segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Pacifista de verdade não chama a polícia.

Todo aquele que possui coisas da qual não necessita é um ladrão.
Mohandas Gandhi

Diante de todo blá-blá-blá que os últimos acontecimentos no Rio de Janeiro estão despertando, tomo a liberdade de dar minha opinião sobre a violência. Durante um certo tempo de minha vida me considerei uma pessoa pacifista. Por volta dos meus 21 anos fui me familiarizando com a não-violência de Gandhi e entendendo suas práticas de desobediência civil. Fiquei durante anos encantado com aquelas histórias e com o poder de ação de suas idéias. Na verdade ainda tenho profunda adimiração por sua história e por todo seu esforço ético em viver aquilo que falava e pensava. Talvez vocês estejam perguntando por estou falando no pretérito, certo? Acontece que não estou mais tão seguro a respeito do que chamamos de pacifismo. Quem não gosta da paz? Com exceção de alguns pirados e megalomaníacos, todo mundo gosta. Acontece que fui me dando conta da enorme contradição nos discursos e práticas dos que se dizem pacifistas. Inclusive em mim. Vou tomar um exemplo para isso: o discurso da necessidade do Estado. Independente da qualidade do Estado que temos, com a exceção dos anarquistas e de alguns religiosos, o concenso é que o Estado é fundamentalmente necessário em nossas vidas. Sem ele, muitos dizem, reinaria o caos e a destruição. Tá lá no Leviatã parte da base de nossas estruturas filosóficas dos últimos séculos. O Estado é necessário não apenas para organizar a vida social e política de seus membros, mas principalmente para mediar as tensões entre os diferentes interesses dos muitos grupos que fazem parte dele. Por exemplo, no atual momento, o Partidos dos Trabalhadores tornou-se o principal agente para apaziguar a luta de classes. O Estado consegue isso particularmente porque reivindica para si o monopólio da violência. O uso legítimo da violência pelo aparelho estatal é o que garantiria a paz social. Instituições de controle e contenção com as diferentes polícias, sistema carcerário, escolas, fronteiras, forças armadas, são agrupamentos interessados em oferecer, teóricamente, o melhor funcionamento possível do Estado. Pois então, todas essas instituições essenciais para o Estado são detentoras da expressão de algum tipo de violência, mas como são estruturadas e intrínsecas ao Estado a violência supostamente é aceitavel, "o Estado pode", dizem alguns. Isso me faz crer que alguém que se autoproclama um pacifista no sentido gandhiano ou em qualquer outra não pode de forma alguma legitimar alguma dessas práticas organizativas. Você liga 190 em uma emergência? Você não é um pacifista. Você acredita nas fronteiras nacionais de seu país? Você não é um pacifista. Você acha imprescindível a manutenção de forças armadas como marinha, exército e aeronáutica? Você não é um pacifista. Você pensa que quem cometeu algum ato infracional deve ser preso, confinado e sofrer as consequencias? Você não é um pacifista. Você acha que crianças e jovens só aprendem na escola e que devem ser boazinhas e obedientes com os professores? você não é um pacifista mesmo! Eu particularmente sempre desconfiei dessas coisas todas, mas como não há inocentes aqui... Podemos aceitar o pensamento que na atual conjuntura esse é um dos pontos em que deve seguir a prática do menos pior? Pacifista mesmo não delega responsabilidade. Pacifista mesmo busca em si e no que está próximo superar suas contradições. Pacifista mesmo quer coerência e não teme conflitos. Pacifistas são generosos e sem falsa modestia. Pacifistas são cuidadosos com as ideologias todas. Pacifistas não se escondem no momento de se posicionarem. Gandhi disse que em uma situação de dificil escolha, que talvez tenha que escolher entre ser convarde e violento, seja violento! O covarde nunca se posiciona e tenta agradar a todos de acordo com sua conveniência. Todos querem muita liberdade, mas sem abrir mão de sua segurança. Desejando as duas coisas a única que realmente conseguimos é a mediocridade. A classe média, o cidadão médio, o pensamento médio, o trabalho médio, a vida média não quer abrir mão de nada. Pergunte a você mesmo: o que estou disposto a abrir mão? Desculpe perguntar, esqueci que só sua vida é tão sofrida e que não há nada que possa fazer... Lembremos que eu também não sou um pacifista e estou apenas questionando alguns lugares que nos são ensinados desde pequenos como naturais e inevitáveis. Vivemos tamanha margem de fascismos e banditismos que a barbárie começa a dobrar a esquina com mais força. Não compro a idéia gratuita do banditismo social, apesar de reconhecer enormes atos de solidariedade e urgência em suas práticas. Bandido social pra mim foi Pancho Villa, Julio Urtubia, Emiliano Zapata, os inúmeros grupos de resistência nos regimes militares da América Latina, mas todos eles considerados bandidos por quem utilizou exatamente o Estado para manutenção de suas classes sociais privilegiados e essas sim perigosas, canalhas e covardes. Bom, por conta de coisas assim não acredito em quase ninguém que se diz pacifista. Nem mesmo em mim! Por isso parei de falar isso. Quando meu comprometimento foi aumentando com a lutas sociais fui percebendo que minhas idéias para algumas pessoas eram muito ameaçadoras. Não porque eu as forçava a aceitá-las, mas porque em sua grande maioria são pessoas que de algum modo não irão abrir mão de seus privilégios e algumas dessas questões estão confrontando isso. Sejam eles grande ou pequenos, lá estarão com as bandeiras da paz e da diversidade, mas com uma prática extremamente contrária a isso tudo. Confundo mais então. Ocupação de terra improdutiva é de direito de quem não tem nada, mas latifúndio, mesmo produtivo, também é de direito? Somos livres para decidir o que beber, comer e vestir, mas escolher entre coca-cola e pepsi também é? A questão do que é de direito ou não, da liberdade e do arbítrio é mais tensa do que podemos imaginar. Diante das instituições do Estado é o mesmo, os limites nem sempre são claros e onde achamos que existe liberdade na realidade há apenas arbítrio. No capitalismo também funciona isso. O livre mercado é livre só no nome! E nesse exato momento no Rio de Janeiro idem. No fundo não importa quem proclama a maior verdade dos mandos e abusos de um grupo ou de outro. A atual condição é por melhor controle, dominação e arbítrio e não há nenhum lugar para uma prática de liberdade honesta. Apenas um engodo de fragmentos arbitrários. A disputa é entre Estado e crime abençoados pelo Deus Mercado para subjulgar a população. Não há em nenhuma dessas ações espaço para promoção de paz. O triste nisso tudo é, para variar apenas um pouquinho, ver a população mais pobre morrendo. Soluções não virão desses espaços e para mim tem que surgir também dos maiores interessados. Tem gente que diz que o povo dorme... será? Como nunca fomos um povo realmente pacífico um pouco de revolta popular não seria uma coisa de todo ruim. Então, mãos a obra!

Você precisa ouvir o que eles têm a dizer


Por Plantando Consciência
Dezembro 2010 – primeira exibição do filme Cortina de Fumaça! (em Sampa)

“O modelo atual de política de repressão às drogas está firmemente arraigado em preconceitos, temores e visões ideológicas. O tema se transformou em um tabu que inibe o debate público por sua identificação com o crime, bloqueia a informação e confina os consumidores de drogas em círculos fechados, onde se tornam ainda mais vulneráveis à ação do crime organizado”. Relatório da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia (2009).

Cortina de Fumaça é um projeto independente movido pela vontade de colaborar na construção de uma sociedade mais equilibrada e alinhada com os princípios de liberdade, diversidade e tolerância.

O filme é um documentário ousado sobre um tema polêmico que interessa a todos e que precisa ser debatido de forma honesta. A política de drogas no Brasil e no mundo, baseada na proibição, precisa ser repensada porque muitas de suas consequências diretas, como a violência e a corrupção, atingiram níveis inaceitáveis.

