quinta-feira, 29 de abril de 2010

Reflexão

Se as eleições mudassem alguma coisa
estariam proibidas a muito tempo.

ditado português

II Congresso Brasileiro de Saúde Mental

O campo da saúde mental vem enfrentando uma variedade de desafios; entre eles, a necessidade de integração e operacionalização dos novos serviços substituindo ao modelo assistencial tradicional e de uma interação entre a prática e as áreas de conhecimento que compõem o sistema de saúde como um todo.
No âmbito científico o campo da saúde mental é tradicionalmente fragmentado e socialmente representado, por especialidades clássicas como Psiquiatria, Psicologia, Enfermagem Psiquiátrica, Terapia Ocupacional e Serviço Social. Novos atores sócio-profissionais estão presentes neste campo, entre eles a Educação Física, a Pedagogia, as Artes Plásticas e a Fisioterapia, além de outros setores, como sistemas de Educação, de Cultura e de Justiça. São ainda atores sociais importantes na área da saúde mental os movimentos sociais como o Movimento da Reforma Psiquiátrica e o Movimento da Luta Antimanicomial e os movimentos artísticos.
Estes desafios têm sido amplamente reconhecidos no contexto dos vários dispositivos de desenvolvimento do campo da Saúde Mental.
Portanto, a realização do II Congresso Brasileiro de Saúde Mental é uma iniciativa amadurecida e plenamente legitimada. O evento tem o potencial de promover, historicamente, as aproximações necessárias dos diversos atores sociais, usuários, familiares, profissionais, acadêmicos e artísticos que fazem deste campo de práticas e saberes um dos mais vibrantes no âmbito do Sistema Único de Saúde. Desta forma a realização do II CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE MENTAL atende a uma necessidade na perspectiva da consolidação de um sistema de saúde, que tem como princípios a integralidade, a universalidade de acesso e a descentralização.
http://www.saudemental2010.com.br/index2.php

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Acontece no Bar Saci

Programação Cultural – 28 de abril - 01 de maio

28 de abril - quarta -feira
Música na vitrola! Traga seu vinil.
Entrada livre

29 de abril – quinta-feira
Samba do BULE!
couvert: 5 reais

30 de abril – sexta-feira
DJ Serejo do Projeto Ocupeacidade a partir das 19h!
entrada: grátis

01 de maio -sábado
MARÍLIA DUARTE (voz) e MOACIR BEDÊ (violão)
Música Brasileira de Qualidade
Música ao Vivo das 19h as 22h
couvert: 5 reais
http://moacirbede.com.br/

Veja mais:
http://barsaci.wordpress.com/

terça-feira, 27 de abril de 2010

Da melancolia a escolha.

Assisti o filme Amantes (two lovers, de James Gray, 2008). Essa história fala de um homem que sofre por amor. Não apenas sobre a possibilidade de escolha sob o manto da dúvida, mas da vontade de encontrar paz nos encontros. Estamos acostumados a pensar no feminino que chora e as vezes se desespera quando não encontra resposta para o coração. Esse filme (e isso faz dele algo a se pensar) fala de um homem que por mais de uma vez pensa estar indo, mas não realiza o que acredita, não se concretiza o que deseja. Apesar do sofrimento há a possibilidade de escolha. E ele a faz. O bonito é a decisão que toma por si, a chance que oferece para descansar depois da tormenta. Além da fotografia encantadora de Nova York! Uma história do desencontro da alma que não se perpetua. Melancolia de tempos não tão modernos assim.




