Ao embaixador de Myanmar (antiga Birmânia) no Brasil
Venho, através deste email, manifestar o quanto segue:
Desde agosto de 2007 venho acompanhando, através da mídia internacional, os protestos ocorridos em Myanmar (antiga Birmânia) contra o aumento dos combustíveis e pelo fim do regime militar que impera naquele país.
Tais protestos estão sendo liderados por monges budistas da linha Theravada, filosofia espiritual a qual sou simpatizante no Brasil e que tem sido de grande valia na minha evolução pessoal. Também acompanho, com indignação e preocupação, a maneira selvagem com que o governo de Myanmar está reprimindo tais protestos, ordenando que o exército abra fogo contra seu próprio povo desarmado e seus líderes religiosos.
Soma-se à esses atos de repressão as seguintes medidas bárbaras adotadas pela Junta Militar: o bloqueio da internet e de ligações telefõnicas internacionais, a proibição de portar celulares e câmeras, o toque de recolher, a proibição de reuniões com mais de cinco pessoas e o cerco e invasão aos mosteiros e templos budistas com o intuito de impedir os monges de liderarem as manifestações pró-democracia.
Como se não bastasse tamanha atrocidade contra a liberdade de expressão, em pleno século XXI, hoje leio na mídia internacional que imagens feitas por satélite confirmam informações sobre vilarejos incendiados, deslocamentos forçados e outras violações dos direitos humanos em Myanmar.
A Associação Americana pelo Avanço da Ciência informou que fotos em alta resolução feitas por satélites comerciais documentam o aumento da presença militar em 25 pontos no leste de Myanmar. Tais fotos coincidem com denúncias de abril deste ano de que um grupo de vilarejos no Estado de Karen tinha sido incendiado por forças militares. Segundo a mídia internacional no lugar aonde deveriam estar os vilarejos aparecem manchas escuras.
Na minha opinião tamanha repressão comprova que a situação dos Direitos Humanos em Myanmar está muito pior do que em 1988. Em 1988 a atual junta militar tomou o poder do ditador anterior, assassinando em torno de 3.000 estudantes que lutavam por democracia. Além disso, não posso deixar de mencionar o fato de que a Junta Militar mantém prisioneira a primeira ministra eleita de Myanmar, Suu Kyi, há mais de 11 anos.
Também acompanho, com assombro, o fato do governo de Myanmar estar construindo uma nova (e caríssima) capital, inspirada em arquitetura européia (em detrimento da cultura tradicional de seu país), enquanto a maior parte de seu povo vive em estado de pobreza. Tal empreitada, faraônica e sem sentido, num país aonde as pessoas morrem de fome, remete lembrança à tiranos descompensados que entraram para a história da humanidade, como Nero (antigo imperador de Roma) e Kim Il Sung (falecido ditador da Coréia do Norte).
Senhor embaixador, após relatar acontecimentos que com certeza devem ser de seu conhecimento gostaria de lembrá-lo de que na história da humanidade as tiranias sempre encontraram o seu fim. Mais cedo ou mais tarde o oprimido consegue sair do julgo do opressor e escreve a história sob sua ótica.
Atualmente, fora do regime fechado de Myanmar e de seus países aliados, o mundo já julga seu governo como uma das ditaduras mais cruéis dos ultimos tempos. Existem filmes, documentários, livros, reportagens e uma ampla rede de solidariedade ao movimento pela democracia na Birmânia (atual Myanmar).
Os recentes acontecimentos envolvendo os monges budistas reforçam essa rede internacional pela democracia, pela humanidade, e pode ter certeza que independente do resultado imediato das mobilizações budistas elas servirão para ampliar e reforçar essa rede, agora com a participação muito mais ativa da comunidade budista internacional.
Vivemos numa era aonde o movimento democrático aprendeu com a queda das ditaduras em outras partes do mundo. Além de manifestar meu repúdio às atitudes bárbaras de seu governo, manifesto que a partir de agora me integro à essa rede pela democracia na Birmânia, e ajudarei no que for possível pelo fim do regime militar em seu país. Tenho fé que em pouco tempo enviarei outro email para essa embaixada; porém, felicitando o novo regime democrático que será erguido sobre os escombros da ditadura atual.