O documentário, de 94 minutos, traz informação fundamentada para o grande público através de depoimentos nacionais e internacionais. Além do Brasil, o diretor Rodrigo Mac Niven (confira a entrevista que ele concedeu ao DAR) gravou na Inglaterra, Espanha, Holanda, Suíça, Argentina e Estados Unidos; visitou feiras e congressos internacionais, hospitais, prisões e instituições para conversar com médicos, neurocientistas, psiquiatras, policiais, advogados, juízes de direito, pesquisadores e representantes de movimentos civis. Dentre os 34 entrevistados, o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso; o Ministro da Suprema Corte da Argentina, Raúl Zaffaroni; o ensaista e filósofo espanhol autor do tratado “Historia General de Las Drogas”, Antonio Escohotado, o ex-Chefe do Estado Geral Maior do Rio de Janeiro, Jorge da Silva e o criminalista Nilo Batista.

O filme fala sobre a relação entre o homem e as drogas psicoativas; revela a discordância entre a atual classificação das drogas e o conhecimento científico sobre essas substâncias; discute a situação particular da Cannabis (maconha), seu uso industrial e medicinal; levanta fatos relacionados ao surgimento dos projetos proibicionista e aponta para o colapso social que algumas cidades, como o Rio de Janeiro, vivem por causa da violência e da corrupção.

Veja o trailer:


SERVIÇO

Cortina de Fumaça (Brasil, 2010) – 94’. Site oficial
Português e Inglês com legendas em português
Dir: Rodrigo Mac Niven;

dia 14 (ter) – 19h
dia 15 (qua) – 17h e 21h
dia 16 (qui) – 17h e 21h
dias 17 (sex) – 20h Debate com o diretor após a sessão
dia 18 (sáb) – 19h e 21h
dia 19 de dezembro (dom) – 17h e 19h

Matilha Cultural
Rua Rego Freitas, 542 (Consolação).
Tel.: (11) 3256-2636

ENTRADA GRATUITA

domingo, 28 de novembro de 2010

O impossível carinho

Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor -
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!

Manuel Bandeira

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Peripécias

Queridxs amigxs e frequentadorxs deste butiquim! Com enorme felicidade faço esse convite para podermos nos encontrar em um espaço agradavel e cheio de iniciativa ao som de música tão inspiradora. A música cigana, dos balkans, latina e batuques afins possuem essa capacidade agregadora por definição. Música para alegrar os corações! Nessa sexta-feira estarei tocando algumas dessas preciosidades na Casa do Saci, espaço da qual faço parte e que já escrevi aqui, mas sempre vale lenbrar que é um lugar que busca por um lado pensar a aplicação dos princípios da economia solidária e geração de renda, e por outro, debater uma mudança da cultura manicomial e segregadora por uma antimanicomial e a favor da diferença.
Ótima oportunidade para conhecer a casa, a música e as pessoas! Para os que já conhecem, se esbaldarem um pouco mais. Convidem os amigos!

Será sexta-feira, dia 26 apartir das 19:30 até o sol nascer tocando música para gente feliz!
Casa do Saci que fica na Rua Wanderlei, 702 - Perdizes
$5,00 de entrada e breja gelada a 4,69 além de comidinhas muito boas.
http://barsaci.wordpress.com/

como chegar
http://barsaci.wordpress.com/como-chegar/

Um beijo e um abraço!

Abaixo um pouco do que vaí rolar:








quarta-feira, 24 de novembro de 2010

dúvida.

Fico aqui pensando quando é que essa gente vai parar de se pronunciar...

Lei anti-homofobia: uma resposta à onda do ódio

Patrícia Benvenuti
Da redação Brasil de Fato

Foi em uma escola pública de Taboão da Serra (SP) que Pierre Freitaz, então com 13 anos, foi vítima de homofobia pela primeira vez. As agressões vieram, inicialmente, na forma de piadas. "Nunca gostei de ser amigo dos meninos, eu andava mais com as meninas. Eu não gostava de jogar futebol, e aí começou".
As "brincadeiras" aumentaram, e os meninos passaram a cobrar "pedágio" para deixá-lo entrar na escola. Com medo, Pierre pagava, até que avisou que não entregaria mais o dinheiro. As ameaças se concretizaram. "Vieram com empurrões, a vioência foi crescendo até que quebraram o meu braço".
A humilhação seguinte partiu da própria escola. Durante uma reunião entre seus pais e os familiares de seus agressores, a diretoria deu a entender, segundo Pierre, que a agressão havia ocorrido devido à sua opção sexual. "Disseram que aquilo [agressão] aconteceu comigo porque eu era gay. Quiseram dizer que eles [meninos] estavam certos e eu errado", relembra.
A história de Pierre, que hoje é coordenador do Grupo de Jovens Ativistas da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, aconteceu há cerca de dez anos. A violência contra os homossexuais, porém, continua atual. No último final de semana, em São Paulo, cinco jovens de classe média (quatro deles menores de idade) xingaram e atacaram três pessoas com socos, chutes e golpes com lâmpadas fluorescentes na Avenida Paulista. Na delegacia, eles foram identificados por um lavador de carros, que contou ter sido agredido e assaltado pelo mesmo grupo.
Os quatro menores - três de 16 anos e um de 17 - chegaram a passar a noite em uma unidade da Fundação Casa, mas foram liberados no dia seguinte. O estudante Jonathan Lauton Domingues, de 19 anos, foi preso em flagrante mas responderá em liberdade pelos crimes de lesão corporal, roubo e formação de quadrilha.
Já no Rio de Janeiro, no domingo (14), um estudante de 19 anos foi baleado depois da 15ª Parada do Orgulho Gay, em Copacabana. De acordo com a vítima, um grupo de homossexuais estavam no Parque Garota de Ipanema quando foram abordados por militares, que hostilizaram os jovens. O 3º sargento do Exército Ivanildo Ulisses Gervásio confessou ter atirado no estudante. Além dele, outros dois militares são acusados de participar do crime. O delegado Fernando Veloso, da 14ª Delegacia de Polícia (Leblon), que investiga o caso, afirmou que a motivação das agressões foi a homofobia.
"Esses casos não são soltos. A gente não percebe, mas isso é corriqueiro. E na periferia e no interior [dos estados] ainda é mais difícil, onde as pessoas são mais conservadoras", assegura Pierre.

Mackenzie

O repúdio contra as agressões homofóbicas aumentaram a partir de terça-feira (16), quando começou a circular na internet o "Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia", divulgado no portal da Universidade Presbiteriana Mackenzie. O texto, assinado pelo chanceler da instituição, Augustus Nicodemus Gomes Lopes, critica o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que propõe a criminalização da homofobia.
O texto diz que a Igreja Presbiteriana é contra a lei “por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia”. O manifesto informava, ainda, que "a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo”.
O texto foi retirado do ar e, em nota, a assessoria de imprensa da instituição afirmou que o pronunciamento sobre o PL 122 foi feito em 2007 e é da Igreja Presbiteriana do Brasil, Associada Vitalícia do Mackenzie. Além disso, de acordo com a nota, "o Mackenzie se posiciona contra qualquer tipo de violência e discriminação feitas ao ser humano, como também se posiciona contra qualquer tentativa de se tolher a liberdade de consciência e de expressão garantidas pela Constituição".
As situações causaram revolta na comunidade LGBT que, no dia 24, promoverá uma manifestação em frente à Universidade Mackenzie, a fim de protestar contra o manifesto. "Estamos indignados e queremos ações", afirma o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis.

Lei

Uma das ações mais imediatas, segundo o presidente da ABGLT, é precisamente o encaminhamento do PLC 122. Aprovado no Congresso Nacional, o projeto de lei visa à alteração da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, caracterizando como crime "a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero". O autor do delito, assim, ficaria sujeito às penas definidas em lei - como reclusão por até cinco anos.
Reis salienta que a lei será um avanço para a população LGBT que ainda não conta com uma lei específica para proteger os seus direitos. "Assim como existe a lei que criminaliza o racismo, queremos uma lei que criminalize a homofobia", explica.
Para a autora do projeto, a professora e ex-deputada pelo PT Iara Bernardi, os crimes recentes mostram a urgência da aprovação do PLC 122 que, segundo ela, se trata de um complemento a uma lei já existente.
"É uma legislação que abrange outras formas de discriminação, como [a discriminação] contra os nordestinos. Acrescentamos ali esse ponto, o da discriminação contra os homossexuais", reitera.