O perigo da história única

Por Chimamanda Adichie

Cine Mandinga

domingo, 25 de abril de 2010

Autonomia

Por Amauri Ferreira
(chegou aqui graças a Ju)

Testemunhamos uma concorrência insana entre os indivíduos que foram educados a seguirem rigorosamente as obrigações que são consideradas “boas” - não por eles, certamente, mas pela sociedade em que vivem. Cada um deseja passar por cima dos seus concorrentes, fazer trapaças, chegar rapidamente aos objetivos já dados de fora: tudo para se sentirem orgulhosos de ser apenas peças de uma máquina que é, na verdade, destruidora deles mesmos. Como estão impossibilitados de caminhar com as suas próprias pernas, fogem de quem pode ensinar-lhes a conquistar a vida autônoma. Sua covardia torna-se evidente quando sentem que o “bem” moral que se submetem, mesmo sendo contrário à natureza deles, deve ser conservado por meio de uma luta diária contra os seus instintos. Enquanto estão incapacitados de inventar para si próprios o seu bem, desperdiçam o tempo que seria fundamental para se libertarem do ritmo doentio que é imposto pela organização tirânica da vida humana. Mas existem indivíduos que desejam encontrar os seus mestres, que desejam inventar o seu próprio bem, que desejam lutar pelo seu próprio destino. Nesse processo de evolução, eles deixam de pertencer à imagem habitual que se faz dos homens; tornam-se cada vez menos familiares, passam a ser estranhos, maravilhosamente estranhos, começa a brilhar neles alguma “loucura” que faz distinguirem-se dos indivíduos “normais” e domesticados. Quem se liga a eles, percebe, com o passar do tempo, que existe a incapacidade de nomeá-los, de tentar definir o que, na verdade, não pára de escapar, de mudar, de ser inventado. O indivíduo autônomo escapa das garras do poder porque é produtor de si próprio, pois, ao se alimentar do fluxo do real, faz os seus disfarces se multiplicarem cada vez mais. Sua multiplicidade de estilos, de vozes, de gestos, esse ator encarnado, exprime a força da vida que, finalmente, no meio de tanto ódio ao seu redor, tornou-se madura, feliz, capaz de dar frutos, de ensinar aos outros a amar cada momento vivido. Mais do que nunca, a nossa época precisa de indivíduos assim, mesmo que os que servem aos interesses das instituições continuem a ser esforçar para que eles não existam.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

terça-feira, 20 de abril de 2010

Ouçam todos!

Seguimos o debate em torna da absoluta falência do poder público na cidade de São Paulo. Em breve haverá eleições e uma vez mais a canalha se esforça em manter as coisas exatamente como estão, ou no caso aqui, um tanto pior. Penso que os comentários também merecem um olhar a parte, então leiam até o fim. Alguma dúvida que estamos ladeira abaixo? Também me interrogo como o tablóide do Estadão ousou publicar essa matéria... nem tudo está perdido?

"Limpeza" do centro.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100416/not_imp539044,0.php#noticia

O Estado de S.Paulo

Depois da desastrada reforma do sistema de albergues, que vem reduzindo as vagas disponíveis para moradores de rua e causou espanto por sua insensibilidade no trato de uma questão particularmente delicada, tendo em vista seus aspectos sociais e humanos, a Prefeitura da capital acaba de tomar uma segunda medida igualmente infeliz em relação a essa população desamparada. Portaria publicada no dia 1.º de abril regulamenta os procedimentos a serem observados pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) no trato com os moradores de rua, cabendo-lhe "contribuir para evitar a presença de pessoas em situação de risco nas vias e áreas públicas da cidade e locais impróprios para a permanência saudável das pessoas". Isto deverá ser feito por meio da "abordagem e encaminhamento das pessoas, observando as orientações da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social".

Isto quer dizer, como explica Bruno Paes Manso em reportagem publicada no Estado de quarta-feira, que os guardas poderão incomodar os moradores de rua, para levá-los a deixar essa condição. Uma das formas de fazer isso é o chamado "toque de despertar". Em vários locais do centro da cidade - como a Praça da Sé e em frente à Bolsa de Valores -, os guardas estão acordando diariamente os que dormem deitados nas calçadas. Eles podem ficar ali, desde que sentados.

