Entre uma pausa e outra, a gente come. E tenta comer bem, em lugares que nos fazem bem quando não conseguimos preparar nosso próprio alimento. Vai um epsódio de um desses acontecimentos. Pois então, sobre os joseenses, esses habitantes de São José dos Campos, cidade do Vale do Paraiba, hoje local de um de meus trabalhos. Segundo o oráculo, São José é a sétima maior cidade do estado de São Paulo, 30ª maior do Brasil e a terceira maior cidade do interior do Brasil com 615.871 habitantes. Em minhas investidas para conhecer essa simpática cidade, descobri alguns restaurantes vegetarianos que acabaram se tornando meus locais prediletos para comer. Um deles é o Lotus, restaurante chinês-brasileiro que oferece boa diversidade de quitutes típicos dessas culinárias. Estou por lá numa média de 2 vezes por semana e quando me dei conta que o frequentava com certa assiduidade perguntei por um desconto, afinal cliente cativo que venho sendo, nada mais justo. O interessante é que praticamente todos do local são chineses mesmo, originais. Mais da metade deles não falam nada em português além de "bom dia, boa tarde e muito obrigado". Já a outra metade além dessas palavra fala "tudo bem?; gostaria de mais alguma coisa?; volte sempre!" Conheço essa coisa de não comunicar muito bem em outro idioma (o Japão que o diga!) e sei bem também que no final das contas o que importa mesmo é a simpatia, a educação e a gentileza, e esses amigos chineses têm tudo isso de sobra. Não importa onde você vá, trate de dizer "desculpe, por favor e obrigado"! Já saquei que eles são budistas também e talvez esse sorriso presente em todos venha daí, sei lá. O fato é que as vezes converso um pouco com um ou outro que fica mais desinibido e se arrisca no português. E foi com ele que fui pedir o desconto, ou quem sabe alguma promoção, do tipo " a cada 10, ganhe 1". Eis que ele me pergunta:
- Você estar sempre por aqui? Trabalho?
- Sim, logo ali na frente, uns 5 minutos.
-Certo, certo.
Ele então pega um caderno com alguns nomes e me diz:
- Você coloca nome aqui e quando paga ganha desconto.
- Como é? Não entendi.
- Você coloca nome, depois valor da comida, assina (na verdade faz o gesto) e depois paga em dinheiro e ganha desconto.
Penso comigo que talvez deva estar entendendo errado. Ele esta dizendo pra um cara que come lá de vez em quando no ultimo mêes e meio para entrar na caderneta do fiado e depois ganhar 10% de desconto? Será? Desconfio e pergunto se é isso mesmo para confirmação do meu espanto. O desconto é para os clientes que pagam em dinheiro, num montão, depois de um mês, fiado. Beleza, entendi. Lembrei de minha querida amiga Cidinha, lá no Rio, que vai as vezes almoçar num restaurante que o caixa não tem funcionário, você é quem faz seu troco. Sim, lá no Rio de Janeiro.
E lá está meu nome no caderno do fiado, com um telefone que ninguém confirmou, nem pediu rg, cpf ou outro documento. Confesso que ando mais feliz comendo no restaurante dos amigos chineses, que estou prestes a entender o nome deles todos, que nem tudo esta perdido e que nossas fronteiras culturais e linguísticas são muito pequenas diante dessas gentilezas e desses sorrisos.
- Você estar sempre por aqui? Trabalho?
- Sim, logo ali na frente, uns 5 minutos.
-Certo, certo.
Ele então pega um caderno com alguns nomes e me diz:
- Você coloca nome aqui e quando paga ganha desconto.
- Como é? Não entendi.
- Você coloca nome, depois valor da comida, assina (na verdade faz o gesto) e depois paga em dinheiro e ganha desconto.
Penso comigo que talvez deva estar entendendo errado. Ele esta dizendo pra um cara que come lá de vez em quando no ultimo mêes e meio para entrar na caderneta do fiado e depois ganhar 10% de desconto? Será? Desconfio e pergunto se é isso mesmo para confirmação do meu espanto. O desconto é para os clientes que pagam em dinheiro, num montão, depois de um mês, fiado. Beleza, entendi. Lembrei de minha querida amiga Cidinha, lá no Rio, que vai as vezes almoçar num restaurante que o caixa não tem funcionário, você é quem faz seu troco. Sim, lá no Rio de Janeiro.
E lá está meu nome no caderno do fiado, com um telefone que ninguém confirmou, nem pediu rg, cpf ou outro documento. Confesso que ando mais feliz comendo no restaurante dos amigos chineses, que estou prestes a entender o nome deles todos, que nem tudo esta perdido e que nossas fronteiras culturais e linguísticas são muito pequenas diante dessas gentilezas e desses sorrisos.
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