Senado

Iara destaca que o projeto foi aprovado por unanimidade no Congresso, onde houve uma ampla discussão com a comunidade LGBT e esferas do governo, como o Ministério da Justiça. O próximo passo, agora, é a aprovação no Senado, considerado um campo mais difícil devido às suas forças conservadoras. Para Iara, no entanto, a eleição de figuras mais progressistas para a Casa pode agilizar os trabalhos. "Espero que com a mudança no Senado, a lei possa ser aprovada", sustenta.
O maior desafio para a comunidade LGBT, entretanto, será superar a oposição de setores religiosos conservadores. Para Reis, a interferência religiosa ficou evidente durante o segundo turno das eleições deste ano, quando alguns grupos exigiram que os presidenciáveis se manifestassem contrários ao aborto e à união civil dos homossexuais. "Nossa reivindicação não é o casamento religioso, mas a união civil. Dizem que nós queremos destruir as famílias. De jeito nenhum, e pelo contrário: queremos construir a nossa família, do nosso jeito", afirma.
Atualmente, segundo Reis, 53 países no mundo possuem legislações específicas contra a homofobia - vários deles na América Latina, como Uruguai, Argentina, Colômbia e México, que conseguiram diminuir seus índices de violência.
Já no Brasil, os entraves à aprovação da lei, para Iara, só demonstram o atraso do país no combate à homofobia. "Esse é um tema que nem se debate mais em outros países, como na Europa. As agressões acontecem mas se sabe que são crime. O Brasil ainda está muito atrasado em relação a isso", critica.
Uma pesquisa do Grupo Gay da Bahia (GGB) mostra que, a cada dois dias, um homossexual é assassinado no Brasil. Só em 2009, de acordo com a entidade, pelo menos 198 homossexuais foram mortos, um número 55% maior do que o registrado em 2008.
Na página www.naohomofobia.com.br/home/index.php, da Campanha Não Homofobia!, é possível aderir a um abaixo-assinado pela aprovação do PLC 122.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Beleza

Não conheço muito bem a história da Yeri, mas venho a algum tempo acompanhando suas fotografias e definitivamente são maravilhosas. A gente até tentou trocar alguns email, mas nosso inglês não tem ajudado muito...rs Ela é turca e fica vagando pelo mundo registrando alguns desses encontros. Recentemente ela foi para alguns países africanos e vem divulgando esse material. Tomo a liberdade de escolher algumas imagens da Etiópia e Benin. Não deixem de visitar o site dela. www.zeynepinyeri.com
Benin

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Eu concordo.

A vida é perigosa... e não me interessa abrevia-la no raso do mundo!
Guimarães Rosa

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Por um Estado que proteja as crianças negras do apedrejamento moral no cotidiano escolar

Brasil, 20 de novembro de 2010, Dia da Consciência Negra

Excelentíssimo Presidente da República Federativa do Brasil, Sr. Luís Inácio Lula da Silva,

Em um ato político e humano, vossa excelência ofertou asilo a Sakneh Mohammadi Ashtiani como forma de preservar-lhe a vida, visto que a mesma corre risco de ser apedrejada até a morte física em seu país, o Irã.
Se me permite a analogia, pelo exemplo que vossa senhoria encarna para a Nação, creio que seria, além de político e humano, um gesto emblemático e valoroso se vossa senhoria manifestasse sua preocupação e garantisse “proteção” às crianças negras inseridas no sistema de ensino brasileiro, zelando por sua sobrevivência moral e sucesso em sua trajetória educacional. Como vossa senhoria já afirmou: “Nada justifica o Estado tirar a vida de alguém”, e, no caso do Brasil, nada justifica que o Estado colabore para fragilizar a vida emocional e psíquica de crianças negras, propiciando uma educação que enseja uma violência simbólica, quando não física, contra elas no cotidiano escolar. Sim, a violência diuturna sofrida pelas crianças negras no espaço escolar pode, em certa medida, ser comparada ao apedrejamento físico, visto que o racismo e seus derivados as amordaça. Assim, emocionalmente desprotegidas em sua pouca idade, as crianças passam a perseguir um ideal de “brancura” impossível de ser atingido, fazendo-as mergulhar em um estado latente, intenso e profundo de insatisfação e estranhamento consigo mesmas.
É fato que as crianças em geral não possuem natureza racista, mas a socialização que lhes é imposta pela sociedade as ensina a usar o racismo e seus derivados como armas para ferir as criança as negras, em situacões de disputas e até simplesmente para demarcar espacos e territórios, bem ao exemplo dos padrões da sociedade mais ampla. A escola constitui apenas mais uma instituição social na qual as características raciais negras são usadas para depreciar, humilhar e excluir. Assim, depreciadas, humilhadas e excluídas pela prática escolar e consumidas pelo padrão racista da sociedade, as crianças negras têm sua energia, que deveria estar voltada para o seu desenvolvimento e para a construção de conhecimento e socialização, pulverizada em repetidos e inócuos esforços para se sentir aceita no cotiano escolar.
Se há no Irã - liderados pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad - um grupo hegemônico que, embasado em uma interpretação dogmática do Islamismo e na particular percepção do que é legitimo, detém o poder de vida de morte sob as pessoas, não menos brutal no Brasil, temos um grupo no poder que, apesar de não deliberar explicitamente pela morte física de negros e negras, investe pesadamente na manutenção da supremacia branca, advoga pelo não estabelecimento de políticas que promovam a igualdade, e nega sistematicamente qualquer esforço pela afirmação dos direitos dos afro-brasileiros.
Excelentíssimo, a supremacia branca mina as bases de qualquer perspectiva de justiça social. A eliminação do racismo e de seus predicativos depende do questionamento do poder branco, visto que a subalternização dos negros é fonte permanente de riqueza, prosperidade e garantia de poder arbitrário e absoluto. Não seria está também uma forma de matar e de exterminar? Não estaria aí um protótipo do modelo de genocídio à brasileira?
Nossa aposta, sr. presidente, é que estando sob um regime democrático - ainda que permeado por estrutura historicamente racista que nega aos negros os direitos de cidadania – possamos contar com os órgãos públicos competentes no dever legal de zelar pela igualdade substantiva. Neste sentido, o Ministério da Educação (MEC) encontra-se submetido às leis nacionais e aos tratados internacionais promulgados pela ONU, o que legitima nosso direito de exigir que, sendo o órgão representante do Estado brasileiro no campo da educação, promova o bem estar de nossas crianças, e que não contribua, portanto, para a sua dilapidação moral.
Senhor Presidente, que legitimidade tem um governo que abraça o projeto político de ‘um país de todos”, mas que investe recursos públicos na disseminação de uma pedagogia racista entre os seus pequenos cidadãos? Um Estado que compra e envia para as escolas material pedagógico que contém estereótipos e preconceitos quer sejam étnicos, raciais e/ou de gênero pode ser compreendido como um Estado que fornece combustível ideológico para que a humanidade dos indivíduos tidos como ‘diferentes’ seja desconfigurada. Não nos parece que é a proposta política deste governo incentivar e disseminar ideologias racistas que promovem a deterioração da identidade e da autoestima da criança negra.
É neste sentido, senhor presidente, que a contenda sobre o livro de Monteiro Lobato deve ser vista apenas como mais um episódio em que os negros aparecem como inconvenientes e não encontram solidariedade por parte dos formadores de opinião e representantes da administração pública. Talvez tais agentes fossem mais solidários com a luta anti-racista caso os materiais pedagógicos contivessem referências depreciativas em relação às suas identidades. Talvez conseguissem perceber o escárnio se as personagens obesas fossem referidas como aquelas que “comem como uma porca cebosa”. Talvez se motivassem a protestar caso um livro contivesse um padre católico apresentado como “lobo que devora criancinhas”. Talvez também fossem contrários à distribuição de obras clássicas que contivessem a idéia preconceituosa de que: “os políticos agem no escuro como ratos ladrões”.
Entretanto, senhor presidente, ter no livro de Monteiro Lobato personagem negra que “sobe na árvore como macaca de carvão” é visto como algo absolutamente natural e que deve ser mantido para preservar a liberdade de expressão. No fundo querem que nós negros e negras subscrevamos tal obra como um elemento histórico que, constitutivo da “democracia racial brasileira”, deve ainda ser difundido nas escolas, a despeito dos estragos que possa produzir na formação de nossas crianças brancas e negras.
Aceitar tais práticas insidiosas é negar a nós mesmos e rasgar o histórico de resistências que marca a identidade negra. Não podemos aceitar que nossas crianças negras sejam sacrificadas e usadas para o entretenimento, deleite e regogizo das crianças brancas. E nós, seus pais e educadores, lamentaríamos ver nossas crianças obrigadas a se defenderem de pedradras usando pedras contra “Pedrinhos”.
A era da inocência acabou, como nos lembra a militância negra! Os chamados textos clássicos não representam a última (sacrosanta) palavra sobre o mundo social. Não é segredo que muitos dos textos sob tal categoria são na verdade a bíblia da dominação branca-masculina-heterosexual, representando uma falsa imagem sobre quem somos. Propicia, por exemplo, que homossexuais sejam agredidos no cotidiano escolar e/ou na calada da noite, nas esquinas escuras das nossas cidades.
Uma educação que oferta estereótipos étnicos, raciais, de gênero e/ou homofóbicos facilita que jovens, ainda que supostamente “bem educados”, organizem práticas criminosas como o “rodeio das gordas”, ocorrido na UNESP ainda agora. É pelo investimento possessivo na supremacia branca, assegurado pela desumanização dos negros, que pessoas queimam índios e moradores de rua; é a partir de uma educação sexista que jovens tornam-se preconceituosos a ponto de espancar mulheres em pontos de ônibus, por acreditarem que são prostitutas. É a sistemática exposição de nossos meninos e jovens a idéias e práticas machistas que constitui terreno fértil para que quando homens crescidos, diante da percepção de ameaca á sua masculindade, assassinem suas namoradas, esposas e/ou amantes, conforme constatamos nos nossos noticiários.
Assim, senhor presidente, trata-se de legítimo e necessário o parecer do Conselho Nacional de Educação - CNE/CEB Nº: 15/2010, sobre as medidas de combate aos estereotipos e preconceitos na literatura. Não se trata de censura política, como se quer passar, mas de proteção social das nossas crianças. Pois, assim como um buquê de rosas que apesar da beleza contém espinhos pontiagudos, os livros com teor discriminatório ferem. Alguns ferem de maneira profunda e indelevelmente marcam trajetórias de vida. Logo, podemos questionar se um educador que, ao dar a rosa, alerta sobre a existência de espinhos, estaria censurando a existência da rosa e banindo-a do jardim, ou estaria apenas, responsável que é, cumprindo o dever de proteger a criança pequena?
Há que se ter cuidado com nossas criancas que, a partir de sua próspera administracao, sr. presidente, mais cedo adentram o cotidiano escolar. Se elas entram mais cedo na escola, é fato que também experienciam mais cedo o contato sistemático com um cotidiano discriminatório, repleto de violência racial, vivendo precocemente a dor e o sofrimento de serem desumanizadas com qualificativos como macaco e urubu, assim como Monteiro Lobato dissemina em suas histórias.