Por trás dessa maldade à primeira vista pequena - mas que na verdade é uma revoltante forma de sadismo, por serem as suas vítimas quem são - está uma mudança profunda na maneira de a Prefeitura tratar o problema dos moradores de rua. Na região central, serviços públicos e instituições religiosas proporcionam alimentação, banho e até oficinas de capacitação a essa população, o que constituiria um incentivo para que ela se acomodasse. A ação da GCM seria uma maneira de forçá-la a sair da condição atual.

Isto é confirmado por um inspetor da GCM ouvido pela reportagem, que preferiu por razões compreensíveis manter o anonimato. O próprio secretário de Segurança Urbana, Edson Ortega, admite isso indiretamente, ao concordar que o "incômodo" causado àquela população tende a estimulá-la a deixar a rua. Segundo ele, os moradores de rua estão procurando cada vez mais os serviços sociais oferecidos pela Prefeitura. Ora, se esses serviços são tão bons, seus beneficiários não precisam ser empurrados para eles por meio dos tais "incômodos".

Diz o secretário que os responsáveis por essa nova política não estão inventando a roda, pois "os países mais desenvolvidos seguiram essa linha". Ele não está bem informado. Em Paris, como mostra a reportagem, várias ONGs doaram, em 2006, 500 barracas vermelhas para os sem-teto pernoitarem perto dos pontos turísticos da cidade e, assim, chamar a atenção do poder público para o seu problema. O que fez o governo francês? Em vez de mandar a polícia "incomodar" os sem-teto, para incentivá-los a mudar de vida, decidiu investir 7 milhões na construção de moradias para eles.

Algo semelhante deveria fazer a Prefeitura paulistana. Até porque existe toda uma estrutura montada para socorrer essa população. Entre 2002 e 2009, os recursos disponíveis para isso passaram de R$ 201,6 milhões para R$ 615,8 milhões. Um contingente de 452 agentes de proteção social, com o apoio de 40 Kombis, está apto a dar assistência aos moradores de rua e encaminhá-los aos albergues.

A nova política do "incômodo", do "toque de despertar", veio se juntar à reforma do sistema de albergues, que, com o fechamento de dois deles, já reduziu suas vagas de 8 mil para 7.300, justamente quando estudo promovido pela própria Prefeitura indica que o número de sem-teto está aumentando. Essas duas medidas parecem dar razão, infelizmente, aos que vêm acusando a Prefeitura de querer "limpar" o centro. Ou ela dá logo alguma explicação para atitudes marcadas por uma insensibilidade que beira o inacreditável ou não haverá como contestar tal acusação.



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Posto também os comentários vomitados no site: (É de assustar!!!!)




10 ANTONIO ESTEVAO
16 de abril de 2010 | 12h 08Denunciar este comentário

chega de ter esta atitude hipócrita "cristã" de sempre carregar no colo estes parasitas bebados e drogados, eles que tomem jeito na vida, a vida é dura para todos, concordo interiramente com a prefeitura chega de falsas bondades, vamos encarar a realidade, os moradores de rua são párias da sociedade que não querem ser ajudados
9 Suzy Q
16 de abril de 2010 | 9h 55Denunciar este comentário

As ONGs levam alimento diretamente aos sem-teto, eles não têm nem o trabalho de procurar. A prefeitura faz com que alguma coisa eles façam da vida, pelo menos que procurem subsistência.

Não é justo que a prefeitura dê moradias para os sem-teto que, em sua maior parte, vem de outros estados do país e o pagador de imposto não tenha nenhuma ajuda no financiamento de sua casa.

O que tem de ser feito é um levantamento do estado de origem destas pessoas. A partir daí se tem duas opções: ou ela volta para sua terra ou seu estado de origem banca moradia decente para ela aqui.