VIVA A LUTA DEMOCRÁTICA DO POVO BIRMANÊS
VIVA A LUTA DOS MONGES BUDISTAS THERAVADA
LIBERDADE A AUNG SAN SUU KYI
São Paulo, 29 de setembro de 2007
André Takahashi
Venho, através deste email, manifestar o quanto segue:
Desde agosto de 2007 venho acompanhando, através da mídia internacional, os protestos ocorridos em Myanmar (antiga Birmânia) contra o aumento dos combustíveis e pelo fim do regime militar que impera naquele país.
Tais protestos estão sendo liderados por monges budistas da linha Theravada, filosofia espiritual a qual sou simpatizante no Brasil e que tem sido de grande valia na minha evolução pessoal. Também acompanho, com indignação e preocupação, a maneira selvagem com que o governo de Myanmar está reprimindo tais protestos, ordenando que o exército abra fogo contra seu próprio povo desarmado e seus líderes religiosos.
Soma-se à esses atos de repressão as seguintes medidas bárbaras adotadas pela Junta Militar: o bloqueio da internet e de ligações telefõnicas internacionais, a proibição de portar celulares e câmeras, o toque de recolher, a proibição de reuniões com mais de cinco pessoas e o cerco e invasão aos mosteiros e templos budistas com o intuito de impedir os monges de liderarem as manifestações pró-democracia.
Como se não bastasse tamanha atrocidade contra a liberdade de expressão, em pleno século XXI, hoje leio na mídia internacional que imagens feitas por satélite confirmam informações sobre vilarejos incendiados, deslocamentos forçados e outras violações dos direitos humanos em Myanmar.
A Associação Americana pelo Avanço da Ciência informou que fotos em alta resolução feitas por satélites comerciais documentam o aumento da presença militar em 25 pontos no leste de Myanmar. Tais fotos coincidem com denúncias de abril deste ano de que um grupo de vilarejos no Estado de Karen tinha sido incendiado por forças militares. Segundo a mídia internacional no lugar aonde deveriam estar os vilarejos aparecem manchas escuras.
Na minha opinião tamanha repressão comprova que a situação dos Direitos Humanos em Myanmar está muito pior do que em 1988. Em 1988 a atual junta militar tomou o poder do ditador anterior, assassinando em torno de 3.000 estudantes que lutavam por democracia. Além disso, não posso deixar de mencionar o fato de que a Junta Militar mantém prisioneira a primeira ministra eleita de Myanmar, Suu Kyi, há mais de 11 anos.
Também acompanho, com assombro, o fato do governo de Myanmar estar construindo uma nova (e caríssima) capital, inspirada em arquitetura européia (em detrimento da cultura tradicional de seu país), enquanto a maior parte de seu povo vive em estado de pobreza. Tal empreitada, faraônica e sem sentido, num país aonde as pessoas morrem de fome, remete lembrança à tiranos descompensados que entraram para a história da humanidade, como Nero (antigo imperador de Roma) e Kim Il Sung (falecido ditador da Coréia do Norte).
Senhor embaixador, após relatar acontecimentos que com certeza devem ser de seu conhecimento gostaria de lembrá-lo de que na história da humanidade as tiranias sempre encontraram o seu fim. Mais cedo ou mais tarde o oprimido consegue sair do julgo do opressor e escreve a história sob sua ótica.
Atualmente, fora do regime fechado de Myanmar e de seus países aliados, o mundo já julga seu governo como uma das ditaduras mais cruéis dos ultimos tempos. Existem filmes, documentários, livros, reportagens e uma ampla rede de solidariedade ao movimento pela democracia na Birmânia (atual Myanmar).
Os recentes acontecimentos envolvendo os monges budistas reforçam essa rede internacional pela democracia, pela humanidade, e pode ter certeza que independente do resultado imediato das mobilizações budistas elas servirão para ampliar e reforçar essa rede, agora com a participação muito mais ativa da comunidade budista internacional.
Vivemos numa era aonde o movimento democrático aprendeu com a queda das ditaduras em outras partes do mundo. Além de manifestar meu repúdio às atitudes bárbaras de seu governo, manifesto que a partir de agora me integro à essa rede pela democracia na Birmânia, e ajudarei no que for possível pelo fim do regime militar em seu país. Tenho fé que em pouco tempo enviarei outro email para essa embaixada; porém, felicitando o novo regime democrático que será erguido sobre os escombros da ditadura atual.
VIVA A LUTA DEMOCRÁTICA DO POVO BIRMANÊS
VIVA A LUTA DOS MONGES BUDISTAS THERAVADA
LIBERDADE A AUNG SAN SUU KYI
São Paulo, 29 de setembro de 2007
André Takahashi
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