Infelizmente, sr. presidente, nós negros adultos, ainda que tenhamos sobrevivido a esses mesmos sofrimentos em nossas histórias de vida, não conseguimos encontrar remédio eficaz para curar a dor que corrói a alma de nossas crianças pequenas. Não descobrimos ainda palavras mágicas que apaguem da memória de nossas crianças a vergonha da humilhação e do escárnio público. A valorização da beleza de nossa pele e o histórico de luta de nosso povo apenas amenizam o sangramento moral. É difícil se contrapor a um ideal de beleza e de sucesso que reserva um lugar inferior na sociedade aos indivíduos de pele negra.
Sr. Presidente, em nome de seu legado que engrandeceu este país e retirou da miséria milhões de brasileiros, não permita que, sob sua administração, mesmo nestes momentos finais, prevaleça um modelo de Educação que, apenas assentado em discursos contra o racismo e o preconceito racial, utiliza-se do poder e dos recursos públicos para a compra de materiais que veiculem estereótipos e idéias preconceituosas perniciosas para milhões de crianças, futuros cidadãos, que no futuro poderiam lembrar-se não destas “leituras”, mas sim das incomparáveis conquistas da era Lula.
Vossa senhoria que afirmou em seus discursos a importância do combate ao racismo na sociedade; que, através da primeira lei assinada em seu governo - Lei 10.639, em 09 de janeiro de 2003, tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira,observe atentamente para que os profissionais do Ministério da Educação não contradigam os seus pronunciamentos públicos. Talvez, sr. presidente, não haja mais tempo para corrigir o descaso desses para com as políticas de educação em áreas quilombolas, visto que os recursos empenhados no orçamento 2009, sequer, até a presente data, foram utilizados para o pagamento dos convênios aprovados, impossibilitando assim que as escolas quilombolas recebam material didático e pedagógico adequados. Certamente não há mais tempo para elaboração e distribuição de livros para subsidiar a prática pedagógica anti-racista, visto que a política foi interrompida em 2006 juntamente com o fim do Programa Diversidade na Universidade – que mesmo tendo recebido o aval positivo do BID para uma segunda edição ampliada, por ter sido avaliado como um programa modelo para a América Latina, não contou com a aprovação das gerências superiores do MEC.
Infelizmente, excelentíssimo presidente, não há tempo também, certamente, para lograr as metas de formação de professores e professoras para a educação das relações etnicorraciais, visto que as secretarias de educação estaduais e municipais, devido à ausência de uma consistente campanha de combate ao racismo na educação, comandada pelo MEC, pouco se engajaram para alcançar esse objetivo.
Essa triste realidade, sr. presidente, atesta que Fernando Haddad, ministro da educação, deixará, infelizmente no legado de seu governo, a triste memória de um trabalho inexpressivo no que concerne à políticas públicas para o combate ao racismo e a valorização da história e cultura afro-brasileiras. Ele que, mesmo tendo a faca e o queijo nas mãos, pouco fez para o fortalecimento da educação anti-racista e anti-discriminatória no país, encerra seu mandato sinalizando aliança com vertentes contrárias às conquistas sociais, dificultando, assim, que o Conselho Nacional de Educação cumpra o papel que lhe é devido. A devolução doparecer CNE/CEB Nº: 15/2010 dá bem a dimensão do retrocesso político e concretiza uma velada censura às políticas de combate ao racismo pelo MEC. A atitude do ministro Haddad traduz sua vontade política e fornece elementos para compreendermos o porquê do inexpressívo desenvolvimento das políticas anti-racistas no interior do MEC e, a partir dele, nos sistemas de ensino.
Assim presidente, o senhor que compreende o combate ao racismo como uma luta pela justica social, não permita que o Estado brasileiro retroceda nas conquistas dos direitos dos afro-brasileiros: não deixe sua consciência passar em branco! Relembrando suas palavras am relação à dívida do Brasil para com o continente africano: "Têm coisas que a gente não paga com dinheiro, mas com solidariedade, companheirismo e sentimentos", seja solidário à Sakneh, mas também aproveite o 20 de novembro e renove o seu compromisso com o Brasil negro. Em nome das crianças negras e brancas, em nome dos filhos do Atlântico negro, manifeste-se favoravelmente às orientações do Parecer CNE/CEB Nº: 15/2010 – (http://www.euconcordo.com/com-o-parecer-152010).


Respeitosamente,

Eliane Cavalleiro

Doutora em Educação pela Faculdade de Educacao da USP, 2003 – coordenadora executiva de Geledés – Instituto da Mulher Negra, de 2001 a 2004; coordenadora de Diversidade da SECAD/MEC, de 2004 a 2006; ex-professora adjunta da Faculdade de Educacao da UNB – de 2006 a fev/2010; presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores negros, de 2008 a jul/2010, é cidadã brasileira, que luta para que seus netos e bisnetos e demais gerações tenham o direito a uma verdadeira educação anti-racista

São Paulo celebra Dia da Consciência Negra com shows na Praça da Sé

(Eduardo G.) A capital paulista tem uma programação musical especial para comemorar o Dia da Consciência Negra, celebrado no próximo sábado, 20 de novembro. A Praça da Sé, no centro da cidade, será palco para shows de Rap, Samba, Soul e Funk.