Por que temos sempre que arcar com os custos do Brasil inteiro? Sem-teto, sem-terra e, principalmente, sem-vergonha.
8 flavio guarniero
16 de abril de 2010 | 9h 15Denunciar este comentário

Dessa vez o editoralista errou feio em sua crítica. Devemos adotar tolerância zero nas ruas da cidade,e criminalização as famílias que abandonam seus entes a própria sorte,adultos e crianças.Jogar a responsabilidade nas costas da Prefeitura e dos contribuintes para sustento dessa gente toda é fácil...É uma pena o jornal baixar a esse nível de pensadores.
7 Marcos Martins Nonato
16 de abril de 2010 | 9h 08Denunciar este comentário

Fico muito triste em ver que a solução para tentar resolver os problemas da degradação das pessoas é com políticas desse tipo. Quando se tem oportunidades e uma família bem estruturada é muito fácil tomar partido de um governo que toma atitudes como essa. Agora, gostaria de ver os senhores nascendo e vivendo em famílias desestruturas e destruídas, sem esperanças e perspectivas... Será que teriam um pingo desse pretensa força de sair da situação em que se encontram... senhores falar é fácil. O difícil é resolver o problema levando em consideração a dignidade da pessoa humana, pois não estamos falando de animais irracionais! Estamos falando de gente.
6 Naposi Napo
16 de abril de 2010 | 8h 58Denunciar este comentário

Os moradores de rua estão acomodados à sua triste situação. Quem já trabalhou com essas pessoas, em geral afirma que eles simplesmente não querem, ou não sabem como, mudar.

Incentivar uma mudança de comportamento requer reforço positivo e negativo.

O positivo está sendo feito através das instituições que oferecem apoio.

O negativo está sendo feito através das ações que mostram não ser a coisa pública uma "casa da maria joana".

Os editoriais do Estadão, na sua maioria absoluta brilhantes, desta vez pecou pela defesa da dignidade humana com argumentos incompletos e superficiais.
5 Cris Rocha Azevedo
16 de abril de 2010 | 8h 46Denunciar este comentário

Insensibilidade é considerar que serem humanos possam e devam viver como animais, nas calçadas da cidade. Há lugar para eles. A prefeitura tenta convencê-los por bem a ir para os albergues, mas todos sabem que não tem poder para obriga-los. Há inclusive crianças, ali, vivendo com seus pais sem banho, sem escola, sem comida, sem cama. Eles devem, sim, ser forçados a reencontrar a dignidade de teto, banho e comida, ao menos. Se não vão por bem, valem os métodos dissuasivos como o proposto. Muitos deles, se sabe, perderam o discernimento, pelo abuso de drogas e álcool, e outros têm problemas psíquicos A realidade mostra que dificilmente saem deste estado sem que sejam induzidos a fazê-lo. Ademais, as ruas são espaços públicos. Público quer dizer "do uso de todos" e não se pode obrigar a população a conviver e aceitar a sujeira e a degradação humana em espaços que não foram criados para abrigar pessoas. Nos acostumamos com o discurso vazio e demagógico dos "padres de passeata" - que não abrem suas igrejas para dar abrigo àquelas pessoas, note-se - e políticos "ongueiros", para quem esta pobre gente representa dinheiro em caixa, deixando de perceber que mantê-las ali, sim, é uma crueld
4 Ricardo Nunes
16 de abril de 2010 | 8h 42Denunciar este comentário

Sou a favor deste método adotado pela prefeitura. Diante desta Constituição de Centro Esquerda a qual rege as leis contidas nos Estados e dos Municipios país afora, medidas enérgicas como esta, gera um certo mal estar entre todos da sociedade, porem, de alguma forma, pode ser interessante a medida que demonstra, de certo modo, que não é interessante morar nas ruas.

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É sabido que há muitos mendigos que trabalham como sucateiros e outros como pedintes. Conseguem renda o suficiente para sair desta infeliz situação. O que não pode é o governo ficar injetando muito dinheiro publico, verba que poderia ir para a educação e saúde para os contribuintes, e jogar dinheiro pelo ralo, pois, segundo a prefeitura, diversos albergues geram mais gastos do que realmente resultados, afinal, amparados por uma lei ridicula, eles não são obrigados a se tratarem. Preferem "morar" nas ruas. A GCM tem de ser enérgica nestas horas, senãoi os milhoes de reais investidos para a restauração do centro histórico, igualmente, não surtirá efeito.
3 Cris Rocha Azevedo
16 de abril de 2010 | 8h 33Denunciar este comentário

Discordo do editorial. As ruas são espaços públicos. Isto quer dizer que são de todos e não "casa da mãe joana".

