. Veja muito mais em http://www.malvados.com.br/