Estão confirmadas as apresentações do rapper Emicida, da banda Funk Como Le Gusta, de Toni Tornado, Arlindo Cruz, Dona Ivone Lara, Chico César, Lady Zú e Gerson King Combo, além da discotecagem de DJs Théo Werneck.

As atividades de celebração pelo Dia da Consciência Negra começam às 10h00 com uma Missa Afro. Ao meio-dia será realizado o Encontro de Congadas, com cinco grupos de congadas e samba de bumbo do interior do Estado se apresentando no palco. Logo em seguida começam os shows. O primeiro artista a subir no palco é o rapper Emicida.

Ainda dentro das festividades, no dia 27 de novembro será realizado o IV Encontro Paulista de Hip Hop, no Memorial da América Latina. O evento terá palestras, oficinas e outras atividades relacionadas ao mundo do Hip Hop, inclusive - é claro - shows, como do rapper MV Bill. Confira as informações dos eventos:


20/11/2010 - São Paulo/SP
Show da Consciência Negra - Praça da Sé, s/n
Horário: a partir das 10h00
Ingressos: Grátis

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Carta de um pai que não internou seu filho.

Por Fabiana Leite

Conheci a história de Geraldo e André Peixoto há seis anos, durante reportagem de balanço da reforma psiquiátrica. André teve o primeiro surto, sinalizador da esquizofrenia, na passagem para a idade adulta. O pai, Geraldo, horrorizado com os grandes hospitais psiquiátricos por onde André passou, o retirou de lá, mudou a vida, trocou a carreira de executivo pela de professor de natação para ficar ao lado do filho. Nesses anos, tornou-se um militante do direito dos pacientes de não serem trancafiados em hospitais e clínicas, mas acolhidos por serviços ambulatoriais e pela comunidade.

Na primeira entrevista, Geraldo me surpreendeu por não esconder as agruras de viver com uma pessoa com uma doença psiquiátrica. Não dourava a pílula. Mas defendia com carinho sua escolha, com espaço para a leveza _como a história de um amigo da família, também portador de esquizofrenia, que insistia ser uma águia. Geraldo o acolhia como um pássaro. Naquela época, André não estava bem, os médicos não acertavam o remédio. Tentamos fazer uma foto de ambos, mas André não quis.

Coincidentemente, meses depois, encontrei Geraldo durante uma “blitz” dos conselhos de psicologia e do Ministério Público em grandes unidades psiquiátricas que ainda persistem em diversas partes do País. Em uma das instituições, lá estavam pacientes amarrados, sem roupa. Um deles perguntou a Geraldo se era “papai noel” (por causa da barba branca) e pediu: “alta”!

Depois de o poeta Ferreira Gullar chamar a lei da reforma psiquiátrica de “idiota” e de defender a internação dos filhos, quis ouvir novamente a opinião de Geraldo (você pode conhecê-la aqui). Seguiam vivendo juntos. Sugeri novamente a foto de ambos. André estava cada vez melhor, disse o professor. Cuidava do pai. Estava cada vez mais companheiro, relatou Geraldo. E a foto deu certo.

Há cerca de uma semana, André, que tinha 47 anos, morreu vítima de um infarto do miocárdio fulminante, em casa, ao lado do pai. Compartilho com vocês, com autorização do autor, trechos da carta que Geraldo enviou a centenas de amigos e apoiadores:

Há exatamente sete dias, nesta mesma hora, André, meu filho querido, morreu. Tudo começou e terminou comigo. Muitos, sequer o conheciam. Outros, o conheceram, e outros, até o acampanharam e cuidaram dele. Estas pessoas ficaram, indelevelmente, imarcadas em nossa memória.

André nasceu duas vezes, uma, de Wilma, sua mãe, e a outra, de mim, quando o assumi, depois de retirá-lo de um hospital psiquiátrico. Portanto, sinto-me fiador de todo esse querer bem, que vocês todos têm demonstrado por ele.

Tive um privilégio, uma graça por viver junto dele essa experiência, absolutamente fantástica, nestes vinte e cinco anos, desde o dia em que o retirei de um hospital psiquiátrico, até aquele momento, em que o vi, estendido no sofá da minha sala. Ele foi o meu grande mestre, mostrou-me o caminho, o caminho que ele percorreu e que, apesar da violência das crises e, das crises de violência, foi paradoxalmente, delicado e extraordinário. A experiência foi “humana, demasiadamente humana”. Fui atirado à correnteza da vida e da psicose, deixando-me levar sem resistência, aceitando e usando-a a meu favor, sabendo, como bom nadador, que se não o fizesse, iria , apenas, me exaurir. A correnteza, agora queridos amigos, se diluiu, se desfez, deixando-me nadar livremente. A vida foi maravilhosa comigo, por ter-me permitido esse encontro.

Valeu a pena, garoto! Valeu muito a pena!

André vive! Ontem, André era o meu objetivo – hoje, deixou de ser, pois eu o carrego comigo…

Obrigado, obrigado, obrigado…

Geraldo

Fabiane Leite é repórter da área de saúde desde 1999, dedicada principalmente à cobertura de temas de interesse da saúde pública e dos planos privados de saúde. Trabalhou no Jornal da Tarde, Folha Online, Folha de São Paulo e atualmente é repórter da seção Vida do jornal O Estado de São Paulo. Acredita que a saúde é o princípio básico para a felicidade.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Cloaca News: RBS: MALDITOS MISERÁVEIS QUE AGORA COMPRAM CARROS

Cloaca News: RBS: MALDITOS MISERÁVEIS QUE AGORA COMPRAM CARROS: ".Advertência: o vídeo que exibimos nesta postagem contém cenas explícitas de ódio, preconceito e ressentimento. Seu protagonista é um certo ..."

Apanhadores de flor e a natureza do Espinhaço

Por Carlos Eduardo Mazzetto Silva

Desde 1500, quando se começou a inventar o Brasil, os povos que tem apego à terra são expropriados dela, tratados como gente menor. Os primeiros foram os índios que tinham este espaço como seu habitat. Felizmente para a humanidade, alguns resistiram e conseguiram conquistar, recentemente, algum direito a viver em seu território. Mas, a expropriação, o genocídio e o espistemicídio (destruição dos conhecimentos) foi de grande monta.

Mas, existe um ator social invisível no Brasil, meio parente dos indígenas pela herança do apego à terra. Seu nome sociológico e antropológico é campesinato. Já foi e é chamado de pequeno produtor/agricultor, trabalhador rural e mais recentemente vem sendo chamado de agricultor familiar. Em alguns casos, seus grupos recebem hoje o nome de comunidades tradicionais e, nesse caso, se referem a identidades específicas: quilombolas, seringueiros, caiçaras, pantaneiros, geraizeiros, caatingueiros, vazanteiros, beiradeiros, quebradeiras de coco, … Seu destino para a sociedade moderna parece estar traçado: não existir, ser invisível, não ter direitos, habitar “espaços vazios”, dar lugar ao desenvolvimento e seus mega-projetos gulosos de territórios e recursos naturais (barragens, monoculturas, complexos industriais, minerações)…

Assim como a natureza, essas comunidades são erradicadas para deixar o progresso seguir sua rota cega. Não é à toa, sua vida é conectada com a Mãe-natureza, é seu habitat e sua base de sobrevivência. Não são pouca gente, alguns estudiosos estimam essas comunidades tradicionais em 25 milhões de pessoas!!

Recentemente, conheci as comunidades “apanhadoras de flor”. Estão aqui, perto do centro de Minas Gerais (região de Diamantina, alto-Jequitinhonha), onde a história minerária fortemente se deu. São milhares de famílias que vivem na Serra do Espinhaço coletando sempre-vivas e uma infinidade de espécies de flor das campinas e carrascos, fazendo pequenas roças de subsistência, criando algum gado solto da serra e nos cerrados do sertão que a rodeiam, garimpando artesanalmente (a chamada faiscagem). Tem múltiplas habilidades e praticam a economia diversificada. Conhecem tudo da vida da Serra: bichos, caças, plantas, lapas, minérios, clima, solos … São os mestres da natureza do lugar. Algumas comunidades tem 300 anos de história de vida na Serra. Entretanto, contraditoriamente, sua vida está sendo impedida por uma política que tem (ou diz ter) o objetivo de preservar a natureza!!!