Há albergues em quantidade suficiente e os dois que foram fechados o foram porque estavam ociosos. Insensibilidade é considerar que serem humanos possam e devam viver como animais, nas calçadas da cidade. Há lugar para eles. Eles devem, sim, ser forçados a reencontrar a dignidade de teto, banho e comida, ao menos. Se não vão por bem, valem os métodos dissuasivos como o proposto. Atrás de uma pretensa "humanidade" no ato de deixar estas pessoas naquele estado, existe sim uma insensibilidade atroz.
2 Joao Metelo
16 de abril de 2010 | 8h 32Denunciar este comentário

Duvido que o colunista já tenha tido o desprazer de ver um grupo de moradores de rua se instalar numa esquina próxima à sua casa, gerando insegurança aos moradores da região. Com certeza ele repensaria se a prefeitura deve ou não remover essas pessoas do local.

Concordo que faltam políticais sociais e assitencais para os moradores de rua que tentem de fato retirá-los dessa situação, mas também acredito que a maioria desses moradores de rua prefrer ficar na rua mendigando e se drogando do que voltar a seus municípios de origem (muitos vêm de cidades do interior) ou para suas casas (a maioria tem famíla, obviamente). Passar a mão na cabeça do morador de rua e tratá-lo como um "tadinho" com certeza não é a melhor solução.
1 F Moreira
16 de abril de 2010 | 7h 18Denunciar este comentário

A reportagem peca por não investigar o motivo da Prefeitura ter reduzido o número de vagas nos albergues, supostamente de 8 mil para 7.300. Pelo que foi divulgado na época, se não estou enganado, a Prefeitura alegou que fez um levantamento, com profissionais especializados, e constatou que uma parcela significativa de usuários dos abrigos tinham emprego, alguns com renda acima de R$ 1.000.

Tratar esse assunto com pieguice ou para ataques politicos não beneficia a população de São Paulo. Por exemplo, no caso de menores de rua, é de conhecimento geral que a quase totalidade desses menores possui um lar para morar.

Quantos usuários dos albergues usam o beneficio por morarem longe do trabalho? Quantos operários da construção civil usam os albergues porque a construtora não está provendo alojamento? Deveria a sociedade pagar pela comodidade ou omissão?

O meu ponto de vista é que a discussão desse assunto não pode ser emocional. Devem ser investigados os motivos da Prefeitura antes de serem emitidas criticas sem conhecimento de causa.

sábado, 17 de abril de 2010

O troco.

Certas alegrias são muito mais simples do que imaginamos.De Andre Rolim. Assista aqui.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Quem pode, pode.

A esculhambação continua...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Fenix

Cansei de chorar. Até por que sem algum humor nessa vida, qual a finalidade de se ir adiante? E agora começa a esculhambação! mas atenção no figura ai que ele é mesmo muito bom.

terça-feira, 13 de abril de 2010

As enchentes

Por Lima Barreto
(encontrado no Blog da Cidinha)

"As chuvaradas de verão, quase todos os anos, causam, no nosso Rio de Janeiro, inundações desastrosas. Além da suspensão total do tráfego, com uma prejudicial interrupção das comunicações entre os vários pontos da cidade, essas inundações causam desastres pessoais lamentáveis, muitas perdas de haveres e destruição de imóveis. De há muito que a nossa engenharia municipal se devia ter compenetrado do dever de evitar tais acidentes urbanos. Uma arte tão ousada e quase tão perfeita, como é a engenharia, não deve julgar irresolvível tão simples problema. O Rio de Janeiro, da avenida, dos squares, dos freios elétricos, não pode estar à mercê de chuvaradas, mais ou menos violentas, para viver a sua vida integral. Como está acontecendo atualmente, ele é função da chuva. Uma vergonha! Não sei nada de engenharia, mas, pelo que me dizem os entendidos, o problema não é tão difícil de resolver como parece fazerem constar os engenheiros municipais, procrastinando a solução da questão. O Prefeito Passos, que tanto se interessou pelo embelezamento da cidade, descurou completamente de solucionar esse defeito do nosso Rio. Cidade cercada de montanhas e entre montanhas, que recebe violentamente grandes precipitações atmosféricas, o seu principal defeito a vencer era esse acidente das inundações. Infelizmente, porém, nos preocupamos muito com os aspectos externos, com as fachadas, e não com o que há de essencial nos problemas da nossa vida urbana, econômica, financeira e social". “Vida urbana”, 19 de janeiro de 1915.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Estamos em ano de eleição e é sempre bom lembrar.


"Revolucionário é aquele que junto a inteligência, a energia, a lealdade, ao espírito da conspiração possua também a paixão revolucionária e o diabo no corpo”.
Bakunin

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Nada como ir ladeira abaixo para não ter mais onde ir , além de voltar.

O disco “Certa manhã acordei de sonhos intranquilos” do Otto definitivamente acaba de entrar na minha galeria dos melhores do início do século XXI. Bonito, sincero, arranjos ótimos e muito, mas muito visceral. Reza a lenda que boa parte da inspiração para essas composições se deu graças ao fato do menino se separar, levando um pé na bunda (?), da bonitinha Alessandra Negrini e que depois disso nada foi mais a mesma coisa. Algumas canções não deixam dúvidas de que a dor de cotovelo realmente imperava na vida do Otto. Olha como abre: Há sempre um lado que pese e um outro lado que flutua. Tua pele é crua. Dificilmente se arranca lembrança, lembrança, lembrança, lembrança…Por isso da primeira vez dói, por isso não se esqueça: dói. E ter que acreditar num caso sério e na melancolia que dizia. Mas naquela noite que eu chamei você fodia. fodia. Mas naquela noite que eu chamei você fodia de noite e de dia. Bom, escutem e pensem e sintam apenas. Estou aqui ouvindo suas canções praticamente todos os dias, vivendo os meus sonhos intranquilos e esperando a hora de acordar.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Um coração louco e uma redenção.