Descaminhos da modernidade e de um ambientalismo que reproduz o artificialismo da separação homem/natureza ou, se quisermos, sociedade/natureza. Essa separação, instituída pela modernidade ocidental, se reproduz na concepção dos “parques sem gente”. Querem instituir as chamadas Unidades de Conservação Ambiental de proteção integral em áreas onde ainda existe a biodiversidade característica dos diversos biomas e ecossistemas. Esquecem, ignoram ou não querem ver que essa biodiversidade remanesce ali porque há um modo de vida (sociodiversidade) que se adaptou, convive, maneja e até ritualiza esses ambientes que os preservacionistas da cidade querem proteger.

Essas comunidades e seus ecossistemas formam um só quadro, uma só paisagem: humana e natural. Os biólogos preservacionistas ao sobrevoarem essas regiões e vê-las na distância das imagens de satélite, crêem que são paisagens meramente “naturais”, não descem à escala da vida humana, ignoram-na. Não percebem que o que remanesce ali é uma sociobiodiversidade oriunda da co-evolução social e natural. Não há nesses lugares a dicotomia entre natureza e cultura – a natureza é culturalmente apropriada e transformada/conservada; a cultura é produto do processo de adaptação e convivência com a mãe-natureza. A vida se articula aos fluxos e ciclos ecológicos.

A implantação dessas Unidades de Conservação de proteção integral (na região, a maior é o Parque Nacional das Sempre Vivas, mas existem ainda três parques estaduais: do Rio Preto do Pico do Itambé e Beriberi) a partir desses sobrevôos (sem um estudo local aprofundado) se tornam uma tragédia humana, um atentado sócio-cultural, uma afronta aos direitos humanos, um tiro exterminador no que resta de interação sustentável entre sociedade e natureza. O conflito se instala, as comunidades têm que resistir, afinal esse é o seu lugar, seu território, sua vida. Contraditoriamente, o objetivo da conservação da natureza fica ameaçado, pois aqueles que são os mais aptos e dispostos a defendê-la no seu dia a dia, se transformam em vítimas e inimigos das Unidades de Conservação que as oprimem e expropriam. Não podem mais coletar flores, não podem mais criar gado, não podem mais usar o fogo como elemento de manejo em hipótese nenhuma, não podem coletar um fruto da Serra para se alimentar (tem que deixar para os outros animais que as UCs querem preservar), não podem circular nos caminhos que sempre circularam. Não podem nem mais morar onde moraram por mais de século, pois seu lugar virou parque – um invasor que virou suas vidas de cabeça para baixo. Para onde vão? Já sabemos o enredo, as periferias e favelas urbanas estão aí para nos esclarecer sobre esse repetitivo processo histórico: uma outra paisagem é claro, não mais fruto da co-evolução entre comunidade e natureza, mas da perversidade moderna de sua separação, da eterna expropriação camponesa, os perdedores de sempre. Depois, os governos e seus órgãos organizam seminários sobre o desenvolvimento sustentável, …

Carlos Eduardo Mazzetto Silva é Eng. Agrônomo, doutor em Geografia (Ordenamento Territorial e Ambiental/UFF), professor adjunto da Faculdade de Educação da UFMG, autor de “O Cerrado em Disputa: apropriação global e resistências locais” (Ed. CONFEA, 2009), entre outros trabalhos.

Vida em Ação

A Associação Vida em Ação é uma entidade sem fins lucrativos. Tem como objetivo, criar condições que favoreçam espaços de troca e desenvolvimento de saberes/atividades para além da rede de serviços substitutivos da saúde mental, em destaque alternativas de geração de renda e arte para os usuários destes serviços. Hoje, com sede na Casa do Saci, compõe um espaço que reúne, a livraria Louca Sabedoria, a Lojinha do Saci e o Bar Saci.

Caso queira contribuir com a Associação Vida em Ação e os projetos, esses são nossos dados bancários:

Banco do Brasil

Conta Poupança: 010.027.528-1
Ag.: 1191-6

Acesse nosso site, saiba mais de nossas atividades e tudo que acontece na Casa.

http://barsaci.wordpress.com/


domingo, 14 de novembro de 2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Mudança.


Desejo e aspiração

Qualquer tipo de desejo leva à dor?

Nem todo desejo leva diretamente à dor. Contudo, a própria palavra expressa a ideia de se grudar a algo; ela não permite a liberdade, ela amarra. Quando estamos apegados e presos a algo, não podemos nos mover. É como se o objeto do desejo nos puxasse de volta, e não conseguimos nos libertar disso. Então para esse tipo de desejo usamos o termo que significa apego. Enquanto estivermos apegados, estamos colados ali e não podemos alcançar liberação. No entanto, isso não necessariamente significa caos e dor.

Isso significa que há algum desejo que na verdade seja benéfico?

Na língua tibetana, desejo significa o apego que prejudica a nós e aos outros. Em relação à fonte de benefício para nós mesmos e os outros, há um nome diferente; chamamos [o desejo disso] de “aspiração”.

Khenchen Thrangu Rinpoche (Tibete, 1933 ~)
“Essential Practice”
(Dharma Quote of The Week – Snow Lion, 22/05/2010)


O papel da fé

Se você se orgulha da sua religião ou de não pertencer à nenhuma religião, a fé desempenha um papel importante na sua existência. Mesmo não acreditar requer fé — fé total e cega em sua própria lógica ou raciocínio baseados em seus sentimentos constantemente em mudança. [...]

Dzongsar Khyentse Rinpoche (1961 ~)
“What Makes You Not a Buddhist”, cap. 1
(O que faz você ser budista?)


*Encontrados aqui

Faísca Publicações Libertárias

Três novos livretos publicados pela Biblioteca de Bolso Faísca.
Para compras, entrar em contato pelo e-mail vendasfaisca@riseup.net.
www.editorafaisca.net

***
SINDICALISMO E MOVIMENTOS SOCIAIS
Alexandre Samis
R$ 6,00
52 páginas, 11,5X15,5

Co-edição com os sindicatos SINASEFE e SINDSCOPE, Sindicalismo e Movimentos Sociais apresenta uma tese aprovada nos sindicatos elaborada por Alexandre Samis. No livro, o autor desenvolve um breve histórico do sindicalismo contemporâneo, passando pelos sindicatos de hoje em dia e apresenta as diferentes orientações e concepções sindicais. Colocando os problemas que envolvem o aparelhamento político-partidário e a burocratização, o texto propõe uma agenda para sindicatos no intuito de aproximá-los dos movimentos sociais. O texto, que chegou a ser disponibilizado na internet, ganhou um último capítulo sobre a questão dopoder popular, inédito.

“É fundamental hoje para os sindicatos a construção de uma agenda que possa articular seus interesses mais imediatos às lutas dos trabalhadores em geral, não apenas os formalmente admitidos no mercado de trabalho, mas todos aqueles que estiverem dispostos a lutar e se organizar em favor de uma transformação radical e efetiva da sociedade rumo ao socialismo.”


INSTRUÇÃO INTEGRAL
Uma ferramenta dos trabalhadores
Rogério de Castro
R$ 6,00
66 páginas, 11,5X15,5

Co-edição com os sindicatos SINASEFE e SINDSCOPE, Instrução Integral apresenta uma tese aprovada nos sindicatos elaborada por Rogério de Castro. O autor realiza uma discussão sobre a questão da educação invocando o tradicional conceito de “instrução integral” desenvolvido por diversos clássicos anarquistas. O ponto interessante do livro é que ele pensa a educação a partir de uma posição classista, vinculada às lutas dos trabalhadores, assim como a proposta de educação de Pelloutier no contexto da CGT francesa em seu momento de maior combatividade e autonomia.