Ironia do mundo ou não, logo depois de escrever o penúltimo texto do Paladar, falando da necessidade de aceitarmos nossos fracassos assisti o filme Coração Louco, de Scott Cooper. A história é sobre um homem que foi extremamente criativo e importante para a música country, mas que a muito tempo não consegue compôr algo que considere bom e tão pouco estabelecer alguma relação que não seja de uma única noite, essas geralmente com antigas fãs que vai arrebatando nas bibocas que precisa tocar para ganhar alguns dólares. Confesso que o assunto não revelava maiores interesses em um primeiro momento, lembrando os apelos de hollywood (algumas indicações ao oscar), aparentava ser somente mais um roud movie clichê da música sulista estadunidense. Não vou me ater aqui contando a narrativa do filme, mas gostaria de pontuar algumas poucas coisas. O filme é legal e a música idem!O protagonista, Bad Blake (Jeff Bridges) é um tiozão bebum e um tanto rabugento, extremamente amargurado e ressentido com sua atual situação, fazendo a linha “essa vida é uma merda!”. Para ele até que é. E a coisa começa a mudar quando ele conhece uma jornalista de um pequeno jornal de uma cidade do interior. No início é só uma sedução, talvez mais uma fã... Então, a coisa começa a mudar. Na verdade o que é legal é o encontro. Essa mulher, Jean (Maggie Gyllenhaal), tem um pequeno filho e isso também é bastante relevante na maneira que o coração desse homem vai amolecendo. Não importa o gênero, mas as formas de aproximação que vão se dando. Como os olhos vão observando relutantes e desconfiados para o que aparece é uma constante no filme. Há uma cena muito bonita em que ele está na cama dela, logo depois de sofrer um acidente, dedilhando o violão e sussurrando algumas frases sobre o amor. Ele pergunta se ela conhece a canção. Jean diz que provavelmente já tenha ouvido aquilo antes e ele responde que essa é uma sensação comum com a boas canções, você acha que já a escutou em outro lugar. A mulher para, olha e pergunta quando ele tinha feita aquela musica. Bad diz que foi naquele exato momento. Ela então começa a chorar dizendo que aquilo tudo era muito injusto. Como ele podia fazer uma coisa tão linda e nem se dar conta daquilo? Como ela iria lidar com o fato dele ir embora e permanecer tão distante? Bom, o que há de lindo é que a partir daí o estrago já está feito. Eles vão se envolvendo e acontecem alguns episódios que poderiam fazer de tudo para a trsiteza tomar conta de vez desse homem. Agora vocês terão que ver o filme porque não vou contar mais nada. A beleza da história está no fato de um coração cansado querer mudar. Nesse ponto lembrei do livro Medo da Vida de Alexander Lowen, um dos mais importantes discípulos de Wilhelm Reich. Para Lowen, o destino de uma pessoa faz parte de sua personalidade. Não se transforma a história de alguém sem conhecer seu modo de existir e sua maneira de estar no mundo. A memória está também no corpo e para se mudar o destino é necessário saber que a unidade funcional mente-corpo opera tentando um esforço de manutenção dessa história de vida. Não é sempre que reproduzimos os mesmos comportamentos porque queremos. Aprendemos de um modo e passamos a ser dessa maneira porque é estrutural. O que quero dizer é que nem sempre podemos pensar que todas as ações são gratuitas e conscientes, mesmo quando se repetem. Coração Louco mostra exatamente esse lugar. Bad Blake a muito tempo não pode fazer de outro modo porque ele não compreende como poderia ser. Quer dizer que não pensa sobre sua condição atual? Claro que sim! Porém para mudar nosso destino temos que viver a diferenciação entre conhecimento e compreensão. Conhecimento está nos livros, na bula, no manual, e podemos pensar sobre, isso é importante. Agora compreensão tá na experiência, na vivência, na ação, naquilo que herdamos enquanto prática, e além de pensarmos temos que encarnar sua condição. Claro que a coisa não é tão simples, e como disse, não é bem um querer fazer e sair fazendo. Bons encontros entretanto podem ser grandes potencializadores disso. Encontrar amigos para um jantar é fundamental. Terapia pode ser um lugar de muita potência. Dançar outro. Artes marciais idem. Um templo talvez. A mesa do bar também serve. Uma aula/conferência bem elaborada nem se fale. No caso do nosso maluco do filme foi uma mulher e seu filho. São muitas possibilidades, mas todas implicam numa certo disponibilidade para enfrentar aquilo que não queremos que se mantenha em nosso destino. Mas temos que ter cuidado nesse modo de entender o 'enfrentamento', porque não estou falando de brigar com isso, e essa é a tendência. Não é se debater para arrancar o que faz sofrer, como um animal em desespero preso na armadilha. É possível mudar, mas devemos começar pela auto-aceitação. A vida não é estática e nem sempre se precisa fazer algo para mudar. Conhecer em alguns casos nada mais é do que ficar pensando sobre o que fazer, manter o equívoco da execução, da repetição, da máquina, da técnica, enquanto compreender é deixar de estar ou viver essa necessidade de fazer. É o não-fazer! Novamente o fracasso, ou sua aceitação, porque não podemos lutar contra a sensação de que fracassamos. Só podemos parar e nos deter por um instante, e olhar, para o nosso comportamento auto-destrutivo. O filme é legal por nos oferecer um pouco dessa perspectiva. Claro que existem atos em todo momento, mas é o reconhecimento do destino que muda tudo, sua força está na superação da previsibilidade como característica desse destino. Passará a ser diferente o destino que compreende e não apenas aquele que sabe e que faz.

terça-feira, 6 de abril de 2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

De amargar e ir adiante

Tomara que de algum modo esteja entendendo um pouco mais como aceitar o que não continuou, algo já dito sobre o desafio de saber amargar sem permanecer no ressentimento. Pode parecer simples e de algum modo óbvio o que irei dizer, mas ainda fico com certa inquietação. Precisamos aceitar que as vezes fracassamos. Temos que deixar nossas imagens, fachadas e ilusões. Nem tudo dá certo ou errado ´porque assim tinha que ser´ como alguns dizem. Há momentos que simplesmente fracassamos e não conseguimos reconhecer. Antonio Lancetti certa vez escreveu em uma situação específica sobre a dependência química, que precisamos começar por aqueles que nos fazem fracassar, pelos que nos confrontam sempre. Podem pensar em seus fracassos? Não apenas naqueles que se passaram uma vez, mas nos que se repetiram, naqueles em que você não pode acreditar que novamente aconteceu. Difícil, não?Essa questão se localiza em muitos outros aspectos. Muitos de nós fomos levados a acreditar que devemos vencer ou vencer e sermos mais, mais e mais. Não nos falaram que existiriam fracassos e que desde então isso passaria a ser um problema. Para mim hoje, muitos ressentimentos e rancores decorrem da não aceitação e do reconhecimento disso: que fracassamos. Aprendi com meu Mestre de Capoeira Angola, o Plínio, que o guerreiro que se machuca no treino não está pronto para o combate. Nosso destino tem sido assim. Apostando naquilo que ainda não podemos ser, assumindo crimes que não cometemos, suportando o intolerável, não entendemos que por nossas atitudes e comportamentos convidamos determinadas respostas nos outros. Ou ainda cometendo, em nosso interior, o destino que tememos. Vamos suprimindo nossas sensações, aprisionando-nos em tensões que se desenvolvem com resistência a entrega, motivada pelo medo de ficarmos aprisionados. Assim fracassamos em muitos encontros não ´porque não deu certo´ou ´tinha que ser assim mesmo´, mas sim por que apostamos na repetição do inadequado, no desequilibrio, na manutenção da tristeza, mesmo quando acreditamos desejar o oposto. E quem não quer a felicidade? Porém nesse tempo e espaço não é bem uma questão do simples querer. Temos que ir nos preparando para o bom combate antes dele ser travado naquilo que o define. Antes e durante os grandes enfrentamentos precisamos nos entregar, precisamos de coragem para sermos nós mesmos, e como disse Foucault, de coragem para a verdade. Aceitar o fracasso é lidar com a finitude e sem isso permanecemos na ilusão de nossa auto-imagem. Amor-próprio e contentamento exigem real consideração por si e contemplação da capacidade de agir. Reparem como nos avaliamos por nossas intenções e aos outros por suas ações! Sigamos adiante. E com os lindos anarquistas tento aprender que sem uma boa dose de indignação e fúria não vamos a luta, mas também que a sincera transformação só é possível pelo amor à liberdade. E como amar o que não se conhece ou o que se pretende conhecer? Amargar e fracassar pedem humor nessa tarefa, porque só assim poderemos rir de nós mesmos, não nos levando tão a sério, para a partir daí rir do mundo, rir de suas tragédias, afinal sempre haverão dramas maiores que os nossos, mas cada um é que sabe onde aperta mais... Podemos aceitar e reconhecer a luta em nós, mas nunca contra nós! Olhar onde fracassamos, escutar o que não foi possível, sentir o que não deu, passa a ser um movimento importante para não provar mais nada ao mundo sobre nosso destino. Não-fazer é imprescíndivel. É sim oportunidade encantadora para assumir o que queremos e a ser quem somos sem medo da vida.