“A pedagogia libertária deveria despertar a sensibilidade dos trabalhadores para o caráter integral dos seres humanos, superando as diferenças entre trabalho intelectual e manual. Ultrapassando o simples objetivo de capacitar operários adequados ao sistema produtivo, proporcionaria, por sua natureza, uma instrução integral capaz de oportunizar a análise da sociedade capitalista ao integrar o exercício intelectual das salas de aula à prática nas oficinas.”


CRIAR UM POVO FORTE
Contribuições para a discussão sobre Poder Popular
Felipe Corrêa
R$ 6,00
48 páginas, 11,5X15,5

O texto de Felipe Corrêa é fruto de uma discussão coletiva em torno do tema “poder popular” que se deu no seio da Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ), em um seminário de formação política. Nele, o autor retoma a estratégia do especifismo, e volta aos conceitos fundamentais da política. Retomando um histórico da discussão sobre poder popular na América Latina, conceitua poder, dominação e poder popular, a partir da literatura contemporânea sobre o tema. Levanta um debate ao final, sobre a utilização ou não deste conceito que, posteriormente, após outras discussões, passou a ser utilizado pela FARJ.

“Um projeto de poder popular é aquele que busca aumentar permanentemente a força social do conjunto de oprimidos e, pedagogicamente, o faz aplicar no conflito esta força lutando por conquistas de curto prazo e tendo um horizonte revolucionário e socialista.”

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Associação Nacional dos Torcedores

Excelente iniciativa! http://www.torcedores.org

NOSSA MISSÃO em 7 pontos para homenagear Garrincha, a alegria do povo:

Criar uma organização sem fins lucrativos para lutar contra:

  1. A exclusão do povo brasileiro dos estádios de futebol, fruto de uma política deliberada de diminuição da capacidade dos estádios, extinção de setores populares dos estádios e aumento abusivo dos ingressos
  2. O desrespeito à cultura torcedora com a extinção de áreas populares como a geral, onde há uma tradição própria de participação no espetáculo que inclui assistir ao jogo de pé (o que acontece na Alemanha)
  3. A falta de transparência no futebol brasileiro, há décadas nas mãos de dirigentes incompetentes e corruptos; exigimos a democratização das decisões acerca do futebol brasileiro com a participação dos torcedores; por exemplo: as sucessivas e milionárias reformas do Maracanã, feitas sem nenhuma consulta aos torcedores
  4. A exploração politiqueira do futebol visando eleger candidatos que aproveitam-se da sua popularidade para conseguirem mandatos contra o povo
  5. O controle das tabelas e horários dos campeonatos na mão da rede de televisão que há décadas detém o lucrativo monopólio das transmissões televisivas de jogos de futebol; horário máximo de 20h para o início das partidas durante a semana e 17h aos domingos
  6. A retirada de comunidades de trabalhadores em nome da Copa do Mundo e das Olimpíadas
  7. A falta de meios de transporte dignos durante os dias de jogos; exigimos esquemas especiais em dias de jogos

domingo, 7 de novembro de 2010

Tudo é ritmo!

Pensei que talvez deva existir uma sutil diferença entre deixar partir e permanecer sem possuir. Talvez exista o tempo para cada coisa e o que nos cabe é saber distinguir um do outro. Não queremos deixar ir, mas as vezes queremos ficar como se fossemos os donos absolutos dos encontros. Pura contradição! Não controlamos nada e nem escolhemos o deve sentir nosso coração. Deixar partir é um passo. Ficar sem controlar é o outro. Talvez exista um ritmo para cada tempo desses. Um é a batida e a marcação, enquanto o outro é o vazio e o espaço necessário para o toque seguinte.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Quando se fala o que pensa...

Lembro do buteco do Seu Zé, lá na Barra Funda. Homem de poucas palavras, mas olhar sério e a mais pura eficiência na execução dos tratos que um verdadeiro pé sujo precisa ter para ser um buteco. Esses lugares que precisam escrever em suas paredes que são um "boteco" são na verdade lugares desprovidos de personalidade e até mesmo caráter. De buteco mesmo não tem nada. Alí eles dizem querer que o cliente se sinta em casa, mas desde que esteja pagando direitinho e assuma o lugar do espectador, nunca e jamais o do protagonista. No buteco do Seu Zé é diferente. Como lá ele não mede esforços para te fazer sentir bem, ele simplesmente fecha na hora que der vontade, mesmo que você tenha acabado de abrir a primeira cerveja. E as vezes ele espera você deixar de desabafar o pé na bunda que levou ontem, mesmo que não tenha dinheiro nem pra cachaça. É um homem justo. Lá não tem essa de múltipos cartões para pagar a conta. Dinheiro ou cheque. Não há muitas opções para comer além dos salgados na estufa e dos ovos coloridos e amendoins de saquinho. Não tem nem cardápio. Com o Seu Zé não adiante reclamar e nem falar mal da vida. Para você terem uma idéia, uma vez a cerveja congelou. A gente chamou o velinho e disse isso para ele. Ele não teve dúvida! Pegou o outro copo da mesa, virou a garrafa e deu uma "esfregadinha na bundinha" da bendita e quando os copos estavam cheios daquela mistura de gelo e cerveja, todo satisfeito disse: "Pronto! agora tá bem gelada e é só fazer isso que tá tudo certo." Santa sabedoria de bar! Até parece que ali se desperdiça cerveja porque ela gelou demais! Seu Zé é um homem educadíssimo e basta manter a postura de respeito que um estabelecimento desse merece que todo mundo fica feliz. Minhas idas ao bar do Seu Zé me ensinaram que só mesmo no capitalismo de bundão(e tem outro?), de homens médios e mulherzinhas, é que se engole sapo para fazer crer que o cliente tem sempre razão. O verdadeiro bar é um espaço de convivencia quase sagrado e há de se saber comportar. Há regras mínimas de conduta que precisam ser observadas. Uma delas é nunca ficar brigando por bobagens com os funcionários e dar uma de gente mimada. A lógica do "eu tô pagando" não funciona em lugares que se respeitam. Tá pagando e acha que pode falar o que bem entender? Quanta ingenuidade! No Bar Saci, onde sou um dos trabalhadores, de tempos em tempos surgem essas figuras. Mas como falei aqui antes, vamos na caminhada do processo civilizatório dessa gente que tem o rei na barriga e que faz cara feia pr'aquilo que não entendem. Foi assim o acontecido. Quatro amigos entram no Saci. Sentam num dos cantos e pedem uma cerveja. Eis que em determinado momento, uma delas faz um pedido que naquele momento não vai poder ser atendido porque não tem a fruta para seu drink. Ela pede outro e incrivelmente a coisa também acabou de acabar. Ela já fica puta e irritada, afinal o que ela poderia pedir agora?! Tentei remediar a situação e oferecer um substituto. Ela reclama do preço e eu explico que vai ter desconto, afinal a Casa do Saci quer um comércio mais justo e honesto. Desconto na bebida? é isso mesmo, lá isso as vezes acontece. Eis que a amiga, que até então apenas observava começa a reclamar do bar, do cardápio e da demora. Eu que não sou besta nem nada, e que tenho a proteção dos sacis todos daquela região, mui tranquilo, olho para ela por cima de meus óculos e digo para ela não se desesperar. Ainda dá tempo dela ir até o bar da esquina que tem um cardápio muito melhor e mais completo que o nosso. Lá ela não vai ter aquele tipo de problema. A terceira pessoa intervem e pergunta se estou mandando eles irem embora. Digo que nunca! Eles me entenderam mal. Eu apenas lembrei do dito popular que quando a gente fala o que pensa, ouve... Era só isso. Depois pacientemente expliquei o que tinha acontecido com os ingredientes e disse que o bar tinha uma proposta muito clara. Depois disso tudo fico mais calmo. E adivinhem só? A cerveja ficou trincando e na mesa de quem ela congelou? Sim, deles mesmos! Na hora disse para eles que ia dar tudo certo. Virei a ampola em cada copo dando uma esfregadinha na bundinha e fui continuar a atender outras mesas. Eles não disseram nada. Voltei para minha casa pensando que faz um bom tempo que não vou beber uma no Seu Zé. Preciso ir lá dar um abraço no velinho. E onde ele fica? Sinto muito, mas não conto de jeito nenhum. Agora o Saci fica lá na rua Vanderlei, 702. Dinheiro ou cheque. Apareçam!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Política de boa vizinhança

São por coisas assim que devemos cuidar do nosso cotidiano. Preconceito. Aquilo que depende de mim esses fascistas não passarão mesmo! Enquanto ficarmos com essa postura bunda mole da política da boa convivência com a canalha, absurdos como esse não irão terminar. Na minha casa não entra e nem na mesa onde estiver irão sentar pessoas que tenham essas posturas. Porém a coisa pode ser bem mais tensa. Muitas vezes nos pegamos numa enorme encruzilhada ao ver pessoas que temos afetos com posturas por demais desprezíveis e sem sabermos o que fazer. Sempre fui um homem amante da diversidade, mas hoje entendo que isso não tem absolutamente nada a ver com ser condescendente. Alguns convites não aceito mais. Obrigado, mas não vou. Algumas pessoas que por mais "gente boa" que sejam não bebem mais uma cerveja comigo. Não tolero e não me calo mais ao ouvir merda sexista, homofóbica, racista e classista. Todos temos contradições, sei disso, mas algumas coisas não podem mais serem vistas como "brincadeiras". Conviver com isso dentro da familia é muito mais complicado e exige uma enorme paciência e atitudes bem especiais para mudar alguma coisa, mas ESCOLHER sair e conviver com amigos e colegas que exercitam essas cretinices é uma situação completamente diferente. Como falei, somos humanos repletos de conflitos e paradoxos, se nada fizermos pra diminuir isso só nos resta uma vida miserável e medíocre. Você não escolhe a família em que quer nascer, mas com as pessoas que namora e se diverte sem dúvida que sim. Já tive muitos comportamentos homofóbicos e sexistas na minha vida, principalmente as "inofensivas" piadinhas, mas hoje entendi que isso apenas me limitou de viver coisas boas e de ter bons encontros. E um monte dessa porcaria já estava aí quando eu cheguei nesse planeta, já estava na minha casa, na minha escola e no meu trabalho. Sinto muito, mas não há caminho facíl. Acontece que tive amigxs que me ajudaram com isso. Então se você quer ser um bom amigx precisa ajudar as pessoas de seu convívio a buscarem outros entendimentos desses conflitos. Não se cale diante de um preconceito! Fale! Denuncie! O silêncio é a pior coisa que você pode fazer para ajudar alguém que muitas vezes nada mais faz do que reproduzir algo estúpido. Caso a pessoa não entenda ou diga que você esta sendo só chata e se ofenda com sua postura, definitivamente você precisa rever suas amizades. Isso é mais que um desabafo, é para ser gasolina no fogo!


Votos dos nordestino e preconceito da elite
Por Altamiro Borges

A elite brasileira realmente é asquerosa. Ela esbanja preconceitos - de gênero, étnico e, principalmente, de classe. Uma camada que "se acha" pertencente à elite burguesa - a classe "mérdia", que come mortadela, mas arrota caviar - ainda esbanja burrice. Parece que nem sabe fazer conta de somar. É preguiçosa e tacanha.

A partir do histórico resultado das eleições de domingo, alguns fascistas recalcados passaram a usar a internet para atacar o "voto dos nordestinos". Através das redes sociais, em especial do twitter, os frustrados com a derrota do candidato da elite, o demotucano José Serra, eles destilam ódio de classe e pregam o separatismo.
"Mate um nordestino afogado"

Para os novos fascistinhas, a vitória de Dilma Rousseff foi "culpa dos nordestinos". O ataque é tão violento que resultou na criação da hashtag #nordestisto, que ganhou os Trending Topics do Twitter e ficou no topo da lista de assuntos mais comentados durante toda a manhã desta segunda-feira.

A expressão “nordestisto” parece ter origem na mensagem de um internauta paulista, que pregou a violência contra os nordestinos que migraram para São Paulo. Ele rosnou: “Nordestisto não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!“.
O covarde agora é "inexistente"

Diante do risco da abertura de um processo criminal por preconceito, a conta do covarde foi apagada e agora aparece como “inexistente” no Twitter. Perfis do mesmo usuário em outras redes sociais também foram bloqueados para acessos de pessoas que não fizessem parte de sua rede direta de "amigos".

Sua mensagem, porém, estimulou os piores instintos. Vários tweets com a hashtag #nordestisto reforçaram o ódio. Um deles esbravejou: "Só nordestinos fdp pra vota na Dilma! Nordestino num serve pra nada de util. Vem pra SP enche o saco e vota na merDilma". Outro rosnou: "Nodestisto. Porque nao criam um país próprio pra eles? Assim poderão eleger o bandido que quiserem".
Fascistas não sabem contar

A baixaria fascista gerou rápida resposta na internet. Muitos nordestinos reagiram indignados. "O Brasil nasceu aqui e tenho orgulho de ser nordestina", afirmou uma internauta. Outro lamentou: "Cada gota de ódio destilada na tag #nordestisto só faz aumentar o orgulho de ser o que sou. Tenho pena de vocês". A reação não se deu apenas no Nordeste. Paulistas civilizados também rechaçaram o ódio racista.

Rápida leitura no mapa da pleito prova que os fascistinhas, além de preconceituosos, são burrros. Dilma Rousseff não ganhou apenas por causa dos votos do Nordeste. Os nordestinos apenas aumentaram a vantagem que a futura presidente obteve no resto do País. Considerando o Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste, ela somou 1.873.507 votos a mais do que o tucano José Serra. Dilma venceria sem os votos do Nordeste.

Mesmo no Sudeste, que a elite racista pensa ser dona, a petista teve 1.630.614 de votos a mais do que o demotucano. Embora Serra tenha obtido 1.846.036 de votos a mais em São Paulo, ele perdeu no segundo e no terceiro maiores colégios eleitorais do país, Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente com saldo negativo de 1.797.831 e 1.710.186.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Hoje a tarde

Poesia vista da janela de casa. Chegou sem avisar, sem bater ou sem se anunciar.

É só o começo.

E foi. A Dilma eleita e o Serra para as catacumbas. Como muitos devem ter notado, esse que vos fala tomou um posicionamento bem claro: buscar dimunir a influência do famigerado psdbosta. Não nos interessam partidos políticos, e votar continua sendo um modo - ao contrário do que dizem - de abrir mão do próprio poder, mas devemos reconhecer que com alguns o diálogo é menos terrível do que com outros. Agora é oposição, afinal governo bom é governo que apanha mais! E ficou claro no primeiro pronunciamento da nova presidente que muito vai ficar como está. Com exceção do primeiro minuto, onde ela fez uma significativa referência as mulheres nos espaços de destaque em nossa cultura tão sexista. Isso é mesmo muito bom e de incrivel repercusão. Depois seguiu de modo bastante pacificador, sem nenhum surpresa, cheia de generalizações e sem citar Deus uma única vez, Dilma falou como se ainda estivesse em campanha e não fez nenhum posicionamento sobre assuntos que são tão caros a sociedade brasileira. Talvez o momento para ela seja esse mesmo. Beleza Dilma, alguns ainda colocaram um pano quente, mas vamos ver daqui pra frente... Celebre mesmo, pois essa partida você ganhou, mas só hoje, porque logo alí na frente continuamos sem nenhuma condescendencia. Continuamos para o que der e vier! Logo alí a esquerda, caso continue se esquecendo. Aos movimentos sociais que fique a lição de que não há bonzinhos nesse jogo e que as mudanças que queremos só virão com muita luta e enfrentamento. Até porque sabemos quem vai querer ser o próximo prefeito da cidade de São Paulo... afe! Até quando essa gente vai ficar atrapalhando nosso vida? Vai morar na praia porra! só que lá na Argentina, aqui não! Quanto a suposta oposição tucana, francamente fica o mais puro repúdio por entrarem em cena de maneira tão desrespeitosa, antiética, suja e criminosa. A grande mídia, essa que se diz censurada, se revelou um grande esgoto a céu aberto ao se aliar com esses capitães do mato. Porém esse assunto fica para depois. Apenas registramos que no Estado de São Paulo vamos para vinte anos de "representantes" da mesma m...